China avisa EUA de que fará “o que for necessário” para reunificar Taiwan

[dropcap]A[/dropcap] China advertiu hoje os Estados Unidos de que vai fazer “o que for necessário” para salvaguardar a “reunificação nacional” e a sua integridade territorial, durante uma reunião entre altas patentes militares dos dois países, em Pequim.

Num diálogo com o almirante John Richardson, Chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA, o general chinês Li Zuocheng, que chefia o Departamento de Estado-Maior Conjunto da Comissão Militar Central, reiterou que Taiwan é um “assunto interno” da China e que Pequim “não permitirá interferências do exterior”.

“Se alguém tentar separar Taiwan da China, o exército chinês irá fazer o que for necessário para salvaguardar a reunificação nacional e a soberania e integridade territorial da China”, afirmou Li, citado hoje num comunicado do ministério chinês da Defesa.

A advertência de Pequim surge após vários senadores e congressistas norte-americanos terem demonstrado o seu apoio a Taiwan, face à recusa do Presidente chinês, Xi Jinping, em renunciar ao uso da força para reunificar Taiwan com a China.

Num discurso proferido no início deste ano, Xi propôs a Taiwan a reunificação sob o princípio “Um País, Dois Sistemas”, que é aplicado na governação de Macau e Hong Kong, mas que foi imediatamente rejeitado pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa, e defende a “reunificação pacífica”, mas ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Taiwan, ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.

Para conseguir a reunificação, um objectivo reiterado em numerosas ocasiões por Xi, o presidente chinês disse: “Nós não prometemos renunciar ao uso da força e reservamo-nos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.

Também citado pelo ministério chinês da Defesa, Richardson afirmou que os EUA estão “dispostos” a trabalhar com a China para fortalecer o intercâmbio de alto nível entre os dois exércitos, a fim de “melhorar a compreensão mútua e reduzir mal-entendidos”.

Nos últimos anos, Washington aprovou várias leis favoráveis a Taiwan, incluindo elevar o nível de contactos oficiais, acelerar a venda de armas para a ilha e intensificar os contactos militares.

E em 2018, pela primeira vez, os EUA criticaram os países que recentemente romperam laços diplomáticos com Taiwan e passaram a reconhecer Pequim como o governo legítimo de toda a China.

16 Jan 2019

Espionagem militar dos EUA está preocupada com crescente poderio militar da China

[dropcap]U[/dropcap]ma nova avaliação dos serviços de informações militares dos EUA realçou as preocupações norte-americanas com o crescente poderio militar da China, sublinhando as preocupações com a sua capacidade de atacar Taiwan e ganhar.

Um dos principais dirigentes da espionagem militar norte-americana adiantou que uma das preocupações centrais é com a actualização chinesa do seu equipamento e tecnologias militares, bem como com as alterações no treino e deslocação de tropas. Estas novidades tornaram os dirigentes de Pequim mais confiantes nas suas capacidades de ganhar um conflito regional.

Os líderes de Pequim têm tornado claro que a afirmação da sua soberania sobre Taiwan é a sua principal prioridade. Este dirigente adiantou que a China pode facilmente disparar mísseis sobre Taiwan, mas que precisa de mais trabalho antes de conseguir invadir esta ilha com sucesso.

A agência de informações do Pentágono (DIA, na sigla em Inglês) divulgou um relatório sobre a China e o dirigente falou sob anonimato para explicar as conclusões do documento.

16 Jan 2019

Novo chefe do Pentágono define a China como prioridade

[dropcap]O[/dropcap] novo secretário americano da Defesa, Patrick Shanahan, definiu nesta quarta-feira a China como uma das suas prioridades, no seu primeiro dia à frente do Pentágono. Shanahan exortou o pessoal do Departamento que chefia a se concentrar na Estratégia de Defesa Nacional, que se adapta a uma nova era de “grande luta de poder” com a Rússia e a China.

“Enquanto nos concentramos nas operações em curso, o secretário Shanahan pediu à equipa que se recordasse da China, China, China”, disse um funcionário do Departamento da Defesa.

Washington acusa Pequim de realizar práticas de espionagem militar e económica e qualificou de coerção económica a iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota. “Em 2019, a Estratégia de Defesa Nacional continua a ser o nosso guia. A fortaleza militar americana continua a ser nosso objectivo”, declarou Shanahan na sua mensagem de Ano Novo no Twitter.

