Hoje Macau China / ÁsiaChina espera que Europa “retire os óculos da ideologia” A China espera que a Europa “retire os óculos da ideologia” e respeite regras para evitar o “lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”, segundo o embaixador do país em Portugal. Numa conferência em Lisboa, Zhao Bentang, abordou ontem como a “chamada ‘redução dos riscos’ é uma falsa proposta” e que a “cooperação económica e comercial entre a China e a UE (União Europeia) é bem fundamentada, frutuosa e promissora”. “Espera-se que a parte europeia retire os óculos coloridos da ideologia, exclua a interferência externa, adira à autonomia estratégica, e forme uma percepção independente e objectiva da China”, afirmou o embaixador, para quem deve ser continuada uma “política proactiva e racional”, além do respeito por “normas básicas de uma economia de mercado” e cumpridas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) para “evitar o lançamento de políticas e iniciativas anti-globalização e exagero do conceito de segurança nacional”. O diplomata defendeu ainda que os novos produtos energéticos resultam de “vantagens comparativas e da lei do mercado”, garantindo que não existem subsídios proibidos pela OMC. “Para a nova indústria de energia da China, o ‘excesso de produção’ é um disparate, é um pretexto para o proteccionismo”, adiantou o mesmo responsável, recusando ainda que haja ‘dumping’, uma vez que os “preços de exportação também estão em conformidade com as leis do mercado, não há problema de dumping”. Perdas a dobrar Na sua intervenção, o embaixador considerou, assim, que “defender a bandeira do desenvolvimento ecológico e, ao mesmo tempo, usar o bastão do proteccionismo para restringir as exportações chinesas” como veículos eléctricos “é uma atitude típica de dois pesos e duas medidas”. Zhao Bentang argumentou que essa atitude “não só prejudicará a transformação ecológica da economia mundial, como também os esforços globais de combate às alterações climáticas, resultando numa situação de dupla perda”. Na semana passada, a China tinha avançado que “reserva o direito” de apresentar uma queixa à OMC depois de a UE anunciar possíveis aumentos das tarifas de importação de veículos eléctricos chineses. Em comunicado divulgado na quarta-feira, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD passarão a ser taxadas em 17,4 por cento, da Geely em 20 por cento e da SAIC em 38,1 por cento, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada. A Comissão estabeleceu, a título provisório, ser “do interesse da UE remediar os efeitos das práticas comerciais desleais detectadas, mediante a instituição de direitos de compensação provisórios sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China”. Para além dos três mencionados, outros construtores chineses de carros eléctricos que cooperaram com a investigação, mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21 por cento e as que não cooperaram em 38,1 por cento. Guerra e paz Na conferência de ontem o diplomata afirmou ainda como Pequim “compreende o impacto da crise ucraniana nos povos da Europa”, não sendo a China “nem criadora nem parte ou participante”, mas que tem “desempenhado um papel construtivo na promoção de uma resolução pacífica da crise” e fornecido apoio humanitário à Ucrânia. Sobre o conflito israelo-palestiniano, a “China insiste em que a saída fundamental (…) reside na criação de um Estado palestiniano independente”. “A história tem provado repetidamente que a causa principal da repetida instabilidade da situação israelo-palestiniana é a falta de aplicação efectiva das resoluções das Nações Unidas, a erosão contínua da base da solução de dois Estados e o desvio do processo de paz do Médio Oriente do caminho certo. A China está pronta a reforçar a cooperação com todos os países amantes da paz e a contribuir para o restabelecimento da paz no Médio Oriente”.
Hoje Macau Entrevista MancheteChina-Portugal | Embaixador chinês em Lisboa prevê isenção de vistos Falando num processo “gradual”, o embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, considera que não deve faltar muito para Portugal integrar a lista dos países isentos de visto para entrar na China. Em entrevista à Lusa, o diplomata revelou optimismo quanto às relações comerciais entre os dois países O embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, prevê que Pequim inclua Portugal na próxima fase de isenção de vistos, um processo gradual baseado no volume de trocas comerciais, intercâmbios pessoais e projectos de cooperação entre os dois países. “Na próxima fase, com a ampliação, acho que Portugal vai integrar a lista de isenção de vistos [de entrada na China]. Para promover uma medida, uma política, é sempre necessário um processo gradual”, justificou o diplomata à agência Lusa, notando que os primeiros países na lista de Pequim “têm maior quantidade de intercâmbios pessoais e de negócios ou têm mais projectos de cooperação”, e logo maior necessidade de deslocações à China. Esta é uma política implementada “de acordo com as necessidades reais”, frisou o diplomata. Actualmente, desconhece-se a próxima data para rever os países isentos de vistos, mas Zhao Bentang garantiu que o relacionamento entre Portugal e a China “não tem problemas, nem obstáculos” e que foram implementadas várias medidas para facilitar a obtenção de vistos. Depois de conhecido o recente alargamento de isenção de vistos para estadias de até 15 dias, o embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, disse “não entender” o critério de deixar Portugal de fora. O diplomata lembrou que a China está no direito de decidir a sua política de vistos de forma autónoma, mas admitiu que vai pedir uma consulta específica sobre esta decisão às autoridades do país. “Não acredito que haja aqui discriminação negativa, no sentido de dizer que a China está a fazer isso para sinalizar alguma coisa a Portugal, não acho que seja esse o caso”, afirmou à Lusa. Questionado pela Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês defendeu que a China “sempre se mostrou aberta à expansão dos intercâmbios interpessoais com os países estrangeiros” e que está disposta a reforçar a comunicação