Pedrógão Grande | Casa de Portugal recolheu quase meio milhão de patacas 

A Casa de Portugal em Macau conseguiu juntar mais de 481 mil patacas em apoios financeiros para ajudar as vítimas dos incêndios em Pedrógão Grande, Portugal. O dinheiro é destinado ao fundo Revita

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uase 500 mil patacas. É este o resultado da campanha solidária criada pela Casa de Portugal em Macau (CPM) para ajudar as vítimas dos incêndios na região de Pedrógão Grande, em Portugal. Segundo a agência Lusa, um total de 481 mil patacas foram enviadas em Agosto para o fundo Revita, criado pelo Governo português para ajudar as vítimas dos incêndios.

A verba angariada resulta de contribuições de particulares, empresas e entidades, como os escuteiros lusófonos ou outras, que realizaram peditórios ou eventos de caridade e posteriormente enviaram o cheque para a Casa de Portugal em Macau, explicou Ricardo Igreja, vice-presidente da CPM.

A conta solidária da associação de matriz portuguesa em Macau foi aberta no Banco Nacional Ultramarino em Junho, “ainda o incêndio não estava extinto” e o dinheiro foi transferido “há cerca de duas semanas” para o Revita, acrescentou.

Ricardo Igreja afirmou que não há forma de saber o destino das verbas angariadas pela Casa de Portugal em Macau. “Não sabemos se é para reconstruir casas ou para plantar árvores”, disse, observando que isso compete ao próprio fundo, que é gerido conjuntamente com as autarquias e a sociedade civil.

Além desta verba angariada pela Casa de Portugal, a Santa Casa da Misericórdia de Macau anunciou a 20 de Junho que iria contribuir com cerca de 1,9 milhões de patacas (200 mil euros) para a União das Misericórdias Portuguesas, com o objectivo de apoiar as vítimas dos incêndios em Portugal.

O incêndio que começou em Junho em Pedrógão Grande provocou 64 mortos, sendo apenas extinto uma semana depois. Alastrou a Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã.

Pedida investigação

Esta semana, em declarações à RTP, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande exortou o Ministério Público a abrir uma investigação às contas bancárias que foram abertas para receber donativos que seriam encaminhados para as vítimas dos incêndios.

Valdemar Alves disse ao canal público que “há empresas públicas e particulares que abriram contas em nome dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande” e não se sabe o destino do dinheiro depositado.

O autarca referiu ainda que irá solicitar aos autarcas vizinhos de Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, também fortemente afectados pelos incêndios, para que o acompanhem no pedido de investigação dirigido ao Ministério Público.

Na terça-feira o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que o Estado, na sequência da tragédia do incêndio de Pedrógão Grande, só organizou um fundo, o Revita, que tem 1,9 milhões de euros, e que “depois do extraordinário movimento da sociedade civil, é essencial que os portugueses tenham toda a informação sobre o destino das verbas que doaram generosamente”.

“As pessoas deram o dinheiro às entidades que entenderam. O Estado organizou um fundo, o Revita, que até ao momento só recebeu donativos no montante total de 1,961 milhões de euros. Relativamente às verbas do fundo Revita, as intenções de doação chegam até 4,9 milhões de euros, apesar de, efectivamente, só termos recebido até agora, 1,9 milhões. Sendo um fundo público, é gerido em conjunto com as autarquias e com a sociedade civil”, disse.

De acordo com o líder do Executivo português, esta verba de 1,9 milhões de euros destina-se prioritariamente a dois objectivos: “Ao apoio à reconstrução das habitações, onde cerca de 19 já tem obras em curso ou concluídas após financiamento deste fundo, ou para apoiar agricultores cujos prejuízos se situam entre 1.053 e cinco mil euros”.

Especificando a forma de gestão e de funcionamento deste fundo público Revita, António Costa apontou que o seu Conselho de Administração é constituído por um elemento do Instituto da Segurança Social, pelo presidente da Câmara de Castanheira de Pêra (em representação das autarquias) e pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pombal (este representando as entidades da sociedade civil).

7 Set 2017

Tailândia | Supremo absolve dois ex-primeiros-ministros

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois antigos primeiros-ministros tailandeses, que incorriam em penas de dez anos de prisão, foram ontem absolvidos das acusações de negligência na repressão sangrenta de manifestações em 2008.

