Guangdong | Balanço de colapso de autoestrada sobe para 48 mortos

O colapso de uma autoestrada no sul da China devido ao mau tempo provocou 48 mortos, segundo um novo balanço divulgado ontem pelos meios de comunicação social estatais chineses.

“O desmoronamento da autoestrada matou 48 pessoas”, noticiou a agência Xinhua após uma conferência de imprensa das autoridades da cidade de Meizhou, na província de Guangdong.

O balanço anterior era de 36 mortos e 30 feridos. Vinte e três viaturas foram encontradas numa vala depois de um troço da autoestrada com 17,9 metros de comprimento ter desabado, disse o governo local em comunicado.

O acidente ocorreu pelas 02:00 de quarta-feira. Imagens publicadas nas redes sociais e divulgadas pela imprensa local mostravam fumo e chamas a sair da vala onde os carros caíram. O solo por baixo da autoestrada parece ter cedido, juntamente com o troço que desabou.

Trinta pessoas ficaram feridas, nenhuma em risco de vida, referiu a nota. As autoridades anunciaram que cerca de 500 pessoas foram enviadas para ajudar nos trabalhos de resgate. A razão do desmoronamento ainda não é conhecida.

3 Mai 2024

DSAT desconhece valor pago a Chongqin para revisão do plano geral

Na resposta a um pedido de informações do deputado José Pereira Coutinho, a DSAT explica que os montantes pagos aos especialistas de Chongqin foram definidos pela empresa UMTEC

 

 

A Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) desconhece o montante pago ao “grupo de especialistas” de Chongqin que participou no estudo do Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau. O facto foi reconhecido numa resposta a um pedido de informações do deputado José Pereira Coutinho.

Segundo o legislador ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), apesar de o estudo ter sido atribuído UMTEC Limitada, empresa que é propriedade da Universidade de Macau, o trabalho acabou por ser elaborado por “um grupo de especialistas” de Chongqing. Deste grupo, fazem parte o Instituto de Estudo de Planeamento de Tráfego da Cidade de Chongqing, a empresa TYLIN, Associação de Pesquisa de Desenvolvimento Sustentável de Recursos e Economia de Chongqing e ainda a China Railway Eryuan.

Numa troca de correspondência, a que o HM teve acesso, Coutinho pretendia saber quanto é que foi pago aos especialistas, mas ficou sem resposta. A única garantia é que o pagamento terá sido feito com parte dos 20 milhões de patacas. “O montante do estudo do Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres (2021-2030), adjudicado à UMTEC limitada, foi de 20 milhões de patacas”, foi explicado. “A equipa de pesquisa foi composta por especialistas locais e da cidade de Chongqing, cabendo a organização financeira a um acordo entre todas as partes, pelo que esta Direcção de Serviços não dispõe de informações sobre esta matéria”, foi acrescentado.

 

Acordo entre as partes

O deputado também pediu esclarecimentos sobre a relação entre a UMTEC e as entidades do Interior, mas a melhor resposta que recebeu foi ter existido “um acordo entre todas as partes”.

O HM entrou em contacto com a UMTEC para pedir esclarecimentos sobre o assunto, mas até ao fecho da edição não tinha recebido qualquer resposta.

Na correspondência com a DSAT, José Pereira Coutinho também abordou um dos planos mais mediáticos do Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau, a construção de um teleférico. “O Planeamento Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau mencionou a construção do teleférico, quanto custa e qual é o prazo de execução da obra?”, questionou José Pereira Coutinho.

Na resposta, o deputado ficou a saber que o projecto que vai fazer a ligação entre “Macau e a Taipa” ainda está em fase de concepção, pelo que não há um custo estimado nem um prazo para a finalização dos trabalhos.

9 Nov 2022

Sangue na estrada

[dropcap]E[/dropcap]ra este o nome de um programa televisivo dos longínquos anos sessenta apresentado com colisão estrondosa – o programa mais não era que um receituário para boas práticas automobilísticas que na altura já fazia correr bastante sangue e cujo desenvolvimento a preto e branco impunha uma maior dramatização. Com a gravidade do tempo se expunham então as condutas erradas e se mostrava exemplos derrapantes pretendendo assim ser útil para evitar o sangramento no asfalto.

Ora sem dúvida que o sangue que a todos atravessa em circuito fechado é o mais forte elemento que um ser vivo dispõe: os de sangue quente, está claro. Há quem admita que a terra lhe é hostil e que onde se sangra se gera uma área de esterilidade ambiente, e que seitas maniqueístas como os Cátaros das carnes se afastaram para impedir o pacto que consideravam diabólico, o que faz que ainda hoje os judeus desensanguentem as carnes numa prática ritualística para não incorporarem a estranha força nele contida.

