Inflação agrava crise na importação de produtos portugueses

A subida da inflação em Portugal está a dificultar a importação de produtos portugueses para Macau, negócio que já estava em apuros com a pandemia e a guerra na Ucrânia. Transporte, mão-de-obra e distribuição são factores que pesam na factura

 

Empresários contactados pela Lusa alertam para o agravamento da crise no negócio da importação de produtos portugueses para Macau devido ao aumento da inflação. Os efeitos da pandemia de covid-19, primeiro, e os da guerra na Ucrânia, depois, já tinham atingido seriamente o sector, mas o crescimento da inflação piorou o cenário, que se traduz numa escalada de preços que não poupa o aluguer de contentores, pagamento de mão-de-obra e matérias-primas, explicam os importadores.

Em Macau, a crise no sector agudizou-se muito por causa das medidas de prevenção pandémica que fizeram desaparecer turistas e, com eles, boa parte do mercado de consumo do qual dependiam os empresários ligados à importação de produtos portugueses.

“O preço dos contentores, com a pandemia, e o facto de muitas vezes não cumprirem os prazos previstos, sobretudo para quem trabalha com produtos portugueses não congelados, era já um problema. A falta de turistas era outro, mais ainda para um sector como, por exemplo, de importação de vinho. Agora, com o aumento dos preços, tudo está pior”, lamenta António Alves, da Eurovinhos.

O empresário da firma de Macau que importa para o território e para o sul da China continental queixa-se ainda do aumento do custo de matérias-primas como papelão e vidro, essenciais para a embalagem dos produtos, com significativo impacto no preço final.

Pequenas latas

Carlos Rodrigues, da F. Rodrigues (Sucessores) Limitada, também na área de importação de vinho e produtores alimentares, sublinha isso mesmo, mas acrescenta ao vidro e papelão, uma outra carência, a de alumínio, que afecta o sector das conservas.

“Com tudo isto, temos de contar com o aumento dos custos de mão-de-obra, do combustível, que tem efeitos na distribuição, do preço dos contentores, embora esse esteja agora com uma tendência para diminuir. Mas a verdade é que há produtos que já foram aumentados duas vezes este ano. E alguns dos produtos praticamente aumentaram 40 por cento, como por exemplo o azeite”, pormenoriza.

No momento em que a agência de notação financeira Fitch reviu em baixa as previsões para o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] mundial para 1,4 por cento em 2023, tendo em conta a luta dos bancos centrais contra a inflação e as condições do mercado imobiliário chinês, as perspectivas de que o cenário melhore nos próximos tempos é visto com cautela pelos empresários.

O mercado de Macau, muito dependente do mercado turístico da China continental, foi atingido por uma crise que não poupou os casinos, o grande motor da economia. Mas, garantem os empresários, a restauração e a compra de vinhos e de produtos portugueses vivia sobretudo dos turistas de Hong Kong. Só que há praticamente três anos que as viagens entre as duas cidades vizinhas passaram a ser uma ‘miragem’, com Macau ainda a manter a obrigatoriedade de uma quarentena à chegada ao território.

“Este é um mercado muito dependente dos turistas de Hong Kong, porque não são os turistas da China continental que compram estes produtos”, assinala Carlos Rodrigues, ao mesmo tempo que lamenta a subida do desemprego e as muitas lojas e negócios fechados em Macau.

13 Dez 2022

Ng Kuok Cheong quer limite de 30 por cento de trabalhadores estrangeiros

[dropcap]A[/dropcap]s operadoras de jogo não devem ter mais de 30 por cento de trabalhadores estrangeiros. A exigência é deixada pelo deputado Ng Kuok Cheong em interpelação escrita onde relembra intenção do Governo, em 2011, de não autorizar mais de 20 por cento de funcionários estrangeiros a trabalhar no sector.

No entanto, de acordo com o deputado pró-democrata, a meta dos 20 por cento de cargos destinados a estrangeiros não está a ser cumprida, estando as operadoras a empregar mais de 30 por cento de mão-de-obra vinda de fora.

Neste sentido, o deputado apela ao Governo que tome medidas de modo a manter o limite em pelo menos 30 por cento. Para o deputado trata-se de uma forma de garantir aos residentes o seu lugar na maior indústria do território.

28 Dez 2018

Macau regista crescimento de 23,9% nas importações de países lusófonos

[dropcap]M[/dropcap]acau importou até Outubro mercadorias dos países lusófonos no valor de 646 milhões de patacas, um crescimento de 23,9% em comparação a igual período de 2017, informaram hoje as autoridades.

