Arte | Escultura de bambu de Wong Ka Long exposta na Taipa

“Reverie” é o nome da escultura de bambu com inspiração em elementos da cultura japonesa da autoria do artista local Wong Ka Long que estará patente em dois locais da vila da Taipa a partir desta quarta-feira. A iniciativa é da galeria Taipa Village Art Space, que, entretanto, se prepara para mudar de instalações

 

São capacetes transformados em sinos, com as cores características da vila da Taipa, uma mescla de amarelos, verdes e azuis. Tudo isto se relaciona com uma escultura em bambu com cerca de três metros, que revela símbolos da cultura japonesa, como o santuário ou a casa de chá.

É assim “Reverie”, com as temáticas “Bless” e “Tea Room”, o mais recente projecto do escultor Wong Ka Long que estará exposto nos largos Maia de Magalhães e Tamagnini Barbosa, na vila da Taipa, a partir de hoje e até ao dia 15 de Abril. Esta iniciativa, da galeria Taipa Village Art Space, gerida por João Ó, vem dar voz a uma criação artística antiga de Wong Ka Long, acrescentando-lhe uma nova roupagem.

“Este foi um dos projectos mais interessantes, em termos colaborativos, que tive com um artista”, confessou João Ó ao HM. “Ele chegou com uma ideia e eu dei-lhe soluções, pois não havia nada pré-estabelecido. Eu apresentei o bambu e ele os capacetes. Inicialmente queríamos mostrar as esculturas que o artista já tinha feito, mas muitas foram sendo mostradas ao longo dos anos e não era muito positivo estar a repeti-lo.”

Desta forma, “Reverie” traz novamente a público um projecto anterior, com capacetes militares, que representam “uma dicotomia entre a guerra e a paz, o Oriente e o Ocidente”. Estes capacetes já foram expostos como se fossem cerâmica tradicional chinesa, com uma referência aos cravos vermelhos da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974.

João Ó descreve Wong Ka Long como “um escultor bastante versátil” que tanto trabalha com materiais mais tradicionais, como o barro, como depois aposta nas estátuas de bronze exibidas em espaços exteriores.

O responsável pela galeria Taipa Village Art Space adiantou também que optou pelo Largo Maia de Magalhães, por ser um sítio mais pacato, mas acolhedor, em contraste com o Largo Tamagnini Barbosa, onde passam muitas pessoas.

Com “Reverie” pretendeu-se, desde o início, estabelecer uma comunicação com quem vê a peça, para que esta possa ser tocada e sentida. “As pessoas em Macau têm imensa afinidade com o bambu, existe um afecto intrínseco da população chinesa com o bambu. E a peça do artista é bastante apelativa e íntima face à população e acho que, nesse sentido, haverá imensa receptividade. Além disso, é um trabalho interactivo, pois as pessoas podem mexer nos capacetes transformados em sinos e fazer as suas preces.”

Novo espaço

Trazer “Reverie” para a rua foi a solução encontrada por João Ó tendo em conta a mudança de instalações da galeria de arte, que só deverá materializar-se daqui a uns meses.

“Deixámos de ter a galeria de arte este ano por questões imobiliárias, o espaço foi demolido e vai ser revertido para exploração de restauração. Já temos outra galeria em vista, noutro espaço na vila da Taipa, mas não vai estar pronta tão cedo. Sabendo isso desde final do ano passado, projectamos esta primeira exposição para o exterior, para aproveitarmos o tempo e continuarmos a lançar projectos no espaço público.”

O arquitecto afirma que cada vez mais deseja experimentar novas formas de exibir arte. “Há falta de espaços para desenvolver iniciativas, sobretudo interiores. Deve haver uma flexibilidade na forma de mostrar os artistas, mudar o conceito de que todas as exposições devem ser interiores. O espaço interior é, para mim, muito mais o de coleccionador e de museu.”

