Matar o pai

SIZA Vieira tinha de levar uma grande bofetada e, dada a sua dimensão internacional, só o presidente da mais importante autarquia portuguesa poderia dar-lha. Para tanto, Moedas, foi driblando sucessivas tentativas de atendimento solicitadas pela Comissão de Honra constituída na Associação Conquistas da Revolução que pretende erigir em Lisboa um monumento em memória de Vasco Gonçalves.

Escapando a este embate, deixou-se entrevistar por um jornalista que, por pudor, não quero nomear, num jornal que não leio nem recomendo. Diz-me, no entanto, uma testemunha fiável que o homem das moedas falsas terá, então, revelado que, enquanto for ele a riscar na Câmara de Lisboa, nunca haverá na capital portuguesa uma estátua ou sequer um busto do culto e humaníssimo general de abril e principal impulsionador do novo Portugal que, em grande parte, ainda temos.

Conheci em Beja, no “Diário do Alentejo”, o seu pai, isto é, o poeta e jornalista Zé Moedas que tinha por Vasco Gonçalves um enormíssimo respeito e não escondia o facto de ser comunista. Vendo a atitude do seu filho, único e desnaturado, temo que este se tenha deixado formatar por aquela engrenagem edipiana que põe o adolescente a matar o pai para poder desposar a mãe. Neste caso, a augusta figura maternal chama-se ideologia reaccionária e só pode ter nascido da terrível herança gonçalvista de que deixo aqui alguns tópicos:

– Igualdade de direitos para homens e mulheres (na magistratura, por exemplo, não existiam, assim como na administração pública);
– Direito à habitação para todos os portugueses (dois milhões viviam em bairros de barradas);
– Direito à educação (88% dos portugueses tinham menos que a antiga 4.ª classe e 26% nem sequer sabiam ler);
– Direito à escolaridade tendencialmente gratuita em todos graus de ensino;
– Direito à saúde, universal e gratuito.
– Direito à greve.

E isto para não me alongar noutros direitos verdadeiramente civilizacionais como os 90 dias de licença na situação de maternidade, o divórcio nos casamentos católicos, a reparação material e moral para os deficientes das Forças Armadas, o salário mínimo e a pensão social, os subsídios de desemprego, de férias, de Natal e vitalício de proteção na velhice, etc.

De facto, é preciso ter muita lata para ir incomodar Carlos Moedas, reclamando um monumento de homenagem a um general para quem povo e pátria eram sinónimos operativos e até saiu mais pobre dos cinco governos provisórios que comandou.

Consta, aliás, que são também dessa era a Constituição da República Portuguesa e a independência das ex-colónias que hoje se nos irmanam nos PALOP.

Não consigo entender que o arquitecto Álvaro Siza Vieira, genial como é, tenha aderido, com o maior entusiasmo, à assunção da autoria do monumento que, honrando Vasco Gonçalves, também honra Portugal.

Para que conste

CHEGAM do Médio Oriente notícias cada vez mais inquietantes. No dia 7, aviões israelitas bombardearam o aeroporto de Alepo, por onde entra na Síria a ajuda humanitária internacional. Foi uma frutuosa maneira de agravar os efeitos do sismo catastrófico que no mês passado arrasou grande parte do país e da vizinha Turquia.

No dia 12, helicópteros norte-americanos, aproveitando a maré de azar, transportaram da prisão de Al-Sinaa elementos do Estado Islâmico, para o enclave de Shaddadi, no Sul de Hasakeh, devendo seguidamente passar para a base militar que os EUA mantêm ilegalmente em Tanef, na Síria, junto à fronteira com o Iraque. Aí vão estes mercenários receber formação especial para atos terroristas a cometer contra o exército sírio e populações.
Enquanto isto, no vasto deserto sírio de Al-Badieh aumentam as ações destes fundamentalistas islâmicos orientados pelos serviços secretos de alguns países da NATO.

APRESENTADO foi também, no dia 13 de março, o projeto de orçamento militar dos EUA, propondo para o ano fiscal de 2024 uma verba recorde de 842 mil milhões, o que significa um aumento de 3,2 por cento em relação ao que este ano está em vigor e que já era bastante superior aos anteriores.

