Raquel Moz EventosSegundo encontro do Festival de Artes e Cultura arranca a 28 de Junho Macau volta a ser lugar de encontro entre culturas. Um grande cabaz de eventos, para degustar entre Junho e Julho, traz à cidade o fadista Hélder Moutinho, música, dança, cinema, livros e petiscos de chefes como Chakall, Cyril Rouquet ou Marlena Spieler [dropcap]O[/dropcap] 2º Encontro em Macau do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi ontem apresentado pela presidente do Instituto Cultural de Macau, Mok Ian Ian, em conferência de imprensa no Centro Cultural de Macau (CCM). À semelhança de 2018, a iniciativa reúne este ano um conjunto de seis grandes eventos, que vão decorrer entre os meses de Junho e Julho, em diversos pontos da cidade. Há feiras, concertos, cinema, exposições de arte, espectáculos de música e dança, e uma mostra dos arquivos locais com os momentos mais marcantes da transferência de soberania em 1999. O primeiro evento, “Recordações Memoráveis de 1999 – Exposição de Arquivos Comemorativos do 20.º Aniversário do Retorno de Macau à Pátria”, acontece já no dia 28 de Junho, com inauguração pelas 18h, no Arquivo de Macau. O público poderá rever mais de cem registos das “memórias inestimáveis deste evento histórico único”, nas palavras da responsável. No dia seguinte, haverá ali também uma palestra, às 15h, com os oradores convidados Ung Vai Meng e Lei Pui Lam, respectivamente ex-presidente honorário e ex-secretário-geral do Comité Executivo para as Actividades de Celebração do Retorno de Macau à Pátria, que irão partilhar histórias sobre o planeamento, coordenação e organização das comemorações que decorreram há duas décadas atrás. Nos fins-de-semana, de 29 a 30 de Junho e de 6 a 7 de Julho, é a vez da música e das danças animarem a Feira do Carmo, na Taipa, e o Jardim do Mercado do Iao Hon, em Macau. Durante os quatro dias, entre as 18h30 e as 20h30, diversos artistas da província de Hubei, na China, e dos países de língua portuguesa, vão actuar nos dois locais, mostrando a tradição da ópera chinesa e das sonoridades musicais de Portugal, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Angola, Brasil, Timor-Leste e Guiné-Bissau. Os espectáculos são livres e visam “proporcionar à comunidade um intercâmbio cultural entre os diferentes países participantes”, segundo a organização. Livros e Cinema A “Feira Internacional do Livro de Macau” é o evento que se segue, que vai decorrer entre 4 e 7 de Julho, no Hotel Venetian do Cotai, das 10h às 20h, encerrando no domingo às 16h30. Esta edição é dedicada à gastronomia e vinhos, contando com inúmeras obras sobre o tema e cozinheiros chefes de craveira internacional, que marcarão presença em palestras, lançamentos de livros, seminários de cultura gastronómica e apresentações culinárias. Nomes como Chakall, Xu Long, Marie Sauce Bourreau, Luís Simões, Tâmara Castelo, Cyril Rouquet, Marlena Spieler, Zola Nene, Chua Lam, Ge Liang ou Cecília Jorge, entre outros, fazem parte dos convidados. Haverá ainda lugar para a cerimónia de entrega dos famosos Gourmand World Cookbook Awards, que distinguem anualmente os melhores livros dedicados ao tema, na sua 24ª edição, este ano realizada em Macau. Outro evento a destacar é o “Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que arranca a 4 de Julho e encerra a 17. As sessões de abertura e de encerramento vão ser exibidas no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau, os restantes – mais de 20 filmes e vídeos – serão projectados na Cinemateca Paixão, onde estão também previstas sessões de pós-projecção e palestras relacionadas. A película de abertura é um clássico chinês de 1949, “Primavera Numa Cidade Pequena”, do realizador e poeta Fei Mu. No encerramento estará “A Portuguesa”, um filme nacional de época, realizado por Rita Azevedo Gomes em 2018. Os bilhetes para todas as sessões estarão à venda por 60 patacas, com diversos descontos, nas habituais bilheteiras online ou na Cinemateca. Fado e Artes visuais O “Concerto de Instrumentos Tradicionais Chineses de Cordas e Fado”, no dia 5 de Julho às 20h, no grande auditório do CCM, junta a Orquestra Chinesa de Macau e o fadista português Hélder Moutinho, irmão de outro nome incontornável da música nacional, o fadista Camané. Será um espectáculo único, casando os instrumentos tradicionais chineses com a herança melódica da saudade lisboeta, que promete ao público local “uma experiência musical absolutamente nova”. Nas palavras de Mok Ian Ian, “o Erhu e o Fado são amantes há muito perdidos das suas vidas passadas e nesta noite reúnem-se em Macau”. Os bilhetes para este evento custam entre 150 e 250 patacas, mas os residentes de Macau têm desconto de 40 por cento. A “Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que acontece este ano pela segunda vez, é a oportunidade de mostrar o extenso acervo do Museu de Artes de Macau (MAM), com mais de 90 obras de arte de 60 pintores e artistas, que este ano também celebra o seu 20º aniversário. Na Galeria de Exposições Especiais do 3º piso, a exposição “Poesia Lírica – Artistas de Macau e Portugal da Colecção do MAM” retira dos depósitos o valioso conjunto museológico, entre os meses de Julho e Outubro, exibindo peças e pinturas a óleo, acrílicos, aguarelas, técnicas mistas, esculturas e instalações que reflectem a criatividade de artistas contemporâneos da China, Portugal e Macau. As recém-inauguradas Vivendas Verdes e o Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino, situados na Avenida do Coronel Mesquita, vão ainda fazer parte do evento, como extensão das actividades e da mostra de arte contemporânea. Os quadros estreiam assim os novos espaços culturais, que podem ser visitados livre e gratuitamente pelo público. O 2º Encontro de Macau é organizado pelo Instituto Cultural e co-organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo, sob a égide da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura. O orçamento para a edição de 2019 será de 15 milhões de patacas, após a despesa de 2018 ter ascendido aos 19 milhões. O objectivo deste ano é gastar menos, declarou a presidente do IC, que deixou o convite à população, lembrando que “todos os encontros são reuniões que dão continuidade aos laços de tempos passados”.