Ócios & NegóciosNomad Design Ldt, empresa de design | Stanley C., fundador e designer Leonor Sá Machado - 4 Nov 2015 [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e Macau para o Canadá e de regresso às origens que o viram nascer. É isso mesmo: Stanley C. nasceu no território, mas viajou até àquele país para completar uma licenciatura em Design de Arquitectura. Talvez tenha sido isso ou a simples vontade de abrir um negócio que fez com que o jovem designer tenha criado a marca Nomad Design Ldt há cerca de dois anos. Em parceria com um outro profissional, transportou a empresa para voos mais altos. A clientela é toda local, mas os produtos são comprados lá fora, até “porque aqui não há coisas com a qualidade das estrangeiras”, diz. Do maior ao mais pequeno À conversa com o HM, mostrou uma série de projectos que ganharam vida por essas ruas, incluindo do restaurante e loja Green’s, localizado na Calçada de Santo Agostinho. A ideia partiu da premissa de escassez quando se fala de empresas que oferecem “soluções de design”. Enfim, uma alternativa aos estilos clássicos a que a população está habituada. A Nomad produz de tudo um pouco e está preparada para completar grandes projectos. “Podemos fazer desde pequenos elementos até ao projecto [de construção] todo, quase chave na mão, desde a escolha de azulejos, tintas de parede e móveis”, começa o designer por explicar. Os materiais, esses, podem vir de qualquer parte do mundo, passando pelos EUA, países europeus, América do Sul e outros países asiáticos. “Tentamos encontrar a melhor solução para aquilo que o cliente quer e depois importamos de qualquer parte do mundo, com pessoas a quererem peças dos EUA que são depois reproduzidas na China”, informa. Estúdios de trabalho, a Nomad não tem, mas dispõe de um escritório. É aqui que a magia acontece. Os designers encontram-se com o cliente, debatem ideias e chegam à conclusão naquele mesmo local. As ideias vão surgindo e depois resta avaliar o espaço in loco e pôr mãos à obra. No escritório são dois funcionários, a juntar a uma equipa de pessoal de construção e outras duas pessoas que tratam de negócios no exterior. O cliente importa Os trabalhos mais interessantes, confessa Stanley, não têm que ver com os espaços a mexer, mas sim com o tipo de cliente e os pedidos. “Sinceramente, não importa muito o espaço em que mexemos, mas sim o cliente e às vezes é interessante debater ideias”, acrescenta. Abrir a Nomad foi uma ideia que partiu dos dois parceiros: “Temos a mesma mentalidade em relação à forma como se faz design em Macau”. Ambos trabalhavam para terceiros outrora, mas chegou a altura de montarem o seu próprio negócio e deixarem de seguir ordens para passarem a transformar conceitos em objectos palpáveis. “Não tínhamos capacidade para executar as nossas ideias e percebemos que as pessoas em Macau estão a pagar cada vez por trabalhos que não são exactamente aquilo que desejavam inicialmente”, explicou. E assim nasceu a Nomad. (In)visionários Neste momento, diz, os principais obstáculos têm somente que ver com a natureza humana. O primeiro problema teve início mesmo antes da empresa estar em actividade: “Tudo o que está relacionado com burocracias e aprovações do Governo, é lento e progride num passo vagaroso”. Outro dos obstáculos é a falta de visão da população e das empresas relacionadas com a área. “Enquanto no resto do mundo há uma tendência já no seu pico, em Macau pouca gente a conhece ou rejeita”, lamenta Stanley. É preciso, assim, “persuadir as pessoas para que percebam o que é melhor para elas”. Aqui joga-se, aparentemente, pelo seguro. Questionado sobre se por estes lado se transpira um espírito e gosto clássicos e pouco modernos, o designer consente e vai mais longe. “Diria que não são apenas clássicos, mas também com uma visão muito fechada”, disse. “É muito mais interessante quando trabalhamos com pessoas que nos deixam experimentar mais e arriscar”, confessa. São os casinos e hotéis que vencem pela sua imensidão e popularidade internacional. “A clientela local tem necessidade de ver os materiais em primeira mão já montados”, adiantou ao HM. A Nomad está a tentar trazer novos métodos, ideias, conceitos, materiais e formas de criar diferentes. Para isso, explicam, viajam bastante para procurar lá fora. Põe-se aqui um outro problema: Stanley lamenta que haja uma crescente escassez de pessoal de construção especializado, que saiba trabalhar com as mãos na massa. China com qualidade A China é conhecida pelos inúmeros casos de contrafacção e imitação de produtos, pelo que é uma tendência que se estende a todos os mercados e não apenas aos dos acessórios, roupa e relógios. As empresa de arquitectura e construção queixam-se frequentemente de lidarem com produtos falsos, com maus acabamentos e de má qualidade. Questionado sobre como enfrenta este problema, Stanley fala de uma revolução neste mercado chinês. “Nestes últimos anos, tenho ido várias vezes à China e noto que as coisas estão a mudar. Há já uma vasta escolha de materiais de alta qualidade e as empresas fazem boas opções de preço/qualidade”, revela. Há vários anos, justificou, era preciso ir até Hong Kong porque os produtos do continente não eram de confiança. Às vezes voava-se mesmo até aos EUA. “Acho que as empresas chinesas perceberam que faz mais sentido investir um pouco mais para ter produtos de qualidade e conquistar a clientela do que gastar menos e vender coisas sem qualidade”, justificou. Sobre o preçários dos trabalhos executados, Stanley adiantou apenas que “depende do projecto”, porque há muitas premissas a ter em conta. Aqui importam os materiais, o tamanho do espaço e o estilo escolhido.