O Pentágono assume publicamente que está no horizonte uma confrontação decisiva com a China e a Rússia. Para o arsenal nuclear a fatia é de 37,7 mil milhões de dólares. É caso para perguntar aos propagandistas da pax americana, se ainda estamos bem aqui.

E, para não parecer fofoquice minha, cito um americano insuspeito, William Hartung, investigador do Instituto Quincy para a Governança responsável, que declara os EUA como o maior traficante de armas do mundo.

Segundo do Instituto Internacional de Estudos para Paz, com sede em Estocolmo, as vendas de armamento norte-americano, entre 2018 e 2022, constituíram 40 por cento de todas de todas as vendas de armas no mundo e foram para 103 países, tendo seguido para o Médio Oriente 41 das encomendas aviadas. Para que conste.

21 Mar 2023

Economia | Lionel Leong reuniu com governantes portugueses e AICEP

O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, está em Portugal onde reuniu com o seu homólogo, o ministro da Economia Pedro Siza Vieira, e com Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, entre outras figuras e entidades. Dos encontros, saiu a vontade de cooperar mais na área do empreendedorismo juvenil e do comércio electrónico transfronteiriço

 

[dropcap]L[/dropcap]ionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, está em Portugal para uma série de encontros com dirigentes políticos. De acordo com um comunicado oficial, o secretário reuniu com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e com o secretário de Estado da Internacionalização da República Portuguesa, Eurico Brilhante Dias, encontros esses que serviram para debater “o intercâmbio e a cooperação nas áreas do empreendedorismo juvenil, convenções e exposições, comércio electrónico transfronteiriço e formação de talentos financeiros”.

Na reunião com o ministro da Economia, o secretário destacou o projecto da Grande Baía Guandong-Hong Kong-Macau, tendo sugerido que Macau e Portugal “possam reforçar a cooperação nas áreas do empreendedorismo juvenil e de convenções e exposições”.

Já o ministro da Economia referiu que “tem sempre prestado atenção ao desenvolvimento social de Macau e ao extraordinário desenvolvimento de Macau nos últimos vinte anos, concordando que existe grande espaço de cooperação entre Portugal e Macau”.

No que diz respeito ao encontro com o secretário de Estado Eurico Brilhante Dias, Lionel Leong apresentou os trabalhos preparatórios da 6ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, “apoiada pelas empresas estatais chinesas”, e que terá lugar este ano.

Já Eurico Brilhante Dias destacou o facto de “terem sido realizados debates profundos em matérias de cooperação de comércio electrónico transfronteiriço, tendo reconhecido que a margem de cooperação neste âmbito é bastante grande”. Nesse sentido, “Portugal e Macau irão iniciar os estudos da cooperação nesta matéria”.

Na quinta-feira, Lionel Leong reuniu com mais de uma dezena de representantes de empresas chinesas, de Macau e de Portugal que investem na ERAM. Deste encontro saiu ainda a ideia de que Macau pretende ajudar empresas chinesas e locais a investir na União Europeia, na América Latina e em África através dos países lusófonos.

“A plataforma sino-lusófona de Macau desempenha um papel importante no desenvolvimento da Grande Baía (…) através de três trajectórias de cooperação económica e comercial”, sendo a primeira da China para Portugal, através da plataforma de Macau, e entrada na UE, explicou. A segunda trajectória desenvolve-se da China para o Brasil, para investir na América Latina, enquanto a terceira da China para Moçambique e Angola, para entrar em África, acrescentou Lionel Leong.

Por outro lado, os empresários defenderam um mecanismo de “consultadoria e avaliação” para ajudar empresas chinesas a instalarem-se nos países lusófonos e para promover a entrada de firmas portuguesas na China.

De acordo com os participantes no encontro, existe já um centro de informações sobre a legislação portuguesa para apoiar sociedades chinesas e de Macau interessadas em entrar no mercado português, que poderá ser alargado ao Brasil. O secretário para a Economia e Finanças de Macau esteve ainda reunido com o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e com a administradora da Euronext Lisbon, Isabel Ucha.

Visita à AICEP

Além de reunir com dirigentes do Ministério da Economia, o secretário para a Economia e Finanças realizou ainda uma visita à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), “tendo as duas partes trocado opiniões em matérias de reforço de cooperação na área de investimento entre Macau e Portugal e de exploração de indústria com elevado valor acrescentado”, aponta outra nota oficial.