com Lisboa para “aumentar a facilidade dos intercâmbios interpessoais bilaterais”. Sobre a ausência de Portugal nos primeiros dois grupos de países europeus, o diplomata frisa que as escolhas tiveram por base a “frequência de intercâmbio interpessoal e comercial entre a China e esses países” e que “gradualmente (a lista) será cada vez mais aberta”. Partilha de valores Em entrevista, Zhao Bentang fez questão de destacar os valores partilhados por Portugal e China, como o multilateralismo ou uma economia mundial aberta, além dos “consensos e cooperação” em sectores como desenvolvimento sustentável e combate às alterações climáticas. “A parte chinesa gostaria de trabalhar com Portugal para, por um lado, aumentar o nível de relações bilaterais, e ao mesmo tempo enfrentar conjuntamente os grandes desafios e questões” para “dar mais certeza e energia positiva neste mundo de incertezas”, referiu. Da parte chinesa, há ainda a garantia de querer continuar o trabalho para facilitar vistos, depois de se agilizar também as formas de pagamento no país. “Também esperamos que os países estrangeiros possam oferecer medidas de facilitação ao povo chinês”, afirmou o diplomata, acrescentando que “depois da pandemia, a necessidade de intercâmbio pessoal e comercial tem aumentado”, pelo que são necessárias “políticas para oferecer conveniências e facilitações”. “E agora, quando os amigos portugueses querem viajar ou fazer negócios na China, eu posso dizer que não existe nenhum obstáculo” quanto à obtenção de vistos para cidadãos de “um país amigo e parceiro estratégico”, afirma o diplomata. Venham mais cinco Relativamente aos investimentos chineses em Portugal, Zhao Bentang declarou que pelo menos cinco empresas chinesas estudam implantar fábricas em Portugal, incluindo fabricantes automóveis. O embaixador disse esperar a “criação de um ambiente justo e indiscriminado” para investidores pelo Governo português. “Actualmente algumas empresas chinesas como a Tederic, Ningbo David Medical Device, Shyahsin estão a preparar-se para construir fábricas em Portugal e outras empresas na área de veículos electrónicos como a Chery e a XEV também demonstraram o seu interesse em construir fábricas em Portugal, estando a fazer investigações no mercado”, afirmou Zhao Bentang. A CALB já está a planear construir uma fábrica de baterias de lítio e recebeu luz verde da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), informou ainda Zhao Bentang, notando que a construção desta fábrica se deverá reflectir na “localização da cadeia industrial de veículos com novas energias e também para a transição de baixo carbono de Portugal”. O embaixador previu ainda que o empreendimento Parque de Oeiras, projecto conjunto da China State Construction Engineering Corporation e da Teixeira Duarte, possa começar a ser construído ainda este ano, criando, assim “condições para atrair mais investimentos estrangeiros e criar condições mais favoráveis para a economia de Oeiras”. Dado o envolvimento de uma empresa chinesa no projecto de Oeiras, poderão, no futuro, ser atraídos “investimentos das empresas chinesas na área das novas energias”, considerou o diplomata, que também tem expectativas sobre Portugal manter o ambiente para a realização de negócios e investimentos. “Esperamos que o Governo português possa continuar a criar um ambiente aberto, justo, igual e indiscriminado para empresas estrangeiras. Para proteger os direitos legítimos dos investidores estrangeiros e oferecer um ambiente de desenvolvimento seguro e estável a longo prazo”, assim como de forma a “atrair mais empresas chinesas a investir e fazer negócios em Portugal”, o que também ajuda o “desenvolvimento socioeconómico” do país, defendeu. À Lusa, o embaixador recordou que Portugal é um dos “países mais amigáveis da China na União Europeia e um parceiro estratégico global, compartilhando boas relações nas áreas da política, do comércio e também de amizade entre os dois povos”. Aquele amigo Portugal, referiu o entrevistado, é também um dos principais destinos de investimento de empresas chinesas, e no ano passado o investimento directo da China ultrapassou os 386 milhões de euros, um aumento homólogo de 34,52 por cento. Já o stock de investimento directo ultrapassou os 3,6 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 12,2 por cento. Quando se inclui o investimento de empresas chinesas através de Portugal para países terceiros, o stock de investimento ascende a 12,3 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 10,16 por cento, disse o diplomata. São investimentos pautados pelo princípio de “benefícios mútuos e ganhos partilhados”, frisou, dando vários exemplos de sucesso e de parcerias, como a construção do NESTER – o Centro de Investigação Energética de Portugal, numa altura em que a economia portuguesa está virada para a transição energética, digital e inovação, tal como a chinesa, empenhada em “promover o desenvolvimento de alta qualidade com as forças produtivas”. “Podemos dizer que os dois países compartilham os conceitos de desenvolvimento e têm óbvias vantagens complementares e um futuro de cooperação mais amplo”, concluiu. Palavras da Fosun Depois de a Fosun ter reduzido recentemente parte da sua participação no Millennium BCP, e face a incerteza quanto à preparação de novas reduções, o diplomata indicou que, em reunião recente, o director-geral do grupo chinês lhe transmitiu muita satisfação com a “colaboração em Portugal, na Fidelidade, no Banco Comercial e no hospital (Luz Saúde)”. “Estão muito satisfeitos nesses projectos de cooperação e decidiram continuar o desenvolvimento da sua empresa em Portugal e não planeiam abandonar o investimento”, afirmou. “Mas, às vezes, a empresa vai ajustando as suas medidas de acordo com a situação de mercado. E quando os títulos crescem, a empresa vai comprar mais para ganhar mais. E quando os títulos descem, também mudam a sua medida de negócios. E normalmente vai ter mudanças dentro de um limite, de uma quota”, disse. A polémica Huawei O embaixador chinês em Portugal avisa também que afastar a empresa de telecomunicações Huawei do 5G, por motivos de segurança, pode interromper o processo, implicando custos