António Cabrita Diários de Próspero VozesBeat: mais do que um dizer Há uma passagem em “Pela Estrada Fora”, do Kerouac, em que os dois compinchas que estão à boleia, O Dean e o Sal, decidem que a partir desse troço mudarão não só de tópico como de estilo de conversa de cada vez que cruzarem um candeeiro, deixando «a mente saltar ao acaso do galho ao pássaro» (Kerouac). Este método de exercitar a imaginação sempre me fascinou e vim reencontrá-lo aqui, nestes escritos poéticos cheios de surpresas e de curto-circuitos; este testemunho/testamento em forma de cântico devolve-nos essa “indeterminação quântica”, que julgávamos dissipada no horizonte da poesia. Aliás, espanta no livro a energia que sustenta um fôlego pouco habitual e se aguenta na maior parte destas trezentas e sessenta páginas. Entretanto, uma das razões porque sempre nos demos bem, às tantas o Luís Filipe Sarmento, motivado pela alegria que lhe é inerente, vaticina: «Deixo os Apocalipses para os apóstolos da Derrota», o que é corroborado na página 251, onde se grafa: «A alegria é um repelente contra as ditaduras». Para quem julgue que isto não passa de uma boutade, de um slogan poético, refira-se, está documentado pela neuro-ciência como o sentimento da alegria abre o espaço. Falamos de uma mutação da percepção, evidentemente. E quando se abre o espaço as coisas que nele estão contidas não se organizam de uma maneira diferente, REORGANIMAM-SE, para usar um dito do pintor Roberto Matta, significando que a alteração que se introduziu aí na relação entre o espaço e as figuras não é apenas de nível sintáctico e antes supõe uma translacção simbiótica ou uma plasticidade metamórfica: «E ao espelho vi Kafka no berço de Dante». Daí que poucas páginas depois de nos ter falado da alegria, defenda o Sarmento: «O caos é a fonte poética da sublevação». Sim, o caos REORGANIMADO pela alegria que lhe dá a chave, uma pauta. Este livro, escrito aos 64, 65 anos, na leitura mais linear que dele se tenha, tece uma homenagem aos ícones literários de uma geração – o Ginsberg, o Kerouac, o Ferlinghetti, a Diana de Prima, o Gregory Corso, o William Carlos Williams e o Jack Hirschman (com quem o Luís Filipe privou), sendo cada um deles o motor dos diferentes capítulos – , os quais, mais do que remeterem para as descobertas da sua juvenília aparecem como expoentes de uma linhagem que, muito para além do seu modismo epocal, imprimiram certas práticas de escrita e de vida que continuam a ser pregnantes para tantos. Contudo, a densidade de “Beat”, com os vários estratos discursivos que se alternam e dialogam, polifonicamente, permite dilucidar outra leitura que é a do livro ser igualmente, como quem não quer a coisa, um ensaio sobre o tempo e a tensão que nasce das suas polarizações: «Tudo o que nos separa do dia seguinte é composto de ilusão e de desconfiança, de crença e luta infinita. Recuso as leis do manicómio. E o dia seguinte chega com diferentes repetições de expectativa» (pág.151) Neste livro celebra-se a escrita, precisamente como um acto de luta contra a matéria temporal, colocando-a em contramão e obrigando o Tempo a situar-se fora de si, em novas transparências que originam poros no seu tecido; a pulsão poética instaura no Tempo esse gesto detonador que traz «a surpresa do minuto seguinte». Levar o Tempo a surpreender-se a si mesmo é, em LFS, a luta contra o destino, o que gera inclusive o fantástico paradoxo descrito na pág. 198: «Escrever é ter o instinto do infinito, do inacabável (…) é o que nunca acaba (…) Quando se acaba continua-se a escrever na imaginação dos outros». Bela vingança ontológica que subtrai ao Tempo os seus trunfos. Creio surpreender outro motivo para que este “Beat” nos gratifique: tudo o que a geração beat nos ensinou – a imaginação que se gemina com a responsabilidade (numa perspectiva salvífica), os valores da dignidade do inaparente; a consonância entre a vida e a arte, num acordo entre a ética e a estética – isso que hoje se ensombra, em risco de dissipar-se, realça-se neste “Beat” com um inescapável furor político, o que o torna, além de contingente, necessário. É um livro híbrido, como diz o autor, e de tal modo que a sua prefaciadora, Graça Capinha, o lê como “uma autobiografia-poema-ensaio-testemunho-panfleto” e contém, nos seus cerca de 500 fragmentos de prosa poética, o pulsar de uma geração; a que apanhou de chofre o 25 de Abril à saída da adolescência ou nas primícias de ser adulto, e que mergulhou nessa latejante simbiose (a que conjugava os surrealistas, os poetas beats, a pop