A viagem de Lionel Leong a Portugal ficou ainda marcada por um encontro com Cai Run, embaixador da China no país. Ambos chegaram à conclusão de que é necessário “acelerar e promover, de forma pragmática, a cooperação de Macau com os países de língua portuguesa, em matérias de medicina tradicional chinesa, serviços financeiros e formação de talentos na área financeira”.

O embaixador “admitiu que a cooperação financeira constitui uma nova área de cooperação entre a China e Portugal, bem como uma nova orientação para o desenvolvimento de cooperação, tendo sido obtidos resultados excelentes”. O responsável destacou o facto de Portugal ter sido o primeiro país da Zona Euro a emitir títulos de dívida em renmimbi, os Panda Bonds, o que “contribuiu para a ascensão da posição de Portugal na Zona Euro, além de representar um passo de grande relevância no processo de internacionalização do renmimbi”, apontou Cai Run.

14 Out 2019

Economia | Lionel Leong reuniu com governantes portugueses e AICEP

O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, está em Portugal onde reuniu com o seu homólogo, o ministro da Economia Pedro Siza Vieira, e com Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, entre outras figuras e entidades. Dos encontros, saiu a vontade de cooperar mais na área do empreendedorismo juvenil e do comércio electrónico transfronteiriço

 
[dropcap]L[/dropcap]ionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, está em Portugal para uma série de encontros com dirigentes políticos. De acordo com um comunicado oficial, o secretário reuniu com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e com o secretário de Estado da Internacionalização da República Portuguesa, Eurico Brilhante Dias, encontros esses que serviram para debater “o intercâmbio e a cooperação nas áreas do empreendedorismo juvenil, convenções e exposições, comércio electrónico transfronteiriço e formação de talentos financeiros”.
Na reunião com o ministro da Economia, o secretário destacou o projecto da Grande Baía Guandong-Hong Kong-Macau, tendo sugerido que Macau e Portugal “possam reforçar a cooperação nas áreas do empreendedorismo juvenil e de convenções e exposições”.
Já o ministro da Economia referiu que “tem sempre prestado atenção ao desenvolvimento social de Macau e ao extraordinário desenvolvimento de Macau nos últimos vinte anos, concordando que existe grande espaço de cooperação entre Portugal e Macau”.
No que diz respeito ao encontro com o secretário de Estado Eurico Brilhante Dias, Lionel Leong apresentou os trabalhos preparatórios da 6ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, “apoiada pelas empresas estatais chinesas”, e que terá lugar este ano.
Já Eurico Brilhante Dias destacou o facto de “terem sido realizados debates profundos em matérias de cooperação de comércio electrónico transfronteiriço, tendo reconhecido que a margem de cooperação neste âmbito é bastante grande”. Nesse sentido, “Portugal e Macau irão iniciar os estudos da cooperação nesta matéria”.
Na quinta-feira, Lionel Leong reuniu com mais de uma dezena de representantes de empresas chinesas, de Macau e de Portugal que investem na ERAM. Deste encontro saiu ainda a ideia de que Macau pretende ajudar empresas chinesas e locais a investir na União Europeia, na América Latina e em África através dos países lusófonos.
“A plataforma sino-lusófona de Macau desempenha um papel importante no desenvolvimento da Grande Baía (…) através de três trajectórias de cooperação económica e comercial”, sendo a primeira da China para Portugal, através da plataforma de Macau, e entrada na UE, explicou. A segunda trajectória desenvolve-se da China para o Brasil, para investir na América Latina, enquanto a terceira da China para Moçambique e Angola, para entrar em África, acrescentou Lionel Leong.
Por outro lado, os empresários defenderam um mecanismo de “consultadoria e avaliação” para ajudar empresas chinesas a instalarem-se nos países lusófonos e para promover a entrada de firmas portuguesas na China.
De acordo com os participantes no encontro, existe já um centro de informações sobre a legislação portuguesa para apoiar sociedades chinesas e de Macau interessadas em entrar no mercado português, que poderá ser alargado ao Brasil. O secretário para a Economia e Finanças de Macau esteve ainda reunido com o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e com a administradora da Euronext Lisbon, Isabel Ucha.

