Hoje Macau China / ÁsiaMilitantes de Hong Kong assinalam 1.º aniversário da morte de dissidente Liu Xiaobo [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilitantes pró-democracia de Hong Kong ataram na sexta-feira faixas negras nas grades que rodeiam o edifício do gabinete de ligação do Governo chinês no território para marcar o primeiro aniversário da morte do dissidente Liu Xiaobo. Figura das manifestações pró-democracia em Tiananmen, em 1989, Liu Xiabo, primeiro chinês a ser distinguido com o Nobel da Paz (2010), morreu a 13 de julho de 2017 num hospital de Shenyang, no nordeste da China, vítima de cancro do fígado. O dissidente, que cumpria há mais de oito anos uma pena de 11 anos por subversão, foi libertado condicionalmente no final de maio da prisão, dias depois de lhe ter sido diagnosticado o cancro em fase terminal, e transferido para o hospital. Dezenas de manifestações concentraram-se em frente do gabinete de ligação chinês em Hong Kong, antes de uma outra ação mais importante ao fim da tarde. Este aniversário assinala-se alguns dias depois da partida para Berlim da viúva de Liu Xiaobo, a poetisa e pintora Liu Xia, após oito anos passados sob residência vigiada. Os manifestantes, que também colocaram um retrato do primeiro prémio Nobel da Paz chinês numa parede, exigiram ainda a libertação de Qing Yongmin, veterano da dissidência, condenado na quarta-feira, na China, a 13 anos de prisão. Qing Yongmin passou já 22 anos em detenção. O Governo chinês “libertou Liu Xia na terça-feira e prendeu Qin Yongmin na quarta-feira”, declarou Leung Kwok-hung, veterano da luta pela democracia na região administrativa especial chinesa. “A libertação de Liu Xia foi uma forma de enganar as pessoas”, sublinhou. O advogado democrata Kwok Ka-ki reclamou eleições livres na China e considerou a libertação de Liu uma forma de tentar obter o apoio de países europeus em plena guerra comercial com os Estados Unidos. Liu Xia, que não foi acusada de qualquer crime, estava sob residência vigiada, desde 2010, quando o marido foi distinguido com o Nobel da Paz. Liu Xiaobo foi o primeiro prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938, num hospital, detido pelos nazis.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos Humanos | Pequim confirma que viúva de Liu Xiaobo deixou o país [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês confirmou ontem que Liu Xia, viúva do Nobel da Paz e activista chinês Liu Xiaobo, abandonou o país com destino à Alemanha, para receber “tratamento médico”, após oito anos em prisão domiciliária. “Ela viajou para a Alemanha por vontade própria para receber tratamento médico”, informou em conferência de imprensa Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. Hua negou que a decisão de Pequim, em permitir a saída de Liu Xia, esteja relacionada com a visita oficial a Berlim do primeiro-ministro, Li Keqiang, esta semana. Liu Xia encontrava-se em prisão domiciliária desde que o marido ganhou o Nobel da Paz, em 2010, apesar de não existir qualquer acusação judicial formal contra ela. Liu Xiaobo morreu em Julho do ano passado, aos 61 anos, com cancro do fígado, e sob custódia da polícia. O dissidente chinês esteve detido mais de oito anos por subversão. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelo regime nazi. No mês passado, organizações não-governamentais (ONG) apelaram aos líderes da União Europeia (UE) para que, durante a cimeira UE-China, exijam a Pequim a libertação de activistas pelos direitos humanos. À data, apelaram para a libertação de Liu Xia. A cimeira UE-China está agendada para 16 e 17 de Julho.
Hoje Macau China / ÁsiaActivismo | UE quer solução “em breve” para casos de Liu Xia e Gui Minhai [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] União Europeia (UE) quer uma solução “em breve” para os casos de Liu Xia, viúva do Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, e do cidadão sueco Gui Minhai, ambos detidos pelas autoridades chinesas sem acusações formais. “Veremos uma solução em breve porque, num caso, não há qualquer indício de infração, e no outro falamos de um cidadão comunitário, cujos direitos não estão a ser respeitados”, disse o embaixador da UE em Pequim, Hans Dietmar Schweisgut. Uma carta divulgada no início deste mês pelo escritor chinês exilado Liao Yiwu revela que Liu Xia, que está em prisão domiciliária desde que o marido ganhou o Nobel, em 2010, está disposta a morrer em casa, como forma de protesto. Liu Xiaobo morreu no ano passado, de cancro no fígado, sob custódia da polícia. Foi condenado, em 2009, a 11 anos de prisão por subversão, depois de ter exigido reformas democráticas na China. Desde então, vários governos estrangeiros pediram a libertação da sua mulher, que caiu em depressão, e que se permita a sua saída do país. Gui Minhai Gui Minhai foi detido, em Janeiro passado, pelas autoridades chinesas, quando viajava de comboio até Pequim, acompanhado de diplomatas suecos, para uma consulta médica na embaixada do seu país. Gui era o coproprietário de uma editora de Hong Kong que vendia livros críticos do Partido Comunista Chinês. Em finais de 2015, desapareceu na Tailândia e reapareceu meses mais tarde, sob custódia da polícia na China. O embaixador da UE em Pequim lembrou que estes “não são os únicos” casos de desrespeito pelos direitos humanos no país, referindo os vários advogados detidos há quase três anos, durante uma campanha repressiva contra activistas. “Todos estes casos são de grande preocupação, já que não respeitam as leis e constituição chinesas”, afirmou Schweisgut. “Referimo-los em várias reuniões” com as autoridades chinesas e “não vão desaparecer” da política da UE, garantiu.