O novo chefe do Pentágono assistiu nesta quarta-feira a uma reunião do gabinete americano, a primeira do presidente Donald Trump em 2019, segundo o funcionário do Departamento de Defesa. Shanahan assumiu o cargo dia 1 de Janeiro, depois do general Jim Mattis se ter demitido por desavenças com o presidente Donald Trump.

Shanahan, pouco conhecido para pessoas alheias ao mundo dos negócios e dos círculos de Washington, chega à frente da pasta da Defesa num período de mudanças provocadas pela imprevisível política externa de Trump. Aos 56 anos, nunca serviu o Exército e passou a maior parte da carreira no sector privado, no fabricante de aviões Boeing.

Shanahan deverá dirigir a retirada dos 2000 soldados americanos da Síria, uma saída parcial de tropas do Afeganistão e gerir o impacto destas decisões nos dois países, tanto para as populações locais quanto para os aliados dos Estados Unidos.

4 Jan 2019

Uma solução recíproca para a disputa comercial entre os EUA e a China

Por  SHANG-JIN WEI*

[dropcap]P[/dropcap]ara muitos aliados dos Estados Unidos, as falhas na guerra comercial do presidente Donald Trump com a China – que está suspensa durante 90 dias após o encontro entre Xi e Trump na Argentina – estão na estratégia, não na motivação. De facto, a Europa e o Japão partilham muitas das queixas de Trump. O que eles não reconhecem é que também há muito que eles podem fazer para tornar o sistema de comércio global – e as suas relações com a China – mais justo e mais eficiente.

É certo que a China precisa de tomar medidas para reformar as suas políticas. Para começar, as tarifas e as barreiras não-tarifárias da China são mais altas do que as dos EUA e de outros países de elevado rendimento (embora não mais altas do que as da maioria dos países em desenvolvimento com níveis de rendimento comparáveis). E há muitas restrições para as empresas estrangeiras que desejam operar na China, incluindo limites na propriedade estrangeira de empresas nacionais.

Reduzir as barreiras ao mercado chinês beneficiaria não só os produtores estrangeiros, mas também as famílias e empresas chinesas que utilizam peças importadas. A liberalização comercial funcionaria como um corte nos impostos, aumentando os rendimentos e melhorando a eficiência, sem exigir que o governo aumentasse o défice orçamental. A passada liberalização comercial da China, após a sua adesão à Organização Mundial do Comércio há 17 anos, indica que uma medida semelhante não levaria a um aumento do desemprego, desde que o mercado de trabalho chinês permaneça suficientemente flexível.

A China também faria bem em responder a outra queixa crucial, reforçando a protecção da propriedade intelectual. O governo chinês alega que abandonou a política de exigir às multinacionais estrangeiras que partilhem a sua PI em troca de acesso ao mercado, há duas décadas. Mas as câmaras do comércio dos EUA e da Europa na China dizem que as práticas são efectivamente diferentes.

No passado, quando a própria capacidade inovadora da China era fraca, uma protecção mais forte da PI significaria meramente mais rendas para as empresas estrangeiras. Hoje, no entanto, à medida que as empresas chinesas estão a desenvolver a sua própria PI valiosa, e a sua presença global tornou-se maior, mais forte e recíproca. As protecções da PI beneficiariam tanto as empresas chinesas como as empresas estrangeiras.

A China também deveria reformar os seus programas de subsídios e o seu regime de políticas industriais. A maioria dos países utiliza impostos e subsídios para promover determinadas actividades económicas. Ainda assim, a proporção de programas governamentais que criam distorções e ineficiências, em vez de lidarem com as falhas do mercado, é maior na China do que nos países de elevado rendimento.

Tais políticas incluem subsídios que favorecem as empresas públicas em detrimento das empresas privadas, levando ao desperdício e perda de produtividade. A fim de nivelar o campo de jogo entre as empresas chinesas e as empresas estrangeiras, os programas governamentais deveriam ser submetidos a uma análise mais sistemática de custo-benefício.

Mas para que o comércio global seja realmente justo, as economias avançadas – e, em particular, os EUA – também precisam de fazer algumas mudanças. Na verdade, as barreiras desses países aos bens e investimentos chineses não são tão baixas como comummente se julga.

