Palácio Nacional de Mafra: restauro dos sinos e carrilhões reforçado

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) do Governo de Portugal reforçou em 150 mil euros o restauro dos sinos e carrilhões do Palácio Nacional de Mafra, para englobar na empreitada vários sinos que não o tinham sido de início.

 

[dropcap]A[/dropcap] directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, disse à agência Lusa que a DGPC está a preparar uma segunda empreitada, aproveitando uma oportunidade de financiamento por parte do Turismo de Portugal, para requalificar, além da mera conservação e garantia de condições de segurança, mais oito sinos do Palácio Nacional de Mafra. O investimento, no valor de 150 mil euros, envolve dois sinos de horas na torre sul e na torre norte, um sino de bamboar na torre sul e três sinos do carrilhão da torre sul.

A empreitada de 1,5 milhões de euros de reabilitação dos carrilhões e sinos das duas torres sineiras do monumento deverá ficar concluída até ao final do ano, tendo já sido repostos os sinos que tinham sido apeados das duas torres. Apesar de as obras de restauro englobarem os dois carrilhões, só o da torre sul vai ficar a funcionar. Cada uma das torres contém um carrilhão (e respectivos sinos musicais), um relógio (sinos de horas) e parte de um conjunto sineiro de serviço litúrgico (sinos de bamboar), distribuído por ambas as torres.

As obras arrancaram depois de ter sido dado o visto do Tribunal de Contas para a assinatura do contrato de consignação com o empreiteiro, a empresa Augusto de Oliveira Ferreira Lda., de Braga, e de os ministérios das Finanças e da Cultura terem autorizado a repartição, por 2018 e 2019, dos encargos, no valor de 1,5 milhões de euros. O concurso público tinha sido lançado em Novembro de 2015.

O Governo reconheceu a “urgente necessidade de proceder à reabilitação” dos sinos e carrilhões “face ao avançado estado de degradação”, assim como os “riscos de segurança não só para o património em si, como para os utentes do imóvel e transeuntes da via pública”. Os sinos, alguns a pesarem 12 toneladas, estavam presos por andaimes desde 2004, para garantir a sua segurança, e as respectivas estruturas de suporte, em madeira, se encontrarem apodrecidas. Por isso, os carrilhões de Mafra foram classificados como um dos “Sete sítios mais ameaçados na Europa”, pelo movimento de salvaguarda do património Europa Nostra.

A reabilitação dos carrilhões do Palácio Nacional de Mafra, que sofreu vários atrasos e era fundamental para o Estado Português e a Câmara de Mafra poderem candidatar o monumento a Património Mundial, iniciou-se em Junho de 2018. No dia 24 de Outubro de 2018, uma grua instalada em frente ao Palácio começou a retirar, pela primeira vez desde 1730, os sinos maiores dos carrilhões, o primeiro deles a pesar mais de sete toneladas, para serem analisados e restaurados. Além de apear os sinos para virem a ser intervencionados, o consórcio português responsável pela empreitada, especialista em conservação e restauro do património, também é responsável pelo tratamento da pedra, restauro dos cabeçalhos, estruturas de madeira que suportam os sinos, e pela construção de novas estruturas de suporte da torre norte. A equipa encontrou alguns dos sinos em muito mau estado, em risco de se desprenderem da estrutura e criarem um efeito de dominó, que poderia resultar na queda de sinos na frente do palácio. Os dois carrilhões com 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia ou dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do palácio.

Recorde-se que o conjunto monumental composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra recebeu no passado dia 7 de Julho, na 43ª Sessão do Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que decorreu em Baku, no Azerbaijão, a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO, a par do conjunto arquitectónico e paisagístico do Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga.

12 Nov 2019

Palácio de Mafra e Santuário do Bom Jesus distinguidos pela UNESCO

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, congratulou-se ontem com a inscrição do Palácio Nacional de Mafra e do Santuário do Bom Jesus na lista do Património Mundial da UNESCO, referindo tratar-se de “mais um motivo de grande orgulho” para Portugal.

“A UNESCO classificou o Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra e o Santuário do Bom Jesus, em Braga, como Património Cultural Mundial. Mais um motivo de orgulho para Portugal. Parabéns a todos os que contribuíram para tal reconhecimento”, escreveu ontem António Costa, na sua página do Twitter.

Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros assinalou, em comunicado, as novas inscrições portuguesas na lista do Património Mundial da UNESCO, destacando que Portugal passa a dispor de 17 bens inscritos na prestigiada lista. As distinções ocorreram ontem na 43ª sessão do Comité do Património Mundial que decorre em Baku, Azerbaijão, de 30 de Junho a 10 de Julho de 2019.

O ministério lembra que o conjunto monumental do Palácio Nacional de Mafra inclui o Palácio propriamente dito, que integra a Basílica, cujo frontispício une os aposentos do Rei e da Rainha, o Convento, o Jardim do Cerco e a Tapada, tratando-se de “uma das mais emblemáticas e magnificentes obras do Rei D. João V”.

O Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga, por sua vez, constitui um conjunto arquitectónico e paisagístico construído e reconstruído a partir do século XVI, no qual se evidenciam os estilos barroco, rococó e neoclássico. Compõe-se de um “Sacro Monte”, de um longo percurso de via-sacra atravessando a mata, de capelas que abrigam conjuntos escultóricos evocativos da morte e ressurreição de Cristo, fontes e estátuas alegóricas, da Basílica, culminando no “Terreiro dos Evangelistas”, refere.

Fica assim “bem assinalado” o 40.º aniversário da adesão de Portugal à Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural em Portugal, aprovada pelo Decreto n.º 49/79 de 6 de Junho, refere.

O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus juntam-se assim à lista do Património Mundial, que passa a integrar 17 bens em Portugal, entre os quais o Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém em Lisboa, o Convento de Cristo em Tomar, o Mosteiro da Batalha e a Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo nos Açores, entre outros.

8 Jul 2019

Palácio Nacional de Mafra – 300 anos do lançamento da primeira pedra

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ez no passado dia 17 de Novembro 300 anos que foi lançada a primeira pedra do Palácio Nacional de Mafra (PNM). As entidades com responsabilidades na gestão deste notável conjunto patrimonial organizaram um vasto programa comemorativo, que teve início há um ano, no dia 17 de Novembro de 2016, e culminou com a inauguração da Exposição “Do Tratado à Obra – Génese da Arte e da Arquitectura no Palácio de Mafra” no dia 17 de Novembro de 2017, seguida do concerto de encerramento das comemorações.

No mesmo dia, foi ainda lançado o 35º número da revista Monumentos, uma edição da Direcção-Geral do Património Mundial, dedicada ao palácio. No início do corrente mês de Novembro, foi reaberta ao público a Sala do Trono do palácio, após obras de restauro das pinturas neoclássicas que revestem o tecto e as paredes da sala (graças ao mecenato da Fundação BCP), da autoria de Cirilo Volkmar Machado e Domingos Sequeira.

O Palácio Nacional de Mafra é uma obra maior do Barroco, em Portugal e na Europa, e o mais importante monumento representante deste estilo em Portugal, nomeadamente do barroco joanino. Foi mandado construir pelo Rei D. João V em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana Josefa, Arquiduquesa da Áustria ou, há quem diga, a cura de uma doença de que sofria, e inclui uma basílica de grandes dimensões, um convento, um palácio real, uma magnífica biblioteca com mais de 40 mil volumes, e outras instalações.

O instrumentário da basílica inclui o único conjunto conhecido de seis órgãos construídos para execução simultânea, bem como dois carrilhões, ambos do século XVIII (torres Norte e Sul), fabricados na Flandres, os maiores do mundo.

A Exposição “Do Tratado à Obra – Génese da Arte e da Arquitectura no Palácio de Mafra”, curada por Sandra Vaz Costa (historiadora de arte da Direcção Geral do Património Cultural – DGPC), Sérgio Gorjão (museólogo do PNM/DGPC) e Paulo Pereira (professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa) e com design de José Dias, comemora os 300 anos do lançamento da primeira pedra do imponente edifício barroco mandado erguer pelo Rei D. João V.

Espalhada ao longo de várias salas do palácio, foca-se na construção do monumento, mais propriamente no trabalho do alemão Johann Friedrich Ludwig, conhecido em Portugal como João Frederico Ludovice, o arquitecto principal, também autor, entre outros, do projecto da Capela de S. João Baptista da Igreja de S. Roque, mas também de outros arquitectos que contribuíram para a sua edificação. Inclui gravuras, materiais e instrumentos de construção, modelos de estátuas e vários objectos, de pesos a cabrestantes e compassos a moitões, contando com uma parceria com a Faculdade de Arquitectura de Lisboa, que, segundo a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, fez um varrimento de laser 3D que foi aproveitado para uma maqueta de madeira do palácio que ainda não está disponível, mas fará em breve parte da exposição.

