Raquel Moz EventosFotografia | Exposição de Eva Mok inaugura no Albergue a 7 de Agosto O Albergue exibe a partir de quarta-feira uma exposição individual de fotografia, assinada pela artista local Eva Mok, sobre o quotidiano das pessoas e os eventos colectivos que celebram na cidade [dropcap]I[/dropcap]mpressões de Uma Pequena Cidade: Exposição de Fotografia de Eva Mok” é o nome da mostra individual que é inaugurada na próxima quarta-feira, 7 de agosto às 18h30, na galeria A2 do Albergue. A artista, nascida e criada em Macau, tem desenvolvido o seu trabalho como fotógrafa figurativa, representando o quotidiano e a cultura de diferentes países, incluindo o dela, através de uma perspectiva humanista da vida. Eva Mok vem revelando ainda especial interesse em “captar a arquitectura única em todo o mundo, quer pelo seu valor estético, quer pelo seu importante papel na civilização”, segundo informa a organização do evento. A exposição está dividida em duas partes. “A primeira secção apresenta fotos de cenas de rua em Macau e as actividades diárias da população local. Em vez de captarem aspectos diversos sobre Macau, as imagens focam-se mais no lado tradicional da cidade, algumas das quais tiradas no velho bairro onde a artista cresceu”. O ritmo rápido a que Macau se desenvolve faz com que Eva Mok espere “que estas fotografias venham um dia a servir de memória das coisas que foram desaparecendo com o tempo”, lê-se na nota de imprensa. “A segunda secção mostra cenas de festivais locais. Fotos não só sobre os festivais tradicionais, mas também alguns eventos criados em anos mais recentes, como o Festival Internacional de Lanternas ou a Parada Internacional de Macau”, dados como exemplo. Todos os trabalhos, que integram as duas secções, são formas diferentes da artista olhar para o território e homenagear a sua cidade. Impressões da fotógrafa Eva Mok trabalha actualmente como fotógrafa e tradutora em regime de free-lancer, além de se considerar uma viajante solitária. A primeira exposição colectiva em que participou foi em 2014, com um projecto concebido para o Workshop de Fotografia do “25º Festival de Artes de Macau”, no Edifício do Antigo Tribunal. No mesmo ano integrou ainda a Exposição dos Membros da ASM (Associação Fotográfica de Macau), no Pavilhão do Jardim Lou Lim Ieoc. Em 2016 lançou-se em voos mais altos, com “Uma Viagem Longe Da Vida Urbana”, que esteve patente na 5th Base Gallery, em Londres. O seu percurso conta também já com algum reconhecimento local, nomeadamente uma menção honrosa na 5ª Edição dos Prémios Anuais do Mobile Photography – Categoria Still Life, ou o primeiro prémio no “II Concurso Macau Creative Make-up and Image Design”, ambos em 2015. Em 2016 voltaria a ser galardoada, desta vez com o prémio do júri, no “III Concurso Macau Creative Make-up and Image Design”. Em 2018 recebeu também uma menção honrosa, no concurso de fotografia “Património, Gastronomia e Tradições de Macau”. A mostra “Impressões de Uma Pequena Cidade” é co-organizada pelo Albergue SCM e pelo Círculo dos Amigos da Cultura de Macau (CAC), com o apoio da Fundação Macau. As portas vão estar abertas entre 7 de Agosto e 8 de Setembro, todos os dias, com entrada gratuita.
