Hoje Macau EventosÚltima canção dos Beatles no topo das tabelas britânicas Pela primeira vez em 54 anos, os Beatles voltaram ao topo das tabelas do Reino Unido com a canção “Now and then”, uma faixa que utiliza a Inteligência Artificial para reunir a lendária banda britânica, foi ontem anunciado. Lançada na quinta-feira, a faixa, gravada por John Lennon e completada após a sua morte pelos outros membros do grupo, está actualmente a ultrapassar os seus rivais, segundo a Official Charts. Com base nesta tendência, pode estar a caminho de assumir o primeiro lugar na próxima tabela semanal, publicada na próxima sexta-feira, destronando a superestrela norte-americana Taylor Swift. Este é o 18.º single da banda de Liverpool a chegar ao topo da tabela. O primeiro foi “From me to you”, em 1963, e o anterior foi “The Ballad of John and Yoko”, em 1969, pouco antes da separação da banda, em Abril de 1970. A nova música, na qual Lennon e George Harrison trabalharam na década de 1970, e que Paul McCartney e Ringo Starr completaram no ano passado, foi trabalhada através de Inteligência Artificial, de modo a retirar a voz de John Lennon da gravação ‘demo’ original, disse McCartney à BBC. “Lá estava a voz de John, cristalina. É muito emocionante”, disse o músico à estação britânica, destacando que a edição final reúne todos os elementos da banda. “Now and Then” também fará parte da reedição do “Red Album” e do “Blue Album”, colectâneas dos êxitos dos The Beatles lançadas pela primeira vez em 1973, relativas aos anos de 1962-1966 e de 1967-1970, respectivamente. A tecnologia de IA tornou recentemente possível isolar a voz de Lennon e misturá-la com gravações de outros cantores, incluindo George Harrison antes da sua morte em 2001. A canção foi completada e lançada pelos dois membros sobreviventes, Paul McCartney, 81 anos, e Ringo Starr, 83 anos. Em 26 de Outubro, Paul McCartney anunciou o lançamento a 02 de Novembro da nova canção “Now and Then”, que também fará parte da reedição do “Red Album” e do “Blue Album”, colectâneas dos êxitos dos The Beatles lançadas pelas primeira vez em 1973, relativas aos anos de 1962-1966 e de 1967-1970, respectivamente. Lennon na sala No comunicado sobre o lançamento de “Now and Then”, pode ler-se que se trata “de uma gravação genuína dos Beatles.” Segundo McCartney, “o som [original da ‘demo’] era tão pobre” que todos desistiram de a usar durante décadas. Para Ringo Starr, o outro sobrevivente da banda, o trabalho de edição de “Now and Then” “foi o mais perto de ter [Lennon] de regresso à sala” de gravação. “Now and Then” foi escrita por John Lennon depois da separação dos Beatles, em 1970. Após a morte do músico, assassinado em Nova York em Dezembro de 1980, a sua viúva, Yoko Ono, deu a McCartney uma cassete que tinha inscrito “For Paul”. Esta ‘demo’, além de “Now and Then” também continha as primeiras versões de “Free As A Bird” e “Real Sees it”, que foram publicadas como ‘single’ e no álbum “Anthology”, de 1995.
Nuno Miguel Guedes Divina Comédia h | Artes, Letras e IdeiasElogio da canção Para quem sinta satisfação em semelhantes exercícios é relativamente fácil contabilizar as pequenas e grandes tragédias que assolam a nossa passagem por este mundo. Falando aqui e agora daquelas que só a cada um de nós diz respeito talvez o maior segredo seja reconhecê-las a tempo e lidar com elas da melhor forma. Uma delas, talvez não a maior, mas certamente bem real e quotidiana, é a nossa permanente desatenção sobre aquilo que torna a vida mais suportável. Não porque o façamos intencionalmente, mas apenas porque o tomamos como garantido. Fujo dos grandes temas e proponho para este capítulo a existência das canções. Não me parece que exagero quando digo – e digo muitas vezes, acreditem – que se trata da mais perfeita forma de arte popular. Para começar porque se imiscui na nossa vida a ponto de por vezes confundirmos as duas. Todos passámos por isso, amigos: aquele “tema” que soava quando conhecemos o amor da nossa vida, aquela voz e palavras quando perdemos o amor da nossa vida. Tenho uma teoria que não pretendo tornar universal, mas que certamente tem a sua prova viva neste vosso criado: a nossa vida é um musical de que nós somos protagonistas involuntários. Numa das mais extraordinárias canções da década de 90 do século XX – Songs Of Love, dos The Divine Comedy e escrita pelo insuperável Neil Hannon – conta-se a história de um fazedor de canções que da sua água-furtada vê passar casais felizes proclamando