Nos EUA, por exemplo, as tarifas sobre muitas importações de têxteis e vestuário, das quais a China tem sido o produtor mais eficiente do mundo, estão na faixa dos 20%, muito acima da taxa média americana. Aumentar ainda mais as tarifas efectivas que as empresas chinesas enfrentam é um regime anti-dumping que é frequentemente utilizado como um instrumento de proteccionismo, com regras que são tendenciosas contra os produtores chineses. A tarifa média dos EUA subestima seriamente as tarifas reais aplicadas aos produtos chineses.

Da mesma forma, os acordos de livre comércio dos EUA têm desviado artificialmente a procura dos EUA de produtores chineses mais eficientes, para empresas menos eficazes em termos de custo em países como o México. Apesar da palavra “livre” no nome, os acordos de livre comércio não são verdadeiramente sobre um comércio mais livre, pois eles discriminam empresas em países fora dos ALC em favor de empresas algumas vezes menos eficientes nos países participantes. Esse efeito – que não é suficientemente limitado pelas regras existentes da Organização Mundial do Comércio – enfraquece a atribuição eficiente de recursos e prejudica não apenas os trabalhadores em países fora de um ALC, mas também, em muitos casos, famílias com baixos rendimentos que aí residem.

Além disso, o regime dos EUA que rege o investimento estrangeiro nem sempre é justo, previsível ou transparente. Quando se trata de rotular um investimento proposto como sendo uma ameaça à segurança nacional, os critérios parecem muito discricionários.

Segundo os advogados norte-americanos com quem falei, que fornecem aconselhamento sobre fusões e aquisições transfronteiriças, uma vez que os processos de triagem nos EUA para acordos que envolvem investidores chineses podem enfrentar longos e imprevisíveis atrasos, as empresas chinesas muitas vezes têm de pagar 15% extra para tornarem as suas propostas viáveis. Dessa forma, o regime de investimento estrangeiro dos EUA, efectivamente, expropria as empresas chinesas que desejam investir nos EUA.

As políticas ineficientes ou geradoras de distorções raramente são simples erros. Como regra, elas atendem aos interesses dos grupos de interesses especiais poderosos e bem organizados que provavelmente resistem a qualquer mudança. Mas se a China e os EUA conseguirem um grande negócio sobre um pacote de mudanças políticas que reduzam ou eliminem as distorções em ambos os lados, a resistência interna pode ser mais fácil de superar.

Essa cooperação poderia ser alargada para ajudar a conseguir um acordo nas reformas da OMC que apoiariam ainda mais a equidade no sistema global. Por exemplo, as regras anti-dumping poderiam ser melhor harmonizadas com as regras anti-monopólio nacionais e poderiam ser criados ou reforçados regulamentos para minimizar os efeitos discriminatórios dos ALC e para evitar que os governos utilizem subsídios nas empresas públicas para contornar as regras da OMC.

Uma estratégia assim tão equilibrada e recíproca ajudaria a aliviar as tensões sobre o comércio e o investimento transfronteiriços. Igualmente importante, fortaleceria a justiça e a eficiência nas duas maiores economias do mundo – uma mudança que beneficiaria não apenas os EUA e a China, mas todo o mundo.

© Project Syndicate

www.project-syndicate.org

* ex-economista-chefe do Asian Development Bank, Professor de Chinese Business and Economy e Professor de Finance and Economics na Universidade de Columbia.

 

 

4 Jan 2019

EUA e Israel saem da UNESCO

[dropcap]A[/dropcap] saída dos Estados Unidos e de Israel da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) tornou-se efectiva ontem, culminando um processo desencadeado em Outubro de 2017. A saída dos dois países assenta no suposto sentimento anti-Israel da organização, alegado pelas respetivas representações diplomáticas.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a saída da organização em 12 Outubro de 2017, poucas horas antes de anúncio similar feito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Os Estados Unidos invocaram “preocupações com os atrasos crescentes na UNESCO, a necessidade de uma reforma fundamental da organização e o permanente preconceito anti-Israel”. O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse hoje que o seu país “não será membro de uma organização cujo objectivo seja deliberadamente agir contra Israel”, dando argumentos aos seus “inimigos”.

