Hoje Macau EventosRelatos de sem abrigo na Livraria Portuguesa [dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] Pomar” de Rodrigo Barros, o livro que reúne quarenta narrativas na primeira pessoas sem abrigo de Lisboa, tem apresentação marcada para hoje, na Livraria Portuguesa às 18h30. Segundo a apresentação do evento na página do facebook da Livraria Portuguesa, “O Pomar” reúne o testemunho de quatro dezenas de sem-abrigo. O suficiente, segundo o poeta José Tolentino Mendonça, para traçar “um retrato desarmante do Portugal contemporâneo”. Tolentino alerta ainda para a importância em olhar para estes relatos “do ponto de vista da política e da vida civil, da cultura e da qualidade da coesão humana que as nossas sociedades fomentam.” As histórias são de sobreviventes do dia a dia “numa infelicidade e num (anti) heroísmo que ignoramos.” Ilustrativamente José Tolentino Mendonça refere a criação por um dos sem abrigo de uma história de ficção: Nasci no planeta XKL 23 Omnipotentis. Sou um chimita. Foi por acidente que a minha nave veio parar aqui à Terra. Foi depois de passarmos por Andrómeda que os problemas começaram… Lá em cima parece tão bonita a Terra. Cá em baixo é uma confusão. Não me adapto. Construí um emissor para enviar mensagens de socorro a XKL Omnipotentis. Até agora não houve resposta’.” A apresentação levada a cabo pelo jornalista, escritor e editor Carlos Morais José e será seguida pela projecção do documentário “Nocturnos” e conta com entrada livre.
Andreia Sofia Silva MancheteLivraria Portuguesa | Pedido maior dinamismo e preços mais baixos Renovada a concessão da Livraria Portuguesa à Praia Grande Edições por mais cinco anos, o que esperar deste espaço único da língua de Camões em Macau? Amélia António, Carlos André e Miguel de Senna Fernandes pedem preços mais baixos, maior articulação com entidades educativas e culturais e dinamismo no espaço [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) apostou na estabilidade da continuação da Praia Grande Edições à frente dos destinos da Livraria Portuguesa, após o polémico período, em 2009, em que chegou a ser equacionada a venda do edifício. Cinco anos depois, e com mais cinco anos de gestão pela frente, o que deseja a comunidade portuguesa de um espaço que não é apenas seu, mas de todo o território? As vozes com quem o HM falou dão os parabéns à gestão de Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições (ver texto secundário), mas deixam sugestões. Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, disse ao HM que deve ser feita uma diminuição dos preços praticados. “Poderia ser feito algum esforço para que haja mais livros em português e os que são encomendados deveriam chegar cá mais baratos, com menos recursos ao transporte de avião, é uma parte importante. Tem de haver um esforço na programação de encomendas para que se consiga que os livros cheguem cá a um preço mais acessível. Os livros continuam a chegar caros a Macau”, defendeu. Amélia António disse ainda que o espaço “pode ser mais aproveitado para que aconteçam mais coisas naquela casa, de maneira a que leve mais pessoas lá, para que haja um bocadinho mais de dinâmica”. Outras ligações Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), pede uma maior ligação com entidades académicas e culturais. “Poderia haver um maior envolvimento entre a livraria e várias entidades e iniciativas na versão escrita. Falo logo do IPM onde trabalho, mas se calhar a culpa até é do IPM e não tanto da livraria. Falo também do IPOR e das instituições de ensino e cultura, e deveria haver uma maior articulação, porque permitiria apelar a outro tipo de livros. Mas penso que a Livraria portuguesa está bem”, referiu. O advogado Miguel de Senna Fernandes não quer que a Livraria Portuguesa saia do lugar onde está, mas pede mais iniciativas. “Tem sido um espaço importantíssimo para a manutenção de uma certa cultura, é um sustentáculo importante da comunidade portuguesa. É um espaço muito pequeno, mas não digo para a livraria sair dali, porque já houve uma altura em que se pensou numa alternativa. A livraria portuguesa poderia expandir para outros espaços, para cativar ainda mais outra