que “podem ultrapassar mil milhões de euros”. Zhao Bentang recordou que a empresa chinesa está presente em Portugal há mais de 20 anos, com uma “relação muito boa de benefícios partilhados” e contribuindo para o “desenvolvimento das telecomunicações”. Porém, no ano passado foram impostos limites a empresas de fora da União Europeia, da NATO e da OCDE que “não assinaram o documento de protecção de conhecimentos de Portugal”. “Durante os 20 anos de negócios da Huawei em Portugal não existiram nenhuns riscos ou problemas na tecnologia e segurança. O parceiro português da Huawei também está muito satisfeito com os resultados. Por isso, o documento (de limitação de participação no 5G) aumenta a incerteza e mudança para a Huawei para fazer negócios em Portugal”, notou o diplomata, que fez eco das preocupações de “amigos portugueses”: “Se a Huawei não puder fazer negócios de 5G em Portugal”, este processo “será influenciado e até parado”. Nesse cenário, “Portugal precisa de trocar para outras tecnologias, outros projetos, outros produtos na área do 5G, e isso vai causar muito prejuízo”, que “pode ultrapassar mais de mil milhões de euros”, disse ainda o embaixador, manifestando a “muita preocupação” com o caso. Zhao Bentang frisou que o “assunto causa choque para as empresas portuguesas e até para os clientes portugueses”, uma vez que “muitas empresas precisam dos negócios” do 5G da Huawei para se desenvolver e face a incerteza também sobre o desenvolvimento das tecnologias.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteChina-UE | Embaixador chinês deixa alertas em conferência no Porto Zhao Bentang, embaixador chinês em Portugal, deixou vários recados numa conferência na Universidade do Porto sobre o relacionamento entre a China e a União Europeia, alertando para o facto de questões como o afastamento da Huawei nos concursos da rede 5G ou a maior supervisão face ao investimento estrangeiro trouxeram “desnecessárias turbulências e obstáculos ao desenvolvimento das relações” entre os dois campos Os recentes episódios menos positivos no relacionamento comercial e diplomático entre a China e a União Europeia (UE) foram abordados num discurso de Zhao Bentang, embaixador chinês em Portugal, esta terça-feira, no âmbito da “Conferência Relações China-UE” que decorreu no Porto promovida pela Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS) e pela Universidade Lusófona. No evento, que não contou com a presença física do diplomata, foi lido o discurso do embaixador onde se chama a atenção para a ocorrência de “desnecessárias turbulências e obstáculos ao desenvolvimento das relações entre a China e a UE” graças a episódios como o afastamento da Huawei de leilões da rede 5G por parte de alguns Estados-membros da UE, nomeadamente Portugal, ou a chegada de uma nova legislação promovida pela Comissão Europeia que vai reforçar a supervisão do investimento estrangeiro que chega ao mercado da UE, incluindo da China. “O lado europeu tomou recentemente uma série de iniciativas na área do 5G, na revisão do investimento estrangeiro ou na política competitiva que geram grandes preocupações para o Governo chinês, empresas e media.” Segundo Zhao Bentang, “a China sempre encarou a UE como parceira estratégica, tendo desenvolvido o relacionamento com a Europa com a maior sinceridade e boa vontade. Há uns anos, um documento político oficial europeu elevou a China a grande parceiro, um dos maiores competidores e, ao mesmo tempo, uma variável sistémica [no relacionamento]. Contudo, tem vindo a ser provado que essa posição tripartida não está em linha com os factos e não é viável.” Recorrendo à metáfora, Zhao Bentang comparou esta relação ao acto de “conduzir um carro numa zona com três sinais: vermelho, verde e amarelo, tudo ao mesmo tempo”. “Como pode um carro conduzir nestas condições?”, questionou. “Esperamos que tanto a China como a UE possam estabelecer uma percepção correcta, manter um entendimento mútuo e confiança, bem como respeito, não fomentando uma relação como rivais apenas devido às diferenças existentes nos seus sistemas, nem reduzir a cooperação apenas devido à competição, ou entrar em confrontos apenas devido à existência de diferenças. O desenvolvimento da China constitui uma oportunidade, não um risco, para a Europa”, frisou. Destacando os diversos encontros que Xi Jinping, Presidente chinês, manteve com líderes europeus nos últimos anos, nomeadamente Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ou ainda “líderes da Alemanha, França, Espanha e outros países europeus”, Zhao Bentang destacou que “os dois lados transmitiram sinais positivos em prol de mais esforços para fomentar essa força relacional”. Assumindo uma visão pragmática, o embaixador frisou que “quanto mais profunda for a cooperação entre a China e a UE, mais inevitável será o crescimento de visões e diferenças”. “Não deveremos evitar os problemas, mas temos de admitir que essas diferenças significativas em termos de sistemas sociais e níveis de desenvolvimento podem não ser solucionados a curto prazo. A chave é procurar campos comuns [para a cooperação] no meio dessas diferenças, e não ignorar eventuais consensos devido a diferenças a título individual. Não podemos também deixar que a cooperação, em termos gerais, sofra constrangimentos devido a diferenças locais”, disse ainda. Portugal, aquele modelo O embaixador não esqueceu o facto de Portugal “desempenhar um modelo a seguir na cooperação entre a China e a UE”. “Tendo como ponto de partida a perspectiva histórica, China e Portugal deveriam juntar as mãos e aprender com as experiências dos últimos 45 anos de desenvolvimento, trabalhando em conjunto para promover um progresso ainda maior, sendo um parceiro estratégico global na relação entre a China e a UE. Tal está em linha com os interesses de longo prazo da China e da Europa, bem como as expectativas comuns da comunidade internacional”, adiantou. O diplomata citou também, no discurso, um inquérito realizado pela Câmara de Comércio da UE na China que fala da importância que o país continua a desempenhar para a visão estratégica das empresas europeias. Este inquérito “revela que grande parte das empresas europeias