Pequim garante redução da produção de aço

Com agências

Reduzir, sim, mas o Ministro das Finanças vai avisando que a economia planeada é história. Por isso, as reduções têm de se submeter ao mercado pois, argumenta, “mais de metade dos fabricantes de aço são privados”. Mas, pelo sim, pelo não, lançou uma campanha de verificação de consumos energéticos das unidades fabris. Quem gastar demais pode vir a fechar a porta

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China quer reduzir ainda mais o excesso de capacidade de produção na indústria do aço mas com base nas forças do mercado e não nas metas estabelecidas pelo governo, declarou o Ministro das Finanças, Lou Jiwei, na segunda-feira, no início do diálogo anual de alto nível entre a China e os Estados Unidos.
A China dá grande importância ao corte da capacidade industrial excessiva e tomou medidas para eliminar 90 milhões de toneladas de capacidade de produção de aço, disse Lou em uma conferência de imprensa.
No entanto, descartou a possibilidade do governo estabelecer uma meta quantitativa.
“A China tem dito adeus à economia planificada, por isso o governo não pode ditar às indústrias nada a esse respeito. Mais de metade dos fabricantes de aço do país são privados”, indicou.

Quem gasta demais, fecha

Na sequência das tentativas de redução de capacidade, Lou Jiwei anunciou ainda o lançamento de uma investigação para recolher informação sobre o consumo de energia nas siderúrgicas do país.
Segundo o jornal oficial Shanghai Daily, a campanha, promovida pelo Ministério da Indústria e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, encarregada da planificação económica do país, requer a supervisão dos governos locais e uma auto-avaliação das próprias empresas.
Pequim exige a todos os governos e siderúrgicas que recolham dados sobre o consumo de energia das empresas até finais de Junho, para serem entregues antes do dia 10 de Julho.
As empresas que apresentem níveis de consumo energético superiores ao permitido oficialmente para o sector deverão corrigir esse problema ao longo dos próximos seis meses, com a possibilidade de o prazo ser prorrogado por três meses.
As firmas que não cumprirem com aquela meta serão encerradas, informa o jornal.

A culpa foi da crise

Lou Jiwei contestou ainda as críticas dos Estados Unidos da América e União Europeia ao excesso de capacidade de produção da China, afirmando que há “muito exagero” sobre este tema.
Durante a oitava ronda do Diálogo Estratégico e Económico China – EUA, que decorreu até ontem, em Pequim, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, afirmou que aquele problema “tem o efeito de distorcer e danificar os mercados globais”.
Lou recordou que boa parte do excesso de capacidade de produção na indústria pesada chinesa se deve ao plano de estímulo massivo lançado por Pequim após a crise financeira global, em 2008, quando o país se tornou no motor da economia mundial, representando mais de 50% do crescimento.
“Nessa altura, o mundo aplaudiu a decisão da China e louvou o seu contributo para impulsionar o crescimento económico global”, assegurou, enquanto “agora, o mundo aponta para a China e diz que o excesso de capacidade é um obstáculo para o planeta, mas não dizem o mesmo quando a China contribui para o crescimento global”.
O ministro assegurou ainda que Pequim “está a abordar com seriedade o problema do excesso de capacidade”, com uma redução da sua capacidade produtiva de aço a rondar os 90 milhões de toneladas anuais, em 2015, e planos semelhantes para os próximos exercícios.
O 8º Diálogo Estratégico e Económico China-EUA é realizado num momento em que o excesso de capacidade de aço se tornou um importante desafio global.
Os produtores de aço dos Estados Unidos recorrem cada vez mais a medidas comerciais e à protecção tarifária para superar um mercado desacelerado, uma prática a que se opõem fortemente os exportadores chineses.

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