Já as exportações de Macau para os países de língua portuguesa cresceram significativamente nos primeiros dez meses do ano, mas o défice da balança comercial com os países lusófonos continua a aumentar.

Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), Macau exportou para os países lusófonos mercadorias no valor de 24 milhões de patacas, um aumento de 3.499%, face a igual período do ano passado, mas muito inferior aos 646 milhões de patacas em produtos importados.

No total, as exportações do território subiram 8% até ao final de outubro, para 10,13 mil milhões de patacas, mas o défice da balança comercial continua a aumentar fruto do crescimento das importações em 23,1%, para 64,19 mil milhões de patacas.

As exportações para a China continental atingiram, no período em análise, 1,71 mil milhões de patacas, uma quebra de 4,2% face a idêntico período do ano passado.

Por outro lado, o valor das exportações para as nove províncias do Delta do Rio das Pérolas, vizinhas de Macau, no sul do país, cresceu 5,3% para 1,66 mil milhões de patacas.

As exportações para Hong Kong e União Europeia registaram uma subida de 15,5% e 2,2%, respectivamente.

Já as vendas para os Estados Unidos caíram 31,3%. O valor total do comércio externo de mercadorias em Macau, entre Janeiro e Outubro, correspondeu a 84,44 mil milhões de patacas, mais 19,6% face ao período idêntico de 2017.

29 Nov 2018

China impõe medidas ‘anti-dumping’ sobre químicos oriundos dos EUA e Japão

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje que vai impor medidas ‘antidumping’ (venda abaixo do custo de produção) sobre importações de ácido iodídrico provenientes dos Estados Unidos e Japão, a partir de 16 de outubro.

As alfândegas chinesas vão cobrar entre 41,1% e 123% em taxas sobre o ácido iodídrico proveniente daqueles dois países, durante os próximos cinco anos.

O ministério chinês do Comércio informou, em comunicado, que aquela medida vai ser adoptada depois de se terem verificado danos substanciais causados à indústria nacional.

A investigação realizada pelas autoridades chinesas, entre 16 de outubro de 2017 e junho deste ano, concluiu que as empresas norte-americanas e japonesas que vendem aquele químico fixaram preços inferiores aos custos de produção.

15 Out 2018

Ocidente tem de tratar do seu lixo após China parar importação

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) advertiu ontem que o ocidente terá que “aprender a tratar do seu próprio lixo”, depois de a China ter deixado este ano de importar vários tipos de resíduos sólidos. “A verdade é que o ocidente está preocupado”, afirma o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Em editorial, o jornal escreve que os “países ocidentais” estão a ser “gravemente afetados” pela decisão da China de banir a importação de 24 tipos de resíduos sólidos.

O país asiático converteu-se no maior importador mundial de lixo desde que começou a importar resíduos para reciclar nos anos 1980, criando um fornecimento extra de metais e materiais que faltavam no mercado doméstico. A China recebia, por exemplo, dois terços dos resíduos de plástico do Reino Unido, segundo dados citados pelo Global Times.

“Os países desenvolvidos habituaram-se a comprar produtos baratos de países em desenvolvimento, como a China, e a enviar o lixo de volta, mantendo-se limpos”, descreve o jornal. As autoridades de Pequim consideram agora que os problemas criados pela importação de lixo ultrapassam em muito os benefícios, apontando que, apesar do proveito industrial e criação de emprego, tem um impacto “muito negativo” para o ambiente.

Décadas de acelerado crescimento económico causaram sérios problemas ambientais na China, com as principais cidades do país a serem frequentemente cobertas por um manto de poluição e a terem parte dos solos contaminados. O país já informou a Organização Mundial do Comércio que, a partir de 2019, irá banir totalmente a importação de lixo.

“A era em que os países desenvolvidos exportavam marcas e tecnologia, assegurando um padrão de vida mais elevado, enquanto os países em desenvolvimento cresciam à custa de mão-de-obra barata e poluição vai acabar”, prevê o Global Times.

“Não se trata de um argumento nacionalista, mas um desenvolvimento natural na sociedade humana”, aponta.

10 Jan 2018

Comércio | Arroz americano ainda não vai entrar no país

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério do Comércio da China (MCC) divulgou uma nota informando que o arroz dos Estados Unidos precisa obter aprovação antes de entrar no mercado do país asiático, apesar de um acordo recente que abre a possibilidade de aquisições inéditas do cereal americano.

