José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasDiscurso de abertura da Exposição Industrial de Macau [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o Domingo dia 7 de Novembro de 1926 fora inaugurada a Exposição Industrial de Macau no Campo de Mong-Há, e o jornal A Pátria, diário desde 1 de Outubro de 1925 e que em Abril de 1926 tinha como editor e proprietário o Pe. António José Gomes, doutorado em Teologia, referia a 9 de Novembro de 1926, “não poderia ser, nem mais atraente, nem mais auspiciosa, se atendermos às circunstâncias presentes desta Colónia, conjugadas com o estado político e económico do Sul da China.” A China encontrava-se mergulhada numa guerra civil desde 1917, estando dividida com dois governos rivais. Um a Norte, reconhecido internacionalmente e o do Sul, apoiado pelo Partido Nacionalista e liderado por Sun Zhongshan. Quando este, Sun Yat-Sen para os ocidentais, morreu em 1925, começou uma luta interna no Guomintang entre as duas facções, uma comunista e a outra nacionalista, esta liderada por Chan Kai-Chek. “A inauguração ocorreu às 14h e pico, sob um Sol escaldante” e estava o recinto da Feira apinhado de gente convidada especialmente para esse fim. No estrado central tomaram assento o Governador da Colónia, tendo à sua direita o Governador do Bispado, Reverendo A. J. Gomes, o Presidente do Leal Senado Damião Rodrigues e à esquerda, o Presidente da Comissão da Exposição, o Engenheiro Carlos Alves, o Professor Chan, representante da Associação Comercial Chinesa e o Sr, Frederico Gellion, manejante da Macau Electric. Depois de tocado o Hino da Maria da Fonte pela banda do Orfanato e cantado o Hino Nacional pelo Orfeão do Liceu Central de Macau, começou a série de discursos. O discurso do Almirante Lacerda Presidindo à festa de abertura da primeira Exposição Industrial e Feira de Macau, o então Governador interino, Almirante Hugo de Lacerda fez o seguinte discurso: “Tudo o que vemos em volta, todas estas barracas vistosas e engalanadas, cheias de artigos de variado valor, partiu da ideia de se estabelecer um simples mostruário de produtos de Macau”. Referiu que de início fora a exposição planeada para uma “sala do edifício do Leal Senado para uma exibição de poucos dias; depois passou-se a considerar também o aproveitamento do largo em frente deste edifício; mas a breve trecho, reconheceu-se a necessidade de um mais vasto campo, primeiro Tap Siac e depois o parque da Avenida Vasco da Gama, e por último, o lugar onde estamos, isto é, a baixa de Mong-há a qual por vezes chegou a parecer pequena. Tratava-se então de facto de realizar a feira como fora projectada pelo Governador Rodrigues e para o qual se conseguira $60 mil (patacas) como auxílio a dar por parte do Governo, mas que no caso presente se reduziu à quinta parte, o que foi motivo de bastantes dificuldades.” “O que vemos em volta não representa um acontecimento isolado e com restrita significação como a alguns poderá parecer; liga-se fundamentalmente com todo o ressurgimento de actividades industriais e comerciais que de há tempos se notam nesta cidade, a despeito de todas as dificuldades do viver político da China; liga-se naturalmente com as previsões do aproveitamento do porto de Macau, este novo e valioso instrumento do progresso. Indústria, comércio, navegação e viação terrestre dão-se as mãos, quando há uma população obreira como a de Macau e a que há em volta de Macau.” (…) “Dentro do progresso material se deve contar muito em Macau com o benefício trazido por forasteiros; não basta a produção e o tráfego de mercadorias, é preciso atrair a concorrência de pessoas por todas as formas dignas de uma cidade moderna; é necessário considerar o valor do que se chama o Turismo. A Direcção das Obras dos Portos não tem descurado este importante aspecto da questão dentro dos limites das suas possibilidades, indo até ao ponto de fazer sacrifícios, como por exemplo o estabelecimento de uma pista de corridas de cavalos, nos terrenos conquistados defronte da Areia Preta, crente em que estes sacrifícios terão largas compensações indirectamente para o porto e sem dúvida mais directamente para a cidade. Pena é