população. Não tem que ser só livros em português, mas que seja também um espaço onde possa albergar outro tipo de literatura”, disse ao HM. “A gerência da livraria portuguesa está de parabéns, pois há uma renovação dos livros e grande diversidade de autores, com novos autores de Portugal. Cumpre perfeitamente o seu papel no contexto de Macau. Inevitavelmente falta espaço, é claro que a Livraria tem uma galeria para outras actividades, mas não chega. O que lhe falta é essa visibilidade”, rematou o advogado. Carlos André defende que, apesar da reduzida galeria, a importância permanece enorme. “A livraria cumpre um papel importantíssimo da afirmação da cultura e língua portuguesa em Macau. O que me parece é que este projecto, numa cidade onde os leitores de português são de poucos milhares, é muito interessante. Se tivermos em conta que a livraria se tem associado a várias iniciativas que ultrapassam um pouco o âmbito dos livros”, concluiu. O HM tentou obter mais esclarecimentos junto do João Laurentino Neves, director do IPOR, mas este não quis prestar mais declarações sobre o assunto, nem sobre o cumprimento do anterior contrato, por defender que esta foi uma decisão dos associados. Também não foi possível obter comentários dos associados sobre este dossier. “Não considero que os preços sejam elevados” Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições “Não considero que os preços sejam elevados” Com a concessão da Livraria Portuguesa renovada por mais cinco anos, Ricardo Pinto deixa a promessa de dinamizar a galeria que, confessa, já perdeu algum dinamismo com a abertura da Fundação Rui Cunha (FRC). “Procuramos ter produtos cada vez mais variados. Algumas das novidades vão surgindo com o tempo e são decorrentes daquilo que é a normal gestão de um espaço comercial. Mas em relação aos últimos cinco anos vamos ter um aproveitamento mais intensivo do espaço da galeria. Nos primeiros dois ou três anos tivemos eventos muito significativos, e temos lá os eventos do Festival Literário todos os anos. A regularidade nos últimos dois anos desceu um pouco dado o aparecimento de uma instituição que tem vindo a fazer um excelente trabalho, a FRC. Neste momento o nosso espaço deixou de ser único nesta perspectiva e há muitas pessoas que utilizam a FRC”, contou ao HM. O projecto de abrir um café na Livraria tem sido adiado. “A questão do café é um projecto que tem vindo a ser adiado e tem a ver com questões relacionadas com a licença e de instalações que precisam de alguma intervenção devido à humidade. Não achamos que seja absolutamente necessária a existência de um café. Não sabemos se a ideia captaria muito interesse das pessoas.” No geral, Ricardo Pinto espera fazer “melhor” nos próximos cinco anos, “mas não temos ideias muito diferentes daquelas que têm vindo a ser desenvolvidas”. “Queremos gerir a Livraria à semelhança do que tem vindo a ser feito, procurando ter uma oferta tão vasta quanto possível de livros em português”. Olhando para os últimos cinco anos, Ricardo Pinto acredita que cumpriu o acordo feito com o IPOR. “Tínhamos de aumentar a oferta de autores e títulos e trouxemos novos autores portugueses pela primeira vez para Macau. Queríamos baixar os preços e fizemos isso, tínhamos de alargar o horário de funcionamento da livraria e passou a estar aberta aos domingos. O festival literário (Rota das Letras) acabou por dar outra visibilidade à livraria portuguesa.” Sem descidas Questionado sobre os preços que são actualmente praticados pela Livraria Portuguesa, Ricardo Pinto garante que não há margem de manobra para mais descidas. “Não considero que os preços sejam elevados. Há o preço do transporte e temos de lidar com o regime de consignação que existe no negócio das livrarias. As editoras colocam os livros nas livrarias, os que não são vendidos são devolvidos às editoras. Dado que temos de encomendar os livros a Portugal e não querendo as editoras fazer acordos de consignação com Macau por causa do transporte, temos de comprar os livros todos. Isto acaba por nos obrigar a ter uma prudência muito grande. Nós baixamos os preços relativamente ao que tínhamos antes e baixar mais considero impossível”, rematou.