Hoje Macau China / ÁsiaONG | Viúva do Nobel Liu Xiaobo “de regresso” a Pequim [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]iu Xia, viúva do Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, que morreu em Julho, “está de regresso a Pequim”, embora sob prisão domiciliária, depois de mais de um mês “desaparecida”, de acordo com uma organização não-governamental com sede em Hong Kong. Lu Siqing, fundador do Centro de Informação para Direitos Humanos e Democracia, uma ONG com sede em Hong Kong, falou com Liu Xia ao telefone no sábado, segundo um comunicado da organização enviado ontem por fax à agência de notícias francesa AFP. Durante a conversa, de cerca de meia hora marcada por “lágrimas”, Liu Xia, de 56 anos, explicou, com uma “voz extremamente debilitada” que tem de seguir pesados tratamentos antidepressivos, segundo Lu Siqing. “Vários amigos de Liu Xia confirmaram que estava de regresso ao seu apartamento, na capital chinesa, “e que a sua casa continuava vigiada por guardas e polícias à paisana”, detalhou a ONG num outro comunicado. Liu Xia, em prisão domiciliária desde que o marido foi laureado com o Nobel da Paz em 2010, apesar de nunca ter sido acusada de qualquer crime, assistiu, em meados de Julho, ao funeral de Liu Xiaobo, segundo imagens divulgadas pelas autoridades chinesas. Contudo, familiares e amigos mais próximos não conseguiram entrar em contacto com ela durante semanas, desconhecendo igualmente onde estava a morar. Paradeiro incerto Liu Xia “foi mantida em segredo pelas autoridades chinesas em local desconhecido”, afirmou, no início de Agosto, o advogado norte-americano do casal Jared Genser, numa queixa apresentada diante da ONU. Dias depois, a viúva de Liu Xiaobo reapareceu num vídeo publicado na Internet. “Estou em convalescença no campo, fora de Pequim. Peço-vos que me dêem tempo para fazer o meu luto”, disse Liu no vídeo de um minuto publicado no YouTube. “Certamente que foi forçada pelas autoridades a fazer esse vídeo”, afirmou Hu Jia, dissidente chinês e amigo do casal. Desconhecem-se, no entanto, as circunstâncias exatas do regresso de Liu Xia a Pequim. Liu Xiaobo – que foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” por ter apelado a reformas democráticas na China – morreu de cancro, em 13 de Julho, aos 61 anos, num hospital de Liaoning, semanas depois de colocado em liberdade condicional por motivos de saúde. Foi o primeiro prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis. “Plano de urgência” após teste nuclear da Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou ontem um plano de urgência para controlar os níveis de radiação ao longo da sua fronteira com a Coreia do Norte, após o sexto ensaio nuclear realizado por Pyongyang, anunciou o Ministério do Ambiente chinês. As autoridades chinesas puseram em marcha, às 03:46 locais, um « plano de urgência » para executar « medidas de controlo das radiações » nas zonas da sua fronteira do nordeste, indicou um comunicado do ministério chinês. A Coreia do Norte anunciou ter testado, com sucesso, ontem uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental. O anúncio do “total sucesso” do teste de uma bomba de hidrogénio, conhecida como ‘bomba H’, foi feito pela pivô da televisão estatal norte-coreana, horas depois de Seul e Tóquio terem detectado uma invulgar actividade sísmica na Coreia do Norte. Segundo a KCTV, o ensaio nuclear, o sexto conduzido pelo regime de Pyongyang, foi ordenado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un. O anúncio tem lugar depois de, na noite de sábado, a agência oficial norte-coreana KCNA ter garantido que a Coreia do Norte conseguira desenvolver com êxito uma bomba de hidrogénio passível de ser instalada num míssil balístico intercontinental (ICBM). A KCNA divulgou então uma fotografia de Kim Jong-un junto a uma suposta ‘bomba H’, acompanhado por cientistas nucleares e altos oficiais do Departamento da Indústria de Munições do Partido dos Trabalhadores, apesar de, como é habitual, não ter facultado detalhes sobre o local nem a data do acontecimento.
