Fórum Macau | Ouvinte sugere ajuda de extraterrestres

Um participante do programa radiofónico Fórum Macau, do canal chinês da TDM, afirmou que as autoridades deviam pedir ajuda a extraterrestres para resolver o surto que afecta Macau.

De acordo com o ouvinte, os governos de Macau e Pequim deviam contactar os Estados Unidos e a Agência Espacial NASA para facilitar a comunicação com extraterrestres. Face à sugestão, a apresentadora respondeu que a ideia não era realista. No entanto, como o ouvinte insistiu no pedido de auxílio, a apresentadora acabou por desligar a chamada telefónica.

29 Jun 2022

Cavalheiro – “Ninguém me avisou”

“Ninguém me avisou”

Ninguém me avisou
Que a chapa estava quente
Antes de lá pôr a mão

Ninguém me avisou
Para não travar com o da frente
Até estar estendido no chão

Ia lá saber
Que o teu coração
Era uma mina até o pisar

Ia lá saber
Que o casco furou
Até já estar a afundar

E se espero que o tempo abra
Oiço a chuva a bater
E parece que o tempo cole
Quando te a prender

Eu queria crescer
Sem niguém a ver
Sem ter de temer
Eu queria ganhar
Sem ter de jurar

Cavalheiro

TIAGO FERREIRA, XANA e JOÃO FREITAS

20 Abr 2019

Marta Pereira, locutora: “A rádio fala para as pessoas”

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde pequena que a rádio ocupa grande parte da vida de Marta Pereira. Da infância, recorda que os pais trancavam a porta da sala para não aceder à aparelhagem. Para evitar os discos riscados, eram-lhe oferecidos rádios que “atirava para o chão para tentar ver as pessoas que estavam lá dentro”. Desde essa altura que a paixão pela rádio não a larga “porque é uma magia e continua a ser uma companhia, a rádio fala para as pessoas”.

A locutora da Rádio Macau viu a vida mudar quando sentiu, na pele, o desemprego em Portugal e o avião rumo a Macau foi a solução, ao aceitar uma proposta de emprego no território. “Trabalhava como jornalista em Portugal e, em virtude da situação de crise económica que o país começou a atravessar, os órgãos de comunicação social começaram a definhar e acabei por ficar desempregada”, recorda ao HM.

Incapaz de “ficar parada”, decidiu investir num projecto pessoal e integrar um curso no Cenjor na área de jornalismo digital quando surgiu a proposta para vir trabalhar para Macau. Em registo de surpresa, Marta Pereira decidiu arriscar. “A proposta para vir para cá apanhou-me desprevenida, é certo. As primeiras questões que coloquei foram o que vou fazer e quanto vou ganhar para saber se, realmente, compensaria vir”, explica. Com as respostas na mão, a decisão não durou mais do que uma semana a ser tomada e passado um mês estava a chegar ao território. “Não foi uma decisão difícil, até porque gosto de aventuras e de desafios, e esta oportunidade pareceu-me mais um desafio que poderia colocar na minha carteira”.

Em vésperas de mudar de vida e de lado do mundo, Marta Pereira, que não conhecia Macau, tentou, pelos meios que podia, perceber o lugar que a esperava. “Quando aceitei a proposta comecei à procura de tudo o que dissesse respeito ao território mas não criei muitas expectativas, até porque já aprendi que o não devo fazer. Vinha com os pés relativamente assentes na terra.”

A chegada, há cerca de um ano, foi um misto de sensações em que as questões eram, essencialmente, “que luzes são estas, que cheiro é este?”.

Ninguém se entende

A grande dificuldade que encontrou foi a linguagem. “Sou uma pessoa, se calhar fruto da minha profissão, que gosta de comunicar. Chego a Macau e, de repente, tenho a barreira intransponível da língua.” Ingenuamente, Marta Pereira estava à espera que a língua portuguesa se falasse mais no território. “Queria comunicar e não conseguia, e isso foi muito difícil para mim”. No entanto, o problema “já está devidamente ultrapassado”. A exigência do entendimento atalhou e desenvolveu outros caminhos. “Aprendemos a desenvolver outras formas de comunicação e muitas vezes recorremos à mímica para nos fazermos entender”.

Mas Marta Pereira não cruzou os braços perante o muro linguístico e inscreveu-se na licenciatura de ensino da língua chinesa como língua estrangeira no Instituto Politécnico de Macau por achar que “poderia, de alguma forma, facilitar a comunicação e o conhecimento das vivências da comunidade chinesa, até porque é muito difícil entrar no meio deles, e o facto de falar a língua poderia abrir portas nesse sentido”. Por outro lado, e a pensar no futuro, o facto de conhecer a língua poderia ser uma mais-valia em termos profissionais futuros. A falta de tempo e a complexidade no estudo de um sistema linguístico muito diferente daquele a que estava habituada fazem com que “esteja a ser muito difícil a conjugação entre trabalho e aulas”.

Questões de linguagem à parte, Marta Pereira não sentiu dificuldades de maior. Para a locutora, “o ser humano é camaleónico e adapta-se muito facilmente às circunstâncias”. Hoje, sente-se “perfeitamente aculturada” apesar de existirem ainda algumas diferenças culturais que a perturbam. Mas é também na diferença cultural que encontra o fascínio. “Acho incrível poder conviver com comunidades tão diferentes”, afirma, salientando as particularidades de Macau, “uma cidade que não dorme e de contrastes”.

“Temos a cidade moderna, das luzes e dos casinos e, em contraponto, temos a Macau antiga, com prédios cinzentos, com os rituais de se comer na rua e dos mercados exteriores. Este contraste é absolutamente delicioso.” Entre um e outro, Marta Pereira não tem preferências: gosta de viver em ambos.

18 Nov 2016