na China continuam a ter lucros, e mais de 90 por cento das empresas inquiridas continuam a olhar para a China como um destino de investimento”. Enquanto isso, disse Zhao Bentang, “59 por cento das empresas entrevistadas considera a China como um dos três principais destinos de investimento”. “Mais importante é criar um sistema e ambiente de mercado aberto, justo e não discriminatório para os intervenientes de ambos os lados. Os esforços da China para expandir a abertura e melhorar o ambiente de negócios são óbvios para todos, mas tal não se verifica no lado europeu”, acusou. O responsável entende que se deve fomentar “uma cooperação aberta e com mútuos benefícios”, sendo que “aprofundar o relacionamento entre a China e a UE não é apenas uma medida paliativa, mas uma escolha estratégica com benefícios mútuos, numa situação que proporciona ganhos mútuos”. Ainda referindo alguns dados estatísticos, o embaixador lembrou, como prova da bem-sucedida relação comercial entre a China e a UE, que entre 2013 e 2022 o comércio entre os dois lados aumentou de 125.2 biliões de USD para 847.3 biliões. Abaixo o unilateralismo Zhao Bentang aproveitou também para referir algumas ideias em matéria de diplomacia que são, aliás, bastante referidas nas orientações de política externa chinesa, incluindo pelo próprio Xi Jinping. Foi referida, nomeadamente, a ideia de que “a China e a UE devem opor-se ao unilateralismo, mantendo o sistema internacional com a ONU [Organização das Nações Unidas]” como o centro desse mesmo sistema. Além disso, Zhao Bentang acredita que a China e a UE devem unir esforços no apoio a países africanos em desenvolvimento não apenas em termos económicos, mas também noutras áreas, nomeadamente a saúde. “A China já apresentou à Europa algumas ideias em prol de uma cooperação tripartida, esperando também que cooperações relevantes possam ser implementadas o mais cedo possível para o benefício das populações dos países em questão.” Dentro desta cooperação, “o lado estratégico da relação China-UE vai ser importante”, salientou. “Ambos os lados estão comprometidos com o multilateralismo, e a favor de uma gestão correcta das disputas mundiais em termos diplomáticos e políticos. Ambos os lados estão também contra o uso da força em resposta à ameaça da força”, disse, defendendo que o mundo “está hoje a atravessar uma grande mudança como não é vista há 100 anos”. O recado para o futuro ficou dado. “À medida que a turbulência aumenta, mais é necessário trabalharmos em conjunto para enfrentar os desafios. A China e a UE são duas forças principais, dois grandes mercados e duas grandes civilizações. Quanto mais conturbado for o panorama internacional e quanto mais desafios globais surgirem, mais importante e indispensável é a cooperação entre a China e a UE”, rematou Zhao Bentang.
Hoje Macau VozesCooperação China-Portugal na construção da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota produz resultados abrangentes Por Zhao Bentang, Embaixador da China em Portugal O presidente Xi Jinping propôs a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota em 2013, a qual foi acolhida positivamente pela comunidade internacional. Ao longo de 10 anos, a China e os demais países envolvidos coordenaram políticas, alinharam planos de desenvolvimento, implementaram projetos de conectividade, promoveram a facilitação do comércio e do investimento, e construíram uma importante plataforma de cooperação internacional. A iniciativa chinesa tornou-se um caminho rumo ao desenvolvimento, uma via de oportunidades e uma rota de prosperidade. Em dezembro de 2018, durante a visita de Estado do Presidente Xi Jinping a Portugal, a China e Portugal assinaram um memorando de entendimento sobre a cooperação na construção da iniciativa Cinturão e Rota. Em abril de 2019, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a China e participou no segundo Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional. Os líderes dos dois países realizaram visitas recíprocas em menos de meio ano, elevando a parceria estratégica abrangente China-Portugal a novos patamares. Actualmente, a cooperação na construção da iniciativa chinesa entre a China e Portugal encontra-se em um novo ponto de partida. Ambas as partes estão comprometidas em avançar, aproveitar oportunidades, respeitar mutuamente os princípios da igualdade e continuar a melhorar a cooperação prática, enriquecendo ainda mais o conteúdo da parceria estratégica abrangente bilateral. A cooperação China-Portugal na construção da iniciativa recorre a vantagens naturais. Portugal é uma nação antiga de navegação, o ponto de partida europeu na antiga Rota da Seda Marítima e um importante hub que conecta a Rota da Seda Terrestre e a Rota da Seda Marítima. É, por isso, um parceiro natural. Portugal é um dos membros fundadores do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, foi um dos primeiros países da Europa Ocidental a assinar um acordo de cooperação na construção da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota com a China, o primeiro país da União Europeia a estabelecer uma “parceria azul” oficial com a China e o primeiro país da zona do euro a emitir títulos denominados em renminbi. A China é o maior parceiro comercial de Portugal na Ásia, enquanto que, por seu turno, Portugal é um dos principais destinos do investimento chinês na Europa. As excelentes condições geográficas e a sólida disponibilidade para a cooperação estabeleceram uma base para a cooperação entre a China e Portugal. Nos últimos anos, o comércio bilateral entre a China e Portugal cresceu rapidamente, ultrapassando US$ 6 mil milhões em 2018 e atingindo mais de US$ 9 mil milhões em 2022, alcançando um novo recorde histórico. Isso é ainda mais notável, considerando os desafios da pandemia e a lentidão da recuperação econômica global. Os investimentos chineses em Portugal abrangem diversas áreas, tendo aumentando de € 9 mil milhões em 2018 para € 11,2 mil milhões em 2022. Os produtos portugueses exportados para a China têm assistido a um aumento tanto em variedade quanto em quantidade, com produtos como carne de porco preto, vinho e cerveja ganhando popularidade entre os consumidores