arte e o pensamento libertário). Uma geração de excessos, embora, uma das coisas que me agrada no livro, Sarmento não faça disso heroicidade, navegando pelo contrário numa margem ambivalente, que tanto sagra as euforias conquistadas (ao amorfo país que saía do fascismo) como critica algumas toxidades. Este livro alegra-nos, além disso, por motivos pessoais. Diz o Luís Filipe: «A chegar aos sessenta e cinco anos de idade e ainda estou convencido de que só agora percorri metade do meu caminho», o que é muito animador. Refira-se ainda um último aspecto do livro, as golfadas de humor que às vezes surpreendem o leitor e que o agarram. Demos dois exemplos: «Quando estou vestido questiono o espírito. Quando estou nu não há uma única oração que me eleve»; «O que resta é esse sentido abissal e cortante do humor, ferindo a paisagem repleta de homens de joelhos, em busca de uma eternidade ajardinada». O resto é o amor que também ganha cidadania no livro: «Ganhámos a pele e friccionámo-la até o labor do fogo».
Hoje Macau h | Artes, Letras e Ideias“Como Henry Miller e Jack Kerouac nunca se conheceram!” [1987] [dropcap]C[/dropcap]omo Kerouac, aprendi a falar francês antes de inglês e, também como ele, fui um católico falhado. No caso de Kerouac, pode-se dizer que foi um católico falhado transformado em budista. Associei-me aos escritores Beat publicando-os. No início, eu não era membro da Geração Beat. Não os conheci na Universidade de Columbia ou em Nova Iorque, na década de 1940. Quando Allen estava no Colégio Columbia, em Nova Iorque, e pessoas como Burroughs e Corso estavam talvez em Times Square ou em qualquer outro lugar, eu morava em França com uma família francesa e ia para a Sorbonne. À época, não conhecia nenhum Americano e certamente nunca tinha ouvido falar de poetas Beat. Isso só aconteceu quando cheguei a São Francisco e abri a livraria City Lights com um amigo, em 1953. Os poetas reúnem-se naturalmente em livrarias e, mais cedo ou mais tarde, os poetas, os escritores Beat nova-iorquinos chegaram à City Lights. Foi assim que os conheci e que comecei a publicá-los. Primeiro foram Allen Ginsberg, Gregory Corso, Kenneth Rexroth (que não foi um membro da geração Beat; foi uma espécie de pater familias em São Francisco. Ele foi a mais importante figura tutelar de todos os poetas de São Francisco naqueles anos). Limitar-me-ei então à curta experiência que tive com o Jack. Não foi muito profunda – não o conheci muito bem. (Se soubesse que ele seria tão famoso, teria estado mais atento!) Conforme se conta nas várias biografias de Jack, foi apenas na Costa Oeste, e desde que vim para São Francisco, que os nossos caminhos se cruzaram. Por volta de 1960-61, reuni-me com o Jack e ele entregou-me o manuscrito de O Livro dos Sonhos. Fiz uma selecção, que é a que consta na edição publicada pela City Lights e que teve muitas reimpressões. Anos mais tarde, Ann Charters compilou um conjunto dos seus Poemas Dispersos, que está também publicado na City Lights. É dessa altura, do início dos anos 1960, quando O Livro dos Sonhos saiu, o meu primeiro contacto real com o Jack. Depois ele veio para oeste, basicamente para sair de Nova Iorque e para não beber tanto. A ideia era que ele chegasse ao aeroporto de São Francisco, no sul da cidade; eu deveria apanhá-lo lá e levá-lo directamente para sul, para a minha cabana em Big Sur, de modo a que ele não se envolvesse demasiado na cidade, a ponto de ser sugado para um qualquer bar, onde encontraria velhos amigos e começaria a beber. Aguardava então pelo seu telefonema na livraria, na City Lights, esperei várias horas até que, finalmente, há este ligeiro alvoroço. Ouço dizer que o Jack está na porta ao lado, no bar Vesúvio. Claro que se cruzara lá com velhos companheiros, mas estava combinado que, naquela noite, jantaríamos em Big Sur com o Henry Miller. De onde vivia, em Partington Ridge, Miller iria de carro até à costa, até Carmel Highlands, até à casa de um amigo chamado Effron Doner. Nós desceríamos até à costa, encontrando-nos para jantar. Bem, eram cerca de duas ou três horas da tarde e o Jack ainda estava a beber no bar ao lado, quando disse: “Bom, quanto tempo levamos até lá?” “Bem, são umas três horas de carro, Jack.” Então ele disse: “Temos muito tempo!” Num instante, são quatro horas e ele ainda bebe. São cinco horas e Jack diz: “Bem, vamos lá abaixo ligar, dizer-lhes que estamos um pouco atrasados”. Ligámos então às cinco horas e dissemos: “Só para dizer que estamos a sair agora, estaremos aí pelas oito, com certeza”. Isto