Hoje Macau China / ÁsiaViúva do Nobel Liu Xiaobo reaparece num vídeo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] viúva do prémio Nobel chinês Liu Xiaobo, que morreu no mês passado, reapareceu num vídeo publicado na Internet, naquele que foi o seu primeiro sinal de vida após semanas em que era desconhecido o seu paradeiro. Liu Xia, de 56 anos, tinha sido vista pela última vez em imagens divulgadas a 15 de Julho pelas autoridades chinesas, que a mostravam a assistir ao funeral do dissidente, que morreu dois dias antes. “Estou em convalescença no campo, fora de Pequim. Peço-vos que me dêem tempo para fazer o meu luto”, disse Liu no vídeo de um minuto publicado na sexta-feira no YouTube. Nas imagens, Liu Xia, que veste uma t-shirt e umas calças pretas, está sentada num sofá ao lado de uma mesa baixa e tem um cigarro aceso na mão. “Voltarei a ver-vos um dia em melhor forma. Quando Xiaobo estava doente, os médicos fizeram tudo que podiam. Xiaobo via a vida e a morte de forma simples. Tenho de dar o meu melhor para me reajustar. No futuro, quando tiver melhorado em todos os aspectos, estarei novamente convosco”, afirma. Liu Xiaobo morreu de cancro no dia 13 de Julho, aos 61 anos, num hospital chinês, semanas depois de ter sido colocado em liberdade condicional por motivos de saúde. Liu tinha sido condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” por ter apelado a reformas democráticas na China. Após o funeral do marido, Liu Xia “foi mantida em isolamento pelas autoridades chinesas num local desconhecido”, afirmou o advogado norte-americano do casal, Jared Genser, numa denúncia apresentada à ONU. As autoridades chinesas nunca reconheceram que ela estivesse privada de liberdade. Liu Xia esteve em prisão domiciliária no seu apartamento em Pequim desde que o marido obteve o Prémio Nobel da Paz em 2010.
Hoje Macau China / Ásia MancheteLiu Xiaobo | Corpo cremado e cinzas atiradas ao mar Os admiradores de Liu Xiaobo não terão um local onde lhe prestar homenagem. As suas cinzas foram atiradas ao mar. A família agradeceu ao Governo pela sua “humanidade”. Ai Weiwei considerou a cerimónia “repugnante” e “uma violação do respeito devido aos mortos”. [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] corpo Liu Xiaobo foi cremado numa “cerimónia simples”, em que compareceram família e amigos, e as cinzas atiradas ao mar neste sábado, horas depois da cremação. Foi o seu irmão mais velho, Liu Xiaoguang, que fez este anúncio durante uma conferência de imprensa organizada pelas autoridades, que controlaram de perto o funeral. Liu Xiaobo foi cremado “conforme a vontade dos membros de sua família”, anunciaram as autoridades. O governo chinês divulgou fotos mostrando a viúva, a poetisa Liu Xia, ao lado de seu irmão e do irmão de Liu Xiaobo, rodeados de amigos, diante de corpo do dissidente cercado de flores brancas. A dispersão das cinzas do Nobel da Paz implica que ele não terá sepultura onde parentes, amigos e admiradores possam prestar homenagem. “As autoridades temem que se alguém tão emblemático como Liu Xiaobo tiver um túmulo, transformar-se-á em local de peregrinação para os seus simpatizantes”, declarou à AFP Ye Du, dissidente ligado à família. O artista e dissidente chinês Ai Weiwei, que vive em Berlim, tuitou uma foto do funeral, definindo a cerimónia como “repugnante” e “uma violação do respeito devido aos mortos”. Mas Liu Xiaoguang defendeu esta opção, defendeu o sistema socialista e agradeceu às autoridades pela sua humanidade e colaboração. “Tudo reflecte a vantagem do sistema socialista” e que “os principais especialistas do país e do exterior se reuniram para o tratamento de Liu Xiaobo”, disse Liu. “Em nome dos outros membros da família Liu Xia e Liu Xiaobo, gostaria de agradecer cada vez mais o cuidado humanista do Partido e do governo”, concluiu Liu Xiaoguang. Não é possível verificar a sinceridade destas palavras, pois as autoridades têm exercido desde o início do drama um severo controlo das informações vinculadas a Liu e pessoas próximas. A imprensa não pôde fazer perguntas ao irmão do dissidente ao final da declaração. O professor Markus M. Buachler, da Universidade alemã de Heidelberg, e o professor Joseph M. Herman do US MD Anderson Cancer Center, foram convidados para assistir ao tratamento. Liu Yunpeng, médico assistente de Liu Xiaobo, disse que o hospital fez todo o possível para tratar o paciente, incluindo 25 consultas conjuntas do hospital, cinco consultas conjuntas envolvendo especialistas chineses e uma que envolveu especialistas internacionais. Liu Xiaobo morreu aos 61 anos, depois de ter passado mais de oito na prisão, condenado por subversão pelo seu trabalho como ativista pelos direitos humanos e por reformas na República Popular da China. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis. Após a sua morte, os olhares voltam-se para a sua esposa, Liu Xia, em prisão domiciliar desde 2010. A ex-poetisa e fotógrafa foi autorizada a visitar seu marido no hospital antes de seu falecimento, mas seus contactos com o mundo exterior são muito restritos. “Até onde sei, Liu Xia é livre”, afirmou Zhang Qingyang, dirigente da municipalidade de Shenyang, sem dar mais detalhes. Essa declaração foi questionada por pessoas próximas, que continuam sem ter contacto com Liu Xia. Em Hong Kong, milhares de pessoas fizeram uma manifestação com velas na mão para prestar homenagem a Liu. Desde a chegada ao poder do presidente Xi Jinping, no final de 2012, a repressão política na China aumentou. Além de reprimir defensores dos direitos Humanos, o governo também perseguiu seus advogados, prendendo dezenas de juristas e militantes. Pequim considera entrega do Nobel a Liu uma blasfémia Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) disse que Liu Xiaobo era um peão do Ocidente, cujo legado desaparecerá em breve. Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, afirmou que Liu teve uma “vida trágica”, porque tentou confrontar a sociedade chinesa com apoio de fora. O Global Times considerou que os últimos dias de Liu foram “politizados por forças estrangeiras”, que usaram a doença de Liu para “promoverem a sua imagem e demonizarem a China”. A questão dos direitos humanos é uma fonte de persistente tensão entre o Governo chinês e os país europeus e Estados Unidos, que tendem a enfatizar a importância das liberdades políticas individuais. Para as autoridades chinesas, “o direito ao desenvolvimento é o mais importante dos direitos humanos” e o “papel dirigente” do Partido Comunista, no poder desde 1949, é “um principio cardial”. “Na história da China, nenhum dos heróis foi delegado pelo Ocidente. A posição e valor de alguém na História será decidida pelos seus esforços e persistência para o desenvolvimento do país”, concluiu o jornal. Por seu lado, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang afirmou que a atribuição do Nobel da Paz em 2010 a Liu Xiaobo, foi uma blasfémia. “Atribuir a distinção a tal pessoa contraria o propósito deste prémio. O Nobel da Paz foi blasfemado”, acusou em conferência de imprensa. Vários países criticaram Pequim pela morte do dissidente, depois de se terem oferecido para dar tratamento médico a Liu. Geng revelou que Pequim protestou junto dos Estados Unidos e do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, pelos “comentários irresponsáveis” sobre a morte do dissidente. Por isso, a China disse também que enviou protestos diplomáticos a vários países, entre os quais os Estados Unidos, por “comentários irresponsáveis” sobre o caso de Liu Xiaobo. “Apresentámos protestos a alguns países para mostrar o nosso descontentamento”, afirmou Geng Shuang. Geng detalhou que entre os destinatários dos protestos constam os EUA e o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein. França e Alemanha também figuram da lista. O porta-voz chinês condenou os países que criticaram a forma como a China lidou com Liu, considerando que as críticas “têm fins ulteriores” e “não têm base nenhuma”, constituído uma “interferência” nos assuntos internos do país. Entretanto, Taiwan também não ficou sem uma resposta directa. Um porta-voz de Pequim disse que “os ataques arbitrários repetidos do Partido Progressista Democrático (PPD) de Taiwan e de sua líder contra a parte continental são comportamentos perigosos”, refere a Xinhua. “As autoridades de Taiwan e o PPD fizeram comentários imprudentes sobre o sistema político da parte continental depois da morte de Liu Xiaobo causada por um cancro”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado. Ma referiu ainda que Liu foi condenado por violar a lei chinesa. Após o diagnóstico de cancro no fígado, os departamentos e instituições médicas da China fizeram todos os esforços para tratar Liu humanamente conforme a lei, insistiu. Ma disse que o PPD e a sua líder deixaram cair o véu de “manter a actual situação”, atacaram repetidamente a parte continental e agravaram os conflitos através do Estreito, tentando recuar nas relações, provocando para tensão e turbulência. “Este tipo de comportamento é muito perigoso”, explicou Ma. “Manipulação política, mudança do enfoque e enganar as pessoas não terão sucesso”, concluiu Ma.
