Publicidade ilegal | Lei eleva multa máxima para 100 mil patacas

O Governo apresentou uma nova lei que, além de regulamentar pela primeira vez a actividade dos influenciadores, duplica a multa máxima por publicidade ilegal para 100 mil patacas. O novo diploma vem actualizar um regime legal com mais de três décadas

A multa mais avultada para quem fizer publicidade ilegal aumentou para 100 mil patacas com a nova lei que irá regular o sector e, pela primeira, a actividade dos chamados influenciadores digitais. O porta-voz do Conselho Executivo, Wong Sio Chak, sublinhou, numa conferência de imprensa, que a actual lei da actividade publicitária, do tempo da administração portuguesa, “tem já mais de 30 anos, é necessário alterar as sanções ou multas”.

A chefe do Departamento de Licenciamento e de Inspecção da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) revelou que a multa máxima, por “violar o princípio da licitude”, será de 100 mil patacas. Choi Sao Leng referiu que passará a ser ilegal fazer publicidade usando o nome da República Popular da China (RPC) ou da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), assim como “imagens de funcionários ou dirigentes públicos”.

Recorde-se que em Abril, a polícia denunciou a existência de vídeos falsos feitos com tecnologia de inteligência artificial para colocar Ho Iat Seng, líder do Governo entre 2019 e 2024, a promover um suposto investimento. Choi Sao Leng sublinhou que será também proibida a publicidade que possa “prejudicar a imagem da RPC ou da RAEM, prejudicar a imagem de outros países ou prejudicar o interesse público”.

A lei, que segue agora para a Assembleia Legislativa, irá, pela primeira vez, regulamentar a actividade dos influenciadores, incluindo o ‘live marketing’, que envolve a interacção em tempo real com o público.

Choi garantiu que, “quando um embaixador publicitário ou influenciador usar a sua imagem para divulgar um produto”, também vai “assumir uma determinada responsabilidade”. A dirigente acrescentou que os influenciadores terão de esclarecer “qual a relação de contrato com o produto” e se “assinaram um contrato para vender” um produto ou serviço.

Verdadeiras intenções

Em Julho, aquando do arranque de uma consulta pública sobre a proposta de lei, o director da DSEDT, Yau Yun Wah, disse que os influenciadores terão de usar primeiro os produtos que apoiam, para garantir o cumprimento do requisito de veracidade.

Para “optimizar ainda mais o ambiente de negócios”, a lei elimina a necessidade de obter uma avaliação e parecer vinculativo do Instituto Cultural (IC) para colocar publicidade em edifícios protegidos, disse Wong Sio Chak.

Mas, horas antes, a presidente do IC, Deland Leong Wai Man, prometeu que a proposta não irá afectar a salvaguarda do património cultural do território. “Não reduzimos a protecção do património e vamos continuar a proteger as ruas pitorescas”, garantiu a também líder do Conselho do Património Cultural de Macau, numa conferência de imprensa. “Há aspectos que já não precisam do parecer do IC”, explicou Leong.

14 Nov 2025

Governo analisa actualização à lei da publicidade há 13 anos

No dia 18 de Junho de 2010, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça indicava que, “no futuro”, o Governo iria actualizar a legislação que regula a publicidade, nomeadamente a uma lei que data de 1989, através de “uma lei unificada”. Estava a RAEM a entrar no primeiro mandato de Chui Sai On enquanto Chefe do Executivo.

Volvidos quase 13 anos da promessa de legislar a publicidade, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, afirmou no passado dia 18 de Abril que o Executivo “necessita ainda, nesta fase, de realizar um estudo mais aprofundado”.

A situação foi trazida de volta à ordem do dia pelo deputado Pereira Coutinho, através de uma interpelação escrita divulgada ontem.

Coutinho revela que desde o estabelecimento da RAEM tem recebido queixas e opiniões de residentes por questões relacionados com lacunas e desajuste das leis que regem a publicidade, “nomeadamente no que concerne a situações de publicidade enganosa”.

Como a revisão da lei tarde, o deputado da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pergunta para quando será esperada alguma acção. “Qual o limite temporal para a finalização do ‘estudo mais aprofundado’ sobre a revisão da desactualizada legislação da Actividade Publicitária e qual a calendarização para a implementação de um autêntico código da publicidade na RAEM, cuja elaboração foi objecto de compromisso desde Junho de 2010?”

Estudar a matéria

O Governo afirmou há sensivelmente dois anos que teria de ouvir a sociedade sobre o tema. Coutinho pergunta também “quais foram os sectores da sociedade auscultados e que súmula de opiniões foram recolhidas até a presente data, incluindo o resultado da pesquisa de opiniões dos residentes”. Além disso, o deputado pergunta também se foram tiradas conclusões das opiniões recolhidas.

Uma vez que a matéria tem merecido uma aprofundada análise, Coutinho questiona “que trabalhos e estudos comparativos foram desenvolvidos pelo Governo no âmbito dos trabalhos sobre a revisão publicitária”.

O deputado da ATFPM sublinha a importância de definir princípios estruturantes da actividade publicitária e a sua implicação nos direitos fundamentais dos consumidores, nomeadamente através de regras mínimas dos direitos e deveres dos anunciantes, agentes publicitários e respectivos destinatários. A inexistência de regras pode levar a “situações enganosas ou atentatórias dos direitos do cidadão consumidor”, permitindo “desvirtuar o próprio e intrínseco mérito da actividade publicitária”.

2 Mai 2023