Estados Unidos enviam mais importante representante a Taiwan desde 1979

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, deverá visitar Taiwan nos próximos dias, na mais importante deslocação de membros do Governo norte-americano desde a ruptura formal das relações diplomáticas entre Washington e Taipé, em 1979.

Em comunicado de quarta-feira, o Instituto Americano em Taiwan, que opera como embaixada de facto de Washington na ilha, disse que a “visita histórica de Azar reforçará a parceria com Taiwan e aumentará a cooperação para combater a pandemia global de covid-19”, segundo a agência Associated Press (AP).

Azar deverá ser o primeiro membro do Governo dos Estados Unidos (EUA) a visitar Taiwan em seis anos. Em 2014, a visita da então responsável da Agência de Proteção do Meio Ambiente norte-americana, Gina McCarthy, provocou o protesto da China, que acusou os EUA de trair o compromisso de manter apenas relações não oficiais com Taipé.

“Taipé tem sido um modelo de transparência e cooperação na saúde global durante a pandemia da covid-19”, disse Azar, citado no comunicado do Instituto Americano em Taiwan.

“Esta viagem representa uma oportunidade para reforçar a nossa cooperação económica e de saúde pública com Taiwan, especialmente quando os Estados Unidos e outros países trabalham para reforçar e diversificar as fontes de produtos médicos cruciais”.

O anúncio da visita surge numa altura de escalada de tensões entre os Estados Unidos e a China, que defende que Taiwan faz parte do seu território.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Taiwan, formalmente chamada República da China, tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.

Como consequência da pressão chinesa, que critica qualquer relação oficial entre países estrangeiros e Taipé, menos de duas dezenas de países mantêm relações diplomáticas com Taiwan.

Os Estados Unidos são o maior apoiante militar da ilha contra as ameaças chinesas, defendendo a participação de Taiwan em reuniões de organizações internacionais.

Por insistência da China, Taiwan foi barrada da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e perdeu o estatuto de observadora na Assembleia Mundial da Saúde, que se realiza anualmente.

5 Ago 2020

Rede 5G | EUA advertem Alemanha sobre cooperação com Huawei

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ashington pressiona Berlim, anunciando que uma colaboração com a gigante tecnológica chinesa pode limitar a troca de informações entre os Estados Unidos e a Alemanha. Portugal recebeu a mesma mensagem no princípio deste mês.

Os Estados Unidos advertiram a Alemanha para a participação da chinesa Huawei no desenvolvimento de redes 5G, informou ontem o The Wall Street Journal, ilustrando a crescente extensão global da rivalidade entre Washington e Pequim.

Numa carta enviada ao ministro alemão da economia, Olaf Scholz, o embaixador norte-americano em Berlim, Richard A. Grenell, disse que a participação da Huawei, ou de outros fornecedores de equipamentos chineses, iria limitar a partilha de informações sensíveis, detalhou o jornal.

No início deste mês, Portugal foi alvo de uma advertência idêntica, devido a um acordo assinado entre a Altice e a Huawei, para o desenvolvimento de tecnologia de Quinta Geração (5G).

“Temos sido bastante claros com os nossos parceiros de segurança: temos de proteger a nossa infraestrutura crítica de telecomunicações”, afirmou então o embaixador norte-americano em Portugal, George Edward Glass.

Os Estados Unidos consideram que a Huawei representa riscos em termos de segurança, estando por lei sujeita a cooperar com o Estado chinês.

Austrália, Nova Zelândia e Japão aderiram já aos apelos de Washington e restringiram a participação da Huawei.

Na missiva ao Governo alemão, Grenell observa que sistemas de comunicação seguros são essenciais para a cooperação em Defesa e serviços secretos, e que empresas como as chinesas Huawei e a ZTE Corp. podem comprometer a confidencialidade dessas trocas.

O aviso ilustra como a rivalidade entre os EUA e a China é cada vez mais global, à medida que a atractividade económica da China se estende para além do Extremo Oriente, alcançando regiões até então vistas como parte da esfera de influência norte-americana.

 

Outras pressões

Na semana passada, após a Itália ter anunciado a assinatura de um memorando de entendimento no âmbito do projecto chinês de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, a Casa Branca disse que a inclusão de Itália nos planos chineses não ajudará o país economicamente e pode prejudicar significativamente a sua imagem internacional.