Visita à AICEP

Além de reunir com dirigentes do Ministério da Economia, o secretário para a Economia e Finanças realizou ainda uma visita à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), “tendo as duas partes trocado opiniões em matérias de reforço de cooperação na área de investimento entre Macau e Portugal e de exploração de indústria com elevado valor acrescentado”, aponta outra nota oficial.
A viagem de Lionel Leong a Portugal ficou ainda marcada por um encontro com Cai Run, embaixador da China no país. Ambos chegaram à conclusão de que é necessário “acelerar e promover, de forma pragmática, a cooperação de Macau com os países de língua portuguesa, em matérias de medicina tradicional chinesa, serviços financeiros e formação de talentos na área financeira”.
O embaixador “admitiu que a cooperação financeira constitui uma nova área de cooperação entre a China e Portugal, bem como uma nova orientação para o desenvolvimento de cooperação, tendo sido obtidos resultados excelentes”. O responsável destacou o facto de Portugal ter sido o primeiro país da Zona Euro a emitir títulos de dívida em renmimbi, os Panda Bonds, o que “contribuiu para a ascensão da posição de Portugal na Zona Euro, além de representar um passo de grande relevância no processo de internacionalização do renmimbi”, apontou Cai Run.

14 Out 2019

Governo português quer “investimento produtivo” da China

[dropcap]O[/dropcap] ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse ontem que a China é um “país parceiro amigo de Portugal”, desde logo pela aposta chinesa em empresas do país, mas salientou a necessidade de conseguir um “investimento produtivo”.

“É um país parceiro amigo de Portugal e cuja relação Portugal preza. Somos um país bem integrado na União Europeia, membro da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], mas que tem um relacionamento excelente com vários parceiros à volta do mundo e é nesse sentido que a relação que temos com a China tem sido muito importante”, disse o governante.

Falando na conferência “Portugal-China, uma relação com futuro”, em Belém, Lisboa, Pedro Siza Vieira reforçou que este país é “um parceiro comercial muito significativo”, desde logo por ser o 13.º cliente de exportações, o 6.º fornecedor de bens e por as trocas comerciais estarem a crescer.

Ainda assim, isso “reflecte-se, sobretudo, ao nível do investimento estrangeiro” em Portugal, referiu o responsável, aludindo às “significativas aquisições de empresas e de activos”, em áreas como as finanças, a energia e a comunicação social.

Em causa estão companhias como a Global Media, a Fidelidade, a Rede Energéticas de Portugal (REN), a EDP, o BCP, a EDP e o grupo Superbock, cujos responsáveis estiveram ontem presentes na sessão.

Relação sólida

Relembrando que este encontro acontece na véspera da visita oficial do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, Pedro Siza Vieira afirmou que o executivo português quer aproveitar tal ocasião para “elevar a relação política e diplomática a um plano distinto”.

“A ambição que ambos os países colocam nesta visita é significativa” e, do ponto de vista de Portugal, “gostaríamos de passar da aquisição de activos para um investimento produtivo”, vincou o governante, falando em “áreas a explorar” como os setores automóvel e da mobilidade eléctrica.

Além disso, continuou, Portugal quer “fazer crescer as exportações para a China”, aumentando assim a “penetração das mercadorias e serviços” portugueses, bem como fomentar o turismo.

Acresce o “investimento português [que será feito] no desenvolvimento das comunicações com o resto do mundo”, constituindo, assim, o país “como ponto de acesso [da China] para a Europa”, referiu o governante.
“Isso terá de respeitar as regras europeias, mas seguramente haverá a possibilidade de continuarmos a crescer nessa ordem de ideias”, adiantou.

Pedro Siza Vieira lembrou ainda que a relação entre Portugal e China “se foi consolidando nos últimos anos”, apesar de já ser antiga, e como exemplo assinalou o apoio dado por aquele país à candidatura de António Guterres a secretário-geral da Organização das Nações Unidas, em 2016.

Presente na ocasião, o embaixador da China em Portugal, Cai Run, considerou que a visita de terça-feira e quarta-feira “será uma visita de sucesso e com resultados frutuosos”.

Por seu lado, o presidente do Conselho de Administração do grupo Global Media, que organizou a conferência, disse que esta empresa de comunicação social está a “viver o sucesso dessa relação” com a China, desde logo por a empresa chinesa KNJ deter 30% do capital.

4 Dez 2018