“Os manifestantes tinham rodeado o parlamento e ameaçavam tomar de assalto o edifício, não era portanto uma manifestação pacífica. As autoridades foram forçadas a recorrer à força”, concluiu o Supremo Tribunal tailandês.

Somchai Wongsawat e Chavalit Yongchaiyudh, na altura primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro (Chavalit tinha chefiado o Governo na década de 1990), eram legalmente responsáveis pela ordem do ataque policial.

Nestas manifestações, os confrontos entre a polícia e os manifestantes causaram dois mortos e cerca de 500 feridos.

Os manifestantes eram “camisas amarelas”, conservadores ultra-monárquicos que procuravam afastar do poder o partido de Thaksin Shinawatra, apoiado pelos “camisas vermelhas”.

Pouco tempo depois destas manifestações, o ex-primeiro-ministro Thaksin, no exílio depois de um golpe de Estado em 2006 e inimigo dos ultra-monárquicos, foi condenado a dois anos de prisão por corrupção.

O partido de Somchai, cunhado de Thaksin, foi dissolvido e Somchai foi obrigado a demitir-se.

Este veredicto era muito aguardado na Tailândia, algumas semanas antes do julgamento da ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin, e cujo governo foi derrubado em 2014 pelo exército.

O seu julgamento por negligência começou depois do golpe militar de Maio de 2014, tal como o de Somchai e Chavalit, suscitando acusações de processos políticos, comandados por militares para acabar com a influência política do clã Shinawatra.

Yingluck Shinawatra incorre numa pena de dez anos de prisão. O veredicto será lido a 24 de agosto.

Pedrogão Grande | 11 vítimas ainda internadas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de um mês depois do incêndio de Pedrógão Grande há 10 pessoas internadas em hospitais e um numa unidade de cuidados continuados, informou ontem o gabinete de crise que acompanha a resposta da Saúde. Cinco dos feridos encontram-se no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), dois no Hospital Santa Maria (Lisboa), um no São João (Porto), um num hospital em Valência (Espanha) e dois em fase transitória – uma doente no Hospital de Leiria e um numa unidade de cuidados continuados no Montijo -, é o balanço feito por um membro do gabinete de crise da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) António Morais.

Benfica | Negociações por guarda-redes do Eintracht Franckfurt

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica está, segundo A BOLA, a tentar a contratação do guarda-redes Lukas Hradecky, 27 anos, junto do Eintracht Frankfurt, onde já pescou aquele que é até agora o principal reforço para 2017/18, o avançado internacional suíço Haris Seferovic, de 25 anos. As negociações pelo número 1 da baliza da equipa alemã e também da seleção da Finlândia já estão em curso e são elevadas as possibilidades de terem sucesso perante a actual situação contratual do jogador, que chegou a Frankfurt em 2015 e assinou vínculo válido por três temporadas, tendo apenas mais uma de ligação ao clube da Bundesliga, que, recorde-se, terminou a época passada na 11.ª posição.

Chile | Sismo de magnitude de 5,5 abala norte do país

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m sismo de magnitude de 5,5 na escala de Richter foi ontem registado na região metropolitana de Santiago do Chile, indicou o serviço geológico dos Estados Unidos (USGS). Até ao momento, desconhece-se a existência de danos ou vítimas do abalo, que ocorreu às 04:15. De acordo com o USGS, que monitoriza a actividade sísmica mundial, o epicentro situou-se a cerca de oito quilómetros de Chicureo Abajo (nordeste) e a mais de 27 quilómetros a norte de Santiago. O hipocentro do sismo registou a 88 quilómetros de profundidade, indicou.

3 Ago 2017

Fotógrafo de Macau participa em acção solidária sobre incêndios de Pedrógão Grande

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau, é um dos nomes que participa com imagens suas na acção “Uma Imagem Solidária”, que consiste na entrega de um donativo aos bombeiros em troca de imagens captadas pelas lentes de fotojornalistas e outros fotógrafos profissionais. A iniciativa decorre esta semana no Museu das Telecomunicações, em Lisboa. António Falcão, fotógrafo que viveu em Macau, também é um dos participantes.