“Nós vemos [a Faixa e Rota] como uma iniciativa ‘Made by China, for China’ [Feita pela China, para a China]”, reagiu de imediato o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Garrett Marquis.

A iniciativa visa integrar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa, através da construção de portos, aeroportos, autoestradas ou linhas ferroviárias, aproximando o território euroasiático da China, potencialmente em detrimento dos laços transatlânticos.

Também Portugal assinou um documento para cooperação bilateral no âmbito da ‘Faixa e Rota’, em Dezembro passado, durante a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Lisboa.

Lisboa quer incluir uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

13 Mar 2019

Pequim espera que Coreias implementem acordo “com sinceridade”

Pyongyang e Seul assinaram um acordo histórico que elimina 11 postos militares de fronteira e reduz drasticamente potenciais conflitos militares entre os dois vizinhos. Pequim saúda o encontro dos dois líderes coreanos e apela à honestidade dos intervenientes

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo chinês afirmou ontem desejar que as duas Coreias implementem “com sinceridade” o acordo alcançado durante a cimeira celebrada em Pyongyang, visando alcançar uma paz duradoura na região.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assinaram ontem uma declaração conjunta, que poderá ser importante para o futuro diálogo sobre a desnuclearização da península, entre Pyongyang e Washington.

“Os laços bilaterais estão a melhorar, permitindo baixar a tensão militar na região, e avançar rumo à desnuclearização e negociações para a paz”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.

“Esperamos que ambas as partes implementem com sinceridade a importante declaração (…) visando contribuir para uma solução pacífica do problema na península e garantir uma paz duradoura na região”, acrescentou.

Durante a cimeira, os ministros da Defesa das duas Coreias, que tecnicamente continuam em guerra, assinaram ainda um histórico acordo militar, que reduz a possibilidade de se produzirem choques fronteiriços entre os respectivos exércitos.

De acordo com o documento, os dois países vão suspender – a partir do dia 1 de Novembro – as respectivas manobras junto à fronteira terrestre e eliminar 11 postos militares de fronteira até ao final do ano.

As duas Coreias vão estabelecer também uma zona de restrição aérea junto à linha de divisão e determinar uma zona junto à fronteira marítima em que vão ser proibidas manobras navais.

O mesmo documento refere que o acordo assinado ontem prevê o alívio da tensão militar entre os dois países.

Antes da visita a Pyongyang, Moon Jae-in defendeu que a implementação das novas medidas sobre a diminuição da actividade militar na fronteira é “um grande passo” para o estabelecimento da paz na península, além de promover a melhoria das ligações entre os dois países.

Segundo o chefe de Estado da Coreia do Sul, o acordo militar de fronteira favorece também o diálogo da Coreia do Norte com a administração norte-americana sobre a desnuclearização.

Caminhos da paz

Na declaração conjunta assinada ontem por Moon e Kim, Pyongyang compromete-se a tomar medidas para o encerramento da central norte-coreano de Yongbyon, considerada como o “epicentro” do programa nuclear, tal como ficou decidido na Cimeira de Singapura.

A declaração conjunta prevê também aumentar as trocas transfronteiriças no sentido do desenvolvimento económico comum e, em concreto, o empreendimento de ligações ferroviárias e rodoviárias antes do final do ano.

Por último, foi decidido promover reuniões de famílias separadas pela guerra (1950-1953), através de ligações vídeo e a abertura de um gabinete na cidade fronteiriça norte-coreana para que os civis dos dois países possam localizar familiares.