A organização com sede em Paris foi acusada de criticar a ocupação israelita de Jerusalém Oriental, em particular por identificar locais reivindicados por Israel, como herança palestiniana, além de ter aprovado a plena adesão da Palestina à organização, em 2011, facto que levou os Estados Unidos a suspender, desde então, as contribuições financeiras.

Nos últimos anos, a UNESCO aprovou várias resoluções muito criticadas por Israel, nomeadamente textos que omitem a vinculação judaica à denominada Esplanada das Mesquitas de Jerusalém.

No verão de 2017, a Cidade Velha de Hebron (Palestina) foi incluída na Lista de Património Mundial, decisão que levou Israel a anunciar que iria retirar um milhão de dólares na sua contribuição para as Nações Unidas.

Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os EUA retiraram-se da UNESCO, cortaram vários financiamentos a órgãos da ONU e anunciaram a sua saída do Acordo de Paris de combate às alterações climáticas, do acordo nuclear com o Irão, apoiado pela ONU, e do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

Em 1984, durante a administração de Ronald Reagan, os Estados Unidos romperam igualmente com a UNESCO, por suposta cedência a interesses soviéticos, em plena Guerra Fria, tendo regressado à organização em 2003.

3 Jan 2019

EUA acusaram dois chineses de roubo de dados de empresas norte-americanas

[dropcap]O[/dropcap] Departamento de Justiça dos EUA acusou hoje dois cidadãos chineses de roubo de dados de empresas norte-americanas, ao serviço do governo de Pequim. Os procuradores do Departamento de Justiça apresentaram hoje um processo contra Zhu Hua e Zhang Shillong acusando-os de terem pirateado dados de empresas dos EUA, ao serviço de agências de inteligência da China.

Nos últimos meses, os EUA têm acentuado as acusações, junto de organizações internacionais, de que o governo chinês tem promovido acções de roubo de dados e de violação de patentes. Documentos judiciais apresentados no tribunal federal de Manhattan, Nova Iorque, alegam que os ‘hackers’ conseguiram violar os computadores de mais de 45 entidades em 12 estados.

As vítimas dos ‘hackers’ foram empresas de vários ramos, da aviação e do espaço à tecnologia farmacêutica. Os procuradores alegam que os piratas informáticos conseguiram roubar “centenas de gigabytes” de dados, a partir dos computadores das empresas.

Documentos judiciais dizem que os ‘hackers’ invadiram servidores informáticos para obter acesso às redes de empresas, a fim de roubar propriedade intelectual e dados de negócios. A acusação foi hoje anunciada pelo pelo vice-procurador-geral dos EUA, Rod Rosenstein, pelo director do FBI, Chris Wray, e por Geoffrey Berman, advogado representante do governo dos Estados Unidos em Manhattan.

Na semana passada, autoridades do Departamento de Justiça, do FBI e do Departamento de Segurança Interna declararam ao Comité Judiciário do Senado que a China tem repetidamente financiado acções de roubo de segredos comerciais e propriedade intelectual de empresas americanas para prejudicar a economia dos EUA e promover seu próprio desenvolvimento.

Essa mesma acusação foi esta semana apresentada pelo governo dos EUA junto da Organização Mundial do Comércio, numa reunião em Genebra. Os esforços de espionagem chinesa tornaram-se “a ameaça de contra espionagem mais grave que nosso país enfrenta hoje”, disse Bill Priestap, director assistente da divisão de contra inteligência do FBI, no Senado.

Nos últimos meses, o Departamento de Justiça tem avançado com acusações contra vários elementos de serviços de informação e ‘hackers’ chineses.

21 Dez 2018

EUA devolvem ‘troféus de guerra’ às Filipinas mais de um século após massacre

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos devolveram hoje às Filipinas três sinos de uma igreja levados como ‘troféus de guerra’ pelos norte-americano há quase 120 anos, uma iniciativa destinada a encerrar um capítulo sangrento na história dos dois países.

Há décadas que Manila tem vindo a pedir a devolução dos sinos de Balangiga, o que aconteceu mais de 100 anos depois de uma das piores batalhas do conflito travado entre os dois países (1899-1902).