chineses. Mais de 40 universidades chinesas oferecem cursos de língua portuguesa, enquanto Portugal tem cinco institutos Confúcio e diversas escolas públicas e privadas oferecendo cursos de chinês. Esses resultados de cooperação beneficiam diretamente as populações de ambos países, promovendo também a troca cultural e a compreensão mútua. Tanto a China quanto Portugal enfrentam desafios econômicos, sociais e de desenvolvimento. A China está disponível para trabalhar em conjunto com Portugal no sentido de continuar a alinhar a iniciativa Cinturão e Rota com a estratégia de desenvolvimento de Portugal, promover uma cooperação sólida nos campos da sustentabilidade, digitalização, inovação e economia do mar. A China valoriza o papel de Portugal na União Europeia e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e está disponível para expandir ainda mais a cooperação de mercado trilateral ou multilateral para beneficiar mais países e povos. “Há centenas de anos, porcelanas azuis e brancas da China navegaram pelo oceano até Portugal, fundindo-se com as técnicas locais de produção de cerâmica, criando o encantador ‘azul de Portugal'”, escreveu o Presidente Xi Jinping em um artigo assinado em nome do povo chinês, nas vésperas de sua visita de Estado a Portugal, em 2018, destacando a amizade duradoura e profunda entre os dois países. Acreditamos que, no futuro, a cooperação China-Portugal na construção da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota continuará a impulsionar o desenvolvimento contínuo da parceria estratégica abrangente China-Portugal, em benefício dos povos de ambos os países.
Andreia Sofia Silva PolíticaCooperação | Rita Santos reuniu com embaixador chinês em Lisboa Rita Santos, na qualidade de presidente do conselho regional das Comunidades Portuguesas da Ásia e Oceânia, reuniu no passado dia 13 com Zhao Bentang, embaixador chinês em Lisboa. Segundo uma nota de imprensa divulgada ontem, Rita Santos explicou “o contributo das comunidades portuguesa e macaense, residentes na RAEM, sublinhando o importante papel que têm desempenhado na utilização de Macau como plataforma de promoção, e aprofundamento, das relações entre a China e os países de língua portuguesa”. Por sua vez, Zhao Bentang defendeu que Portugal “é um parceiro estratégico da China”, enquanto que Macau “é um importante elo histórico entre a China e Portugal, desempenhando o papel de uma plataforma económica, e comercial, e de ligação cultural”. Relativamente ao projecto da Grande Baía, o Embaixador apontou que é uma iniciativa “importante para que a China possa aprofundar a reforma e a abertura do país para uma nova era”. Desta forma, Zhao Bentang espera que “os empresários e a comunidade portuguesa a residir na China participem activamente neste desiderato”, a fim de “acrescentar novas conotações à parceria estratégica global Portugal-China”.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresas chinesas enfrentam “problemas” em Portugal, diz embaixador Demasiada burocracia ou questões relacionadas com impostos são os “problemas” apontados pelo embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, que estarão a ser vividos pelas empresas chinesas sediadas em Portugal. Os alertas foram dados num encontro com o novo secretário de Estado da Internacionalização no país O embaixador da China em Lisboa, Zhao Bentang, disse que as empresas chinesas ou portuguesas de capitais chineses estão a enfrentar “problemas” em Portugal, nomeadamente longas esperas por procedimentos burocráticos. Segundo um comunicado divulgado na sexta-feira pela embaixada, o diplomata mencionou ainda obstáculos relacionados com tributação, “políticas estáveis” e o princípio do tratamento igual para produtos e serviços estrangeiros. O diplomata falava durante um encontro com o novo secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, que terá prometido “estudar cuidadosamente as questões levantadas”. Reverso da medalha Bernardo Cruz, por sua vez, pediu “mais apoio” da China para as empresas portuguesas interessadas em explorar o mercado chinês e “melhores condições” para o seu crescimento. O secretário de Estado defendeu ainda mudanças para tornar o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa “mais efectivo”. Em causa está um fundo de cooperação de quase mil milhões de euros criado pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau. Segundo o Fórum de Macau, o fundo, com quase dez anos de vida, apoiou um investimento total de mais de quatro mil milhões de dólares de empresas chinesas em países de língua portuguesa. Apesar do impacto da pandemia de covid-19, o comércio bilateral entre os dois países cresceu mais de dois mil milhões de dólares em comparação com 2019, disse Zhao Bentang. O investimento acumulado chinês em Portugal atingiu 10,6 mil milhões de euros, enquanto o investimento português na China ultrapassou 40 milhões de euros, acrescentou o embaixador. O diplomata apelou para a assinatura de acordos bilaterais para facilitar o investimento em áreas como a economia digital e o desenvolvimento ‘verde’, assim como o investimento conjunto em outros países.
Hoje Macau China / ÁsiaChina quer mais parcerias e cooperação com Portugal O embaixador chinês em Portugal afirmou ontem que a China pretende desenvolver as “excelentes” relações de cooperação e as parcerias com Portugal, que têm registado uma “boa tendência de desenvolvimento”, com “grande intensidade e com resultados promissores”. Zhao Bentang falava ao abrir a 3.