continuou e, por volta das seis horas, ligámos novamente e dissemos: “Vamos sair agora”. Às sete, ainda andávamos pelo Vesúvio e telefonámos para dizer: “Está tudo bem? Podemos pôr-nos aí em duas horas; seja como for, indo na gáspea, estaremos aí pelas dez”. Enfim, acabei por desistir da ideia e o Jack nunca saiu do bar. De qualquer modo, parti, desci sozinho para Big Sur e fui para a minha cabana, bastante isolada naquilo que é ainda um desfiladeiro selvagem, sem electricidade. Por volta das três da manhã, o Jack chega de táxi. Segundo sei, vem num desde São Francisco, que fica a cerca de 150 milhas, e chega ao campo. O táxi só poderia ir tão longe nesta estrada de terra. O Jack começou a andar a pé para encontrar a minha cabana por volta das três da manhã. Não sei que horas eram; com a sua lanterna de guarda-freio nas linhas férreas, arrastou-se pelo prado tentando dar com a minha cabana. Bem, nunca a encontrou. Na manhã seguinte, fomos dar com ele desfalecido no prado. Dormia no prado aberto, com a lanterna ao lado. Tanto quanto sei, nunca conheceu Miller depois disso. Miller estava fortemente atraído pela escrita do Jack. Se pararmos para pensar, há muitos aspectos de Kerouac, alguns dos mesmos temas, que cativaram Miller verdadeiramente: a canção da estrada larga, uma imensa joie de vivre. Miller tinha esse entusiasmo pela vida, que era realmente a sua marca registada. O apelo do topo da montanha, o desejo de o alcançar; em Henry Miller, até uma ligeira atracção pelo Budismo, acreditem ou não. Também é possível comparar o Pela Estrada Fora, de Jack, com o Pesadelo de Ar Condicionado, de Miller. Sempre realista, Miller estava realmente cativado. Creio que mais do que qualquer outro dos livros de Jack, Os Vagabundos da Verdade foi o que mais o entusiasmou. Um aspecto mais. Quando se fala de Kerouac, refere-se amiúde Thomas Wolfe. E essa foi uma das principais empatias que tive com o Jack, uma afinidade com Thomas Wolfe. Eu próprio tinha estudado na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, porque Thomas Wolfe tinha ido para lá. Chamava-se Pulpit Hill, em Look Homeward Angel, de Thomas Wolfe, e por isso tive esse grande amor, especialmente por Look Homeward Angel, que era o livro de Wolfe de que o Jack mais gostava. Comecei a pensar na visão que Thomas Wolfe tinha da América. Era muito parecida com a visão da América tida pelo Jack. Acho que, actualmente, há um enorme ressurgimento do interesse em Kerouac, pelo menos nos Estados Unidos. Há uma nostalgia por uma América que foi realmente destruída. Uma América que agora existe apenas nas pequenas, destruídas estações rodoviárias Greyhound, nas abandonadas e poeirentas cidades dos arredores. Era uma visão arrebatadora da América que, no caso do herói de Thomas Wolfe, Eugene Gant, foi vista da janela de um comboio de alta velocidade. Em Kerouac, a visão foi a mesma, só que a partir da janela de um carro em movimento… tradução de: “How Henry Miller and Jack Kerouac never met!” in Un Homme Grand – Jack Kerouac at the Crossroads of Many Cultures (eds. Pierre Anctil, Louis Dupont, Rémi Ferland e Eric Waddell), Carleton University Press, Ottawa, 1990, pp. 69-72
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasBurroughs à presidência! [dropcap]T[/dropcap]rouxe para a quarentena os livros “certos”, mas a net dispersa-me, arrasta-me numa deriva que me faz sulcar textos e autores ao arrepio do planeado. Uma crónica do Roberto Bolaño provoca-me a vontade de reler A Revolução Electrónica, de William Burroughs, um livrinho de 1972. Como não tem mais do que sessenta páginas, baixei-o da net para o ler de imediato. As teses delirantes do autor de Refeição Nua assentam como uma luva na situação de hoje. Sobressaem três linhas de força: – a metáfora da adição como figura de toda a forma de controle; somos dominados pelos poderes do Estado e do mercado mediante a adição induzida às drogas, ao dinheiro, ao poder, ao consumo, ao sexo, e à palavra; – viciamo-nos nas palavras porque estas na verdade, como o sistema de que emanam, a linguagem, não nos são originariamente naturais: a linguagem é um vírus chegado de «um espaço exterior», não-humano, que nos invadiu e parasitou, tendo-nos inclusive provocado uma enfermidade viral que nos alterou a estrutura interna da garganta. Face a essa infecção que fez brotar em nós as cordas vocais – resultado dessa simbiose entre nós e o vírus – muitos morreram mas os que sobreviveram adquiriram a linguagem; – terceiro ponto a reter: o vírus pode ser maligno, mas como hospedeiros do vírus temos uma palavra a dizer, i.