Pedro Arede VozesMalabarismos calculados [dropcap]A[/dropcap] dupla tomada de posição do Governo no que diz respeito à reabertura dos casinos e a obrigatoriedade de quarentena para trabalhadores não residentes provenientes do Interior da China é tão surpreendente quanto, à partida, incoerente. Lei Wai Nong justificou a aparente incoerência de reabrir casinos numa altura em que se continua a pedir que a população fique em casa e que atravessar fronteiras passa a ser mais difícil, com a procura de um “ponto de equilíbrio” que tenta colocar nos pratos da balança, a segurança da população, saúde económica e o bem-estar social possível, permitindo que milhares de trabalhadores voltem a trabalhar e a receber salário. Depois de superada a primeira batalha ao nível da prevenção, acredito que o Governo da RAEM está claramente a tomar os seus riscos para tentar sair ainda mais por cima, da crise provocada pelo novo coronavírus. No entanto, um risco é sempre um risco e apesar de este até ser, à partida, calculado (quem serão os clientes dos casinos depois do reforço das medidas nas fronteiras?), o próprio Governo já admitiu voltar atrás “caso haja algum incidente”. Espero sinceramente que, nesta fase de aparente estabilização da situação clínica relativa ao coronavírus em Macau, este não seja um passo maior que a perna. Sobretudo, quando a medida de quarentena obrigatória de entrada no território não abrange (para já) nem residentes nem turistas, cidadãos esses imunes a qualquer vírus.