ª Conferência Internacional de Cooperação Portugal-China, que decorre até esta quarta-feira presencial e virtualmente a partir da sede da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa, e cujos temas dizem respeito à cooperação económica, social, científica e tecnológica. Na iniciativa promovida pela União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China e pelo Observatório da China, que conta com a presença do ministro do Mar português, Ricardo Serrão Santos, e do secretário de Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, o embaixador da China em Lisboa enfatizou o facto de Portugal ser “um parceiro endógeno” de Pequim. “Tendo como ponto importante o reforço da Rotas da Seda, quer terrestre quer marítima, Portugal é um parceiro endógeno dessa construção. Há centenas de anos, os corajosos portugueses navegaram ao longo da Rota da Seda marítima para o Oriente, abrindo a porta para o comércio marítimo. Nos últimos anos, Portugal tem estado a participar activamente na construção desta nova fase económica, dando continuidade a este capítulo maravilhoso da conversão das relações”, salientou Bentang. Sempre a crescer O diplomata chinês destacou que Portugal foi um dos 57 países fundadores do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) e dos primeiros Estados europeus a assinar documentos de cooperação em construção de infraestruturas com a China, o que tem permitido trazer benefícios multilaterais e com países terceiros. “A China é o maior parceiro comercial de Portugal na Ásia, bem como o maior destino das exportações de carne de porco portuguesa. Nos primeiros nove meses deste ano, o volume comercial aumentou e atingiu os 6.387 milhões de dólares, um valor superior ao de todo o ano de 2019. O investimento directo da China em Portugal este ano aumentou 47,76 por cento”, exemplificou. “Nos últimos anos, as relações sino-portuguesas têm apresentado uma boa tendência de desenvolvimento e, através de um diálogo de alto nível, a cooperação tem sido muito intensa, com resultados promissores e uma cooperação estreita ao nível multilateral”, acrescentou, realçando a criação, em menos de seis meses, de uma nova parceria estratégica. Bentang destacou também que, a 27 de Agosto passado, o Presidente da China, Xi Jinping, manteve “mais uma conversa telefónica” com Marcelo Rebelo de Sousa, tendo ficado acordado um “reforço estável e sustentável da cooperação bilateral”. “Nos últimos oito anos, desde o lançamento da iniciativa da nova Rota [da Seda], o crescimento da cooperação em Portugal tem trazido muitos benefícios económicos e bilaterais, assim como resultados em mercados terceiros”, salientou. Nesse sentido, Bentang indicou que quer Marcelo Rebelo de Sousa quer o primeiro-ministro português, António Costa, expressaram em várias ocasiões a vontade de reforçar a cooperação com a China no âmbito da Rota da Seda e de “criar maiores sinergias e eficácia nas estratégias de desenvolvimento”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCentenário do PCC | O lugar de Macau e o bom exemplo discutido em palestra em Portugal Numa palestra promovida pela Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, a propósito do centenário do Partido Comunista Chinês, o Embaixador chinês em Portugal destacou Macau como o bom exemplo da concretização de “Um País, Dois Sistemas”, alertando para os “comentários desenfreados” feitos por outros países face à situação de Hong Kong. Já o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português Martins da Cruz referiu que Macau “nunca foi uma ameaça aos interesses chineses” Macau tem sido apontado como o território onde tudo correu bem na aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, e essa ideia voltou a ser destacada numa palestra online promovida pela Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, em Portugal, a propósito do centenário do Partido Comunista da China (PCC). Um dos oradores foi o embaixador chinês em Lisboa, Zhao Bentang, que lembrou o facto de Deng Xiaoping “e outros comunistas chineses terem rompido com a mentalidade da Guerra Fria e, salvaguardando a unidade nacional e os interesses vitais dos compatriotas de Hong Kong e Macau produziram de maneira criativa a grande ideia ‘Um País, Dois Sistemas’, concretizando a transição pacífica e o retorno bem sucedido de Hong Kong e Macau”. Na visão do diplomata, a realidade comprova que o princípio de integração “não é apenas a melhor solução para a questão de Macau, mas também o melhor sistema para manter a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”. Zhao Bentang referiu também a situação da região vizinha. “Quanto às medidas tomadas pela China em relação a Hong Kong, na verdade estamos a aprender as boas experiências na prática de ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau, e isso também tem o objectivo de assegurar o desenvolvimento estável e a prosperidade de Hong Kong.” O embaixador destacou ainda o facto de “alguns países tentarem sempre fazer comentários desenfreados sobre as nossas medidas em relação a Hong Kong”, algo que é “um desrespeito e interferência grosseira nos assuntos internos da China”. António Martins da Cruz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros português, também participou na palestra, referindo a importância de “saber valorizar o papel de Macau” na hora de celebrar o centenário do PCC. “Com uma situação bem diferente de Hong Kong, com um ambiente agreste, Macau nunca foi, ao longo dos séculos e ainda hoje, uma ameaça para os interesses chineses.” Para Martins da Cruz, o território representa “um marco de estabilidade no panorama actual” e uma “plataforma que facilita os investimentos mútuos e a presença das empresas chinesas em Portugal e portuguesas na China”. “Tudo isto é possível graças à visão do PCC e dos seus políticos, ao longo dos anos, que sempre souberam ter em conta a especificidade de Macau. E por isso lhe devemos estar gratos”, frisou. Martins da Cruz lembrou também que, ao contrário de outros países estrangeiros, a China sempre manteve boas relações com Portugal. “Só Portugal foi uma excepção: estabelecido em Macau desde o século XVI, com o acordo de poder central chinês da altura e durante todos estes séculos, até 1999, Portugal não participou na violência, nos saques, na ocupação pelas potências estrangeiras, na humilhação do povo chinês. Foi aliás nessa altura que os ingleses se apoderarem de Hong Kong e que outros ocuparam Xangai, que se promoveram medidas para enfraquecer o povo chinês e destruir uma civilização com milhares de anos.” Wu Zhiwei, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e empresário, também destacou o bom exemplo da RAEM no contexto nacional. “A 20 de Dezembro de 1999, Macau regressou ao seio da pátria, e nestes últimos 22 anos o seu desenvolvimento económico avançou a passos gigantes, o nível de vida dos residentes