que não possamos fazer neste momento, também a inauguração deste melhoramento como se chegou a julgar possível.” A pista de corrida de cavalos na Areia Preta só foi inaugurada em Março de 1927. “Voltando à exposição propriamente dita e atendamos também aos que nela trabalharam. O que está à vista não é mais do que uma tentativa, é certo, mas quando se considerem todas as dificuldades que resultaram dos fracos recursos, quando se considere ainda que tudo isto representa uma novidade para Macau, quando se atenda a que a maior parte do trabalho directivo e não directivo foi realizado com pessoal das Obras dos Portos, já tão sobrecarregado de serviços, fica-se defronte de qualquer coisa admirável; para cúmulo até a Natureza parece que quis experimentar a resistência do prestimoso Comissariado com um violento tufão (ocorrido inesperadamente a 27 de Setembro, causando grandes estragos no Porto Exterior, mas em terra não houve desastres pessoais) que reduziu o que estava feito já em estado adiantado a um montão de ruínas”. (Em terra os prejuízos materiais limitaram-se à destruição quase completa dos pavilhões destinados à Exposição no Campo de Mong-há, vulgarmente denominado Campo dos Aviadores, de várias barracas de obras de construção, fios partidos de iluminação eléctrica e dos telefones, tabuletas de vários estabelecimentos e cangalhadas e outros estragos de somente importância. De referir que nessa altura, a data da inauguração estava ainda marcada para 30 de Outubro.) “Foi esse momento crítico. Mas o momento mais crítico foi talvez aquele em que, havendo já compromissos importantes, foram negados quase totalmente os recursos ao Comissariado. Felizmente que essa enorme dificuldade foi removida, porque, a instâncias deste Governo, Sua Exa. o actual Ministro das Colónias, Capitão Tenente João Belo, autorizou que, pelos fundos do Conselho de Administração das Obras dos Portos, fosse aumentada aquela importância com $2000 (patacas). Creio que com esta experiência ficará bem vincada em todos a convicção da necessidade de nos futuros orçamentos da Colónia, ou na distribuição de verbas da Direcção das Obras dos Portos, se consignar a importância até pelo menos de $20 mil para anualmente se realizar a Feira de Macau. Aproveito ainda esta ocasião para dizer que este certame veio dar grandes facilidades para se realizar um melhoramento mais permanente – o estabelecimento dum museu comercial e etnográfico da Colónia – cuja falta se vinha fazendo sentir e mais se sentiria com o desenvolvimento da vida do porto” sendo “no Boletim Oficial estabelecido por Portaria”. “Não está terminada ainda a missão do Comissariado da Exposição, mas por menos que tivesse que fazer de ora avante, já se tornou digna dos maiores louvores por todo o seu trabalho e dedicação, que não poderá ser esquecido por este Governo e pela Colónia.” Assim terminava o discurso do então Governador interino de Macau. Foi durante a Sétima Sessão da Comissão, a 10 de Julho de 1926, que o Secretário pedira a nomeação de um Comissariado para dar cumprimento às resoluções da Comissão, pois, até ali, tem ele sozinho estado sobrecarregado com todo o trabalho. Assim logo se elegeu para o Comissariado os Srs. Pe. Manuel José Pita, Henrique Nolasco da Silva, Artur Tristão Borges e João Barbosa Pires. A ela se foram juntando Hü-Cheong, o Major Victor de Lacerda, o Capitão Afonso de Veiga Cardoso e desde finais de Setembro, o Tenente Gaudêncio da Conceição, Comandante do Corpo de Salvação Pública e da Polícia de Segurança. A Feira de Macau e Exposição Industrial ficou aberta até 12 de Dezembro de 1926.