Hoje Macau PolíticaLiu Xiaobo | Novo Macau homenageou activista e prémio Nobel Foram poucos os que participaram na vigília de sexta-feira promovida pela Associação Novo Macau, que homenageou o prémio Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, falecido com cancro. Nas ruas sentiu-se a tristeza e lembrou-se a liberdade [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]risteza e indignação juntaram na sexta-feira dezenas de pessoas no largo do Leal Senado para uma homenagem ao activista chinês Liu Xiaobo, que morreu na quinta-feira de cancro, sob custódia das autoridades chinesas, após oito anos de prisão. “Ele estava a lutar pela democracia na China, pelo seu povo, e foi isto que recebeu em troca. Uma pessoa que não é violenta, que usa a sua vida para lutar pelo que acredita, recebeu isto”, disse à agência Lusa Mee Fong, de 58 anos, de Hong Kong, referindo-se ao seu encarceramento e impedimento de sair da China para procurar assistência médica para o cancro no fígado. Sentimento semelhante foi manifestando por Ching, de 39 anos: “Juntei-me à vigília porque respeito muito Liu, as suas acções, que são muito pacíficas. Concordo com o que ele queria fazer”. Ching, que vive em Macau mas é de Taiwan, diz ter muito presente o papel do Nobel da Paz durante os protestos de Tiananmen, onde negociou a libertação de centenas ou milhares de estudantes. Mas foi a continuação do seu trabalho de promoção dos valores democráticos que veio cimentar o seu respeito. “A continuação das suas acções por tantos anos, sob tanta pressão do Governo, é algo muito raro. O Governo (chinês) não pareceu disposto a dar-lhe assistência médica adequada. Ele venceu o Prémio Nobel da Paz e acho que devia ter sido muito mais bem tratado”, disse. A vigília foi convocada pela Associação Novo Macau, a maior organização pró-democracia do território, que fez um minuto de silêncio às 17:35, hora a que as autoridades disseram que Liu Xiaobo morreu. Fotos a preto e branco A associação colocou uma fotografia a preto e branco de Liu, junto a uma cadeira onde repousava o “Carta 08”, o seu manifesto democrático, assinado por centenas de intelectuais, que lhe valeu uma condenação a 11 anos de prisão por subversão. Um painel branco compunha a instalação, onde as pessoas podiam deixar mensagens. Em inglês podia ler-se “Mourning for Liu Xiaobo” (“De luto por Liu Xiaobo”). Izzie, de 25 anos, não conseguiu convencer os amigos a participar, mas fez questão de ir. “Acho que temos de vir aqui e dizer ao Governo que fazer isto não é bom, não é justo”, disse. Apesar de considerar que Macau “tem algum espaço livre” para divulgar a luta de Liu Xiaobo, Izzie disse que “muito poucas pessoas sabem o que lhe aconteceu” e que a maioria “apenas aproveita Macau e não quer saber nada sobre política”. Sentada num banco, atenta aos discursos da Novo Macau, uma residente com “mais de 50 anos”, hesitou em falar, mas acabou por aceitar sob anonimato. “Fiquei muito triste, dói aqui”, disse, apontando para o coração. “Só queria estar aqui, homenageá-lo, lembrá-lo por ter lutado pela liberdade de falar”, afirmou, emocionada. Sobre a fraca adesão à vigília, admitiu que “as pessoas de Macau não querem fazer as coisas muito abertamente, é um sítio muito pequeno, toda a gente tem medo de perder o emprego”. Questionada sobre se também não sente medo, respondeu: “Também tenho, mas não muito porque já tenho idade para não me preocupar. Mas estou satisfeita porque trabalho numa escola e falámos sobre isto com estudantes e professores. É uma escola católica e rezámos pela alma dele. Algumas pessoas ainda têm coração”. Ai a liberdade O presidente da Associação Novo Macau explicou que a iniciativa foi organizada para exigir “democracia e liberdade, em Macau e na China”. Apesar de não ter juntado muitas pessoas, a vigília atraiu atenção, já que, localizada junto à igreja de São Domingos, perto a principal praça de Macau, é local de passagem frequente, tanto de residentes como de turistas. “Acho que muitas pessoas, especialmente os turistas da China, podem não saber da notícia. Somos uma região administrativa especial, temos liberdade de expressão e de imprensa, queremos levar essa liberdade aos chineses e partilhar a história de Liu”, afirmou. Sulu Sou disse não tomar a liberdade de Macau como garantida. “Perdê-la é muito fácil, preocupo-me com isso. Lutamos por um bocadinho de democracia em Macau e é muito difícil. Perder a liberdade de expressão, de imprensa, a liberdade de não ter medo, é muito fácil”, afirmou. “Ontem os chineses souberam que Liu morreu e quatro deputados do campo pró-democracia (foram afastados em Hong Kong). Preocupamo-nos que a liberdade se esteja a perder muito rapidamente. É muito triste”, comentou, referindo-se à decisão de um tribunal de Hong Kong de afastar do cargo quatro deputados eleitos pela população. Liu Xiaobo morreu aos 61 anos, na província de Liaoning, onde estava hospitalizado. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis.