o seu amor à custa das canções que ele, pobre solitário, constrói. É uma canção de um doce cinismo mas nem por isso deixa de ser verdade. É graças a esses trabalhadores-artistas que tantas vezes vamos balizando os nossos sentimentos sem termos a preocupação de lhes agradecer. Depois há isto: as canções vivem tão dentro de nós que as podemos usar em qualquer ocasião: no carro, na rua, no chuveiro. E têm a capacidade de despertarem emoções mesmo quando estamos distraídos. Conto: há uns dias resolvi ver um filme preguiçoso, ideal para uma matiné caseira preguiçosa. Um filme rasteiro, de “acção” (chama-se The Equalizer, já que não perguntam) e perfeito para manter neurónios e coração em sossego. Assim foi: até que nos minutos finais do filme surge uma banda sonora que a princípio não reconheci por se tratar de uma versão; mas os versos “distant colors, different shade/over with mistake were made/ I took the blame” apanharam-me como um soco no estômago: tratava-se de New Dawn Fades, dos Joy Division, banda com que vivi e vivo e coloco – com alguns discos de Leonard Cohen, Amália e Sinatra – sob o rótulo “manter afastado do alcance das crianças”. E eis o que aconteceu, amigos: subitamente as lágrimas caíram. Não por causa de nostalgias de juventude, que não as tenho – mas pelo imenso poder da canção, capaz de me virar do avesso num ápice. As canções são animais furtivos mas predadores e, melhor ainda, sem dono. Podem provocar uma espécie de síndroma de Stendhal no dia a dia ou simplesmente fazer com que soltemos um sorriso. E são um permanente e maravilhoso mistério. Uma das primeiras canções que decorei foi Ticket To Ride, dos The Beatles. Adoro-a até hoje e por uma miríade de razões. Mas foi só há pouco tempo que soube o verdadeiro significado do título, mais uma brincadeira marota dos rapazes de Liverpool. A expressão “Ticket To Ride” refere-se ao boletim sanitário que as prostitutas de Hamburgo eram obrigadas a ter em dia para poder exercer a sua profissão. E como os moços floresceram em Hamburgo… bom, é fazer as contas. Subitamente uma canção que lamenta o abandono de uma moça que não aguenta viver com o narrador ganha uma dimensão completamente inesperada sem perder um milímetro da integridade. E isso é tão bom. Sobre canções tenho tanto a dizer, tanto a agradecer. Revejo o monólogo de abertura de High Fidelity, a partir do livro homónimo de Nick Hornby (“What came first ? Music or the misery ?”) e é um espelho bem-vindo. Saibamos reconhecer essas dádivas efémeras e eternas ao mesmo tempo. Por mim, estaria perdido sem elas. Agora mesmo não sei qual a banda sonora que irá ocupar este meu dia e estas emoções. Mas ela está lá, eu sei disso. Até ao fim de mim, de nós.
Hoje Macau EventosCovid-19 | Morreu Phil Spector, o produtor de “Let it Be” dos The Beatles O produtor Phil Spector, um dos mais conhecidos da indústria discográfica desde a década de 1960, criador da designada “parede de som” [The Wall of Sound], morreu no sábado aos 81 anos, informaram ontem os serviços prisionais da Califórnia. Phil Spector, que produziu álbuns como “Lei it be”, dos The Beatles, morreu devido a complicações relacionadas com a covid-19, que contraiu na prisão, segundo aqueles serviços. O produtor musical fora diagnosticado com covid-19 há quatro semanas, e morreu no sábado num hospital para onde fora transferido devido a complicações respiratórias, acrescentaram os serviços prisionais. Phil Spector ganhou fama na industria discográfica ao produzir trabalhos de Tina Turner, The Beatles e dos Righteous Brothers. Foi o impulsionador da denominada “wall of sound” (“parede de som”), caracterizada por exuberantes orquestrações e instrumentações, com apoio de baixos, que definia como “uma aproximação wagneriana ao rock and roll”. Em Abril de 2008, Phil Spector foi declarado culpado de ter assassinado a tiro, em 2003, a actriz Lana Clarkson, em sua casa. Um primeiro julgamento, em 2007, fora anulado, por ter sido impossível aos membros do júri chegarem a um acordo. Mais tarde, em outubro, no mesmo ano, provas apresentadas em novo julgamento foram suficientes para determinar que, a 3 de fevereiro de 2003, Spector assassinara Lana Clarkson, horas depois de a ter conhecido num club de Sunset Strip, em Hollywood, onde aquela trabalhava. Em 2009, foi condenado a 19 anos de prisão. A acusação retratou Spector como um sádico misógino com um história de três décadas “a jogar à roleta russa com as vidas das mulheres” quando estava embriagado.