Flora Fong Eventos ManchetePintura | Filipe Miguel das Dores é premiado em Inglaterra e recorda Luís Amorim Filipe Miguel das Dores, jovem pintor de Macau, ficou em segundo lugar num prémio atribuído pelo Royal Institute of Painters in Water Colours, no Reino Unido, com uma pintura da Livraria Portuguesa. Com outra obra – “The September after 18 years” – o jovem chamou a atenção para a morte de Luís Amorim [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]inta com aguarelas e está a fazer sucesso no Reino Unido. É assim o jovem Filipe Miguel das Dores, que participou pela segunda vez com duas obras na exposição anual do Royal Institute of Painters in Water Colours. De entre mais de duas mil obras provenientes de todo o mundo, a obra de Filipe Miguel das Dores, intitulada “Working Alone”, acabou por ficar em segundo lugar no “Leatherseller’s Award”. A obra premiada apresenta a Livraria Portuguesa como pano de fundo. “Numa noite escura, num canto do edifício, revelou-se um pouco de luz onde se trabalhou sozinho. Numa rua sem ninguém, mostrou-se um pouco dos traços pelos quais os humanos passaram”, descreveu o artista na sua página do Facebook. “É bastante difícil pintar a proporção de centenas de azulejos nas paredes do edifício com tanta precisão”, descreveu. Filipe Miguel das Dores “gosta muito” de mostrar a sua visão do mundo e do espaço através dos desenhos de edifícios. Nesta obra, o jovem levou mais de 300 horas para concluir sozinho a pintura em aguarelas, feita com papéis grossos pintados com múltiplas camadas. Ao HM, o artista explicou que estava muito nervoso antes da atribuição do prémio, porque já tinha ganho o “The John Purcell Paper Prize” o ano passado, com a obra “A noite de Mário”. “Muitos amigos pressionaram-me, de certa forma, porque já ganhei uma vez. Acho que tive a sorte de ganhar novamente, foi uma espécie de bónus para mim.” Filipe Miguel das Dores confessou que outra das surpresas foi ter artistas estrangeiros e o próprio público a observar a sua obra e a tecer comentários positivos. Lágrimas por Luís Outra obra de Filipe Miguel das Dores chama-se “The September after 18 years”. A pintura mostra a parte de baixo da ponte Governador Nobre de Carvalho e, ainda que não tenha ganho qualquer prémio, revela um outro sentido, referindo-se ao aniversário de Luís Amorim, jovem que apareceu morto em Macau. “Quantas lágrimas se podem esconder num céu escuro? Criei esta obra por causa do meu amigo Luís Amorim, que morreu em 2007. As autoridades de Macau defenderam que ele se suicidou e decidiram acabar com a investigação, mas os pais não acreditaram. Afinal a autópsia em Portugal revelou que o Luís morreu por ter sido espancado. Mas Macau não quis voltar a investigar o caso. Então nós passamos todos os dias naquele lugar como de costume, mas os pais dele perderam o mundo a partir daquele dia”, contou ao HM. A morte de Luís Amorim e a criação desta obra levou Filipe Miguel das Dores a participar em competições internacionais para que mais pessoas lá fora tenham conhecimento do caso. “Sendo cidadãos de Macau acreditamos que todos têm o direito de exigir uma nova investigação ao caso, para que voltemos a acreditar nos órgãos judiciais e numa sociedade de Direito”, rematou.
