Sérgio Fonseca DesportoConstrutores e FIA satisfeitos com a corrida dos GT [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau voltou a ser Macau e na Corrida de Qualificação Taça do Mundo FIA de GT um acidente dantesco deixou sessenta por cento do pelotão de fora, proporcionando pelo segundo ano consecutivo conteúdos virais nas redes sociais e voltando a dar munições aos críticos desta prova. “Não é bem o que queres ver…”, verbalizou o que sentia Maro Engel, momentos depois de assistir nos ecrãs gigantes do circuito à repetição do choque em cadeia no Ramal dos Mouros que obrigou quase todas as equipas e construtores a uma noitada para reparar os carros para domingo.No paddock, a opinião dividiu-se, mais uma vez, entre aqueles que defendem que estes são os riscos normais de uma participação num evento singular a nível mundial e aqueles que acham que o Circuito da Guia não se adequa a uma Taça FIA desta dimensão, com estes carros que custam milhões de patacas. Richard Coleman, CEO da Craft-Bamboo Racing, que inscreveu dois Porsche 911 GT3-R, era um dos mais insatisfeitos no final do dia de sábado. “Eu sei que as pessoas dizem sempre que isto é Macau, mas temos que questionar o espectáculo desportivo da corrida, com apenas uma mão de carros a terminar”, disse o inglês, após saber pelos técnicos da sua equipa que a célula de segurança do Porsche 911 GT3-R de Laurens Vanthoor tinha ficado comprometida e o detentor da Taça do Mundo de 2016 tinha ficado arredado de defender a coroa no domingo. Para a Audi, BMW e Mercedes-Benz o Grande Prémio de Macau continua a ser uma prova obrigatória, pois, para além do que acontece na pista, várias são as acções promocionais com clientes que são colocadas em paralelo com a realização do evento. A visita anual à RAEM é mais do que uma simples corrida de automóveis. A BMW regressou oficialmente este ano ao Circuito da Guia, onde apresentou o seu 18º “Art Car”, e apesar da elevada conta em estragos, não se arrepende. “Foi um fim-de-semana de inacreditavelmente empolgante – com um final dramático”, sintetizou Jens Marquardt, o director desportivo da BMW Motorsport, afirmando ainda que “é difícil desenhar uma conclusão definitiva de uma corrida como esta.” Mesmo não tendo vencido desta vez, a rival Audi, através do seu responsável pelo desporto automóvel, Chris Reinke, resumiu assim o fim-de-semana: “foi caótico, ainda que ultimamente positivo.” A corrida de domingo, ganha por Edoardo Mortara, só contou com catorze dos vinte inscritos, mas o espectáculo em pista não desiludiu os espectadores e aficionados. Está bem como está Os críticos habituais desta corrida – uma Taça do Mundo FIA com carros GT3 num circuito com as características daquele da nossa cidade – têm apontado o tamanho e, principalmente, as velocidades atingidas por estes carros de mais de uma tonelada como uma razão para os vários acidentes, sugerindo que se faça a corrida com outro tipo de carros de Grande Turismo (GT). Esta solução até poderia ser possível, dado o crescimento da categoria GT4, com viaturas de GT mais próximas dos carros do dia-a-dia, com andamento inferior e com custos muito mais baixos. Contudo, para os responsáveis da prova, a Taça do Mundo FIA de GT tem que ser feita com os actuais carros de GT e com as poderosas equipas de fábrica. “É verdade que a categoria GT4 é nova fórmula, mais barata e que irá crescer. Nós já vimos isso no Blancpain GT Series Asia. Mas os carros GT3 são o pináculo das corridas de GT e vão de mão dada com o Grande Prémio de Macau e o seu prestígio. É o mesmo que a obrigatoriedade de pilotos profissionais: esta corrida deve ser o melhor dos melhores”, explicou ao HM Benjamin Franassovici, o responsável da SRO, a entidade apontada pela FIA para cooperar com a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) na organização desta corrida. A federação internacional ainda não confirmou onde será realizada a Taça do Mundo em 2018, mas as indicações sobre um eventual regresso a Macau, ao contrário do que tinha acontecido o ano passado, são hoje bastante positivas.