Nascido em Macau em 1977, filho de um pintor de aguarelas, Wong Ka Long estudou escultura na Academia de Belas Artes de Guangzhou em 1996, tendo feito o mestrado na mesma área em 2003. Desde 2004, que o autor tem participado em inúmeros projectos e exposições. É muito conhecido no território pelo trabalho que explora a ligação entre peças militares antigas, o bronze e a cultura.

26 Jan 2022

Associação Cultural da Vila da Taipa abre a porta às “fanzines”

Por Raquel Moz 

O tempo das fanzines está de volta. A exposição que hoje é inaugurada, no Taipa Village Art Space, traz ao público o movimento artístico que ressurgiu em Hong Kong nos últimos anos, de livre criação e produção artesanal de publicações culturais alternativas

[dropcap]A[/dropcap] primeira exposição colectiva da associação ZineCoop de Hong Kong, que reúne um conjunto de artistas e designers que se dedicam à publicação de “fanzines” – revistas e brochuras de nicho sobre temas diversos, com meios manuais de baixo custo e técnicas de impressão tradicionais –, vem, a convite da Associação Cultural da Vila da Taipa, mostrar em Macau a diversidade do que está a ser feito nesta área no território vizinho.

“See.Saw.Zine? Publish Yourself!” é o título e, também, o conceito do evento. São cerca de 200 publicações em exibição, organizadas por temas e conteúdos variados, que vão poder ser vistas e manuseadas pelos interessados, a partir de hoje e até 2 de Julho, na pequena galeria da Rua dos Clérigos na ilha da Taipa. Este acervo, produzido na íntegra por artistas oriundos de Hong Kong, faz parte da colecção permanente da ZineCoop, fundada por Beatrix Pang e Forrest Lau. Haverá também lugar à apresentação de alguns trabalhos de artistas macaenses, conversas e oficinas várias, espaço para leituras e venda de publicações.

“A ideia é tornar esta galeria numa plataforma cultural entre Hong Kong e Macau”, explicou ao Hoje Macau o curador da exposição, João Ó, “que servirá para abrir o diálogo entre os artistas interessados, muitos dos quais até já se conhecem entre si, no complexo mundo que é o da fanzine”. Mas o apelo deste formato de publicação interessa a um público bem mais generalizado, fora do âmbito do design e das artes gráficas, segundo o responsável, pelo que a descoberta destes trabalhos é uma proposta que deixa como sugestão, já para o próximo fim-de-semana alargado.

Há toda uma conjuntura sócio-cultural relacionada com o surgimento da fanzine, que tem “um potencial criativo fora dos mercados da publicação comercial, digamos que é uma forma manual de publicar um manifesto individual, de dar voz a um pensamento criativo. Eu também já fiz as minhas fanzines, em Lisboa, na altura da faculdade, com colagens e com escritos, com pensamentos soltos. Acho que é uma necessidade de dar voz a esse tipo de pensamento criativo, em que a arte não é só estabelecida nos parâmetros das esferas artísticas mais assumidas, como a pintura, escultura, serigrafia, etc.”. E são muitos os exemplos de “movimentos artísticos e políticos que surgem com o manifesto da fanzine”, comentou.

Nas tuas mãos

Para o curador da mostra, numa época em que as comunicações electrónicas dominam o espaço de intervenção cultural, nomeadamente através do poder das redes sociais, ressurgem agora as fanzines – combinação das palavras “fan” e “magazine” inglesas – como fenómenos diferenciados que recuperam o faça-você-mesmo artesanal, disseminados entre grupos com os mesmos interesses culturais (de subcultura e de contracultura). Os conteúdos vão das artes plásticas à música, do cinema à política, da vida quotidiana à intervenção social, com técnicas tão diversas como a escrita, a ilustração, a colagem ou a fotografia, adiantou ainda João Ó.

Os fundadores e membros da ZineCoop vão passar pelo Art Space em variados momentos, ao longo destes dois meses e meio, para participar em conversas e workshops. A partilha de experiências e técnicas de produção são o mote das oficinas, que se encontram agendadas para quatro sábados, nos meses de Maio (dias 4 e 18) e de Junho (dias 15 e 29). Os temas serão, respectivamente, “Chit-Chat ZINE with Graphic Designers”, “Risograph and ZINE Explosion in Hong Kong”, “Make ZINE, We Connect!” e “Risograph Mini ZINE Workshop”.