As imagens captadas por quase 200 fotojornalistas e outros fotógrafos profissionais podem ser vistas e trocadas por donativos, por um valor mínimo de 20 euros (184 patacas), na quarta-feira, a partir das 18h00, e na quinta-feira, a partir das 10h00, disse à agência Lusa o mentor da iniciativa, o fotojornalista António Cotrim.

O que começou por ser uma acção de fotojornalistas, sob o lema “o melhor de cada um de nós para o melhor de todos nós”, estendeu-se a outros profissionais da fotografia, “que se mostraram interessados em participar”, contou o fotojornalista da agência Lusa.

“Nesta altura de solidariedade não deve haver barreiras entre fotógrafos com e sem carteira de jornalista, deve haver união”, referiu o fotojornalista.

As imagens, de tema livre, serão impressas no formato 30x40cm. Algumas fotografias, adiantou António Cotrim, chegaram de Macau, da China, da Alemanha, de França e do Brasil.

Na página da iniciativa na rede social Facebook já foram sendo divulgadas algumas das imagens que estarão disponíveis para venda por um valor mínimo “simbólico, que não paga o trabalho de quem fotografou, que tenta ir ao encontro do maior número de participantes”.

Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de Junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.

Estes fogos terão afectado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afectadas, assim como os empregos de 372 pessoas.

Os prejuízos directos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.

17 Jul 2017

Pedrógão Grande | Diocese de Macau organizou colecta

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Diocese de Macau organizou este domingo uma colecta para apoiar as vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande e causou a morte de 64 pessoas, deixando mais de 200 feridas. “Nestes dias seguimos com pesar a tragédia em Pedrógão Grande (Portugal), onde um terrível fogo florestal causou um elevado número de vítimas”, indica um comunicado da Diocese.

A nota explica que, “em solidariedade e compaixão cristã para com todos aqueles que foram afectados por esta catástrofe”, o Bispo de Macau decidiu organizar no domingo uma colecta em todas as missas, “como sinal de apoio a todos aqueles afectados pelo incêndio”. O dinheiro será depois enviado para Portugal. No mesmo sentido foi celebrada uma missa na quinta-feira, na Sé Catedral, pelas “vítimas desta tragédia”.

Os incêndios em Portugal têm gerado manifestações de pesar e iniciativas de apoio em Macau. Na quarta-feira, os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do círculo China, Macau e Hong Kong enviaram cinco cartas para altos representantes de Portugal, em que expressam as suas condolências pelo incêndio.

Em cartas enviadas ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao presidente da Assembleia, à ministra da Administração Interna e ao secretário de Estado da Administração Interna, os conselheiros manifestaram “enorme dor e pesar às famílias dos sinistrados do recente mega incêndio ocorrido em Pedrógão Grande que dizimou mais de seis dezenas de vidas humanas”.

A Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou 200 mil euros para a União das Misericórdias Portuguesas, para serem distribuídos no apoio às vítimas, e a Casa de Portugal em Macau abriu uma conta solidária para recolher donativos com o mesmo fim.

O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong teve disponível um livro de condolências para os que quisessem manifestar o seu pesar pelos que perderam a vida e restantes vítimas deste terrível desastre” e, na segunda-feira, o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, enviou uma carta ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, endereçando condolências pelo devastador incêndio.

26 Jun 2017

Solidariedade | Aberta conta para apoio a vítimas de incêndio em Portugal

A Casa de Portugal abriu uma conta bancária específica de recolha de donativos para as vítimas do incêndio em Pedrógão Grande. No Consulado-Geral de Portugal, há um livro de condolências para assinar. O Chefe do Executivo enviou uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]inda não é possível fazer um balanço definitivo da tragédia do passado fim-de-semana na zona centro de Portugal, mas há desde já uma certeza: dezenas de habitantes das várias localidades atingidas pelo incêndio de grandes dimensões ficaram sem casa, sem bens de primeira necessidade e, muitos deles, sem forma de sustento.
Em Portugal, rapidamente se criaram redes de apoio para as necessidades mais urgentes, com o Governo a ter dificuldades logísticas em gerir todos os bens que têm sido enviados para a zona afectada. Por cá, à distância, a Casa de Portugal em Macau (CPM) não quis deixar de dar o seu contributo e apelar à solidariedade dos residentes.
Ontem, pela manhã, foi aberta uma conta no Banco Nacional Ultramarino que se destina a recolher apoios para as vítimas das chamas em Pedrógão Grande. “Já está aberta uma conta. Vamos começar a divulgá-la”, explicou ao HM Amélia António, presidente da CPM. “Destina-se a auxiliar as vítimas, para aquilo que vier a revelar ser o mais importante.”
O incêndio que deflagrou no sábado à noite (hora de Macau) no concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, fez pelo menos 62 mortos e 62 feridos. À hora de fecho desta edição, continuava a ser impossível controlar as chamas, que se tinham alastrado para os distritos vizinhos de Castelo Branco e Coimbra.