Sofia Margarida Mota Perfil PessoasEva Mok, fotógrafa | Lente para a realidade [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]va Mok é a fotógrafa de Macau que se dedica essencialmente à captura de imagens de rua e de arquitectura. Com 35 anos, foi há apenas cinco que resolveu mudar de vida. Deixou a cadeira de escritório onde trabalhava na como administrativa com a empresa responsável pelo espectáculo “The House of Dancing Water”, e dedicou-se à fotografia, actividade que na altura ainda era completamente nova, e em que a câmara não passava do vulgar telemóvel. Uma das escolhas de Eva Mok é a fotografia de rua à qual prefere chamar de humanista. Para a fotógrafa, trata-se de alargar o conceito e estende-lo ao que mais gosta de fazer. “Capturar imagens capazes de reflectir culturas e hábitos do quotidiano de um lugar em particular é uma experiência muito enriquecedora e é o que mais gosto de fazer”, diz ao HM. Por outro lado, a fotografia é um bom instrumento capaz de reflectir a cultura de uma comunidade”, considera. Macau está incluído. “Apesar de ser a terra natal e o espaço que melhor conhece, continua a ser um lugar onde se encontram imagens únicas”, diz. Pessoalmente, prefere os bairros antigos e as festividades tradicionais para registar. A razão, aponta, é reflectirem as particularidades de uma situação ou de uma história. No entanto, quando se fala de rua de quotidiano as dificuldades num território familiar são acrescidas. “As situações são mais difíceis de identificar porque é a minha própria cultura”, aponta Eva Mok. É a falta de surpresa que está na base desta dificuldade até porque “quando se vai para o estrangeiro e se entra no desconhecido estamos mais atentos a tudo e as imagens aparecem com mais facilidade”, diz. Cada lugar, sua particularidade Além da fotografia, Eva Mok é apaixonada pelas viagens. Depois de deixar o emprego voo para a Europa. Passou pela Rússia, viveu em Portugal e não deixou de conhecer a França, o Reino Unida, a Itália ou a Suíça. Pela Ásia, a Tailândia está nas suas preferências e há uma razão: “É muito fácil fotografar as pessoas na Tailândia. Olham-nos com um sorriso e deixam que registemos o que fazem”, explica. Já me Macau, se se tratarem de situação em que está implicada a venda de um produto, os comerciantes pedem para que se compre de modo a deixarem-se fotografar. Às vezes, entro numa loja e sinto que as pessoas não querem ser fotografadas e às vezes até me dizem coisas do género “se não me compra nada porque é que eu hei de deixar que fotografe”, comenta. Na Europa as pessoas são mais reservadas, refere, pelo que, muitas vezes, escolhe dedicar-se à fotografia de arquitectura. “Também gosto muito de registar os edifícios característicos dos lugares e a Europa é muito boa para isso. Tem igrejas e monumentos incríveis que são um desafio para qualquer fotógrafo”, refere. Um gosto recente A fotografia apareceu quase por acaso e não há muito tempo. “Comecei com a fotografia no final de 2012″, conta. Cansada do trabalho que tinha que sentia “não trazer mais nada de novo” e depois de viajar para Portugal duas vezes em que teve oportunidade de percorrer o país foi juntando uma série de imagens tiradas com telemóvel. Os elogios por parte dos amigos fizeram com que se interessasse cada vez mais pela imagem. O resultado, uma dedicação total. “Comecei a perceber que gostava realmente de capturar imagens e tratei de ter formação na área com a frequencia de cursos”, explica. Trabalhar em Macau como fotógrafa é sempre “uma luta” principalmente se não se trabalha no sector comercial. “Eu só faço fotografia de rua e de arquitectura e é muito difícil sobreviver com o que faço, mas se fotografasse eventos ou casamentos seria mais fácil”, diz. A venda de impressões é quase impossível. “Macau não tem essa cultura e se se tratam de artistas menos conhecidos qualquer valor que se peça é sempre considerado como “demasiado caro”, mas se forem trabalhos de artistas de renome ninguém se queixa dos preços, por muito altos que sejam”, lamenta. “É um grande desafio tentar vender as minhas fotografias” e a solução pode passar por ter de pensar em arranjar alternativas de modo a subsistir. “Estou a pensar em ter alguns trabalhos como free-lancer”, revela. Para já espera ainda ter oportunidade de conseguir uma exposição.