Hoje Macau China / Ásia MancheteLiu Xiaobo (1955-2017) | A morte de um Nobel [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] dissidente chinês Liu Xiaobo morreu ontem aos 61 anos, anunciaram as autoridades da província de Liaoning, onde o Nobel da Paz de 2010 estava hospitalizado com cancro do fígado. Liu Xiaobo esteve detido mais de oito anos por “subversão”. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis. Liu Xiaobo foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por subversão, depois de ter exigido reformas democráticas na China e um dos autores de um manifesto, a “Carta 08”, que defendia o respeito pelos direitos humanos e a realização de eleições livres. Pedido de libertação de Liu Xiaobo num protesto em Hong Kong. Foto: HM Em 2010 foi distinguido com o Nobel da Paz e na cerimónia de entrega do prémio, em Oslo, uma cadeira vazia representou Liu, já sob detenção. A 26 de Junho último, o dissidente foi colocado em liberdade condicional e hospitalizado, devido a um cancro no fígado em fase terminal, diagnosticado em maio. Os últimos exames realizados em Shenyang mostravam que o tumor tinha aumentado de tamanho. Liu sofria ainda de insuficiência renal, de acordo com o hospital, que a 8 de Junho, declarou que o doente não podia ser transferido para o estrangeiro, contrariando a vontade de Liu Xiaobo de ser tratado fora da China. Os médicos norte-americano e alemão que observaram o dissidente chinês tinham pedido que fosse transferido “o mais depressa possível”. Várias organizações de defesa dos direitos humanos e próximas de Liu criticaram Pequim por ter esperado por uma deterioração do estado de saúde para colocar o dissidente em liberdade condicional, mas as autoridades afirmaram que ele estava a ser tratado por médicos especialistas reputados. Longe de ser um gesto humanitário, a libertação de Liu foi decidida para evitar uma imagem desastrosa para Pequim: a morte de um dissidente famoso atrás das grades, de acordo com a associações de defesa dos direitos humanos. Liu Xiaobo foi detido pela primeira vez por ligação aos protestos de 1989 na praça de Tiananmen. Na altura professor em Pequim, participou em 1989 no movimento pró-democracia da praça Tiananmen, desencadeado pelos estudantes, e foi detido após a repressão violenta do movimento, tendo passado um ano e meio na prisão sem nunca ter sido condenado. Encarcerado num campo de reeducação “pelo trabalho” entre 1996 e 1999 e afastado da universidade, Liu tornou-se um dos animadores do Centro Independente Pen China, um grupo de escritores. A China era há muito criticada pelo tratamento dado aos militantes e opositores políticos, mas desde a chegada ao poder do Presidente Xi Jinping, no final de 2012, que a pressão sobre a sociedade civil aumentou. Em Julho de 2015, mais de 200 advogados e defensores dos direitos humanos foram interpelados pela polícia. A maioria foi posteriormente libertada, mas seis foram condenados no ano passado a penas de até sete anos de cadeia. Os tribunais chineses têm uma taxa de condenações de 99,92% e os inquéritos avançam muitas vezes com base em confissões obtidas sob tortura. A mulher de Liu Xiaobo continua, desde 2010, sob detenção domiciliária. De acordo com Patrick Poon, da organização Amnistia Internacional, Liu Xia nunca foi acusada formalmente de qualquer crime.
Hoje Macau China / ÁsiaLiu Xiaobo | Governo chinês não cede a pressões [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) disse ontem que a China é agora mais “forte e segura” e “não cederá” perante a pressão internacional no caso do Nobel da Paz Liu Xiaobo, que está hospitalizado. Após as petições internacionais a Pequim para que liberte e deixe sair Liu do país, o jornal considera que “forças” do ocidente estão a politizar o caso. “As autoridades tiveram em conta os sentimentos da sociedade ocidental e não têm qualquer intenção de utilizar Liu como moeda de troca”, apontou o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Condenado em 2009 a uma pena de 11 anos de cadeia por subversão, Liu Xiaobo, 61 anos e prémio Nobel da Paz 2010, foi colocado em liberdade condicional em meados de Junho após lhe ter sido diagnosticado, em Maio, um cancro no fígado em fase terminal. Desde então, o dissidente está internado, sob vigilância, no hospital universitário n.º 1 de Shenyang, na província Liaoning, nordeste da China. Os Estados Unidos e a União Europeia e organizações de defesa dos Direitos Humanos têm apelado a Pequim para que deixe Liu e a sua família procurar tratamento médico no estrangeiro. O Governo, no entanto, defende que o dissidente está a receber o melhor tratamento médico possível na China. Pequim permitiu este fim de semana que dois médicos da Alemanha e EUA pudessem ver o paciente. O Global Times recorre às declarações de um dos especialistas para argumentar que Liu não deve sair do país. O diário cita o médico alemão que diz não crer que Liu possa receber na Alemanha melhor tratamento médico do que o que está a receber na China. O vídeo difundido pela imprensa chinesa, no entanto, dura apenas alguns segundos e está claramente editado, de forma a mostrar apenas essas declarações. As declarações do médico norte-americano, Joseph M. Herman, não foram, entretanto, reproduzidas. “A questão é, se os médicos chineses estão a fazer bem e os médicos alemães não podem fazer melhor, e tendo em conta que existem riscos em transportar o paciente, porque é que determinadas forças fora da China insistem em dar tratamento médico no estrangeiro e em pressionar o Governo chinês”, questiona o editorial. “Trata-se do tratamento médico de Liu? Parece que não”, afirma.