17 Abr 2019

Ilustração | “Imaginary Beings” em exposição na Taipa Village Art Space

São seres imaginados, habitantes de uma Macau desconhecida e vão estar em exposição a partir do próximo dia 6 na galeria Taipa Village Art Space. A mostra é da artista portuguesa Ana Aragão que se estreia no território

 

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ão “monstros imaginados” os que saem das ilustrações de Ana Aragão. Não são seres com origem num espaço vazio, a inspiração é Macau, uma terra desconhecida para a artista. O desafio para produzir uma exposição tendo como referência apenas imagens do território foi do curador João Ó, responsável pelas exposições da galeria do Taipa Village Art Space.

A ideia está inserida no próprio plano anual de exposições daquele espaço, em que a última mostra do ano é sempre dedicada a um artista internacional, que não conheça o território. A razão apontou o curador João Ó ao HM, é para “que exista uma interpretação de um artista de fora sobre Macau. Uma visão nova.”

A escolha de Ana Aragão começou pelo contacto com o seu trabalho na internet. João Ó ficou, desde logo, interessado na forma como as ilustrações de Ana Aragão saiam do papel. “Achei interessante o grafismo e o desenho muito minucioso das cidades imaginárias que ela fazia”, refere. Para o curador, trata-se de “um trabalho refrescante pelo detalhe que se verifica em cada desenho, pela forma como transforma edifícios em objectos sem ter de estar comprometida com a realidade”.

Para a exposição no Village Art Space, Macau, a artista teve como referência alguma imagens do território. Com elas trabalhou “Imaginary Beings”, os seres que pensa habitarem Macau.

O título é inspirado na obra “The book of imaginary beings” de Jorge Luís Borges. De acordo com o curador, a obra literária teve uma forte influência no percurso de Ana Aragão. “Foi um forte fundamento para a procura da artista dos seus próprios seres, expandindo o sempre incompleto trabalho do mestre visionário”, diz João Ó, na apresentação do evento.

Em “Imaginary Beings” vão estar expostas 50 peças produzidas com caneta de tinta preta e aguarela.

Confronto com o real

Outro aspecto de interesse, refere João Ó, é a possibilidade que estas exposições de final de temporada dão aos artistas de se confrontarem, depois do trabalho feito, com a Macau real. Ana Aragão vem ao território para a abertura da exposição e “este é o momento em que vai confrontar os seres que imaginou, através de imagens soltas, com a realidade”. Para João Ó, a viagem de Ana Aragão ao oriente vai marcar um momento em que a artista vai ser motivada a produzir mais.

A ideia de trazer ao território um artista de fora e que não conheça Macau mas que trabalhe sobre o território tem um duplo objectivo. “Por um lado trata-se da visão de alguém sobre Macau, que nunca conheceu antes, e por outro, é uma oportunidade de abrir a exposição destes artista a coleccionadores de arte que vão ter também uma visão diferente do território”, diz João Ó.

Mas mais importante, aponta, é a oportunidade que este tipo de trabalho representa também para os locais. “Nós que estamos cá também queremos ver esta frescura, esta reinterpretação aos olhos de quem nunca aqui esteve”.

Da arquitectura ao desenho

Ana Aragão, arquitecta licenciada com distinção pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto FAUP (2009), dedica-se actualmente ao cruzamento entre arte e arquitectura através do seu universo gráfico.

Após uma incursão no meio académico enquanto bolseira no Doutoramento em Coimbra decide interromper a investigação científica para se dedicar em exclusivo ao desenho artístico. É a partir do universo da arquitectura que nasce o seu fascínio pela representação de cidades, imaginárias ou não. Prossegue a sua reflexão acerca da cidade e seus imaginários urbanos através da exploração gráfica dos seus atlas mentais. Intrigada com os mapas emocionais que nascem da experiência quotidiana entre habitante e espaço, as suas “anagrafias” intrincadas são um pretexto para lançar um olhar crítico sobre o território, as formas de construir, e sobretudo, os modos de habitar. Todas as suas obras nascem da articulação entre mão e pensamento, não recorrendo a meios digitais.

