EditorialA bolsa ou a vida Carlos Morais José - 8 Jul 20158 Jul 2015 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Europa tem uma escolha a fazer nos próximos tempos: as pessoas ou os bancos. Ou continuamos a ser governados por políticos corrompidos pelo sistema financeiro ou teremos uma Europa que elege a justiça social e a igualdade de oportunidades como o seu princípio básico. Todas as manobras dilatórias engendradas pelos bancos resultaram. E resultaram não porque fossem muito inteligentes (na verdade, até eram um bocadinho básicas) mas porque os representantes dos povos, eleitos naquela alternância a que se chama arco da governação, simplesmente fizeram todas as vontades aos bancos e ainda os salvaram quando eles demonstraram claramente que não tinham unhas para tocar a própria guitarra que tinham construído. Vivemos uma era de políticos sem outra ideologia que não seja a manutenção do poder, ao serviço do sistema financeiro. É uma era nojenta, ressabiada, de distanciamentos, pois parece não existir saída para este nó górdio de dependências e favores, de anuências e eminências, mais ou menos pardas, de contratos e de destratos, mas tudo isto sem um pingo de ideias ou vergonha na cara, que é como quem diz sem inteligência nem ética. O que se fez a países como a Grécia e Portugal daria não só prisão para alguns como umas orelhas de burro para todos, à excepção daqueles que vocês sabem quem são. E se não sabem, eu explico: são os que vos roubam, os vivem à conta do vosso trabalho, dos vossos impostos, os que vos desgovernam para se governarem, os que ocupam vários empregos onde não fazem nada, os postos de administradores disto e daquilo (já agora não-executivos), são os que enchem de vergonha os portugueses com a sua canina admiração pela Merkels deste e do outro mundo. E são aqueles em quem vocês, portugueses, vão uma vez mais votar. Por isso não vos lamento, como não vos invejo. É triste ser de uma país que, apesar de tão pequeno, está sempre tolhido pelo medo. A escolha é entre a bolsa e a vida.