tem melhorado de forma continuada, a sociedade é estável e harmoniosa e as múltiplas culturas completam-se numa relação mútua. O amor à pátria e a Macau constituem os valores no território. Macau tornou-se num exemplo da concretização bem-sucedida do modelo ‘Um País, Dois Sistemas’”, referiu. Sem imposições Numa sessão onde todos os participantes destacaram os ganhos obtidos nos últimos 100 anos graças ao PCC, nomeadamente a quase erradicação da pobreza na China e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), foi também abordado o sistema político no país. Martins da Cruz colocou a questão: “poderia ter sido outra força política a assumir o rumo desde 1949? Podia, mas não foi. E se fosse, provavelmente, não se manteria no poder desde então.” “No Ocidente, na Europa e nos EUA, alguns Governos, embora de forma assimétrica, mas sobretudo comentadores e activistas (uma nova classe de geração espontânea que não consigo definir) criticam a China por não ter os nossos valores e princípios. Não entenderam a cultura e a civilização chinesas e o papel do PCC na história da China no último século. Os países devem manter relações e entendimentos independentemente dos seus regimes políticos. Senão Portugal só reconheceria talvez um terço dos Estados que tem regimes semelhantes ao nosso”, destacou o antigo embaixador. Para Martins da Cruz, “o interesse da Europa é que a China seja um país estável, desenvolvido, previsível e confiante no seu próprio sistema”. Tudo isso acontece “graças ao pragmatismo e ao papel do PCC”. O ex-ministro adiantou ainda um cenário hipotético. “Mas, por absurdo, vejamos outro cenário: a China com um sistema político igual aos ocidentais. Nesse caso, e sempre segundo os parâmetros daqueles que defendem a teoria, seria mais desenvolvida do que agora. Mas seria um perigo maior para o ocidente, pois seria mais desenvolvida e com os mesmos objectivos. Representaria um desafio maior na estratégia, na política e na economia. Mas os que invocam esta possibilidade não sabem ou não querem responder a este paradoxo. Porque não lhes conviria.” Segundo Martins da Cruz, estas personalidades “não conseguem admitir que a visão do PCC, a visão chinesa sobre a situação e os equilíbrios globais não é a mesma que nós temos, nem tem de ser”. “Não entendem que na cultura chinesa os interesses colectivos prevalecem sobre os interesses individuais. Que o exercício de hierarquia começa ainda na família e se reflecte nas empresas, na administração e no Estado. Não compreendem, ou não conseguem entender, que na cultura chinesa disciplina significa segurança. Que é indispensável para superar a pobreza e permitir a convivência de 1 bilião e 400 milhões. E que o PCC é o garante desse interesse colectivo, dessa hierarquia e dessa segurança”, adiantou. Martins da Cruz não deixou, contudo, de colocar uma questão. “Há críticas a fazer a este sistema político? Certamente, se o compararmos com os nossos sistemas. Mas não temos o direito de impor.” E sobre a não imposição de sistemas políticos também falou o embaixador Zhao Bentang. “Todos ganham com a coexistência harmoniosa de sistemas da China e do ocidente”, frisou, sem esquecer os ganhos que a sociedade chinesa obteve nos últimos anos. “O Presidente [Xi Jinping] disse porque é que o socialismo com características chinesas pode obter o sucesso e dar benefícios ao povo. O marxismo pode ser viável. Desde o dia em que foi fundado, o partido tornou o marxismo como pensamento orientador e persiste na combinação dos princípios básicos do marxismo com a realidade concreta da China.” Palavras de Kevin Ho Kevin Ho, empresário de Macau e membro da Assembleia Popular Nacional, foi outro dos oradores a tecer rasgados elogios a Pequim. “Se olharmos para o nosso país actualmente, quem pensaria que iria acontecer tudo isto nos últimos 100 anos? O que era a China? O nosso país estava essencialmente dividido em muitas partes e governado por diversas pessoas. Tínhamos uma absoluta pobreza e desde a sua formação, há 100 anos, o PCC tem estado comprometido em construir um melhor lugar para os chineses.” Para Kevin Ho referiu ainda, a partir da Reforma e Abertura implementada por Deng Xiaoping “vimos as vidas das pessoas a melhorar, e em 2021 declaramos com sucesso a erradicação da pobreza”. “Nos últimos 80 anos, e sob liderança do PCC, muitos milhões deixaram o estado de absoluta pobreza, o que é um milagre mundial. Não temos qualquer intenção de olhar para as políticas dos outros países e interferir nos outros países, e esperamos que a mesma percepção exista para o nosso país”, concluiu o empresário.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteChina-Portugal | Zhao Bentang, embaixador em Lisboa, fala de “questões e desafios em comum” Zhao Bentang, embaixador da China em Lisboa, falou ontem numa palestra promovida pela Universidade de Aveiro e destacou a intensa relação entre Portugal e China. O embaixador, no cargo há pouco tempo, lembrou que os dois países “enfrentam questões e desafios em comum”. Para o futuro esperam-se “resultados tangíveis” nas áreas da saúde e turismo O novo embaixador da República Popular da China (RPC) em Portugal, Zhao Bentang, fez ontem um discurso optimista sobre a relação bilateral com Portugal no programa “Conferência da Saúde e Bem-estar na Nova Rota da Seda”, que decorreu ontem na Universidade de Aveiro. Participando por videoconferência, o embaixador disse que “as duas partes enfrentam questões e desafios em comum e realizaram amplas cooperações, com resultados frutíferos”. Além disso, Zhao Bentang destacou o facto de “Portugal ser um dos países europeus mais abertos à cooperação com a China na área da medicina tradicional chinesa”. “Estamos na expectativa de envidar esforços com Portugal para promover uma interacção profunda entre a medicina tradicional chinesa e a medicina ocidental para beneficiar melhor os dois povos”, disse. O diplomata não esqueceu o facto de Portugal ter sido “um dos primeiros países europeus a assinar um documento de cooperação com a China no âmbito [da política] Uma Faixa, Uma Rota”. “A cooperação entre os dois países tem uma boa base e uma perspectiva risonha. Ao lutarem juntos contra a