O sangue marca assim um ciclo de funções culturais quase xamânicas e também perante ele existe a reverência e o pudor instintivos que fez a Igreja secular separar-se, renegando qualquer fluxo interno que se propaga-se e fosse visto; acariciaram o fogo como medida castigadora. O vinho litúrgico não é mais que a metáfora de um caudal de seiva e gratidão pelos bons produtos da terra, como o pão, os primeiros transformáveis logo que se dá a sedentarização.

Noé ao colocar pé em terra firme planta logo uma vinha. E se o sangue ainda apaziguava as Fúrias lá mais para trás, é certo que não foi com os homens dos rebanhos que o canibalismo tomou posse, pondo então fim ao infanticídio infantil com Isaac substituído por um cordeiro.- E as questões de sangue, e o sangue nas arenas que se inspiram nos dorsos gigantes, numa fartura sangrenta de fluído tal… o touro não quer matar, o homem não quer morrer, mas todos sangram e brincar com sangue é a irreflexão mais bravia que podemos conceber.

São espectáculos do tempo do «Sangue na Estrada» que os infortunados de natureza sensível viram entrar casa adentro numa atoarda de choques e cornetas, esses que, roeram as unhas até ao tutano e prometeram fazer feitiços para os homens morrerem na prática de coisas tais e desviaram os olhares das chapas retorcidas, que agora são expostos ao clamor indecente de serem radicais bem-pensantes; não sei se pensam bem…na certeza porém, que sentem diferente. Levanta-se uma névoa telúrica ou milenar que até pensávamos estar saldada, mas, olhamos e a estratégia instintiva é ainda a mesma. Até se dizia no tempo destas visitações nas casas de cada um que o chefe da Nação nem gostava de sangue e prometera levar para longe e para as funduras os seus opositores para não assistir a nenhum derrame, o que corrobora que um seminarista é avesso a fluídos internos que se manifestam numa qualquer vertente. Fogueiras do imaginário ainda ardiam quando todos estes sangues se soltaram.

Camilo Castelo Branco escreveu uma obra literária chamada «O sangue» onde afirma: estou escrevendo um romance chamado « O Sangue» mas não é bem um chouriço. É uma patacoada. Parece-me que vou queimar os livros para aquecer os quatro pés, os dois são vulgares, deu-nos o frio, e não obstante continuo a tiritar, o que não sucede a todos os burros que têm fogão»

Grande Camilo que metamorfoseava em paródia grotesca reais angústias! Veremos também que ao tempo de Camilo as estradas eram fustigadas por salteadores, sendo pouco provável o choque das quadrigas de cavalos, as vítimas que sangram ainda são na sua maioria as das estradas e das arenas. “Chocar” com um Touro é sem dúvida uma experiência incrível! Uma faena é um desdobramento inconsciente de brutalidade incurável tão ao gosto dos paleolíticos cultos de Mitra… que seja cultura… bom, a cultura impõe-se para bem ou para mal, quando se deixa de sangrar. Se tal acontecer são desastres. Espargindo o sangue nos terreiros também as Fúrias, outrora cultos (as) já não se manifestam tanto… e nós, os que tivemos de viver nestas “culturas” ainda somos abusados na cultíssima alma que transportamos. São caminhos de sangue, tudo isto, e olhamos os graus máximos dos bisturis futuros e toda esta seiva está estancada como se olhássemos um rio do outro lado da Galáxia. O Vermelho era tão imperativo que o chefe da Nação o passou até para Encarnado, e com isto, encarnaram formas vivas, troncos de culturas distantes que agora se manifestam de maneiras genuinamente imobilizadoras para estupefação dos demais (os demais, já estavam a mais, antes mesmo de lhes ser dado liberdade para tal).

E voltando a Camilo numa supervisão entre plasma e sentimento: «Aquele Manuel a cuja agonia V. Exª assistiu não era meu filho. Adoptei-o no coração extremoso de pai e senti então que o sangue nada é e a nada conclui» . São estas gentes das heranças genéticas, da voz do sangue, que gostam dessas coisas, uma certa fidalguia que à falta de melhores capacidades definitivamente mais culturais e humanas, se entretêm ainda a morrer nas estradas por falta de ocupação fixa, e se regozijam no dorso amigo de uma força, que não esquecemos, mas mantemos transmutada dentro de nós. Admitamos que na longa travessia eles tenham evoluído mais que aqueles que os desafiam nas arenas.

Sem dúvida que Camilo seria o primeiro a fazer hoje uma outra crónica de costumes com esse dom raro de provocar o riso e despertar as lágrimas que toda esta questão levanta, e cuja força extemporânea atrai ainda o sangue sem vital função.

27 Nov 2018