A devolução também ocorre num momento frágil das relações diplomáticas entre o arquipélago e Washington, já que o Presidente filipino, Rodrigo Duterte, não tem escondido o desejo de se aproximar de Pequim.

Os ‘troféus’ chegaram a Manila a bordo de um avião militar norte-americano, onde oficiais dos EUA e das Filipinas reuniram-se para uma cerimónia oficial. Os sinos foram levados da igreja Balangiga, na cidade homónima da ilha de Samar (centro-oeste do arquipélago), por militares americanos.

Em 28 de Setembro de 1901, rebeldes filipinos mataram 48 soldados norte-americanos num ataque surpresa, onde se diz que os sinos terão dado o sinal para o início da agressão.

Em retaliação, o general norte-americano Jacob Smith ordenou que a ilha de Samar fosse transformada num “deserto ruidoso” e que todos os rapazes ou homens filipinos, com mais de dez anos, fossem executados.

Milhares de filipinos foram mortos, Balangiga foi completamente arrasada e os sinos foram apreendidos como ‘troféus’ de guerra. Colónia espanhola desde o século XVI, as Filipinas passaram para a posse dos Estados Unidos em 1898 após a guerra hispano-americana. O país tornou-se independente em 1946.

11 Dez 2018

China promete agir de forma célere para estancar guerra comercial com os EUA

[dropcap]A[/dropcap] China prometeu ontem agir de forma célere sobre os “pontos de consenso” alcançados com os Estados Unidos, de forma a estancar a guerra comercial entre os dois países.

“A China começará a implementação de pontos específicos sobre os quais um consenso foi alcançado, quanto mais cedo melhor”, disse o Ministério do Comércio em comunicado. Pequim vai “promover activamente a consulta”, acrescentou.

Os dois países estabeleceram uma trégua comercial, que vai adiar por 90 dias o aumento das taxas alfandegárias norte-americanas impostas sobre importações chinesas, depois de Donald Trump e Xi Jinping chegaram a acordo durante um jantar, no final da cimeira do G20, que decorreu entre sexta-feira e sábado, em Buenos Aires.

A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam aumentar de 10% para 25% no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.

A Casa Branca acrescentou que se os dois lados não chegarem a acordo no prazo de 90 dias, então o aumento das taxas alfandegárias será aplicado.

O lado de Trump

O Presidente dos EUA, Donald Trump, não exclui a possibilidade de estender para além de 90 dias a trégua comercial estabelecida com a China. “As negociações com a China já começaram, a menos que sejam prorrogadas, terminarão 90 dias depois do nosso maravilhoso e acolhedor jantar com o Presidente Xi, na Argentina”, escreveu ontem Donald Trump na rede social Twitter.

Esta afirmação do Presidente dos EUA deixa em aberto a possibilidade de o prazo de tréguas comerciais com a China durar para lá do acordado limite de 90 dias.

Por outro lado, Trump esclarece que esse período de tréguas já começou, depois de a Casa Branca ter dito, na segunda-feira, que o prazo apenas teria início em Janeiro de 2019. Trump esclareceu ainda que o negociador do lado dos EUA será Bob Lightizer, um elemento adepto de uma posição dura perante a China.

5 Dez 2018

Presidente chinês e ‘vice’ dos EUA confrontam argumentos sobre guerra comercial

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês e o vice-presidente norte-americano trocaram ontem argumentos sobre a guerra comercial protagonizada pelos dois países nos discursos que proferiram numa reunião que junta 21 líderes de países e territórios na Papua-Nova Guiné.

O norte-americano Mike Pence disse que não haverá um recuo na política do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de combater a política comercial mercantilista da China e o roubo de propriedade intelectual que desencadeou este ano uma guerra tarifária entre as duas maiores potências económicas mundiais.

“Os Estados Unidos não mudarão de curso até que a China mude de rumo”, afirmou, acusando Pequim de roubo de propriedade intelectual, subsídios sem precedentes para empresas estatais e “tremendas” barreiras para travarem a entrada de empresas estrangeiras no seu gigantesco mercado.

Pence anunciou que os EUA vão envolver-se no plano da Austrália para desenvolver uma base naval na Papua Nova Guiné, onde está a ter lugar o encontro de líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que representam 60% da economia mundial.