Filipa Araújo EventosLivraria Portuguesa acolhe debate político com figuras locais Um debate apartidário sobre a Esquerda no contexto político acontece amanhã na Livraria Portuguesa. Para onde caminha a Esquerda depois do trilho percorrido nas últimas décadas será o ponto de partida para a tertúlia [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Livraria Portuguesa abre amanhã as portas para um debate político. Subordinado ao tema “A Esquerda no Contexto Político Actual”, e de organização apartidária, o evento surgiu de uma ideia de Rui Simões, advogado, e Tiago Pereira, secretário-geral do Partido Socialista de Macau. “É um debate apartidário, foi organizado por mim e pelo Rui Simões. Não queríamos que isto estivesse associado a nenhum partido em particular, porque não se deseja que esteja associado a nenhuma visão política particular”, explicou o político ao HM. São cinco os temas em cima da mesa: a Esquerda na pós-Guerra Fria e a Terceira Via, Desafios da Globalização – Um novo Socialismo Democrático, Identificação Esquerda – Direita versus Identificação Partidária – Crise de Representatividade?, Polarização Política na Europa e, por fim, o Cenário Político em Portugal. Carlos Morais José, antropólogo, Frederico Rato e Sérgio Almeida Correia, advogados, constituirão a mesa de intervenções, que vai ser moderada pelo jornalista Rogério Beltrão Coelho. Os intervenientes “são pessoas de posições políticas conhecidas e que ocupam diferentes lugares no espectro político da esquerda”, indica Tiago Pereira. O debate tem como objectivo principal perceber o que se chama de Esquerda, actualmente. “O mundo mudou muito nas últimas décadas. A globalização desenvolveu-se, a par com avanços tecnológicos, destacando-se aqui a internet. O Bloco Soviético desapareceu e a crise no Médio Oriente transformou-se com a ameaça terrorista. Conflitos propagaram-se em África e a catástrofe Síria alarga-se. O Iraque foi invadido e o regime anterior aniquilado. Os chamados mercados emergentes desenvolveram-se, destacando-se a China e a Índia”, argumentou o organizador. O contexto histórico produziu “repercussões enormes” a nível económico, geopolítico, e “até mesmo das próprias sociedades”. “Os padrões mudaram. Os desafios são outros. E a Europa vive actualmente uma crise que resulta desses factores e de uma deficiente arquitectura da União Europeia”. O debate irá permitir assim, “explorar em que posição isto deixa a Esquerda, enquanto alternativa às políticas falhadas que têm sido levadas a cabo”. A tertúlia política é aberta à sociedade e começará às 18h15, nas instalações da Livraria Portuguesa.
Filipa Araújo EventosTrabalhos artísticos da ARTM expostos na Livraria Portuguesa [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma vez mais, a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) organiza uma mostra de todos os trabalhos desenvolvidos no último ano pelos pacientes dos programas de reabilitação. O espaço escolhido é a Livraria Portuguesa que, de segunda a quarta-feiras da próxima semana, vai acolher algumas dezenas de trabalhos de vários tipos. “Os trabalhos que irão estar expostos são trabalhos artísticos do último ano, feitos com aguarela, óleo, feltragem, quilling, entre outros”, explica o presidente da ARTM, Augusto Nogueira, ao HM. A exposição é o resultado de uma terapia que utiliza a arte como “mecanismo efectivo de suporte à expressão de sentimentos e percepções do mundo”. “É a forma que eles [pacientes] têm para se expressar”, aponta. Este tipo de terapia de arte permite ao paciente acreditar e reconhecer nas suas capacidades individuais e nos seus modos de expressão, através dos quais podem promover o crescimento físico, psíquico, emocional e espiritual, durante o seu processo de evolução, defende a Associação. Os workshops artísticos, organizados pela ARTM, são orientados por especialistas e dirigidos aos pacientes dos centros de tratamento masculino e feminino. “Estas actividades, integradas no programa de reabilitação, promoveram com êxito a expressão artística dos clientes e a descoberta de novas capacidades individuais”, aponta a ARTM. As peças, conforme indica o presidente, podem ser compradas.