João Santos Filipe Manchete SociedadePastelaria Trigo d’Ouro nasceu na pandemia para trazer o doce de Portugal Aberta desde Setembro de 2020 em Seac Pai Van, a pastelaria Trigo d’Ouro expandiu-se em Julho para a Península. Nos dias que correm, a Trigo d’Ouro é exemplo de um negócio que tem crescido, apesar do contexto de crise generalizada Em tempo de pandemia, um passeio pelas zonas mais turísticas da cidade revela várias lojas fechadas e espaços para arrendar. Mas, no meio das dificuldades, há quem esteja em contraciclo e encontre oportunidades para montar negócio e fazê-lo crescer. É o caso da pastelaria e padaria de produtos portugueses Trigo d’Ouro, que em Setembro de 2020 abriu em Seac Pai Van e em Julho expandiu para a Península, na Avenida Comercial de Macau, perto da AIA Tower. A proprietária Vânia Vieira, em parceria com o marido Diogo Vieira, explicou ao HM a aposta em contraciclo com as condições da comunidade portuguesa, que devido a quarentenas se encontra, em muitos casos, impossibilitada de viajar para Portugal. “Claro que houve algum receio abrir um negócio na altura da pandemia. Só que achámos que como a comunidade não pode sair de Macau, seria uma boa aposta levar às pessoas a proximidade de Portugal. Sentimos que seria benéfico”, afirmou Vânia Vieira, que reside em Macau há seis anos. “Muitas pessoas estão presas em Macau, não podem sair, e este negócio foi feito a pensar na comunidade. Felizmente, tem corrido bem”, acrescentou. Também os produtos vendidos, e para garantir a qualidade, são importados de Portugal. A opção tem por base os conhecimentos e experiência de Vânia Vieira, que fez carreira no sector da restauração e geriu a cadeia de saladas Vitaminas. “Os nossos produtos são ultracongelados e importados de Portugal, depois são cozinhados nas nossas cozinhas. Acreditamos que com a importação a qualidade é superior”, afirmou a proprietária. “Nem sempre é fácil encontrar em Macau os ingredientes necessários, e às vezes basta a água ser diferente para alterar o produto. Com a importação queremos manter a consistência, se vier comer hoje um palmier recheado e amanhã a qualidade é igual”, justificou. Café ao balcão Com a comunidade em mente, a pastelaria Trigo d’Ouro faz questão de permitir que as pessoas bebam o café ao balcão. “É uma forma muito portuguesa de beber o café e temos disponível nos dois espaços. Em Macau, os clientes podem mesmo ficar nas mesas, no piso de cima. Em Seac Pai Van, o conceito é diferente, mais virado para o takeaway ou só para o consumo ao balcão”, informou Vânia Vieira. Se, por um lado, a comunidade portuguesa foi a principal aposta, por outro, as outras comunidades locais também não foram ignoradas. E apesar do receito que os produtos fossem muito doces para os consumidores chineses, a Trigo d’Ouro tem clientes de todas as origens. “As pessoas quando vêm à Trigo d’Ouro esperam ter a experiência verdadeira da pastelaria portuguesa. Por isso, o feedback tem sido bom. Os nossos clientes são 50/50, e eles gostam dos produtos, até as tendências de consumo são as mesmas”, indicou. “No início, os clientes chineses escolhem produtos que já conhecem, mas depois acabam por experimentar outras coisas, como palmiers, bolos de coco. Na verdade, também esperava que a comunidade chinesa pudesse achar os bolos muito doces, mas até agora a resposta tem sido positiva”, reconheceu.