A dedicação de Ana Aragão ao desenho e pintura tem sido reconhecida nacional e internacionalmente, salientando-se a sua participação na Bienal de Veneza 2014 e de 2016, o destaque como capa da publicação chinesa “Casa”, a selecção pela Luerzer’s Archive – “200 Best Illustrators Worldwilde”. Destacam-se também colaborações e parcerias com marcas de referência como a Porto Barros (100 anos Porto Barros, Coleção Cidades Portuguesas), as Tapeçarias Ferreira de Sá (Tapeçaria Eudóxia), a Jofebar (Projecto FUTURE FRAMES), a Schmidt Light Metal, a Essência do Vinho, a Vista Alegre, entre outras.

Foi também convidada a desenvolver projectos específicos sobre algumas cidades portuguesas, nomeadamente Lisboa (Meo Out Jazz), Espinho (Cartografia (des)encontrada), Braga (Noite Branca), Aveiro (Lugares Múltiplos) e Guimarães (Casa da Memória). O Porto, cidade onde vive e trabalha, tem lugar de destaque em toda sua obra.

27 Nov 2017

Taipa Art Village | Esculturas em madeira para ocupar o olhar

São esculturas em contraplacado que desafiam o olhar humano. Estão a partir de amanhã em exposição no Village Art Space e concretizam o resultado de três anos de pesquisa do artista locai Tong Chong

[dropcap style≠’circle’]“R[/dropcap]estless Nature” é a exposição que está, a partir de amanhã, aberta ao público no Village Art Space. A galeria situada na Taipa apresenta os trabalhos do artista local Tong Chong.

Mais do que natureza sem descanso, “Restless Nature” é traduzida pelo curador João Ó por “natureza inquieta”. “Além de manifestar um movimento na natureza, percebi que estes trabalhos representam ainda a inquietação do próprio artista e que a natureza se reflecte nele, até porque ele também está a mudar”, referiu ao HM.

Depois de três anos de pesquisa em torno de uma técnica pioneira na arte de esculpir contraplacado, o resultado é um conjunto de sete peças em que cada uma demorou cerca de seis meses a ser produzida.

Os trabalhos fazem parte da investigação do artista, que durou cerca de três anos. O conjunto de peças integra ainda o projecto de mestrado de Tong na Academia de Artes de Cantão.

Para o efeito, o artista desenvolveu uma técnica pioneira para trabalhar aquilo que é conhecido como contraplacado. “No fundo, o que fez foi pegar no conceito de contraplacado, criar uma massa em madeira e depois trabalhá-la”, explica João Ó. No entanto, sublinha o curador, “o grande desafio de Tong foi encontrar processos de colagem capazes de resistir às intempéries”.

Apesar de Tong Chong ser conhecido essencialmente pelo trabalho na pintura, ao qual tem dedicado os últimos 15 anos, com esta exposição o artista local mostra a sua versatilidade.

A exploração da madeira não é nova. “Ultimamente tem vindo a desenvolver algumas formas pictóricas com a criação de figuras fictícias, aproveitando a forma natural dos troncos.”

A grande diferença é que, desta vez, Tong Chong enveredou por uma análise profunda do próprio processo da escultura. Mudou de carvão sobre tela, em que assumia um estilo naïf, para a construção do objecto em que mantém o estilo, mas através de outra técnica.

Revelar nas falhas

As esculturas em exposição têm uma grande enfâse no espaço negativo que corresponde à matéria tirada durante o processo. “É também este espaço que induz ao movimento que se sente no seu trabalho. Apesar de se tratar de um objecto estático, a peça induz ao movimento em dois sentidos: pelo próprio trabalho e pelo que exige do público. “Alguns dos trabalhos vão estar expostos no meio da galeria, de modo a que as pessoas se possam deslocar à volta das peças, até porque se tratam de objectos tridimensionais.”