20 Set 2018

Pequim optimista quanto a negociações com Washington

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China afirmou ontem que tem esperança de “obter bons resultados” nas conversações sobre a disputa comercial com os Estados Unidos, numa altura em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse não esperar grande coisa desse diálogo.
O vice-ministro do Comércio chinês, Wang Shouwen, deve reunir-se nos próximos dias em Washington com o subsecretário do Tesouro norte-americano que tem o pelouro dos assuntos internacionais, David Malpass.
Mas, numa entrevista divulgada ontem pela agência Reuters, citada pela AFP, Trump referiu não esperar grande coisa das conversações, precisando que não tem agenda para a resolução do conflito sobre as tarifas e apontando para um “horizonte a longo prazo”. “Na China continuamos com esperança de obter bons resultados” nas negociações, afirmou ontem Lu Kan, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“A China não gosta de se exprimir antes do início das negociações. Esperamos que as duas partes possam sentar-se calmamente, com pragmatismo e trabalhar bastante para alcançar bons resultados com base na igualdade e na confiança”, insistiu Lu, em conferência de imprensa.
O secretário do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, teve conversações em Junho, em Pequim, com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, mas sem conseguir reduzir a tensão.
Após a imposição no início de Julho de taxas às importações de produtos chineses representando 34 mil milhões de dólares, Washington prepara-se para taxar a partir de 23 de Agosto uma série de outros produtos, no valor de 16 mil milhões de dólares. A administração Trump acusa a China de práticas “desleais” e de “roubo de propriedade intelectual”, exortando o gigante asiático e reduzir drasticamente o excedente comercial com os Estados Unidos.
Em resposta, Pequim adoptou em Julho taxas no valor de 34 mil milhões de dólares para produtos norte-americanos importados, nomeadamente porco e soja, e prometeu tarifas suplementares de 16 mil milhões. “Creio que certamente a China manipula a sua divisa” para resistir às tarifas, disse Trump à Reuters, repetindo uma acusação que já tinha feito várias vezes.
O banco central chinês refutou ontem qualquer manipulação, reafirmando que não transforma a taxa (do yuan) em “arma” comercial.

23 Ago 2018

Comércio | Pequim quer trabalhar com Washington para evitar conflitos

A China afirmou ontem esperar que a delegação norte-americana que chegou a Pequim coopere no sentido de “implementar o consenso” entre ambas as partes, visando evitar uma guerra comercial

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] busca pelo entendimento entre as duas maiores potências económicas prossegue com os, já habituais, avanços, recuos e múltiplas reuniões. “A China mantém a porta aberta para negociar. Uma delegação norte-americana chegou a Pequim e, nos próximos dias, manterá discussões sobre como implementar o consenso bilateral”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, em conferência de imprensa.

Hua destacou que a China e os Estados Unidos partilham muitos interesses comuns e que ambos devem almejar a cooperação e benefício mútuo.

“Esperamos que os EUA trabalhem em conjunto para implementar o consenso alcançado e poder assim dar boas notícias e obter maiores benefícios para a comunidade empresarial dos dois países”, acrescentou.

Na semana passada, Pequim comprometeu-se a “aumentar significativamente” as compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos, após negociações entre ambos os países.

No entanto, não está previsto que pare de subsidiar empresas do sector tecnológico e garanta uma melhor protecção dos direitos de propriedade intelectual das empresas norte-americanas, as principais causas de fricção com os EUA.

Tudo querer

A delegação norte-americana que ontem aterrou em Pequim é chefiada pelo secretário do Comércio, Wilbur Ross.

Pelas contas de Washington, no ano passado, a China registou um excedente de 375,2 mil milhões de dólares – quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português – no comércio com os EUA.

Donald Trump exigiu a Pequim uma redução do défice dos EUA em “pelo menos” 200.000 milhões de dólares, até 2020, visando cumprir com uma das suas principais promessas eleitorais.

Trump quer ainda taxas alfandegárias chinesas equivalentes às praticadas pelos EUA e que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certos setores industriais estratégicos.

1 Jun 2018

Diplomacia | Washington acusa Pequim de “encorajar dependência” de África

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, criticou a abordagem utilizada pela China para promover o desenvolvimento em África, afirmando que a postura de Pequim “encoraja a dependência” e prejudica a soberania e a estabilidade do continente

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe da diplomacia dos Estados Unidos falava num evento numa universidade norte-americana sobre as relações EUA-África antes de partir, para o seu primeiro périplo pelo continente africano que vai incluir passagens pela Etiópia, Quénia, Chade, Djibouti e Nigéria.

Rex Tillerson afirmou que o investimento chinês pode ter ajudado África a resolver problemas de infraestruturas, mas criou “dívidas acrescidas e poucos, ou talvez, nenhuns empregos”. O secretário de Estado reforçou que a abordagem de Pequim no continente africano também envolve empréstimos predatórios, corrupção e contratos de termos vagos.

Em contraste, segundo frisou o representante norte-americano, a abordagem dos Estados Unidos em África quer apostar num espírito de parceria com os países africanos, ao mesmo tempo que promove o Estado de Direito e o desenvolvimento democrático.