pandemia a China e Portugal dão um ao outro apoio e compreensão mútuos”, considerou. Esse futuro passa “pela busca de resultados tangíveis na saúde, turismo e outras áreas abordadas na conferência”, com o objectivo de obter “mais avanços na parceria estratégia global”. José Augusto Duarte, embaixador português em Pequim, também falou do bom caminho que a cooperação com a China sempre tomou, tendo em conta “a força de uma relação luso-chinesa de 500 anos marcada pela paz”. “Há um claro interesse em trabalhar com a China na resolução dos desafios que são globais e que exige uma resposta conjunta de todos nós. É o caso, por exemplo, do combate às alterações climáticas, mas também na luta contra a pandemia da covid-19. A ciência deve ocupar um lugar cimeiro e de aproximação dos povos.” Uma rota da saúde Ainda sobre a pandemia, Zhao Bentang lembrou que a covid-19 “continua activa a nível global e traz uma enorme ameaça à vida e saúde das pessoas”, gerando “um grande desafio à segurança da saúde pública a nível global e um impacto grave ao desenvolvimento socioeconómico no mundo”. O responsável, que substituiu Cai Run no cargo em Lisboa, frisou que “nenhum país poderia sobreviver sozinho à grande crise”, pelo que “a união e a cooperação é o único caminho correcto”. “Nos últimos oito anos [desde o anúncio da política Uma Faixa, Uma Rota], a China e mais de 14 países e 31 organizações internacionais, Portugal incluído, assinaram documentos de cooperação e foi promovido o desenvolvimento constante da construção conjunta” dessa política, concluiu. Zhao Bentang defendeu que “a cooperação na área da saúde constitui uma parte importante na cooperação pragmática e diversificada no quadro de Uma Faixa, Uma Rota”. “Desde o início da pandemia da covid-19 que a cooperação internacional [neste âmbito] vem demostrando uma forte resiliência e vitalidade”. Esta política de Pequim desempenha “um papel importante no combate à pandemia, estabilização da economia e apoio ao bem-estar da população dos países”, disse o embaixador. Zhao Bentang disse mesmo que a política Uma Faixa, Uma Rota “está a tornar-se numa rota da saúde para preservar a saúde dos seres humanos e garantir o espírito de responsabilidade da parte chinesa em proteger a vida humana”. Académicos de Macau participaram O ciclo de conferências ficou também marcado pela participação de dois cientistas da Universidade de Macau que apresentaram estudos na área da saúde. San Ming Wang falou da prevenção do cancro na população da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, enquanto que Simon Lee falou da “Importância do Desenvolvimento da Cooperação com a China no Sistema de Saúde Global”. Segundo a Xinhua, tanto Zhao Bentang como José Augusto Duarte foram oradores noutro seminário, desta vez promovido pela Universidade de Coimbra, intitulado “O Futuro da Cooperação Sino-Portuguesa e Sino-Europeia”. Zhao Bentang, disse que, ao longo dos anos, a China tem defendido e promovido activamente a integração do conceito de ecologia verde na construção conjunta de Uma Faixa, Uma Rota, apontando que este desenvolvimento ambiental não é o único caminho para a transformação económica da China. José Augusto Duarte apontou que o desenvolvimento da China nos últimos anos tem sido aberto, alertando para a necessidade de Portugal, China e Europa necessitarem de fortalecer o intercâmbio e a cooperação no combate às alterações climáticas e no combate à epidemia.
Hoje Macau China / ÁsiaChina-Portugal | Zhao Bentang é o novo embaixador em Lisboa Com a saída de Cai Run, Zhao Bentang passou a assumir funções como embaixador da China em Portugal desde o dia 27 de Fevereiro. Esta terça-feira apresentou as credenciais a Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa O recém-nomeado embaixador chinês em Portugal, Zhao Bentang, apresentou as suas credenciais ao Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa esta terça-feira, noticiou o jornal Diário do Povo. Zhao Bentang assume funções como embaixador desde o passado dia 27 de Fevereiro em substituição de Cai Run. Marcelo Rebelo de Sousa pediu ao novo embaixador para transmitir suas sinceras saudações ao Presidente Xi Jinping, tendo lembrado que a amizade entre Portugal e a China tem uma longa história. Nos últimos anos a cooperação entre as duas nações saiu reforçada, com destaque para a visita de Xi Jinping a Portugal, em 2018, e a visita de Marcelo Rebelo de Sousa à China, em 2019. O embaixador Zhao transmitiu as saudações cordiais e os melhores votos do Presidente Xi Jinping ao presidente Rebelo de Sousa, ao Governo e ao povo português. Zhao disse que nos últimos 40 anos, desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal, que as relações entre os dois países sempre mantiveram um bom ritmo de desenvolvimento. Boas relações Zhao Bentang promete dar o seu melhor como embaixador, além de cumprir os seus deveres para promover um maior desenvolvimento das relações sino-portuguesas e uma maior cooperação, escreveu o Diário do Povo. O seu antecessor, Cai Run, assumiu funções em Agosto de 2015. No passado dia 28 de Novembro, o ex-embaixador publicou um artigo de opinião no jornal português Público onde fez as suas despedidas. “Desde que assumi a missão como embaixador da China em Portugal já passaram mais de cinco anos. Nestes anos de trabalho e de vida em Portugal tive o prazer de fazer uma amizade genuína e profunda com amigos portugueses dos mais diversos círculos”, apontou. Cai Run destacou também que, nos últimos “sob a condução e promoção dos líderes dos dois países, devido aos esforços conjuntos das partes chinesa e portuguesa, e com a participação activa dos amigos dos mais diversos âmbitos dos dois países, a Parceria Estratégica Global China-Portugal vem apresentando grande vigor e vitalidade”. Além disso, “a cooperação pragmática nos mais amplos domínios entre os dois países ao abrigo de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ tem registado resultados frutíferos”, acrescentou no artigo. Na cerimónia de terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa recebeu também as credenciais do Embaixador da Índia, Manish Chauhan e do Embaixador da Bulgária, Ivan Anguelov Naydenov.