Laboratório Chinês-Português bate Google em concurso de tradução automática

O Laboratório de Processamento de Linguagem Natural e de Tradução Automática Chinês-Português da Universidade de Macau conquistou cinco primeiros lugares numa competição internacional, batendo rivais como a Google.

A universidade revelou na segunda-feira que o laboratório e a equipa de tradução da Dharma Academy, ligada à gigante tecnológica chinesa Alibaba, desenvolveram em conjunto um modelo de avaliação da qualidade de traduções automáticas apelidado de RoBLEURT.

Na sexta edição da Conferência sobre Tradução Automática, que decorreu ‘online’, em novembro, o RoBLEURT foi usado para avaliar oito testes de tradução de chinês, inglês, checo, alemão, japonês, islandês e hausa, uma língua falada sobretudo no Níger e Nigéria.

O modelo da Universidade de Macau foi o melhor a avaliar quatro traduções de comunicados de imprensa e uma tradução oral, conquistando ainda dois segundos lugares e um quinto lugar.

O RoBLEURT teve um melhor desempenho do que os modelos apresentados pela gigante tecnológica norte-americana Google e pela Unbabel, uma ‘startup’ portuguesa que aposta na tradução automática juntando inteligência artificial a pós-edição humana.

André Martins, vice-presidente de inteligência artificial da Unbabel, e a brasileira Mariana Neves, investigadora do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Risco, fizeram parte da organização da conferência.

11 Jan 2022

Universidade Cidade de Macau | Sistema de tradução automática em desenvolvimento

A Universidade Cidade de Macau e a Universidade de Évora estão a desenvolver em conjunto um sistema de tradução automática e desde 2019 que existe um laboratório colaborativo em funcionamento para esse fim. Paulo Quaresma, professor catedrático da Universidade de Évora, espera obter resultados concretos já este ano

 

São dez os investigadores da área da informática e linguística ligados ao laboratório colectivo da Universidade de Évora (UE) e da Universidade Cidade de Macau (UCM), responsável por desenvolver um sistema de tradução automática português-chinês e chinês-português.

Esta iniciativa arrancou em 2018, mas só em 2019 é que foi criado o laboratório, explicou ao HM Paulo Quaresma, professor catedrático do departamento de informática da UE e responsável pelo projecto.

A ideia foi desenvolver “uma plataforma colaborativa para o desenvolvimento de recursos computacionais para as línguas portuguesa e chinesa”, por serem “duas das línguas mais faladas do mundo” e por ser “fundamental que sejam desenvolvidas ferramentas que permitam uma mais fácil comunicação e interacção entre falantes”.
Paulo Quaresma acredita que os primeiros resultados práticos deste projecto podem começar a sentir-se já este ano.

“É nossa forte convicção, com base no trabalho já desenvolvido e em curso e no novo equipamento em fase de instalação, que teremos resultados com desempenho bastante acima do actual estado da arte neste domínio durante este ano de 2021.”

Os responsáveis pelo projecto já estão a trabalhar em “várias soluções a disponibilizar aos cidadãos e a entidades públicas e privadas”. “Teremos o sistema de tradução automático mais tradicional, mas iremos, também, apostar na criação de serviços de elevado valor acrescentado, em que os utilizadores destes serviços poderão solicitar as traduções de documentos ou o apoio à realização de eventos específicos”, acrescentou Paulo Quaresma.

Milhões de financiamento

Este projecto está integrado no Laboratório de Inteligência Artificial e Big Data da UE e contou com o financiamento, por parte da UE, de 400 mil euros [3.9 milhões de patacas], montante financiado a 85 por cento pelo programa operacional Alentejo2020. Mas houve também o financiamento do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (FDCT) de Macau, “que tem permitido financiar componentes fundamentais do projecto”, disse Paulo Quaresma.

Com o objectivo de responder aos desafios de tradução trazidos pelo projecto político nacional “Uma Faixa, Uma Rota”, o laboratório colectivo desenvolvido pela UE e UCM pretende “desenvolver sistemas de tradução automática chinês-português de elevada qualidade e desempenho, recorrendo às mais avançadas metodologias de inteligência artificial, nomeadamente, a aprendizagem automática e as redes neuronais profundas”.

No entanto, Paulo Quaresma reconhece as limitações e os desafios. “Embora a área da tradução automática tenha vindo a obter aumentos de desempenho bastante significativos nos últimos anos, a qualidade para o par de línguas chinês-português é, ainda, bastante baixa e há um longo e difícil caminho a percorrer.”

Com este projecto, a UCM torna-se na primeira universidade privada de Macau a desenvolver esta iniciativa, semelhante ao sistema de tradução automática já existente no Instituto Politécnico de Macau.

12 Jan 2021