PolíticaLAG Economia e Finanças | Como sair do círculo vicioso? Filipa Araújo - 30 Nov 2015 Da dependência do Jogo para o futuro. Que caminhos? Lionel Leong deu algumas pistas. Que carecem de nitidez [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s hostilidades abriram com uma questão algo perturbante, da lavra do deputado Tsui Wai Kwan: “Parece-me que o Secretário [Lionel Leong] só está preocupado com as convenções. Pois bem… e as exposições?”. Assim abria o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), pasta de Economia e Finanças. Prometia… “O Secretário fala muito das convenções para promover o desenvolvimento [de Macau]. Isto quer dizer que vai dar prioridade às convenções. Mas o que é que isto significa? Há motivos para dar prioridade as convenções? Tenho a sensação que as exposições estão em segundo lugar”, argumentava o deputado, algo desiludido com as preferência do Secretário. Em resposta, Lionel Leong garantiu que não. Até porque não existe um conceito de convenções sem exposições, que as duas estão ligadas e por isso qualquer plano que o Governo tenha para as convenções, terá para as exposições. “Damos muita importância as convenções, preocupamo-nos como é que podemos desenvolver este sector. Antes tínhamos alguns obstáculos, por exemplo, de hardware, para a realização das convenções em que mais de 60% eram realizadas sempre no mesmo sítio. Tudo estava concentrado”, explicou o Secretário, frisando que o Governo deve aproveitar os espaços que tem, incluindo nas cadeias hoteleiras. “As convenções estão relacionadas com as exposições, não podemos separar. Com uma dinâmica entre estes dois elementos, podemos dinamizar a vinda de visitantes”, argumentou. Estas novas visitas, indicou Lionel Leong, poderão “gostar e considerar Macau como um sítio de bom ambiente, com várias oportunidades de comércio e por isso vão interiorizar a vontade de expor aqui os seus próprios produtos e comercializá-los”. “Até podem querer marcar reuniões com os empregados ou a equipa e escolher Macau como destino”, reforçou, frisando “o maior poder de compra” que estes visitantes carregam consigo. O Secretário caracterizou este sector como um lugar de grande peso para a economia local, sendo por isso necessário todo o empenho da sua equipa na sua promoção e melhoria. PLP| uma arma mal usada Passado este momento sui generis, Lionel Leong foi questionado sobre o papel de Macau como uma plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Sem hesitar, o Secretário tornou clara a importância desta função: “A plataforma com os PLP é muito importante, com isto podemos conseguir bons resultados”, defendeu. Quanto ao movimento lusófono em Macau, o Secretário garantiu que são precisas mais “actividades neste sector para depois se definirem objectivos e estruturar, para se conseguir promover”. Um grupo de trabalho presidido pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, que reunirá membros de vários pastas, tais como os Serviços de Alfândega ou dos Assuntos Sociais e Cultura, é uma ideia que Lionel Leong está a trabalhar. No fundo, um grupo que se dedique à promoção da Lusofonia como chamariz aos investidores de China Continental. “Vamos convidar os países lusófonos a desenvolver um projecto para a China (…) queremos apostar nos elementos dos PPL, criando uma semana dinâmica”, indicou o Secretário, sublinhando que o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial de Macau terá um papel fundamental na promoção das características dos PLP em zonas do interior da China. “Queremos criar bolsas de contacto directo para que os empresários tenham mais conhecimento e percebam mais do mercado lusófono. Assim seremos uma plataforma”, rematou. Será também feito um pedido aos PLP relativamente à protecção ambiental, ainda segundo o Secretário. “Vamos convidar os PLP para trazerem mais tecnologia, para estabelecer ou organizar contactos entre empresários de protecção ambiental destes países com a China”, explicou. IPIM e medicina tradicional no mundo Durante as suas respostas aos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) vai abrir uma representação no Brasil e em Portugal para divulgar e abraçar uma cooperação de promoção dos produtos dos PLP. “Pretendemos contratar contabilistas e advogados para prestarem serviços de consultadoria, finanças e direito, em relação ao Brasil e Portugal. Assim os investidores conseguirão obter os serviços adequados”, explicou. A Medicina Tradicional Chinesa é também uma das preocupações do Secretário, que a quer no mundo. Segundo afirmou, este ramo da medicina poderá ser a rampa de lançamento de muitas empresas para os mercados estrangeiros, sejam “na Europa ou até nos Estados Unidos da América”. Uma aposta no Parque Científico e Industrial de Medicina, tornando-o num grande foco de investimento poderá levar a esta expansão. Incluindo os medicamentos, rematou. “Além da missão que já apresentámos, vamos tentar que as empresas que entram no Parque possam criar a sua própria industrialização e ao mesmo tempo que atraiam pequenas e médias empresas para investir na Medicina Tradicional Chinesa. Assim podemos sair de Macau para o mundo”, indicou. Sessões de apresentação é um dos objectivos de Lionel Leong, que também pretende industrializar a própria Medicina Tradicional Chinesa. “Vamos estudar a melhor maneira para sermos conhecidos no mundo, vamos convidar médicos para participar nas sessões”, acrescentou, frisando que esta é uma medida a “longo prazo, portanto não vai ser rápido”. Fundo com todos Ainda durante a sessão de debate das LAG, Lionel Leong esclareceu que o Executivo irá “desenvolver o Fundo de Desenvolvimento e Investimento com a participação dos cidadãos, quando se puder garantir a segurança do investimento”. “Claro que os residentes de Macau podem participar no fundo”, afirmou, respondendo ao deputado Vitor Cheung Lup Kwan sobre a participação popular no projecto. Assim, continuou o Secretário, o Governo irá desenvolver este fundo contando com a participação dos residentes de Macau que estejam interessados. “Vai haver um retorno pequeno, mas é normal, depois é maior. Com tempo, quando pudermos garantir a segurança dos investimentos [dos residentes], vamos aceitar a participação dos cidadãos”, explicou. Quanto ao mercado do petróleo, questionado pela deputada Wong Kit Cheng, Lionel Leong garantiu que o Governo irá estudar mais sobre a situação. “A gasolina representa 97,3% do volume de importação e o gás butano 92,6%. Isto vem da China [continental]. Temos um grupo de trabalho que está a estudar sobre os preços do consumo e temos estado a estudar a nova situação dos produtos alimentares para que possamos ter uma oferta e uma estabilidade dos preços de consumo. Vamos estudar e acompanhar”, rematou Lionel Leong. As ideias de Lionel Leong • Aposta nas convenções e exposições •Relações com PLP – Grupo de Trabalho transversal para dinamizar relações – IPIM em Portugal e no Brasil – Aposta na protecção ambiental • Industrializar e comercializar Medicina Chinesa no mundo • Participação dos residentes no Fundo de Desenvolvimento e Investimento