Na mesma intervenção na George Mason University, na Virginia, Tillerson frisou que os Estados Unido veem um “futuro brilhante” para o continente africano, à medida que a população daquela região cresce, e que a administração liderada pelo Presidente Donald Trump está “empenhada em salvar vidas em África”.

Tal como aconteceu no seu primeiro périplo latino-americano, em princípios de Fevereiro, Rex Tillerson terá nesta ronda africana a missão de tentar neutralizar a crescente influência de outras potências, com a China e a Rússia, em África e reivindicar o papel dos Estados Unidos nesta área geográfica.

Voltar atrás

Reforçar os avanços da luta antiterrorista no continente africano será outros dos temas a marcar a agenda deste périplo.

Numa nota enviada às redacções, o Departamento de Estado norte-americano informou que Tillerson anunciou uma verba de cerca de 429 milhões de euros para assistência humanitária das populações da Etiópia, Somália, Sudão do Sul e Nigéria, bem como dos países da região do Lago Chade, onde milhões enfrentam uma situação de insegurança alimentar e desnutrição por causa de conflitos em curso ou de uma seca prolongada.

Ainda bem presentes estão as declarações polémicas que Donald Trump fez em Janeiro passado, durante uma reunião com um grupo de senadores para debater as leis migratórias para os Estados Unidos, quando se referiu a várias nações africanas e a outros Estados como “países de merda”.

Na altura, a expressão usada por Trump desencadeou fortes reacções. Por exemplo, os embaixadores de 54 países africanos representados junto da ONU exigiram que o Presidente dos Estados Unidos se retratasse e pedisse desculpa.

8 Mar 2018

Daniel Russel | Washington não vai sacrificar Taiwan

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos “não vão sacrificar os interesses de Taiwan” em troca de melhores relações com a China, afirmou ontem, em Taipé, o ex-subsecretário de Estado adjunto para a Ásia Oriental e Pacífico.

Daniel Russel, que se encontra em visita à ilha, fez estas declarações após as recentes palavras do Presidente chinês, Xi Jinping, contra a independência da ilha, durante o XIX Congresso do Partido Comunista, e nas vésperas da deslocação à China do Presidente de Estados Unidos, Donald Trump.

Quanto ao papel da China em relação a Washington e Taipé, Russel disse que o país asiático adquiriu nos últimos anos uma força económica e activismo internacional sem precedentes.

No entanto, as fortes relações e interesses partilhados entre Taiwan e Estados Unidos “garantem que as melhorias nas relações entre os Estados Unidos e a China não serão feitas à custa de Taiwan”, disse Russel, que foi secretário de Estado adjunto até Março.

Apesar das alterações na administração norte-americana, o que não mudou “é o interesse permanente dos Estados Unidos no êxito contínuo, prosperidade e a autodeterminação do povo de Taiwan”, acrescentou o antigo responsável norte-americano para a diplomacia na Ásia.

Parceiro de força

Os Estados Unidos são o principal garante da segurança de Taiwan, com a qual está comprometido por um acordo de 1979, e é um dos seus principais parceiros económicos.

Em Taiwan, perante o crescente poder económico e militar da China e a intensificação da intimidação militar e o cerco diplomático à ilha, teme-se que Washington utilize Taipé como carta de negociação com Pequim.

Em especial, há receios de que Trump assine um novo comunicado conjunto com a China, tal como sugerem estrategas norte-americanos como Henry Kissinger, que manteve recentes contactos com o Presidente do seu país.

Na passada semana, o porta-voz diplomático de Taiwan Andrew Lee afirmou que Washington garantiu que não assinará um quarto comunicado conjunto com a China, depois dos subscritos em 1972, 1979 e 1982.

26 Out 2017

Registo da marca “Trump” sem aplicação concreta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] recente registo da marca “Trump” em Macau, por uma empresa com ligações ao Presidente norte-americano, revela, segundo o analista Ben Lee, uma utilização do cargo para acelerar o registo de patentes em vários países, incluindo na China, onde estavam pendentes.

A empresa DTTM Operations LLC efectuou na semana passada quatro registos da marca “Trump”, com diferentes finalidades, incluindo serviços de jogo e casinos, serviços de hotel, restaurantes e imobiliário.