O curador fala ainda de algumas das obras que vão estar expostas. “Por exemplo, Chong tem uma peça em que aborda o desenvolvimento de nuvens, noutra cardumes de peixes e uma terceira a que chama de circular. Todas elas, pela sua forma e movimento, vão de encontro a uma mensagem simples: a natureza está em constante mudança e é cíclica, salienta João Ó.

Tong Chong tem marcado o seu trabalho com a exploração da sociedade moderna, das suas culturas e, acima de tudo, do quotidiano do ser humano, das suas acções e hábitos.

O artista enfatiza a emergência de um retorno à natureza e de uma orientação de papéis numa análise do comportamento humano nas sociedades modernas.

4 Jul 2017

Fan Sai Hong | Taipa Art Village apresenta a primeira exposição do artista

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão mais de 100 os desenhos de Fan Sai Hong que vão forrar as paredes da galeria da Taipa Art Village. O artista de Macau vê, assim, pela primeira vez o seu trabalho exposto. “Vamos ter os esquiços do acervo pessoal de Fan Sai Hong”, explica ao HM João Ó, curador da exposição.

A selecção para “Simple Things” partiu de um trabalho conjunto entre curador e artista. “Estivemos a rever os esboços e resolvemos expor aqueles que fazem um retrato autobiográfico, e que foram feitos em blocos de desenho”, explica.
No total, a mostra representa cerca de 15 anos da vida de Fan Sai Hong que cobrem o período de criação de 2002 a 2016. No entender de João Ó, o facto de não ter ainda exposto os seus trabalhos prende-se com a falta de convencionalismo dentro do que normalmente está associado à obra de arte e à sua exibição. No entanto, é esta passagem ao lado da norma que cativa o curador num trabalho “pouco convencional, em que a forma de expor não faz parte dos cânones de emoldurar uma pintura, uma aguarela ou seja o que for”.
“Vamos pôr os esboços directamente na parede, de modo informal, e ordenados por séries e épocas num continuum que mostra o percurso pessoal de Fan Sai Hong, sem barreiras entre obra e observador”, sublinha.

Paisagens internas

Enquanto autobiografia, são desenhos realizados em várias fases da vida do artista. Passam pelo Japão e pela Nova Zelândia. No entanto, nunca são trabalhos realistas. Da Nova Zelândia saem paisagens, mas interiores. “São das peças mais coloridas do seu trabalho, mas são sempre de mundos interiores. Fala-me daquela paisagem espectacular, mas transforma-a num desenho interno”, diz João Ó.
Também no que respeita à técnica, o curador dá destaque à variedade utilizada por Fan Sai Hong. “A vida não é mecânica. Numa vida orgânica passa-se por várias experiências e, como tal, também se experimentam várias técnicas. Aqui, cada período recorre a um meio diferente de expressão.”
Para João Ó, “esta riqueza técnica revela de modo particular o estado mental do artista e, sendo desenhos autobiográficos, não são repetíveis”. É nesta cristalização do tempo e na sua impossibilidade de repetição que está, de acordo com o curador, um dos pontos de reflexão da própria exposição.

O primeiro livro

A par da exposição, o evento de inauguração serve também de mote para o lançamento do primeiro volume de um conjunto de quatro de um trabalho de banda desenhada do artista de Macau. A banda desenhada foi iniciada em 2006 e tem o nome de “No Name”. A ideia, explica João Ó, “era encontrar um nome suficientemente abrangente para dar liberdade de interpretação”.
Trata-se mais uma vez de um percurso de vida, “um percurso solitário de um indivíduo sobre uma paisagem, da descoberta sobre si próprio dentro de uma ideia de passagem ritual da juventude para o estado adulto”, explica.
Para o curador, que encontrou Fan Sai Hong através do Facebook, o interesse pelo seu trabalho foi inevitável. “Mesmo os desenhos mais reais são muito naïfs, no sentido de uma observação da realidade distorcida. De acordo com o artista, esta distorção flui na lógica do próprio desenho, sem se converter ao realismo.”

25 Abr 2017