Andreia Sofia Silva EventosMontra da Impromptu recebe fotografia de Candida Höfer Uma fotografia da artista alemã Candida Höfer que retrata a Sala da Renascença, na Casa da Música no Porto, Portugal, foi o trabalho escolhido pelos arquitectos João Ó e Rita Machado para a nova montra do atelier Impromptu, a Impromptu Storefront. As linhas geométricas e as cores verdes que fazem parte desta imagem pode ser vista até ao dia 30 de Junho. A inauguração acontece hoje às 18h30. Este projecto nasce de uma parceria com a Cooperativa do Espaço Público Ephemera. Ao HM, João Ó contou que foi a própria Candida Höfer, uma “artista de renome internacional” que sugeriu a escolha da fotografia a partir de uma série de imagens intitulada “Em Portugal”, e que foi exposta no Museu Berardo em 2007. “Nem todas as fotografias casam bem com a nossa montra, porque não somos uma galeria e as pessoas não vêem os pormenores [das obras]. Começamos a seleccionar algumas imagens que resultavam muito mal na nossa montra e não ficavam esteticamente valorizadas. Uma das escolhas até foi o Casino Estoril em Lisboa mas optámos por outra direcção.” A escolha do retrato do edifício da Casa da Música foi feita não pelo edifício mas sim “pelas linhas de força e diagonais que se criavam na própria janela [da montra]”. “Não nos importamos muito que seja uma fotografia simples, porque o mais importante é termos o nome dela na nossa montra em Macau. Temos uma montra que poderia ser uma obra do MoMA [Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque]. Imagética própria “Casa da Música I – Porto 2006” é o título desta fotografia e o nome deve-se ao facto de, à artista, não lhe interessar uma interpretação sobre o espaço. Conhecida por ter um portfólio de imagens com os mais importantes edifícios e espaços públicos da actualidade, Candida Höfer fotografa-os sempre segundo a sua própria perspectiva. “Quando ela fotografa um objecto arquitectónico reconhecido internacionalmente, nem sempre captura os espaços que todos conhecem. Neste caso, esta Sala Renascença é um espaço transitório e nem é o anfiteatro da ala grande. Esta sala é também uma montra e uma vitrine para o anfiteatro, ela deliberadamente fechou a cortina, mas podia ser um vidro através do qual olhamos para a sala.” João Ó reconhece que, na Impromptu Storefront, entram sempre obras e projectos relacionados com o diálogo entre a arquitectura e o espaço público, temáticas também muito presentes no trabalho desta artista alemã. “[Este trabalho] vai ao encontro do que queremos fazer, que é oferecer sempre um diálogo entre o espaço público e arquitectura. Podemos dizer que ela é uma fotógrafa da arquitectura enquanto assunto”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosImpromptu Storefront | Galeria nasce no estúdio de João Ó e Rita Machado Chama-se Impromptu Storefront e é um novo espaço cultural concebido pelos arquitectos João Ó e Rita Machado dentro do seu próprio estúdio de trabalho. A inauguração está marcada para esta quarta-feira com a apresentação do livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, transformado em instalação, pela mão da BABEL “A ideia é fazer aquilo que nos apetece, porque o espaço é nosso”. É desta forma que João Ó, arquitecto, fala da Impromptu Storefront, uma nova galeria de arte que desenvolveu em parceria com Rita Machado no estúdio onde ambos trabalham, na Travessa de Inácio Baptista, perto da Igreja de São Lourenço. Inaugurado esta quarta-feira às 18h30, o espaço será porto de abrigo para trabalhos de artistas internacionais, aberto 24 horas por dia e sete dias por semana. O novo lugar de exposições e debates terá também uma vertente de aposta no vitrinismo. “A montra não se vende, o objecto artístico é uma apresentação formal de alguém que nunca esteve em Macau. É um estímulo visual e estético para quem passa na rua, é uma surpresa”, adiantou João Ó. A apresentação da edição em português do livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, pela associação BABEL Organização Cultural, é o pontapé de saída do projecto. A aposta no vitrinismo, uma área criativa muito explorada pelas grandes marcas do mundo da moda, faz deste projecto algo único em Macau, acrescentou João Ó, que nunca quis estar num espaço onde só pudesse trabalhar. “Somos pessoas jovens e criativas e pareceu-nos interessante retirar parte do espaço para possibilitar mais este lado criativo. Tínhamos um projecto para a montra que era convidar só artistas internacionais que não tivessem hipótese de vir a Macau, mas que quisessem mostrar o seu trabalho.” A Impromptu Storefront consiste, assim, “num modelo de exposição inovadora para mostrar intervenções comissariadas a artistas estrangeiros”, e pretende “provocar e estimular a consciência pública, abordando questões locais e globais”. Instalar um livro Lançado em 2019 em Portugal, o livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, editado por Tiago Quadros e Margarida Saraiva, fundadores da BABEL, é agora apresentado no território num formato diferente. “Colocámos a nós próprios a questão: como é que se expõe um livro?”, disse ao HM Margarida Saraiva. “Transformámos a obra num livro-objecto, e ele é exibido como uma obra de arte. O que se vê na micro-galeria é uma instalação composta por livros-objecto.” Além disso, os sons das entrevistas utilizadas para a obra serão usados numa instalação sonora, da autoria de Rui Farinha, e que apenas poderá ser ouvida na inauguração de amanhã. O livro reúne um conjunto de entrevistas a figuras como Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque ou Wang Weijen, entre outros, e apresenta “abordagens retroactivas e prospectivas” acerca da arquitectura e do urbanismo em Macau. Traz também temáticas “importantes que não são exclusivas de Macau, mas que aqui se vivem de uma forma muito importante”, tal como a circulação de pessoas entre fronteiras, a história, a memória ou a representação. A instalação estará patente até 15 de Julho.