No entanto, o analista de jogo consultora IGamix desvaloriza este facto, já que o registo de marcas é muito comum em Macau e não deve ser lido como sinal de que a empresa irá definitivamente operar.

“Não acho que seja muito significativa esta decisão de registar o nome da marca em Macau. Acredito que está a olhar para todo o mundo e está a usar o facto de estar neste cargo para acelerar o patenteamento dos direitos de autor da sua marca em todo o mundo, em diferentes jurisdições”, disse à Lusa.

Ben Lee destaca que esta utilização do cargo se tem revelado particularmente útil na China que “tem sido sempre muito lenta a aprovar registos de marca”.

“Vimos que assim que Trump tomou posse, a China imediatamente aprovou 30 e tal candidaturas que estavam pendentes há muito, muito tempo”, salientou.

No início de Março, foi noticiado que a China aprovou 38 registos da marca “Trump” no país, que estavam pendentes há cerca de um ano.

Para o analista, o registo em Macau é uma continuação dessa estratégia e não concretamente uma tentativa de entrar no mercado de jogo de Macau após expirarem as actuais licenças de concessão, entre 2020 e 2022.

Até à data, não é conhecido um calendário para a revisão das licenças de jogo, nem é claro se será mantido o modelo de concessões e subconcessões.

Tal não significa que o magnata não possa vir a fazê-lo e as probabilidades de ser bem-sucedido podem depender do cargo que ocupar na altura: “Coisas mais estranhas já aconteceram (…) Há a probabilidade de novas concessões em Macau. Se ele ficar no poder a probabilidade [de obter uma concessão] é muito maior do que se não estiver. O facto de a China ter aprovado candidaturas [de registo de marcas] que estavam pendentes há muito tempo indica que a China sabe o que está a fazer”.

EUA preparam resposta à decisão russa de reduzir diplomatas americanos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano afirmou ontem que Washington vai responder até 1 de Setembro à decisão de Moscovo de reduzir significativamente o pessoal diplomático norte-americano na Rússia.

Rex Tillerson, que falava aos jornalistas durante uma visita às Filipinas, indicou ter informado o homólogo russo, Sergei Lavrov, dos planos dos Estados Unidos de responder até 1 de Setembro à retaliação russa às recentes sanções norte-americanas.

Lavrov e Tillerson estiveram reunidos no domingo em Manila, à margem de um fórum regional sobre segurança.

Tillerson afirmou ter dito a Lavrov que Washington ainda não decidiu de que forma vai responder e que lhe fez “várias perguntas clarificadoras” sobre a retaliação de Moscovo às novas sanções contra a Rússia.

As novas sanções, adoptadas pelo Congresso norte-americano para punir Moscovo, foram promulgadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na passada quarta-feira, e deveram-se designadamente à alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro e ao envolvimento no conflito na Ucrânia.

A 30 de julho, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que 755 diplomatas norte-americanos deverão sair da Rússia, reduzindo para menos de metade o corpo diplomático dos Estados Unidos em território russo.

8 Ago 2017

Relatório | Estados Unidos criticam Macau. Governo da RAEM bate o pé

Macau não gostou do que os Estados Unidos tiveram a dizer sobre as práticas dos direitos humanos no território. No relatório anual sobre a matéria, Washington lança críticas, uma vez mais, ao sistema político da RAEM e aponta o dedo a questões do âmbito judicial. O Governo manifesta “a sua forte oposição”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] garantia é dada pelo Executivo de Chui Sai On, num comunicado à imprensa do Gabinete do Porta-voz do Governo: “Os amplos direitos e liberdades gozados pela população da RAEM são plenamente garantidos, nos termos da Lei Básica”. A afirmação serve para contestar as conclusões do mais recente relatório sobre direitos humanos publicado por Washington. Mais uma vez, Macau não sai bem no retrato global. O Governo local não concorda com a análise feita e diz mesmo que o respeito pelos direitos e liberdades são “testemunhados pela sociedade internacional”.

Para o Executivo, o relatório publicado pelo Departamento de Estado norte-americano “ignora os factos, tecendo comentários irresponsáveis sobre a RAEM, que é um assunto interno da China”. Por isso, “manifesta-lhe a sua forte oposição”.

A incapacidade dos residentes em mudar o Governo, face à ausência de sufrágio universal na eleição do líder, e restrições à liberdade académica e de imprensa figuram entre os problemas apontados a Macau pelos Estados Unidos.

