Escritor e tradutor João Barrento recebe hoje Prémio Camões 2023

O escritor e tradutor português João Barrento recebe hoje, em Lisboa, o Prémio Camões 2023, que lhe foi atribuído no ano passado pela sua “obra relevante e singular”, em particular as traduções da literatura alemã.

“João Barrento foi reconhecido pelo júri como autor de uma obra relevante e singular em que avultam o ensaio e a tradução literária. Em particular, as suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da Idade Média à época contemporânea, e em todos os géneros literários formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso património cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da literatura mundial”, lia-se no comunicado divulgado em outubro do ano passado.

João Barrento nasceu a 26 de abril de 1940 em Alter do Chão. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo publicado diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica.

Foi leitor de Português na Universidade de Hamburgo e leitor de Alemão na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professor de Literatura Alemã e Comparada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Como tradutor de língua alemã, transpôs para português dezenas de autores, particularmente de poesia, da expressão mais antiga à mais moderna e contemporânea, além de obras de ficção, filosofia e teatro.

Foi distinguido com os prémios Calouste Gulbenkian da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio de Tradução do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores, pela obra de Goethe e pela tradução integral de “Fausto”, o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, o Prémio D. Diniz, da Casa de Mateus, e o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo livro “A Escala do Meu Mundo”.

Em 2022, recebeu o prémio Vida Literária Vitor Aguiar e Silva da APE. João Barrento, vencedor da edição de 2023 do Prémio Camões, sucedeu ao brasileiro Silviano Santiago, que conquistou o prémio em 2022.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.

Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

20 Jun 2024

Paulina Chiziane recebe prémio em Lisboa a 5 de Maio

A escritora moçambicana Paulina Chiziane vai receber o Prémio Camões, atribuído em 2021, no próximo dia 5 de Maio, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, anunciou o Ministério da Cultura.

O prémio será entregue à autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse” pelas mãos do primeiro-ministro, António Costa. A entrega do galardão acontece 10 dias depois da cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, vencedor em 2019.

Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “a entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane é um momento de enorme significado e enorme simbolismo para a cultura em português. É a primeira mulher negra a receber aquele que é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa”.

Na altura da atribuição do prémio, o júri, que elegeu por unanimidade a escritora moçambicana, justificou a escolha com a “sua vasta produção e recepção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra”.

O júri referiu também a importância que Paulina Chiziane dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, e sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.

Para as mulheres

Após receber a distinção, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, considerando que este serve para valorizar o papel do sexo feminino numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado.

Alguns dos seus livros foram publicados em Portugal e no Brasil, e estão traduzidos em inglês, alemão, italiano, espanhol, francês, sérvio, croata.

Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo. Actualmente, vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa.

O seu primeiro romance, “Balada de Amor ao Vento” (1990), foi publicado após a independência do país, e é também o primeiro romance publicado de uma mulher moçambicana.

“Ventos do Apocalipse”, concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo “Balada de Amor ao Vento”, em Portugal, pela mesma editora, em 2003.

A Caminho possui aliás os títulos da autora publicados em Portugal: “Sétimo Juramento” (2000), “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002), “O Alegre Canto da Perdiz” (2008). Da sua obra fazem igualmente parte “As Andorinhas” (2009), “Na mão de Deus” e “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013), “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento” (2015), “O Canto dos Escravos” (2017), “O Curandeiro e o Novo Testamento” (2018).

28 Abr 2023

Prémio Camões 2022 | Escritor brasileiro Silviano Santiago é o vencedor

Escritor brasileiro Silviano Santiago é o vencedor do Prémio Camões 2022, anunciou domingo o ministro português da Cultura, Pedro Adão e Silva. No ano passado, o Prémio Camões foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane, autora de “Balada de Amor ao Vento” e “Ventos do Apocalipse”.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil, com o objectivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de Junho de 1988, e publicado em Novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2019, o prémio distinguiu o músico e escritor brasileiro Chico Buarque, autor de “Leite Derramado” e “Budapeste”, entre outras obras; em 2020, o professor e ensaísta português Vítor Aguiar e Silva (1939-2022).

O Brasil lidera a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 14 premiados cada, seguindo-se Portugal, com 13 laureados, Moçambique, com três, Cabo Verde, com dois, mais um autor angolano e outro luso-angolano. A história do galardão conta apenas com uma recusa, exatamente a do luso-angolano Luandino Vieira, em 2006.

25 Out 2022

Óbito | Escritores e personalidades lembram importância do escritor brasileiro Rubem Fonseca

[dropcap]E[/dropcap]scritores e personalidades de várias áreas lamentaram ontem a morte do escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, através de mensagens partilhadas nas redes sociais, onde o apelidaram de “mestre”, frisando o seu contributo para a literatura.

O escritor português Valter Hugo Mãe usou a rede social Facebook para partilhar uma fotografia ao lado do autor brasileiro, afirmando estar “desolado” com a morte do amigo. “Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado por tudo”, escreveu o autor português.

Já o escritor angolano José Eduardo Agualusa optou por realçar a importância que Rubem Fonseca teve na sua formação literária. “Rubem Fonseca foi importante para a minha formação enquanto escritor. Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso de me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores. Rubem continuará a ter leitores”, sublinhou Agualusa, também através das redes sociais.