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasA Exposição Industrial de Macau de 1926 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 4 de Novembro de 1926, faltando três dias para a abertura da Exposição Industrial de Macau (inaugurada a 7 de Novembro), reinava um grande optimismo sobre o sucesso do certame, que contrastava com o inicial ambiente de descrédito sobre a sua realização. No Campo de Mong-há achavam-se já montados sessenta pavilhões e o número dos expositores industriais e comerciais subia a mais de oitocentos além de vários indivíduos de Cantão e Hong Kong, inscritos como comerciantes ambulantes de curiosidades chinesas. A ideia inicial de se realizar em Macau uma feira com produtos nacionais e estrangeiros fora do Governador Sr. Dr. Rodrigo Rodrigues (1923-24), mas só ganhou corpo com o Governador Tenente-Coronel Manuel Firmino Maia Magalhães, que tomara posse a 18 de Outubro de 1925 e foi exonerado a 19 de Junho de 1926. Em Janeiro de 1926, dera instruções à Direcção das Obras dos Portos para iniciar os trabalhos de organização duma ‘Exposição Industrial e de Estudo’ referente a Macau, a realizar em Abril desse ano no Campo do Tap Seac. Em 14 de Fevereiro foi constituída uma Comissão encarregue de levar a efeito a ‘Exposição Industrial e de Estudo’, que logo mudou a data para Setembro, devido ao curto espaço de tempo para realizar tal invento, tendo ainda sido escolhido um novo local. Seria no Jardim Vasco da Gama, alameda criada após o saneamento da extensa várzea do Tap Seac e planeado pelo Eng. Abreu Nunes. Inaugurado em 1898, era o segundo jardim público de Macau e a sua primeira ampla via pública, que muito contrastava com as restantes ruas estreitas e escuras da cidade. Já como Exposição Industrial de Macau, a 22 de Maio, com a adesão de grande número de expositores, que subiam agora a 520, pareceu à Comissão não haver possibilidade de se realizar a feira e exposição dentro do Jardim Vasco da Gama e para que não fosse sacrificado o tamanho dos pavilhões, ficou acordado o Campo de Mong-Há. Um espaço livre de 8 hectares, compreendido entre a Rua Conselheiro Ferreira de Almeida e as avenidas Coronel Mesquita, Sidónio Pais e Horta e Costa, onde no dia 3 de Novembro de 1926 se reuniu “uma comissão de senhoras que, a convite da Comissão Organizadora, tomou a seu cargo o trabalho da disposição dos numerosos artigos nos pavilhões gerais”, como refere o jornal A Pátria, de há 90 anos. Este dá como notícia, esperar-se ainda o material da Companhia de Vaudeville de Manila, que deverá chegar a Macau na tarde do dia seguinte, estando o transporte confiado ao American Express e a montagem no recinto da exposição terá, impreterivelmente, de ficar pronta no dia da abertura da exposição. Contava para tal com uma equipa de vinte e cinco operários da Vaudeville, encontrando-se muitos dos seus artistas já em Macau. Antecedentes A 20 de Janeiro de 1926, a Direcção das Obras dos Portos enviou uma carta ao Director do diário “A Pátria”, F. X. dos Remédios onde se refere, “Tendo esta Direcção, de conformidade com as instruções de Sua Exa. o Governador, iniciado os trabalhos de organização duma ‘Exposição Industrial e de Estudo’ referente a esta Colónia, a realizar em Abril P.F. e que servirá de início a um futuro Museu e Exposição Permanente de todos os produtos das indústrias locais e mostruário de produtos da Metrópole e das Colónias Portuguesas e em que se reúnam todos os elementos hoje dispersos e alguns talvez desconhecidos do público, tomo a liberdade de vir pedir a V. Exa. o indispensável apoio do conceituado jornal que mui dignamente dirige, no sentido de tornar pública esta iniciativa que poderá vir a constituir um valoroso atractivo para a colónia e dela ser feita a propaganda necessária de forma a concorrerem à mesma alguns interessados. Junto a esta, envio alguns tópicos referentes à constituição da supradita exposição para melhor elucidação desse Jornal”, vem assinada por Hugo de Lacerda, Director das Obras dos Portos. Foi publicada n’ A Pátria a 26, Terça-feira, acompanhada com um estendo texto do director do jornal onde se lê, “Calorosamente aplaudimos esta ideia, como já a tínhamos aplaudido no tempo do Sr. Dr. Rodrigo Rodrigues, que tomara a iniciativa de realizar em Macau uma feira com produtos nacionais e estrangeiros. É com prazer que vemos o Governo local entrar no caminho das realizações práticas.” (…) “Desta feita teremos uma Exposição!” (…) “E Macau bem precisa disso. Estamos num tempo de utilitarismo, em que só triunfa quem tenha iniciativa e faculdades de trabalho.” (…) “Com os recursos de que dispomos, bem podemos ser um valor apreciável no movimento comercial e industrial do Sul da China. A questão é sabermos