DSEC | Registadas mais de três mil mortes em 2022

No ano passado morreram 3.004 pessoas em Macau, de acordo com a actualização da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Este é o registo mais elevado de sempre e representa um aumento de 30 por cento face ao ano anterior, quando tinham sido registadas 2.320 mortes.

Inicialmente, a DSEC declarou terem morrido 773 pessoas em Dezembro do ano passado. A estatística foi apresentada como provisória, e antes de ser corrigida deixava o número total de mortes ao longo do ano passado em 2.992 óbitos.

Agora, a DSEC apresentou os números finais de Dezembro, que contam com mais 12 mortes face ao valor provisório, ou seja, um total de 785 óbitos. A alteração de 0,4 por cento face ao número inicial faz com que a mortalidade no território ultrapasse pela primeira vez a barreira dos 3 mil óbitos e se fixe em 3.004 mortes.

Até ao final do ano passado, Dezembro tinha sido o mês mais mortal, com 785 óbitos. Antes deste registo, era preciso recuar até Janeiro de 2016 para encontrar o mês mais devastador, quando se verificaram 250 mortes.

Contudo, o início do corrente ano mostrou-se ainda mais mortal. De acordo com os dados da DSEC – que não deixam de ser provisórios apesar de já terem passado quase três meses – registaram-se 798 mortes em Janeiro.

Coexistência com o vírus

O aumento da mortalidade no território coincidiu com a adopção da política de coexistência com o vírus. Foi em Dezembro que as autoridades decidiram abandonar a política de zero casos, em consonância com a determinação do Governo Central. Nesse período, a vaga de infecções terá infectado cerca de 70 por cento da população, segundo as autoridades.

Estes dados indicam também que, à imagem do que se passou um pouco por todo o mundo, a coexistência com o vírus levou à mortalidade excessiva, ou seja, um aumento da mortalidade considerado anormal para a altura do ano à luz das condições normais.

Com a mudança de política e a vaga de infecções, os Serviços de Saúde enfrentaram grandes dificuldades não só para responder aos pedidos de auxílio, mas também para lidar com os óbitos. Estas foram dificuldades que se arrastaram até Janeiro deste ano.

No entanto, a mortalidade em Dezembro não permite comparações com os meses anteriores, porque nesse mês o Governo decidiu alterar os critérios de classificação de mortes por covid-19. As alterações tornaram o critério para mortes de covid-19 mais restrito do que nos meses anteriores.

20 Abr 2023

Mudam-se os tempos

Passamos de moda como esta casa, este casaco, nada resiste à mudança do tempo.
E estas mortes todas em nosso pensamento!?
São páginas de livros e não malha de ferro, e quando o vento sopra vão voando
Da mesma fonte que a malha do guerreiro se contraiu no fogo estranho
Rebuscamos a casa e está tudo mudado- do ciclo de outrora nem um marco-
E assim os dias se fazem outros
Com todos aqueles votados ao abandono
Verticais como as colinas, os que se elevam partem cedo. São deles as mudanças e todas as vitórias
Por eles se alcançam
Desenlaçar, mudar de rumo… sede, sempre do mundo
Não ter o dever de amar, que amor não há no vale profundo.
No entanto, saber vingar o mal, e depois mais lúcido, não mais importar
O destino inútil do sepulcro.
Trajar o manto viajante, que em cada jornada o tempo muda
Deixando as vozes castigadas no desaire de falar ao submundo
Não há chão que a raiz não rebente, e onde há explosão
Chove ternura, que o tempo frio de gastar o solo, secou, e as áridas paragens são de lume.
Deixar os sentidos em paz, tomar outras dianteiras
Não vestir o amor para se ter somente o reflexo de quem o nomeia
Vamos embarcar! Rosários de contas não há, o destino mudou,
Na telepatia das fontes
É um país novo a Terra inteira. Passámos de moda a projectar o novo.
Gastámos as línguas – litúrgicas boas-vindas – nos velhos andrajos das modas
Há gente que passou o tempo de se conservar em nós como ideia, terno efeito, consciência, são os equívocos da grande teia.
Não há comoção que interprete tanto desaire breve na languidez de uma era extinta de promessas.
Que a liberdade é sentir de maneira vária em tons regrados, e mesmo assim não ter receio de ser vermelha e ter os lábios molhados.
Nenhum arco-íris se desfez na sua imprecisão, e as grandes coisas são ainda aquelas que nos fabricam o pão.
Passamos todos de moda, passados de mão em mão, e o tempo gera memórias, mas não há certeza que dite que são a nossa história
Ronda insolente o destino, que ficar na vida em espelho vestido para um tempo fechado é acto tributário, e ninguém se veste da época do seu instante banal, se a si se consentir ser divino e animal.
Nesta abertura do acaso somos das modas, vencidos, que moda rege e renega as contingências dos mitos.
Do amor que não há fizemos coagulações, somos derivados de enfartes, fartos das mesmas pulsões.
É um chão macio este que muda- muda a seiva, muda o sítio – e não há lugar para as vestes dos fantasmas indistintos. Que as vontades mudam, desnudam, o que a moda tapara.
São as conclusões douradas! Ciclos abstratos, e a nossa longa cauda de símios disfarçados.
«E se o mundo é composto de mudança» toda a água se disfarça quando nos banhamos, numa luz, que em nós algures nos dança. A água gela nas veias. E não há quase minério, tão só a moda de andar de pé no cimo das ideias
Bípedes a motor, consagrámos a corrida, mas ninguém nos diz da moda dos quatro membros por terra, quando forjarem a nossa saída
Depois da queda do mais recente Adão, não voltaremos a colher às árvores, mas a subir a elas, nós que a moda desfez e refez em modos vários, iremos como os animais utilizar as manobras de ir ao topo dos ciclos vegetais. Talvez como os felinos
E mudam-se os tempos nas feras vontades, e muda-se o estar aqui e não estar mais, e o que esquecêramos nos trará um recomeço quando muitos de nós forem arrebatados pelas vogais da Aurora.
«Do mal ficam as mágoas…» mas não na lembrança, que recordar os males é não ter esperança, e movidos e sem defeito atravessaremos as trevas só para lhes dizer adeus.
Também não houve bem, nem há saudade, a missão governou o governado, e se amor bastar, é certo o lenho da nossa sua imensidade

( Camões no coração até morrer)
Máquina do Mundo.
Eis-te revisitada.
Mudando.
Mudada.

29 Mar 2021