Hoje Macau PolíticaNg Kuok Cheong pede libertação de Liu Xiaobo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong enviou ontem um comunicado em que apela à libertação de Liu Xiaobo. O Nobel da Paz encontra-se em estado crítico, devido a um cancro no fígado. O pró-democrata de Macau entende que chegou a hora de deixar o dissidente chinês sair em liberdade, para que possa ser tratado no local que desejar. Na carta enviada às redacções, Ng Kuok Cheong escreve que Liu Xiaobo tem insistido, ao longo dos anos, que a luta que levou a cabo pela democracia não tinha como alvo as pessoas que fazem parte do regime, mas sim o próprio regime. “Apesar de ter sido detido várias vezes, rejeitou ser invadido pelo ódio, o que o levou a merecer o Nobel da Paz em 2010”, prossegue o deputado à Assembleia Legislativa. Foto: Reuters Ng recorda depois o percurso do dissidente chinês, condenado a uma pena de 11 anos de prisão em 2009. No mês passado, foi tornado público que lhe tinha sido diagnosticado um cancro de fígado em estado terminal. Além da libertação sem limitações de Liu Xiaobo, que foi transferido da prisão para um hospital, o pró-democrata de Macau pede que seja dada autorização a Liu Xia, mulher do dissidente, para que possa acompanhar o marido no tratamento. O deputado defende ainda que se investiguem as circunstâncias em que esteve detido o Nobel da Paz, para se averiguar se teve acesso a tratamento de forma atempada. O hospital onde Liu Xiaobo se encontra internado afirmou ontem que o dissidente se encontra em “estado crítico”. “A equipa nacional de especialistas pensa que o paciente está num estado crítico”, indicou num comunicado o hospital de Shenyang, no nordeste da China, declarando-se pronto a transferir o defensor dos direitos humanos para os cuidados intensivos caso seja necessário. Condenado por subversão, Liu Xiaobo, de 61 anos, foi colocado em liberdade condicional após lhe ter sido diagnosticada a doença. O activista, intelectual e dissidente foi detido por ter participado na redacção de um manifesto conhecido por “Carta 08”, em que se exigiam reformas fundamentais no regime de Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaMédicos estrangeiros convidados para examinar saúde de Liu Xiaobo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China convidou médicos estrangeiros para examinar o estado de saúde do Nobel da Paz Liu Xiaobo, recentemente colocado em liberdade condicional e hospitalizado devido a um cancro, anunciaram ontem as autoridades chinesas. “A pedido da família de Liu Xiaobo”, o hospital de Shenyang (nordeste da China), onde está hospitalizado o dissidente, “convidou os principais especialistas mundiais em cancro do fígado, dos Estados Unidos, da Alemanha, e de outros países, para se deslocarem à China” para o examinar, indicou em comunicado o gabinete dos assuntos judiciários de Shenyang. O activista foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por subversão. Vários países tinham pedido a Pequim para autorizar Liu Xiaobo a viajar para o estrangeiro para tratamento médico, um pedido também manifestado por organizações não-governamentais e de defesa dos direitos humanos. Também em Hong Kong, na semana passada, durante a visita à cidade do Presidente chinês, Xi Jinping, foram realizados vários protestos a pedir a libertação incondicional do activista chinês e da mulher, Liu Xia, colocada em prisão domiciliária em 2010, depois da atribuição do Nobel ao marido, embora nunca tenha sido acusada de qualquer crime.
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador americano quer Liu Xiaobo tratado no estrangeiro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo embaixador dos Estados Unidos na China reiterou nesta quarta-feira o “desejo” de que Liu Xiaobo, vencedor do Nobel da Paz em 2010, recentemente libertado, possa viajar ao exterior para receber tratamento médico. O embaixador Terry Branstad, que conhece o presidente chinês Xi Jinping, chegou a Pequim um dia depois da libertação de Liu Xiaobo, vítima de um cancro no fígado em fase terminal. “Os nossos pensamentos estão com ele e a sua mulher e estamos dispostos a fazer o que pode ser feito para ver se é possível”, afirmou o diplomata americano a respeito de uma viagem ao exterior. “Como americanos gostaríamos que ele tivesse a oportunidade de receber tratamento em outro lugar, caso isto o ajude”, completou. Liu Xiaobo foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” depois de assinar a Carta 8, que defendia uma democracia pluralista na China. O advogado do dissidente, Mo Shaoping, afirmou à AFP que, em tese, as pessoas em liberdade condicional não podem viajar ao exterior. Mas explicou que a possibilidade existe se, como prevê a lei chinesa, Liu for considerado um “caso especial”. O jornal Global Times, ligado ao governo, considerou nesta quarta-feira que um exílio do dissidente poderia “estimular ainda mais os ataques da opinião pública ocidental contra a China”. “Mas, por outro lado, o Ocidente teria menos interesse nele se deixasse a China”, completa o jornal. Terry Branstad, 70 anos, ex-governador do estado de Iowa, conhece o presidente chinês desde 1985, quando Xi Jinping, na época um jovem dirigente, fez uma viagem de estudos aos Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaLiu Xiaobo | Pequim critica “observações irresponsáveis” dos EUA A China apressou-se a responder aos apelos dos EUA sobre a situação de Liu Xiaobo, aconselhando o país de Trump a meter-se na sua vida. Taiwan também se juntou ao coro. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] República Popular da China criticou ontem “firmemente” as “observações irresponsáveis” dos Estados Unidos sobre Liu Xiaobo, Prémio Nobel da Paz 2010, em “liberdade condicional médica” devido a um cancro de fígado. Os Estados Unidos instaram a China a conceder “liberdade de movimentos” a Liu Xiaobo, 61 anos, hospitalizado devido a um cancro em fase terminal. Condenado em 2009 a uma pena de 11 anos de cadeia por subversão, Liu Xiaobo, foi libertado após lhe ter sido diagnosticado, no mês passado, um cancro no fígado em fase terminal, anunciou, na segunda-feira, o advogado Mo Shaoping. Liu Xiaobo estava na prisão de Jinzhou, em Liaoning, no norte do país e, segundo o Departamento da Administração das Prisões encontra-se sob regime de “liberdade condicional médica” no Hospital Número 1 da Universidade de Medicina da República Popular da China. “Nenhum país tem o direito de se ingerir ou de fazer observações irresponsáveis sobre os assuntos internos chineses”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Lu Kuang, durante uma conferência de imprensa em Pequim. “A China é um país que se rege pelo Estado de Direito, onde todos são iguais perante a lei. Todos os países devem respeitar a soberania judicial da China e não devem utilizar casos individuais para atitudes de ingerência”, disse Lu Kuang questionado sobre a posição manifestada pelos Estados Unidos sobre Liu Xiaobo. Apelo americano Uma porta-voz da embaixada norte-americana em Pequim disse à agência noticiosa France Presse que os Estados Unidos estão a tentar recolher mais informações sobre a situação de Liu Xiaobo, particularmente sobre o estado de saúde. “Apelamos às autoridades chinesas para que libertem Liu, mas também a mulher, Liu Xia, da prisão domiciliária de que é alvo”, sem nunca ter sido formalmente acusada de qualquer crime, afirmou. Liu Xia permanece em prisão domiciliária, em Pequim, desde 2010, privada de praticamente qualquer contacto com o exterior. Mesmo assim, a mulher de Liu Xiaobo deu a entender que o cancro no fígado de que padece o Nobel da Paz chinês é “inoperável”, num vídeo difundido na Internet, segunda-feira à noite. Ye Du, um amigo da família, confirmou a autenticidade da gravação, em declarações publicadas pelo jornal South China Morning Post, da Região Administrativa Especial de Hong Kong, acrescentando que o vídeo foi gravado nos últimos dois dias. Devido à situação de Liu Xiaobo, Taiwan pediu a Pequim para mostrar tolerância para com os activistas e a defender os direitos humanos. A República Popular da China deve garantir a “protecção dos direitos humanos básicos daqueles que pedem de forma pacífica reformas políticas e desenvolvimento democrático”, disse um porta-voz do presidente de Taiwan numa conferência de imprensa em Taipé. O dao de Liu Símbolo da luta pela democracia na China, Liu Xiaobo foi condenado depois de ter sido um dos promotores da chamada “Carta 08”, um manifesto a favor da introdução de reformas políticas democráticas e do respeito pelos direitos humanos no país, subscrito inicialmente por mais de 300 intelectuais, inspirado na “Carta 77” lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslováquia socialista. Professor de Literatura na Universidade de Pequim, escreveu sobre a sociedade e a cultura chinesas, centrando-se na democracia e nos direitos humanos e era influente no meio intelectual. Liu foi um dos animadores do movimento estudantil pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989, tendo estado preso durante 21 meses após a violenta repressão dos protestos. Em 1996, foi condenado a três anos de “reeducação através do trabalho”, em resultado de mais acções de luta pelos direitos fundamentais. Foi novamente detido a 8 de Dezembro de 2008, dois dias antes da publicação, por ocasião do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da “Carta 08”, embora a data formal da detenção tenha sido 23 de Junho de 2009, por suspeita de “alegadas acções de agitação destinadas a subverter o Governo e derrubar o sistema socialista”. Em 9 de Dezembro de 2009 foi oficialmente acusado de “incitar à subversão do poder do Estado” e no dia 25 do mesmo mês, após um julgamento que não cumpriu os padrões processuais internacionais mínimos, foi condenado a uma pena de 11 anos de cadeia. A Academia Nobel atribuiu-lhe em 8 de Outubro de 2010 o galardão da Paz, em reconhecimento da “longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China”.
Hoje Macau China / ÁsiaNobel da Paz | Liu Xiaobo libertado após diagnóstico de cancro terminal [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] prémio Nobel da Paz chinês, Liu Xiaobo, foi libertado da prisão depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro no fígado em fase terminal no mês passado, anunciou ontem o seu advogado. “Há cerca de um mês que está a ser tratado no hospital de Shenyang [na província de Liaoning, nordeste da China]. Não tem nenhum projecto em particular. Está apenas a receber tratamento”, disse, citado pela agência France Press, o advogado Mo Shaoping, precisando que Liu Xiaobo recebeu o diagnóstico no passado dia 23 de Maio e foi libertado alguns dias mais tarde. Liu está preso em Jinzhou desde 2009, acusado de tentar “subverter as instituições do Estado” por ter participado na elaboração da Carta 08, um documento que celebrava o 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Em 2010, o escritor foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, tornando-se na terceira pessoa a receber o prémio durante o cumprimento de uma pena de prisão, depois do alemão Carl von Ossietzky, em 1935, e a birmanesa Aung San Suu Kyi, em 1991. A atribuição do Nobel a Liu foi muito mal recebida pelas autoridades chinesas, que censuraram todas as notícias sobre o assunto e desencadearam uma onda de repressão contra outros activistas. A mulher do escritor, Liu Xia, está desde 2010 detida em prisão domiciliária, embora nunca tenha sido formalmente acusada. “As autoridades devem imediatamente e de forma incondicional levantar todas as restrições à sua mulher e permitir que os dois se voltem a encontrar o mais depressa possível”, afirmou o investigador da Amnistia Internacional, Patrick Poon, citado pelo The Guardian.