fazer uma inteligente propaganda dos nossos valores económicos…” (…) “Expor, portanto, esses produtos industriais é fazer a melhor propaganda de Macau e contribuir para criar uma atmosfera propícia a novas iniciativas. Mas não é apenas o lado industrial da exposição, que nos deve interessar. É também a parte artística e sobretudo o plano de iniciar, com os produtos da Exposição, um novo Museu. Macau, uma terra de tradições, velha de quase 4 séculos, não tem um Museu! É um vexame para nós e uma demonstração palpável de incúria e de falta de senso artístico. Particulares há, que transformaram as suas casas em verdadeiros museus de arte chinesa, e o Governo da Província nem mesmo no tempo das vacas gordas se lembrou de pôr de lado meia dúzia de patacas para ir coleccionando, pouco a pouco, tantas maravilhas artísticas, que por aí se encontram. Ainda bem que se pretende agora remediar esta falta, que de longe vem.” Já num texto à parte assinado pelo encarregado, João Barbosa Pires diz que a Exposição Industrial e de Estudo estará aberta durante um mês e será dividida em três secções (Secção Fotográfica, Secção Cartográfica, Hidrográfica e de Maquetes, e Secção Industrial), assim como as condições para o público, amador ou profissional, tomar parte na Exposição Fotográfica cujo tema é sobre tudo o relacionado com Macau. A 28 de Janeiro foi inaugurada a Doca Seca do Través do Patane concebida pelo Almirante Hugo de Lacerda, estando inserida nas obras do Porto de Macau. Primeira reunião da Comissão Em conformidade com instruções do Governador, a Direcção das Obras Públicas iniciou os trabalhos da Exposição Industrial de Macau, convidando “alguns cavalheiros para tomarem parte de um Comité que se incumbiria da direcção dos trabalhos da Exposição, tendo-se este reunido no dia 14 (de Fevereiro de 1926), presidindo S. Exa. o Governador M. Maia Magalhães e encontrando-se presentes o ajudante de campo Dr. Afonso de Albuquerque, Comissário das Alfândegas, Comissário das Alfândegas, Carlos R. Cabral, Vice-Almirante, Director das Obras dos Portos, Hugo de Lacerda, Capitão de Fragata, engenheiro, José Maria Lopes, Major, Víctor de Lacerda, Chefe de desenho e propaganda, João B. Pires e o Escrivão da Capitania dos Portos, Artur Tristão Borges. Não puderam comparecer a esta reunião, por motivos justificados, o Sr. Gerente do Banco Nacional Ultramarino, M. Monteiro Lopes, Gerente da Macao Electric Lighting Co, F. J. Gellion, Comendador Lu-Lim-Ioc e o capitalista, Fong-Chioc-Lam.” Após as explicações do Governador do motivo desta e outras reuniões que se seguirão, “contando com a boa vontade de todos os cavaleiros presentes para levar a efeito a Exposição cujos trabalhos já estavam iniciados, tendente a vulgarizar a indústria local, bastante desconhecida, no momento em que Macau pretende regressar a uma vida próspera.” O Sr. Almirante Lacerda expôs as razões da constituição da Comissão da Exposição, sendo a distribuição dos lugares divulgada no que ficaria a ser a primeira Sessão da Comissão. Assim como Presidente ficava o Almirante Hugo de Lacerda, para Tesoureiro, Monteiro Lopes, para a Propaganda, Lu Lim-Ioc e na Direcção Técnica, P. da Cunha Gomes, que passado um mês e meio saiu devido ao seu retorno à Metrópole. Para o cargo da Estatística ficou Carlos Cabral, Construções, Víctor Lacerda, Iluminação, F.J. Gellion, Propaganda, Fong-Cheoc-Lam, Administração, José Maria Lopes, Cinematógrafo de Macau, Artur Borges e Secretário, João Barbosa Pires. Todos aceitaram os cargos, sendo depois “discutidos vários problemas referentes à Exposição, como é o seu carácter relativamente modesto apenas de interesse local, que por forma alguma se poderá comparar às grandes feiras internacionais”. Resolveu-se, “atendendo à necessidade de contar com largo espaço, fixar a Alameda Vasco da Gama, como local mais próprio para a realização da Exposição”. “Apreciados os trabalhos já executados, foi notado que os expositores que se comprometeram até agora a aderirem à Exposição sobem a 150, declarando o encarregado Borges Pires, que essas adesões representam os convites feitos numa semana e numa área diminuta da Colónia, calculando deverem