Hong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês

[dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa.

Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada.

Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong.

A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos.
O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong.
Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC.

Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido.

Sob tortura

Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido.

Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios.

Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos.

Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional.
Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram.

“A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”.

Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas.

Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.

29 Nov 2019

Hong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês

[dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa.
Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada.
Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong.
A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos.
O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong.
Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC.
Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido.

Sob tortura

Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido.
Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios.
Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos.
Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional.
Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram.
“A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”.
Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas.
Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.

29 Nov 2019

Funcionário do consulado britânico em HK acusa autoridades de tortura

[dropcap]U[/dropcap]m funcionário do consulado britânico de Hong Kong, detido em Agosto e retido na China durante 16 dias, acusou ontem a polícia chinesa de o ter torturado, o que já levou o Reino Unido a pedir responsabilidades.

Numa longa declaração publicada no Facebook, Simon Cheng explica que foi detido na parte controlada pelas autoridades chinesas da estação ferroviária de alta velocidade que liga Hong Kong a Shenzhen, do outro lado da fronteira, e levado para aquela cidade, onde estivera numa viagem de negócios.

Segundo a imprensa estatal chinesa, Cheng foi detido por ter recorrido a prostituição, mas o funcionário do consulado britânico garante que foi apenas fazer uma massagem e que foi a polícia que o obrigou a assinar uma alegada confissão e gravá-la em vídeo.

O jovem adiantou que a polícia o acusou de ser espião do Reino Unido e de ter instigado os protestos antigovernamentais que começaram em Junho passado em Hong Kong e que ainda se mantêm.
Cheng admitiu que apoia o movimento de contestação, mas assegurou que só acompanhava as manifestações no âmbito do seu trabalho e como forma de ajudar o consulado a preparar recomendações de viagem para os cidadãos britânicos.

Durante a sua detenção, refere, terá sofrido ferimentos nos tornozelos, coxas, pulsos e joelhos que o deixaram incapaz de andar durante vários dias, acrescentando que outros jovens de Hong Kong também estavam detidos no mesmo local e poderão ter sido torturados.

“Ainda não recuperei totalmente do trauma”, afirma na rede social, explicando que não fará mais nenhum comentário sobre o caso “por medo de retaliações”.

Trocas “diplomáticas”

Simon Cheng tinha um contrato local que não lhe conferia o passaporte diplomático, mas já não trabalha no consulado britânico de Hong Kong, tendo recebido uma licença remunerada antes da rescisão do contrato.

O jovem adianta que fugiu de Hong Kong para “um terceiro lugar” sem especificar qual, explicando estar a tentar obter asilo e pedindo ajuda para voltar a ter uma “vida normal”.

A denúncia de Simon Cheng levou o secretário de Estado britânico para os Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, a chamar ontem o embaixador chinês em Londres, tendo afirmado à estação pública britânica BBC que se sentia “indignado” pelos “vergonhosos maus-tratos” dados pela China a Simon Cheng.

“Esperamos que as autoridades chinesas analisem (o caso) e responsabilizem os autores”, afirmou Dominc Raab.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China reagiu, entretanto, tendo negado a existência de um incidente diplomático e dizendo que, durante a sua detenção, os direitos de Cheng “foram garantidos” e que ele próprio tinha “confessado a totalidade dos seus crimes”, como referiu o porta-voz do ministério, Geng Shuang.

O porta-voz adiantou que o embaixador chinês em Londres “não vai aceitar” as queixas do Governo britânico e sugeriu que o Reino Unido apresente “uma queixa formal”.

“Esperamos que o Reino Unido seja prudente e pare de interferir nos assuntos de Hong Kong, que são assuntos internos da China, porque isso vai acabar por prejudicar os interesses britânicos”, afirmou Geng.

21 Nov 2019