Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Hamas e outras milícias palestinianas reúnem-se em Pequim A reunião patrocinada pelo Governo chinês, e que tenta unir os diversos movimentos palestinianos através do diálogo, terá lugar na capital do país nos próximos dias 21 e 22 deste mês O grupo islamita Hamas, que controla de facto a Faixa de Gaza, disse ontem que aceitou um convite do Governo chinês para se reunir em Pequim com outras facções palestinianas para discutir o futuro do enclave no pós-guerra. “O Hamas e as facções palestinianas receberam um amável convite da República Popular da China para realizar uma reunião entre facções nos dias 21 e 22 deste mês”, declarou, em comunicado, Husam Badran, membro do gabinete político do Hamas e chefe do seu gabinete de relações internacionais. O grupo islamista “respondeu com espírito positivo e responsabilidade nacional a este convite, a fim de alcançar uma unidade nacional que corresponda ao povo palestiniano e aos seus sacrifícios e heroísmo”, especialmente no actual contexto de guerra, acrescentou. De acordo com Badran, está prevista apenas uma reunião de grupo e não reuniões bilaterais. Na terça-feira, o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês sublinhou a sua disponibilidade para “fornecer uma plataforma e criar oportunidades para as facções palestinianas se reconciliarem e dialogarem”, mas não confirmou a reunião. O Hamas e o partido secular Fatah, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada através da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), reuniram-se na capital chinesa em Abril, altura em que os dois movimentos sublinharam a necessidade de avançar para a “unidade nacional” e acabar com a divisão entre as facções palestinianas. O Hamas e a Fatah estão em conflito desde 2007, altura em que o Hamas expulsou as forças da Fatah da Faixa de Gaza, dissolveu o executivo conjunto e tomou o poder pela força, depois de ter vencido as eleições legislativas um ano antes. Vários mediadores, incluindo o Egipto, a Arábia Saudita, o Qatar e a Rússia, tentaram intervir para pôr fim à divisão que se mantém desde então. Controlo entregue Em Fevereiro, o governo da ANP demitiu-se, invocando a necessidade urgente de “um consenso palestiniano” capaz de substituir o Hamas na Faixa de Gaza. Embora Israel se oponha tanto ao regresso da ANP a Gaza após o fim da guerra como à criação de um Estado palestiniano, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou, num projecto de plano pós-guerra, que o controlo civil de Gaza caberia a responsáveis locais afastados de “países ou entidades que apoiam o terrorismo”. Os Estados Unidos – mediadores da guerra, juntamente com o Qatar e o Egipto – afirmam ser favoráveis a uma entidade reformada apoiada pelos palestinianos. A guerra eclodiu a 7 de Outubro de 2023, na sequência de um ataque do Hamas a Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 sequestrados. Desde então, as forças israelitas têm atacado incessantemente a Faixa de Gaza, onde mais de 38.700 pessoas foram mortas e mais de 88.000 ficaram feridas. Não é a primeira vez que a China intervém como mediador num conflito na região: no ano passado, mediou um acordo entre o Irão e a Arábia Saudita para o restabelecimento das relações diplomáticas.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | Pequim estima que veto dos EUA torne situação ainda mais perigosa Os EUA, apesar dos apelos a uma pausa humanitária na guerra em Gaza, continuam a dar luz verde ao massacre israelita A China criticou ontem o veto americano a um projecto de resolução da ONU que exige um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, o que, segundo Pequim, torna a situação “ainda mais perigosa” no território. “Os Estados Unidos distinguiram-se mais uma vez por se oporem com o seu veto, tornando a situação em Gaza ainda mais perigosa. As partes envolvidas, incluindo a China, expressaram a sua forte decepção e insatisfação”, disse durante um ‘briefing’ à imprensa, o porta-voz para a diplomacia chinesa, Mao Ning. Os Estados Unidos vetaram na terça-feira um projecto de resolução proposto pela Argélia no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. A resolução, que teve amplo apoio dos países árabes, recebeu 13 votos a favor, um voto contra (Estados Unidos) e uma abstenção (Reino Unido). Trata-se da terceira vez que, desde o início da guerra, os Estados Unidos – um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto – bloqueiam uma resolução sobre Gaza. Dedos apontados A Faixa de Gaza está mergulhada numa situação humanitária catastrófica, na sequência dos ataques mortais israelitas. Quase um milhão e meio de pessoas, segundo a ONU, estão concentradas na cidade de Rafah, localizada no sul do território palestiniano, junto à fronteira fechada com o Egipto. Foi neste contexto que os Estados Unidos vetaram o projecto de resolução proposto pela Argélia. O veto norte-americano não apanhou o Conselho de Segurança da ONU de surpresa, uma vez que a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, já havia anunciado no domingo que iria votar contra o texto da Argélia, argumentando que a proposta apoiada pelos países árabes poderia interferir nas negociações em prol de um acordo pela libertação de todos os reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano Hamas. Estas negociações, especificou, estão a ser levadas a cabo pelo seu país, juntamente com o Egipto e o Qatar, e incluem ainda uma pausa de seis semanas nos combates. A embaixadora norte-americana justificou o seu veto com o argumento de que o texto da Argélia “colocava em risco as delicadas negociações” em curso, considerando ainda que proceder à votação foi um ato “irresponsável”. O veto americano “irresponsável e perigoso” envia a mensagem de que Israel pode “continuar a fazer qualquer coisa impunemente”, criticou, por seu lado, o embaixador palestiniano, Riyad Mansour. Também numa reacção ao veto norte-americano, o movimento islamita Hamas considerou a posição dos EUA como uma “luz verde” para Israel realizar mais “massacres”. “A posição americana é um sinal verde para a ocupação [israelita] cometer mais massacres (…). Isto só aumentará o sofrimento do nosso povo”, afirmou o movimento islamita palestiniano num comunicado.