A China tem-se mostrado disponível para financiar empréstimos e construir infra-estruturas na Papua Nova Guiné e em outras nações insulares do Pacífico.

Críticas a “Uma Faixa, Uma Rota”

O vice-presidente norte-americano aproveitou para criticar a iniciativa global ao nível das infra-estruturas promovida pela China, conhecida como “Uma Faixa, Uma Rota”, classificando muitos dos projectos de baixa qualidade que também sobrecarregam os países em desenvolvimento com empréstimos que depois não podem pagar.

Os EUA, uma democracia, é um parceiro melhor do que a China autoritária, argumentou. “Saibam que os Estados Unidos oferecem uma opção melhor. Não afundamos os nossos parceiros num mar de dívidas, não coagimos, não comprometemos a sua independência”, disse Pence.

Xi Jinping, que discursou antes de Pence, antecipou muitas das críticas dos EUA. O líder chinês declarou que os países estão a enfrentar uma opção de cooperação ou de confronto. Xi expressou apoio ao sistema global de comércio livre que sustentou a ascensão de seu país nos últimos 25 anos, transformando-a na segunda maior economia do mundo depois dos EUA.

“As regras feitas não devem ser seguidas ou distorcidas como se julgar conveniente e não devem ser aplicadas com padrões duplos para agendas egoístas”, disse Xi.

“A humanidade chegou novamente a uma encruzilhada”, sublinhou. “Que direcção devemos escolher? Cooperação ou confronto? Abertura ou fechamento de portas? Progresso vantajoso para as duas partes ou um jogo de soma zero?”, questionou.

Em resposta às críticas à iniciativa internacional da China, “Uma Faixa, Uma Rota”, Xi assegurou que esta não representa uma armadilha.

“Não é projectada para servir qualquer agenda geopolítica oculta, não é dirigida contra ninguém e não exclui ninguém. Não é um clube exclusivo que é fechado para não-membros nem é uma armadilha como algumas pessoas a rotularam”, defendeu.

Os líderes de 21 países e territórios da Costa do Pacífico que compõem 60% da economia mundial estão reunidos em Port Moresby, capital da Papua Nova Guiné, para uma reunião anual de Cooperação Económica Ásia-Pacífico.

Em cima da mesa está a obtenção de um acordo sobre uma declaração conjunta, nomeadamente sobre a possibilidade de exercerem pressões para mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC), que estabelece as regras e que pode penalizar as nações que as violam.

Debate sobre o Mar do Sul da China

As reivindicações territoriais da China para a maior parte do Mar do Sul da China também foram alvo do discurso de Pence.

A China exigiu que os EUA parem de enviar navios e aviões militares perto de suas ilhas artificiais naquelas águas disputadas por várias nações, depois de navios americanos e chineses quase terem colidido perto de um recife em setembro. Mas Pence ressaltou no sábado que os EUA não recuarão.

“Continuaremos a voar e a velejar sempre que a lei internacional o permitir e as exigências de interesse nacional o justifiquem. O assédio só fortalecerá a nossa determinação. Não vamos mudar de rumo”, garantiu.

Washington continuará a apoiar os esforços dos países e territórios do Sudeste Asiático para negociarem um “código de conduta” que vincule juridicamente a China e “que respeite os direitos de todas as nações, incluindo a liberdade de navegação no Mar do Sul da China”, concluiu o vice-presidente norte-americano.

18 Nov 2018

Ex-secretário do Tesouro norte-americano alerta para cortina de ferro económica

[dropcap]O[/dropcap] antigo secretário do Tesouro norte-americano Henry Paulson advertiu hoje para a perspectiva de uma “cortina de ferro económica” entre a China e os Estados Unidos, apelando a ambos que trabalhem para resolver as disputas comerciais.

O responsável máximo pelo Tesouro dos EUA durante a Administração de George W. Bush avisou que a guerra comercial entre Pequim e Washington está a “chegar a um ponto de não retorno”, durante um discurso na conferência Bloomberg New Economy Forum, em Singapura.

“A região [asiática] deve hoje estar preocupada com a transformação de uma competição estratégica saudável numa guerra fria em grande escala”, disse Paulson, que era secretário do Tesouro quando implodiu a crise financeira global, em 2008.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de até 25% sobre 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens importados dos EUA.

Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Bruxelas ou Tóquio partilham das mesmas queixas. O governo norte-americano acusa ainda Pequim de expansionismo militar, violação de liberdades civis e religiosas e até de interferência nas eleições norte-americanas, visando penalizar a Administração de Donald Trump.

Henry Paulson disse que pôr em causa décadas de progresso nas relações comerciais entre a China e os Estados Unidos acarreta grandes impactos económicos.

“Temo que partes importantes da economia global estão a fechar-se ao comércio e investimento”, disse. “E agora vejo a perspectiva de uma cortina de ferro económica, que irá erguer novas barreiras em cada lado e romper com a economia mundial como a conhecemos”, acrescentou.

Washington deu alguns sinais positivos nas últimas semanas. Trump disse no início do mês que teve uma “conversa muito boa” por telefone com o homólogo chinês, Xi Jinping, sobre questões comerciais e a Coreia do Norte.

O Departamento de Estado anunciou ainda conversações de alto nível com Pequim, sobre segurança, em Washington, para esta sexta-feira. Henry Paulson prevê, ainda assim, “um longo inverno nas relações sino-norte-americanas”.

7 Nov 2018

Secretário de Estado norte-americano recebe dirigente norte-coreano na quinta-feira

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai reunir-se na quinta-feira em Nova Iorque com um alto dirigente norte-coreano, Kim Yong-chol, anunciou hoje o Departamento de Estado.

Pompeo e Kim vão discutir os avanços alcançados na sequência da cimeira de Singapura, que juntou os líderes dos dois países, Donald Trump e Kim Jong-un, indicou uma porta-voz do Departamento de Estado.

A desnuclearização da Coreia do Norte é um dos assuntos em destaque.

No dia seguinte, Mike Pompeo e o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, vão receber em Washington destacados responsáveis chineses, indicou o Departamento de Estado em comunicado.

Os homólogos chineses dos dois responsáveis norte-americanos, Yang Jiechi (Negócios Estrangeiros) e Wei Fenghe (Defesa), vão estar presentes, segundo o comunicado.

A reunião. que ocorre após um período de tensão militar e comercial entre Estados Unidos e China, segue-se a um primeiro encontro que teve lugar em Junho de 2017.

6 Nov 2018

Ex-chefe militar dos EUA admite guerra com China dentro de 15 anos

[dropcap]O[/dropcap] antigo comandante das forças militares dos Estados Unidos da América (EUA) na Europa admitiu, na quarta-feira, que é muito provável que os norte-americanos e a China estejam em guerra dentro de 15 anos.

O tenente-general retirado Ben Hodges afirmou que os aliados europeus terão de fazer mais para garantirem a sua própria defesa, perante uma ressurgente Rússia, porque os EUA vão precisar de dar mais atenção à defesa dos seus interesses no Pacífico.

“Os EUA precisam de um pilar europeu muito forte. Penso que dentro de 15 anos – o que não é inevitável –, é muito provável que estejamos em guerra com a China”, declarou Ben Hodges, numa sala cheia durante o Fórum de Segurança de Varsóvia, Polónia, um encontro de líderes e analistas políticos e militares da Europa Central.

“Os EUA não têm a capacidade para fazer tudo o que têm de fazer na Europa e no Pacífico para lidarem com a ameaça chinesa”, disse Hodges.

Este militar norte-americano chefiou as forças dos EUA na Europa entre 2014 e o ano passado.

Agora, é analista de estratégia no Centro de Análise da Política Europeia (Center for European Policy Analysis), um instituto de investigação baseado em Washington, nos EUA.

Apesar da mudança de prioridades geopolíticas, Ben Hodges considerou que o compromisso dos EUA com a NATO é “inabalável”, apesar das declarações de Trump.

Hodges disse à The Associated Press que um recente quase choque entre um ‘destroyer’ norte-americano e um vaso de guerra chinês foi apenas um sinal que aponta para “uma relação crescentemente tensa e uma concorrência cada vez mais forte em todos os domínios”.

Outros sinais são “os constantes roubos de tecnologia” por parte da China e a forma como a China está a ganhar o controlo das infra-estruturas através do financiamento de projectos em África e na Europa, acrescentou, detalhando que na Europa a China já possui mais de 10% dos portos.

25 Out 2018