aderir aproximadamente 600 expositores, queixando-se, todavia, muitos deles de falta de tempo para apresentarem mostruários honrosos para as suas indústrias.” Da inicial ideia de realizar em Maio a Exposição, por proposta do Sr. Cunha Gomes foi mudada para Setembro e aceite por todos. Também foi lançada a ideia de fazer a emissão de um selo comemorativo da Exposição para ajudar às receitas “e para não fazer qualquer exigência aos expositores a quem serão dadas todas as facilidades”. “Igualmente lembrou-se a possibilidade de etiquetas sem encargos para a Indústria de Macau, e tudo de forma a se colherem os melhores resultados quanto a elementos de estudos estatísticos.” Por fim resolveu-se marcar para o dia 15 de Março a próxima reunião. A Pátria de 25 de Fevereiro refere terem começado já com entusiasmo as adesões de industriais e amadores fotográficos a esta Exposição. Para os interessados deverão dirigir-se ao encarregado da Direcção das Obras dos Portos, assim como, as condições para tomar parte na Exposição Industrial, que no seu primeiro artigo diz somente poderem concorrer os industriais de Macau, Taipa e Coloane, podendo expor os seus artefactos em conjunto, ou em stands próprios. A 2 de Março, constavam já mais de 160 industriais inscritos e o jornalista alvitrava “que se adie a realização para Outubro, Novembro ou Dezembro – a quadra melhor de Macau – para haver tempo suficiente para que todas as indústrias possam expor os seus produtos, alguns dos quais têm que ser feitos com muita antecedência.” A Segunda Sessão A 15 de Março de 1926 na Direcção das Obras dos Portos reuniu-se a Comissão encarregada dos trabalhos referentes à Exposição, onde apareceram todos os membros e foi presidida pelo Almirante Lacerda. Apresentou o Plano Geral da Exposição na Alameda Vasco da Gama, constando da disposição de 60 pavilhões particulares dos quais 20 já estavam reservados, além dos pavilhões da Comissão de stands gerais, cinematógrafo, hall de dança, buffet, etc.. O Sr. F. Gellion referiu achar inconveniente as projectadas barracas de óla, que poderiam ser motivo de incêndio, e propunha que fossem feitas de madeira. Lembrou então Victor de Lacerda a necessidade de destacar para o local da Exposição dois piquetes de bombeiros. Monteiro Lopes referiu “que sejam executados pelos encarregados destes trabalhos, alguns modelos de pavilhões que servirão de padrão, podendo ser principalmente de lona, que se presta a maior embelezamento e modelação. João Barbosa Pires contrapôs que se deveria dar a maior liberdade possível na construção dos stands, o que, “depois de ouvidos os membros chineses e devidamente discutido o assunto, ficou resolvido dar-se ampla liberdade aos concorrente para executar os pavilhões de lona, madeira, zinco, óla, devendo, neste último caso, ser construídos de madeira na parte inferior pelo menos até um metro de altura”. O Plano Geral foi aprovado depois de algumas emendas propostas por Cunha Gomes. Já Gellion perguntou se um mês não seria pouco tempo de Exposição, ao qual Barbosa Pires retorquiu que tal “teria razão de ser se não se promovessem distracções próprias das exposições”. Nessa sessão a Comissão considerou ainda “a necessidade de admitir pavilhões de comerciante que queiram expor e vender artigos por meio de entretimento, rifas, etc.,” lembrando o Presidente a vantagem de considerar em primeiro lugar os industriais a fim de se promover uma Exposição Industrial e não uma Feira; “todavia, concorda com a admissão dos particulares ou comerciantes de Macau, ou de fora, que neste caso, contribuirão com uma pequena taxa, o que é justíssimo uma vez que vão negociar”. Proposta aprovada. Por fim, tratou-se da propaganda da Exposição, para o qual o Presidente pediu a coadjuvação dos Srs Fong-Sôk-Lam e Lu-Lim-Iôc para a divulgar entra a comunidade chinesa, tendo o primeiro lembrado que se deveria enviar anúncios para a imprensa chinesa. Após o debate sobre o envio para os principais centros vizinhos do Interland é proposto que essa propaganda fique limitada aos distritos de Heong-Shang, Sun-Tak e San Hui. Devido ao adiantado da hora, foi marcada a próxima sessão para o dia 31 de Março.