André Namora Ai Portugal VozesAs negociatas dos radares Na semana passada lembrei-me das faixas da esquerda de certas autoestradas da Alemanha e de algumas estradas da Austrália onde não existe limite de velocidade. E lembrei-me por quê? Porque este país é um país de modas nas negociatas. Sim, nas negociatas e não nos benefícios para o povo. Há uns anos foi a moda das barragens, depois foram as energias renováveis onde as eólicas deram lugar a negociatas de cair para o lado. Chegou a haver um presidente de câmara que ao saber quanto é que um outro autarca tinha recebido para licenciar a instalação dos aerogeradores nas montanhas da sua jurisdição, pediu para ele uma comissão em dobro… depois vieram as negociatas dos projectos para o TGV, para o novo aeroporto de Lisboa, para a terceira ponte sobre o rio Tejo entre Lisboa e a margem sul, as vendas da EDP. Efacec, Portugal Telecom e a negociata inenarrável da TAP. De seguida, assistimos à negociata dos helicópteros Kamov para combate aos incêndios, os quais estão abandonados por falta de peças. E a negociata da compra de dois submarinos de tecnologia mais avançada? Neste caso o escândalo ainda é tão significativo que os interlocutores alemães do negócio estão presos por terem sido condenados por corrupção. No nosso país não aconteceu nada. Aliás, aconteceu. A comunicação social deu o ar de ter recebido uma “ordem” para não falar no assunto. Negociatas não têm fim. A última a que assistimos atordoadamente foram as centenas de milhões de euros em ajustes directos nas obras para a Jornada Mundial da Juventude. Mas, voltemos à estrada e à velocidade. Porque em Portugal cada vez mais se vendem “bombas” que podem atingir os 320 quilómetros por hora. Se autorizam a venda de carros de alta cilindrada só por absurdo é que podemos deixar de dizer que se trata de mais um cambalacho. Carros topo de gama para andarem no máximo a 120 quilómetros por hora, a velocidade máxima permitida numa autoestrada. A 120 dá a sensação de um carro dos fabricados nos dias de hoje completamente parado. Não se admite que ainda não tenha sido autorizada a velocidade máxima para 140, apenas na faixa da esquerda. Pois agora, temos mais uma negociata, não um benefício para o povo, não, temos uma invenção que vai custar ao erário público milhões de euros. Descobriram que um novo rendimento, mais conhecido pela caça à multa, é a compra para todo o país de radares que controlam a velocidade média. O que é isso? Ora bem, se o amigo leitor vier até Portugal, fica a saber que passará a ter radares no norte, centro e sul que controlam a velocidade da sua viatura desde que passa numa câmara até outra câmara instalada muitos quilómetros depois. É o máximo de “chico-espertos” que devem ter dito ao primeiro-ministro: “Senhor Doutor, temos mais uma maneira de ganhar milhões por ano. Temos uma mina de ouro, assim mais ou menos parecida com mais um imposto”… Que tristeza, ver num país onde a preocupação não é ajudar os pobres, os reformados que recebem uma miséria menor que 300 euros, os sem-abrigo, construir bairros sociais com dignidade onde hajam escola, creche, centro de saúde, parque infantil e pequeno jardim e não os mamarrachos de cimento que têm oferecido aos pobres onde nem sequer existe um café para tomar uma bebida ou comer uma sandes. Não, o importante, o mais importante do país são os novos radares que irão dar muito dinheiro para os cofres das Finanças. Nada de pensar nos professores, nos médicos, nos enfermeiros, nos oficiais de justiça, nos maquinistas da CP ou do Metropolitano, não, o importante são os radares controladores de velocidade entre um ponto e outro da sua viagem. O próprio presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa, afirmou que estes radares controladores “só servem para virem encher os cofres do Estado”. Esta afirmação é de uma importância vital e que mostra bem como as negociatas são efectuadas sem consultar quem sabe da matéria. Carlos Barbosa adiantou que “a sinalização dos radares está mal colocada, alguns sinais nem se veem e que nos outros países têm uma dimensão muito maior que em Portugal e estão colocados dos dois lados da estrada”. Quem tomou esta decisão dos radares controladores devia ter vergonha da decisão que tomou porque num país onde se pagam impostos em exagero, esta medida só vem reduzir o rendimento das famílias portuguesas numa demonstração cabal de que não estão preocupados com o bem do povo, antes pelo contrário, em apenas prejudicar as suas vidas.
Hoje Macau SociedadeTrânsito | Substituídos 14 radares de controlo de velocidade [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai substituir os sistemas de radares de até 14 locais da cidade até 2018, para combater as transgressões ao sinal vermelho dos semáforos e o excesso de velocidade, informaram ontem os Serviços de Tráfego (DSAT). Macau tem, desde 2003, radares instalados em 25 cruzamentos da cidade, e o objectivo é substitui-los, faseadamente, por outros com tecnologia mais sofisticada. A primeira fase da substituição dos equipamentos pelos novos sistemas foi estimada em seis milhões de patacas. “O concurso público para a primeira fase do projecto de substituição dos radares termina no dia 28 de Março e depois [o vencedor] tem 360 dias para executar as instalações nas 13 ou 14 intersecções”, disse Leung Koi Sang, da divisão de equipamentos de tráfego da DSAT, acrescentando que a segunda fase deverá “ter início dentro de dois anos”. Após uma fase de teste, os primeiros dois sistemas instalados no centro da cidade – nos cruzamentos da Avenida da Praia Grande com a Avenida Almeida Ribeiro e a Avenida D. João IV – entram em funcionamento na próxima quinta-feira. Leung Koi Sang explicou que os novos equipamento são multifuncionais, servindo “tanto para o sistema de trânsito, como para a recolha de dados”. “Funcionam com base num sistema de monitorização, que produz imagens de maior qualidade, assim aumentando a eficácia para proceder à sua análise”, disse. Os novos equipamentos, “além da detecção [à passagem] do sinal vermelho”, também conseguem fazer “uma monitorização à velocidade dos veículos para detectar qualquer irregularidade no trânsito”. “O sistema também pode identificar as chapas de matrícula e pode calcular o número de veículos”, acrescentou, indicando que “só tira fotografias aos que excedem a velocidade”. Gente com pé pesado Na apresentação aos jornalistas, a subcomissária da Polícia de Segurança Pública (PSP) Lei Kan disse que “em 2016 foram registados mais de dez mil casos de excesso de velocidade” e que só em Janeiro deste ano “foram aplicadas 1037 multas” pelo mesmo motivo. “Em 2016, o departamento de tráfego tratou de mais de 15 mil acidentes, dos quais mais de cinco mil envolveram condutores que não controlaram a velocidade e a distância entre veículos. [Estes casos] são cerca de 36 por cento entre todos os acidentes do ano”, acrescentou. O excesso de velocidade é punido com multas entre 600 e 10 mil patacas, enquanto o condutor que não respeitar o sinal vermelho no semáforo pode ser multado entre mil e cinco mil patacas, podendo a reincidência ser punida com o dobro da multa e inibição de condução.