Manifestar o pesar
Não há memória de um incêndio com tamanho número de vítimas mortais. A dimensão da tragédia levou o Governo a decretar três dias de luto nacional.
Também o Consulado-Geral de Portugal em Macau se associou à manifestação de pesar. Já ontem foi possível, durante a tarde, assinar um livro de condolências. Quem quiser juntar-se à iniciativa poderá fazê-lo também hoje, entre as 10h e as 16h30, dirigindo-se à representação diplomática.
Tanto à presidente da CPM, como ao cônsul-geral de Portugal não chegaram informações sobre residentes portugueses no território naturais das zonas mais afectadas.

A carta de Chui Sai On
Ao final da tarde de ontem, o Gabinete do Porta-voz do Governo enviou um comunicado às redacções em que explicava que o Chefe do Executivo transmitiu condolências ao Presidente da República de Portugal pelo incêndio de Pedrógão Grande.
Na carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa, Chui Sai On transmitiu, em seu nome e em nome do Governo da RAEM, “os sentimentos do profundo pesar pelo devastador incêndio que atingiu as florestas em volta de Pedrógão Grande, com graves consequências humanas”.
O líder do Executivo endereçou ainda “as mais sentidas condolências às vítimas e às suas famílias”, e expressou “a solidariedade a todos os envolvidos nesta tragédia, e igualmente a todos aqueles que, no terreno e em circunstâncias críticas, continuam a combater este terrível incêndio”.

20 Jun 2017

Que faremos quando tudo arde?

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]té agora, 62 mortos. É possível que sejam mais, consequência de um dos piores incêndios de que há memória. Que fazemos? O governo diz que a culpa é do calor e da trovoada seca. A oposição diz que a culpa é do governo e da péssima gestão dos recursos disponíveis. O governo diz que a culpa é das péssimas decisões que a oposição tomou quando era governo. A oposição, por sua vez, garante ter feito sempre mais enquanto governo do que o governo actual. O governo assegura não somente ter feito mais nas suas anteriores encarnações enquanto governo como afiança ter sido mais exigente, enquanto oposição, com a oposição quando esta foi governo. A oposição indigna-se com a genealogia da culpa como meio de aproveitamento político. O governo apela ao recato num momento de consternação nacional e está chocado com a forma como a oposição desrespeita o pedido de silêncio. Entretanto, que fazemos?

O presidente da liga dos bombeiros diz que “quando a natureza está zangada, é muito difícil de contrariar”. A PJ garante ter identificado a árvore suspeita pela deflagração das chamas. O tudólogo Marques Mendes faz saber que assistiu a tragédia de forma tranquila, em casa. Ficamos sem saber se temos de sacrificar uns cordeiros para apaziguar a natureza zangada, se empreendemos uma verificação maciça do cadastro criminal das árvores portuguesas ou se seremos algum dia capazes de dar um uso a Marques Mendes para além de soporífero nacional que, embora lhe sendo muito adequado o papel, não lhe faz jus às enormes potencialidades que todos lhe reconhecem.

A Judite de Sousa, numa tentativa de desanuviar o pesar nacional, faz um remake do sketch dos Monty Python onde estes entrevistam três pessoas mortas sobre a vida depois da morte. A coisa não corre bem e milhares de pessoas justamente indignadas partilham indignadíssimas um screenshot onde esta aparece ao lado de um cadáver. A coisa não corre bem e outros tantos milhares indignam-se com o despudor da Judite de Sousa e com aqueles que partilharam a imagem. A onda de indignação cresce até rebentar, mansa, num gif de um gatinho a comer uma banana que algum distraído postou.