é, o seu efeito sobre nós depende também da energia que colocámos no seu “combate”, Burroughs atribuiu uma parte relevante ao papel do medo como detonador de outros vírus ou sintomas latentes no nosso corpo e que aproveitam o novo parasita para nos infernizar. Como ele o diz, se deixamos que o célebre “instinto de morte” freudiano nos persuada de que somos “uns derrotados” estamos fritos. Estes dois últimos pontos podem-nos servir de consolo ou de alavanca. É iniludível que o corona vai desencadear mutações no nosso sistema de vida que a prazo nos poderão ser favoráveis, desde que esta reiterada consciência do que seja a “biopolítica” reforce a urgência de nos empenharmos nas causas sociais e numa “nova aliança”, eco-ética. Esta crise, por outro lado, trouxe-nos respostas definitivas: o neo-liberalismo é o regime que menos nos defende, numa crise humanitária, e sabemos quem o representa. Em segundo lugar, lembra-nos: as instâncias inconscientes e simbólicas tanto regem a nossa relação com o corpo como a sua saúde, eis um convite a que exorcizemos os nossos fantasmas. Outra leitura que surpreendentemente me revelou outro tipo de contaminação – neste caso literário – e que demonstra que a virologia nos cerca, seja qual for o domínio, é a impensável ligação entre dois livros e autores aparentemente nos antípodas. Quem à partida ousaria falar de afinidades entre Jack Kerouac e o Camilo José Cela? Pois façam o favor de ler o Pela Estrada Fora e em seguida A Cruz de Santo André. Os contactos são esmagadores e em vários pontos Cela dá um bigode a Kerouac, a começar pela voltagem da linguagem, o ritmo da escrita, mais amorfo no americano, e até – outro item desconcertante – na narração das relações sexuais entre as personagens, muito mais livre e inventiva no galego. Kerouac escreveu Pela Estrada Fora num rolo de papel de teletipo com 36 metros de comprimento, simplesmente inserido na máquina de escrever e sem qualquer divisão de parágrafos, deixando que o papel se desenrolasse sobre o chão e tomasse o aspecto de uma estrada, A cruz de Santo André, escrito quarenta anos depois, no mais desopilante estilo paródico, começa assim: «Aqui, nestes rolos de papel de retrete (as patroas das pensões de estudantes dizem papel higiénico), marca La Condesita, escrevendo com esferográfica (…) vai ser narrada a crónica de um desmoronamento». Segundo os relatos mitológicos, Kerouac limitou-se a sentar-se e a deixar que durante 22 dias o texto fluísse, ao som duma rádio onde só passava be-bop, desfilando as suas histórias de vida, relatos verdadeiros de como se sucedia a vida estrada fora, à boleia, e como havia cruzado a América na companhia de seu louco amigo Dean e no desfrute do jazz, do álcool, das garotas, das drogas, da liberdade. Em A Cruz… a desbunda é vivida pela coralidade das narradoras, que serão igualmente as «personagens do drama» e se vão revezando a macular com esferográfica o papel higiénico – Matilde Verdú, Clara Erbecedo, Mary Carmen, Jesusa Cascudo, Mary Boop e a sua mana Matty – e a “estrada fora” plasma-se na deambulação permanente das suas existências cruzadas, numa paisagem galega que se desdobra como os foles de uma concertina e à boleia dos seus inescapáveis apetites, vivenciados num ritmo sincopado e truculento (puro Charles Mingus) porque o desejo entra sempre com a vida «pela porta do cavalo» e foge à norma, ao planeado, à lei e à lógica do argumento. A “moral” da derrocada anunciada tange a do tempo que desgasta os corpos e enuncia-se assim: «Todas e todos nos sentimos descobridores do vício e cúmplices do vicioso, se Betty Boop tivesse sabido que o pai ia ao ginásio para ver atletas no duche, caía-lhe o céu na cabeça, se Betty Boop tivesse sabido que a mãe ia à sauna para ver mulheres nuas e às últimas filas do cinema para ouvir o sossegado arfar das masturbações recíprocas, caia-lhe o céu na cabeça, a Betty Boop também se sentia a inventora do vício; o Lucas Muñoz explicou uma noite ao violinista o que disse Baudelaire: não procures mais no meu coração, foi comido pelas feras.» Ademais, em termos estilísticos fareja-se mais no Pela Estrada Fora o «comedimento administrativo» que em Cela… que logra com outra estaleca uma progressão narrativa não-linear. Enfim – o que os vírus nos fazem descobrir e roça os paradoxos mais desconcertantes -, o conservador Cela torna Kerouac num seu avatar menor (não contem isto ao Trump). Leiam e divirtam-se: há uma edição de A Cruz… que se apanha nas livrarias de fundo a dois euros.