No relatório, o Departamento de Estado norte-americano refere também “preocupações relativamente à extradição de criminosos para jurisdições com penas mais severas” – mas sem facultar pormenores – e ainda que o tráfico de seres humanos também “continuou a ser um problema” no ano passado.

Um dos aspectos apontados a Macau no documento prende-se com a liberdade de imprensa, com o relatório a indicar, por exemplo, que dois sites de media independentes conhecidos por serem críticos do Governo alegaram que foram alvo de ataques informáticos antes da visita a Macau, em Outubro, do primeiro-ministro Li Keqiang.

Convite à autocensura

Washington volta também a destacar preocupações levantadas por activistas relativamente à autocensura, particularmente porque órgãos de comunicação e jornalistas receiam que certos tipos de cobertura crítica possam limitar o financiamento do Governo, dando ainda conta de que o Executivo seleccionou membros dos media com cargos de chefia para cargos em comissões consultivas, o que também resultou em autocensura.

Essa autocensura estendeu-se ao mundo académico, com Washington a observar que foram relatados casos de académicos que foram dissuadidos de estudar ou de falar de assuntos controversos relativos à China, os quais reportaram também que foram advertidos para não falar em eventos politicamente sensíveis ou em nome de determinadas organizações políticas.

Sobre a liberdade de reunião e manifestação, Washington refere que activistas alegaram que as autoridades estavam a fazer um esforço concertado para desencorajar os participantes de protestos pacíficos, designadamente através da intimidação, filmando “ostensivamente” os manifestantes ou advertindo os transeuntes para não se juntarem.

O relatório fala ainda do uso de circulares internas e de ‘rumores’ ameaçando os funcionários públicos para não participarem em eventos ou protestos politicamente sensíveis; e que activistas políticos denunciaram que o Governo monitorizou as suas conversas telefónicas e utilização da Internet.

São também referidas sete queixas de abuso das forças policiais que acabaram arquivadas devido à falta de provas e atrasos na justiça por causa de incapacidade administrativa.

Das desigualdades

O Departamento de Estado norte-americano refere ainda que existem desigualdades salariais entre homens e mulheres, com observadores a estimarem uma significativa diferença, em particular nos trabalhos não qualificados, dando igualmente eco às frequentes queixas de discriminação no trabalho apresentadas por trabalhadores não-residentes, que representam mais de um quarto da população.

O Departamento de Estado norte-americano afirma ainda que, apesar de o Governo ter feito esforços, indivíduos de ascendência portuguesa e/ou macaenses continuaram a argumentar que não são tratados de forma igual pela maioria étnica chinesa.

6 Mar 2017

Seul e Washington simulam ataque a instalações nucleares norte-coreanas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s forças especiais de combate da Coreia do Sul e dos Estados Unidos realizaram um exercício conjunto em que testaram “ataques cirúrgicos” contra instalações nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, segundo informaram as Forças Armadas sul-coreanas.

Durante a operação “Teak Knife” os aliados ensaiaram a entrada das suas forças especiais na Coreia do Norte por via aérea, em caso de um conflito na península coreana, informou à agência Yonhap o comandante das Forças Armadas sul-coreanas.

A divisão 353 da força aérea norte-americana e o grupo de operações especiais do exército sul-coreano realizaram esta manobra a partir da base militar de Gunsan, a cerca de 270 quilómetros de Seul, numa data não revelada.

Os dois aliados realizam este exercício regularmente desde os anos 1990, apesar de não ser habitual tornarem-no público.

Nesta ocasião, optaram por anunciar o exercício devido à intensificação de testes nucleares e de mísseis de Pyongyang.

A Coreia do Norte realizou cinco testes de mísseis de médio alcance nos últimos dois meses, a que se juntou o quinto teste nuclear em Setembro, o que indica que o regime de Kim Jong-un está a acelerar os seus esforços para obter um míssil nuclear.

O Ministério da Defesa sul-coreano anunciou ontem também que iniciará no próximo dia 31 um exercício de duas semanas para melhorar a sua preparação contra provocações norte-coreanas.

Nestas manobras participam corpos navais, aéreos e terrestres, contando também com alguns exercícios conjuntos com as tropas norte-americanas.

28 Out 2016