Os portugueses, solidários, acorrem aos bombeiros com mantimentos. A ministra da administração interna, até aí conhecida unicamente por tirar o secretário de estado do caminho para a selfie televisiva com o presidente da república, diz os portugueses para pararem, que já não há arrumação para tanta generosidade. Entretanto, o presidente da república diz que não se poderia ter feito mais antes mesmo de saber cabalmente o que aconteceu e o que foi feito. Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se o ursinho de peluche de todos os portugueses, o objecto de segurança no qual a pátria se refugia quando se ouve rosnar por debaixo da cama. Do anterior presidente, diz-se que o deveriam ter tirado do formol comatoso antes de o colocarem em funções. Deste, que se poderá dizer? Chegará naturalmente ao fim do segundo mandato como companheiro preferido das fotos de perfil do Facebook e, a querer, não lhe faltará trabalho como sol dos Teletubbies.

Três dias de luto. Tenho a certeza de que se encomendarão estudos e pareceres a comissões especializadas sobre o que aconteceu e como evitá-lo. Como sempre se fez. Entretanto, as caixinhas de comentários dos jornais estão atafulhadas de especialistas instantâneos em incêndios. Toda a gente tem qualquer coisa a dizer sobre tudo, o que naturalmente ocorre nas sociedades em que o valor do conhecimento é inversamente proporcional à quantidade de opiniões produzidas. No fundo, somos todos o Trump na cimeira da NATO, a ministra da administração interna ao lado do presidente da república num directo: aparecer, já há muito, tornou-se sinónimo de ser. Cumprimentos do Andy Warhol.

Entretanto, que fazemos? Transferimos dinheiro mediante chamadas telefónicas em que dez dos sessenta cêntimos ficam retidos para proveito privado e o IVA para proveito do estado (que é, claramente, o de todos nós, bem assegurado). Nada de novo. Resta-nos chorar os nossos mortos e esperar que arrefeça.

20 Jun 2017

Incêndios em Portugal | Número de mortos subiu para 62 pessoas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de mortos no incêndio que atinge Pedrógão Grande e outros dois concelhos do distrito de Leiria desde sábado aumentou para 62, disse a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

“Lamentavelmente temos mais uma vítima mortal a registar, portanto o número aumentou neste momento para 62”, afirmou Constança Urbano de Sousa, cerca das 23:00, num balanço efectuado no posto de comando operacional em Pedrógão Grande.

A ministra adiantou que a Estrada Nacional 2 “está cortada” à circulação e que o Itinerário Complementar (IC) 8 “foi reaberto embora tenha algumas dificuldades”.

A governante assegurou que os operacionais no terreno estão a fazer “tudo o que podem para debelar” o incêndio, mas admitiu que a baixa humidade relativa registada é um “factor adverso”. O balanço anterior era de 61 vítimas mortais.

O fogo, que deflagrou às 13:43 de sábado, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, no distrito de Leiria, e entrou também no distrito de Castelo Branco, pelo concelho da Sertã.

O último balanço dá conta de 62 mortos civis e 62 feridos, dois deles em estado grave. Entre os operacionais, registam-se dez feridos, quatro em estado grave. Há ainda dezenas de deslocados, estando por calcular o número de casas e viaturas destruídas.

Destruição quase total

Mais de metade da área florestal ardeu no concelho de Figueiró dos Vinhos, na sequência do incêndio que começou no sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, afirmou à agência Lusa o presidente da câmara.

“Seguramente, mais de metade da área florestal ardeu no meu concelho”, disse o presidente do município, Jorge Abreu, considerando que terá ardido mais de 65% da área florestal dos três concelhos até agora mais afectados pelo incêndio: Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos.

De acordo com o autarca, várias aldeias de Figueiró dos Vinhos foram afectadas pelo incêndio, mas na maioria dos casos terão ardido apenas os terrenos à volta das casas, como em Casal de São Simão, um ponto de atracção turística do concelho.

Em declarações à Lusa, Jorge Abreu referiu ainda que a situação “já não é tão grave como era” e que está “tudo mais ou menos controlado” no município que lidera.

“Não tenho conhecimento de alguma situação crítica”, vincou o autarca socialista.

Há ainda dezenas de deslocados e está por calcular o número de casas e de viaturas destruídas.

O Governo decretou três dias de luto nacional, até terça-feira.

19 Jun 2017