Trata-se de uma mostra inédita que, tal como o seu catálogo, envolve as mais recentes investigações de reputados especialistas sobre a génese do pensamento e da cultura artística e arquitectónica barroca. A mostra ficará patente ao público português até 31 de Maio de 2018, seguindo-se uma itinerância na Baviera, na Alemanha, país de origem do arquitecto régio João Frederico Ludovice, que se viria a naturalizar português, a quem João V confiou a concepção deste monumental conjunto arquitectónico.

Uma mostra em processo

Segundo declarou Paulo Pereira ao jornal Público, a mostra era para ser apenas uma exposição de módulos informativos relativos a Ludovice, mas foi ganhando peso a hipótese de mostrar muitas das peças que fazem parte das reservas do palácio, que têm um valor imenso e raramente foram expostas. Este curador realçou também o foco na “materialidade da obra” e o facto de a mostra incluir tratados de arquitectura do século XVIII, vindos da biblioteca do PNM, que dão uma ideia das técnicas e conhecimentos que foram necessários para criar a obra. E ainda a envergadura dos trabalhos, que, na recta final da construção, envolveram cerca de 45 mil homens, após um mandato do rei a obrigar todos os operários do reino a irem para Mafra – que levou a que houvesse um período em que no resto do país não tivesse havido reparações nem novas obras. Referiu ainda que o objectivo é que esta recolha e investigação dêem origem a algo mais permanente, havendo a intenção de constituir um museu da obra, que pode reunir muitos dos materiais que se podem ver na exposição.

Numa organização conjunta da Direcção Geral do Património Cultural/ Palácio Nacional de Mafra, Câmara Municipal de Mafra, Escola das Armas, Paróquia de Mafra e Tapada Nacional de Mafra, o programa comemorativo dos 300 anos, pautado pelas palavras-chave “qualificar” e “conhecer”, pretendeu dar a conhecer o diversificado conjunto patrimonial, candidato a Património Mundial da UNESCO, através da promoção de iniciativas como conferências, exposições, recriações históricas, lançamento de livros, concertos, espectáculos piro-musicais ou videomapping. Ao mesmo tempo, estas comemorações são sinónimo de investimento na qualificação dos espaços e dos mais singulares equipamentos, destacando-se a recuperação dos notáveis carrilhões do Palácio (cujo processo de concurso se encontra em fase de conclusão) e das pinturas murais da sala do trono, inaugurada no início do mês, assim como a melhoria das acessibilidades físicas e de comunicação (elevador, acesso à Basílica, nova sinalética e tabelas nas salas, e instalação de áudio-guias).

23 Nov 2017

Palácio de Mafra | Sala do Trono abre ao público após primeiro restauro em 200 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Palácio de Mafra abriu esta quarta-feira, aos visitantes, a Sala do Trono, concluídas as primeiras grandes obras de restauro, ao fim de 200 anos, que permitiram detectar por baixo da cor, os esboços dessa pintura mural.

O restauro da pintura de Domingos Sequeira e Cirilo Volkmar Machado, que reveste as paredes e o tecto da sala, “permite estudar de maneira diferente estes pintores e fazer uma leitura dos elementos decorativos o que até agora era impossível, por estarem obscurecidos pela sujidade”, explicou o director do palácio, Mário Pereira, à agência Lusa.

A Sala do Trono, usada para as cerimónias do ‘beija-mão’, sempre que a família real se encontrava em Mafra, reabriu ao público, depois de ter estado durante sete meses em obras. A inauguração oficial deverá ocorrer a 17 de Novembro, o ponto alto das comemorações dos 300 anos, após o lançamento da primeira pedra para a construção do monumento.

Durante os trabalhos de restauro, os conservadores/restauradores conseguiram identificar por cima do estuque os esboços feitos por aqueles dois artistas para a própria pintura mural da sala.

Domingos Sequeira e Cirilo Volkmar Machado seguiram “de um modo geral os esboços” e esses desenhos preparatórios “iam ao encontro da descrição” deixada por Cirilo Volkmar Machado, nos registos escritos sobre “a empreitada”, explicou Sofia Lopes, que coordenou o restauro.

Além disso, sublinhou, “os esboços destes dois artistas eram até agora desconhecidos, o que é importante para perceber todo o trabalho que realizavam desde a concepção até à execução da obra e contribui para o estudo da sua obra”.

9 Nov 2017