Após várias rondas de negociações, autoridades chinesas e norte-americanas concordaram na semana passada com os requisitos de inspecção e quarentena para o arroz dos EUA entrar no mercado chinês, mas esse é apenas o primeiro passo, disse um porta-voz do MOFCOM numa declaração on-line.

Os produtores de arroz dos EUA e as indústrias interessadas neste comércio ainda precisam de se registar no governo americano, e este recomendá-los à Administração Geral da China de Supervisão de Qualidade, Inspecção e Quarentena (AQSIQ), de acordo com o comunicado.

Depois de obter aprovação do AQSIQ, os EUA ainda precisam realizar um processo de fumigação no arroz e enviar pesticidas e técnicas utilizadas no processo para autoridades chinesas para inspecção e confirmação, acrescentou o comunicado. “Os três passos acima são partes integrantes do processo”, disse o porta-voz do MOFCOM. “Até agora, apenas um passo foi concluído, então os EUA não podem ainda negociar arroz com a China “.

Os EUA estão a tentar que a China abra o seu mercado interno a agricultores americanos, enquanto a China se consolida como o maior importador mundial de arroz. As compras chinesas baseiam-se sempre nos seus parceiros comerciais da Ásia.  O acordo foi alcançado na semana passada durante a reunião de diálogo económico abrangente China-EUA em Washington DC e foi saudado pelos norte-americanos como um progresso histórico que beneficiaria muito os agricultores e industriais da América do Norte.

Metal de má qualidade prejudica redução de excesso

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu “esforços sólidos para impulsionar a redução do excesso da capacidade produtiva”, depois das inspecções do governo terem descoberto que várias siderúrgicas estavam a tentar retomar a produção de barras de aço de qualidade inferior.

“Devemos permanecer firmes nos esforços de redução da capacidade excessiva para prevenir o regresso dos encerramentos na produção”, disse Li numa nota de instrução sobre as descobertas de uma inspecção do Conselho de Estado.

“Aqueles que desobedecerem às regras do governo serão rigorosamente punidos, e as autoridades com supervisão fraca, responsabilizadas”, ameaçou Li.

O gabinete chinês exigiu que todas as instalações produtoras de barras de aço de qualidade inferior fossem desmontadas em todo o país até ao final de Junho, mas a inspecção descobriu que duas fábricas em Tianjin ainda estavam em operações e que uma companhia fechada na província de Hunan estava a tentar reiniciar a produção.

Como a capacidade excessiva pesou no desempenho económico geral da China, a redução é prioridade da agenda de reforma. Em 2016, a China cumpriu as metas anuais para carvão e aço antes do prazo. Este ano, a China pretende reduzir a capacidade de produção de aço em cerca de 50 milhões de toneladas e a de carvão em pelo menos 150 milhões de toneladas, de acordo com o relatório de trabalho do governo.

31 Jul 2017

Governo diz ter expandido canais de importação de produtos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Economia (DSE) garantiu, em resposta ao deputado Ho Ion Sang, que tem vindo a manter uma comunicação estreita com o sector logístico de importação de alimentos, para que sejam descobertos mais canais de importação, de forma a que os consumidores tenham mais opções.

No caso da importação dos legumes, Macau passou a importar vegetais da província de Sichuan, na China. A DSE acredita que, dessa forma, pode melhorar o ambiente de concorrência em Macau e reduzir o impacto nos preços, no caso de haver a suspensão de fornecimento de bens alimentares a partir de um canal de importação.

A DSE lembra, contudo, que os preços dos alimentos têm-se mantido estáveis e que a taxa de inflação registou uma quebra. No entanto, na resposta dada ao deputado, o Governo promete continuar a estar atento ao mercado, para garantir a qualidade de vida dos residentes e das pequenas e médias empresas.

A direcção de serviços garante ainda que o grupo de trabalho dedicado a analisar os preços dos produtos alimentares tem vindo a reforçar a fiscalização junto dos mercados. A DSE garante que tem existido fiscalização do fornecimento de alimentos no território, bem como a variação dos preços.

O organismo admite, contudo, que existe uma dificuldade no controlo do aumento dos preços dos bens alimentares, sendo a expansão dos canais de importação um dos objectivos deste Executivo.

Foi ainda referido, na resposta à interpelação escrita do deputado, que o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais tem comunicado com a DSE sobre estas questões, tendo vindo a atribuir informações sobre os preços dos produtos em Macau e nas regiões vizinhas.

13 Jul 2017