Cinema | Filme de Jorge Jácome seleccionado para festival nos EUA

Jorge Jácome, realizador que cresceu em Macau, vai estar representado num festival nos Estados Unidos, com curta-metragem

[dropcap]O[/dropcap] filme “Past Perfect”, do realizador português Jorge Jácome, foi seleccionado para o festival New Directors/New Films, que começa em 27 de Março em Nova Iorque.

O festival, que cumprirá a 48ª. edição, é organizado pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) e pelo cineclube do Lincoln Center e “celebra realizadores que representam a actualidade e que antecipam o futuro do cinema, artistas arrojados cujo trabalho ousa entrar por caminhos inesperados”, diz a nota de imprensa, divulgada na sexta-feira.

Este ano, o programa exibirá 24 longas-metragens e 11 curtas, entre as quais “Past Perfect”, que o realizador Jorge Jácome estreou este mês, em competição, no festival de cinema de Berlim.

“Past Perfect” deriva da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, na qual Jorge Jácome tinha trabalhado a componente visual. O realizador reescreveu o texto original, adaptando-o às suas interrogações pessoais e ao contexto cinematográfico. Apesar de ter feito vários trabalhos durante o tempo em que estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Jácome considera-se realizador a partir de “Plutão”, curta-metragem de 2013. Depois dessa fez as curtas “A guest + a host = a Ghost” (2015), “Fieste Forever” (2017) e “Flores” (2017).

Jorge Jácome apresenta, então, “Past Perfect” como “um balanço e um ponto de situação” sobre o que faz e para onde quer seguir no cinema, tendo como base essa percepção da origem da melancolia, segundo descreveu o próprio em entrevista recente à agência Lusa.

“A melancolia, para mim, é uma coisa muito mais individual e pessoal, por isso é tão difícil de explicar. E este ‘Past Perpect’ está constantemente a dizer que é difícil de explicar, de traduzir, de passar para imagens e para texto o que é este sentimento”, contou.

Entre cá e lá

Nascido em Viana do Castelo em 1988, cresceu em Macau, até à transferência para a China em 1999. De regresso a Portugal, estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema, sem ter ideias certas de que queria seguir cinema. “O que foi entusiasmante foi que na escola aprendi pela primeira vez a ver cinema e a ver filmes aos quais não tinha acesso. Aprendi mesmo tudo do zero. Não era cinéfilo antes de entrar para a escola”, recordou. Depois rumou a França, para uma pós-graduação na Le Fesnoy, na qual aprendeu a desconstruir os ensinamentos anteriores.

O festival New Directors/New Films, que abrirá com “Clemency”, de Chinonye Chukwu, vai decorrer até 7 de Abril.

25 Fev 2019