O jornalista, escritor e editor português Francisco José Viegas referiu-se a Fonseca como seu “grande mestre”. “Meu mestre, meu professor, meu grande mestre. Morreu Rubem Fonseca (1925-2020), um dos maiores ficcionistas de sempre da nossa língua. O autor de ‘A Grande Arte’, um dos livros dos livros. Meu mestre, a quem roubei tudo o que pude”, escreveu Viegas.

Em 2012, quando o escritor esteve em Portugal para o festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, Francisco José Viegas era secretário de Estado da Cultura, quando lhe foi atribuída a Medalha de Mérito Cultural, do Governo português.

O autor brasileiro, de 94 anos, morreu esta quarta-feira ao início da tarde, no Rio de Janeiro, disse à Lusa a sua editora em Portugal, a Sextante, do grupo Porto Editora. Rubem Fonseca sofreu um enfarte, no seu apartamento no Leblon, bairro da zona Sul do Rio de Janeiro. Apesar de ter sido imediatamente transportado para o hospital, os médicos não conseguiram reanimar o escritor, noticiou o jornal O Globo.

Autor de livros como “Feliz Ano Novo” (1976) e “O Cobrador” (1979) e “A Grande Arte” (1983), Rubem Fonseca foi distinguido com o Prémio Camões, em 2003.

O escritor era apontado pela crítica como “o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX”. “Carne Crua”, o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018.

Após a notícia da morte do importante escritor, foram várias as figuras políticas brasileiras que se manifestaram através das redes sociais, como é o caso da deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e da ex-candidata à vice-presidência do Brasil em 2018, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Manuela d’Ávila.

“Nosso adeus a um dos maiores escritores do país, Rubem Fonseca. Premiado, com inúmeras obras intensas, profundas, impactantes, o escritor faleceu aos 94 anos. Meu abraço à família. Dias tristes para o Brasil”, escreveu Feghali no Twitter.

Por sua vez, Manuela d’Ávila frisou que as obras de Fonseca continuarão a “emocionar, surpreender”, e a tocar os seus leitores “pelos tempos afora”.

Em entrevista ao jornal Estadão, o escritor brasileiro André de Leones afirmou que “Rubem Fonseca é tão imprescindível em 2020 quanto era em 1963, ano em que publicou seu livro de estreia, ‘Os Prisioneiros'”.

“Seu trabalho como passeador noturno das nossas ruínas não se esgotou com o término da Ditadura Militar, conforme demonstram obras-primas posteriores como ‘O Buraco na Parede’ e ‘Pequenas Criaturas’. Pelo contrário, a brutalização que sua obra investiga só se adensou nas últimas décadas e, sobretudo, nos últimos anos. Seus contos e romances traduzem à perfeição a atmosfera asfixiante do nosso país falhado, enfermo e em processo de implosão”, indicou Leones.

Rubem Fonseca venceu cinco vezes o prémio Jabuti, o principal galardão literário brasileiro, na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros “Lúcia McCartney” (1969), “O Buraco na Parede” (1995), “Secreções, Excreções e Desatinos” (2001), “Pequenas Criaturas” (2002) e “Amálgama” (2014).

Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com “A Grande Arte” (1983). Em 2015, o escritor brasileiro foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, outorgado pela Academias Brasileira de Letras (ABL) a um autor pelo conjunto da sua obra.

16 Abr 2020

Escritor Germano Almeida é o vencedor do Prémio Camões 2018

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor cabo-verdiano Germano Almeida é o vencedor do Prémio Camões 2018, foi anunciado, no Hotel Tivoli, em Lisboa, após reunião do júri.

Nascido em 1945 na ilha da Boavista e a viver atualmente no Mindelo, Germano Almeida é autor de obras como “A ilha fantástica”, “Os dois irmãos” e “O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”, estes dois últimos já adaptados para cinema.

“O fiel defunto” é o mais recente romance de Germano Almeida, cuja obra literária está traduzida em países como Itália, França, Alemanha, Suécia, Noruega e Dinamarca.

Formado em Direito em Lisboa, é advogado e foi procurador da República de Cabo Verde. Deu os primeiros passos na literatura na década de 1980, numa altura em que cofundou a revista Ponto & Vírgula.

Germano Almeida, um dos escritores mais lidos e traduzidos de Cabo Verde, é o segundo autor cabo-verdiano a ser distinguido com o Prémio Camões, depois de o galardão ter sido atribuído em 2009 ao poeta Arménio Vieira.

Horas antes do anúncio do prémio, em declarações à agência Lusa, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, assumia estar a torcer pela escolha de Germano Almeida.

“O nome cabo-verdiano mais próximo de se consagrar como Prémio Camões é Germano Almeida, pelo seu percurso e a sua obra”, disse Abraão Vicente.

O júri desta 30.ª edição do Prémio Camões, que distinguiu Germano Almeida por unanimidade, foi composto por Maria João Reynaud (Portugal), Manuel Frias Martins (Portugal), Leyla Perrone-Moisés (Brasil), José Luís Jobim (Brasil), Ana Paula Tavares(Angola) e José Luís Tavares (Cabo Verde).

Para Abraão Vicente, o Prémio Camões é “um contributo extraordinário de um país como Portugal” que “dá para incentivar a crítica, a produção”.

O Prémio Camões, considerado o maior prémio da Língua Portuguesa, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988 com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.

O Prémio Camões foi atribuído pela primeira vez em 1989 ao escritor Miguel Torga e em 2017 ao poeta Manuel Alegre.

22 Mai 2018