Palestra | Xu Bing, artista contemporâneo chinês, protagoniza conferência

O Instituto Cultural vai realizar, no próximo mês, uma palestra em que a figura principal é o artista chinês de arte contemporânea Xu Bing. A conferência, com o nome “A era sem coordenadas já chegou!” integra-se na iniciativa “Palestra sobre Estética”, integrada no “Mês da Promoção Cultural”

 

Xu Bing, um dos mais importantes e reconhecidos artistas chineses contemporâneos, vai estar em Macau no dia 7 de Setembro para apresentar a palestra “A era sem coordenadas já chegou!”. Trata-se de uma iniciativa do Instituto Cultural (IC) intitulada “Palestra sobre Estética”, sendo “uma das principais actividades” do “Mês da Promoção Cultural”.

A conferência decorre às 15h na Sala de Conferências do Centro Cultural de Macau, onde Xu Bing irá “partilhar a evolução do seu pensamento nos últimos anos, reflectir e julgar em conjunto com o público de Macau”, nomeadamente sobre “as possibilidades da arte sob a luz das novas tecnologias, através da sua animação em stop motion ‘Lago Satélite'”, que é o primeiro projecto artístico filmado no Espaço. A obra está exposta na Bienal Internacional de Arte de Macau deste ano.

O artista é descrito como alguém que se tem dedicado, nos últimos anos, “a alargar os limites da arte com as suas obras, e é amplamente reconhecido como um dos principais artistas conceptuais nas áreas da linguística e semiótica da actualidade”.

A palestra desta vez será conduzida em mandarim, com tradução simultânea para português e inglês, sendo adequada para participantes com idade igual ou superior a 15 anos, não havendo lugares marcados. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas na plataforma da “Conta Única de Macau”.

Esta não é a primeira vez que Xu Bing vem ao território mostrar a sua arte e falar do seu trabalho. Em 2017 foi inaugurada, no Museu de Arte de Macau, a mostra “A Linguagem e a Arte de Xu Bing”, naquela que foi a primeira exposição individual do artista em Macau. Foram apresentadas 30 obras “importantes” do artista, nomeadamente “Livro do Céu” e “Livro da Terra”.

Longa carreira

Xu Bing nasceu em Chongqing, China, em 1955, mas cresceu em Pequim. A sua ligação às artes começou em 1977, quando entrou no Departamento de Gravura da Academia Central de Belas Artes de Pequim, tendo aí concluído os estudos em 1981. Depois, passou a dar aulas nesse departamento. Em 1987 Xu Bing obteve o título de mestre pela mesma instituição.

Em reconhecimento às suas realizações, foi convidado para os EUA, em 1990, como artista honorário, tendo recebido, em 1999, uma distinção, a MacArthur Fellowship, o maior prémio de talento criativo dos EUA. Em 2004, recebeu o primeiro Prémio Artes Mundi, enquanto que em 2018 foi galardoado com o Prémio Xu Bei Hong – Criação Artística da CAFA.

Xu Bing voltou à China em 2007, tendo assumido vários cargos de liderança na Academia Central de Belas Artes, incluindo os de vice-presidente, professor e orientador de doutorado. Desde 2014 que actua como presidente do Comité Académico da instituição. Actualmente, divide seu tempo entre Pequim e Nova Iorque, onde vive e trabalha, sendo professor na Academia Central de Belas-Artes de Pequim (CAFA).

É, portanto, longa a carreira de Xu Bing, que tem obras expostas em diversas instituições artísticas, incluindo o Museu Nacional de Arte da China, o Museu Metropolitano de Arte, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o Museu Solomon R. Guggenheim e o Museu Britânico, integrando ainda múltiplas colecções.

27 Ago 2025

Mostra de Xu Bing até 4 de Março para o fazer

“A Linguagem e a Arte de Xu Bing” é a exposição da vida do mestre chinês da gravura, caligrafia e instalação. A mostra estará patente no Museu de Arte de Macau até ao dia 4 de Março e oferece ao público uma visão sobre os trinta anos de um dos artistas chineses mais influentes da actualidade

[dropcap style≠‘circle’]X[/dropcap]u Bing é um artista singular que, além do fascínio pela linguagem e a caligrafia chinesa, gosta de incorporar o mundo na sua criação e colocar em confronto a arte contemporânea e a criação com raízes mais clássicas. Na sequência dos protestos da Praça de Tiananmen de 1989, o artista aproveitou uma bicicleta espalmada pela passagem de um tanque e incorporou-a numa mostra que deu pelo nome de “Background Story”. Outro dos “itens coleccionados”, como lhe chama, foi pó resultante da queda das Torres Gémeas depois do ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001.
Aliás, a instalação em que Xu Bing utilizou a bicicleta espalmada foi interpretada como uma crítica ao Governo de Pequim, o que originou um crescendo de pressão sobre o artista que o levaria a fugir do país, e a exilar-se nos Estados Unidos, em 1990.
No fundo, as criações do chinês não fogem a temas fracturantes, ao longo de uma carreira de 30 anos onde a hibridização e a multiplicidade são aspectos chaves da criação artística.
A exposição “A Linguagem e a Arte de Xu Bing” reúne o melhor da obra do artista. O público que se deslocar ao Museu de Artes de Macau terá uma visão do processo criativo do chinês, as experiências e esboços da sua produção que demonstram o seu raciocínio e lógica.
Uma das obras em destaque, e que foi comissionada pelo museu, é a “Viola Chinesa”, um trabalho no qual o artista recorre ao tema “Caligrafia das Palavras Quadradas” para transcrever um excerto de um poema de Camilo de Pessanha como o mesmo nome.

Pintar a língua

A exposição reúne ainda esboços, notas e trabalhos de menor escala, onde se incluem “Livro do Céu”, “Um Estudo de Caso sobre Transferência” , “Caligrafia de Palavras Quadradas”, “Livro da Terra”, “Escrita de Paisagem” , “‘Projecto da Floresta’ – Série da Floresta IV”, “Rolo de Paisagens do Jardim da Semente de Mostarda” e “O Carácter dos Caracteres”.
O mestre da gravura, caligrafia e instalação é professor associado da prestigiada universidade norte-americana Cornell University e foi vice-presidente da Academia Central de Belas Artes da China.
Assim que começou a sua carreira, Xu Bing deixou bem evidente o fascínio pelos caracteres chineses, sobretudo do ponto de vista da reflexão entre forma e significado. Essa tensão está no cerne dos seus trabalhos, principalmente na maneira como o artista apreende os objectos do quotidiano, o que origina debates constantes que extravasam a apreciação artística e entram em discussões sobre a civilização contemporânea.
Com mais de 30 anos de carreira, Xu Bing é um artista cuja criação se mantém fresca e actual.
A exposição estará patente até 4 de Março. Quem se deslocar ao Museu de Arte de Macau aos sábados, domingos e feriados tem visitas guiadas das 15h às 16h no segundo piso do museu.

23 Jan 2018