Macau mantém envio de encomendas por via aérea para Estados Unidos

A directora dos Correios de Macau disse ontem à Lusa que, ao contrário da vizinha Hong Kong, a região manteve o envio de encomendas para os Estados Unidos (EUA), mas apenas por via aérea. Em 02 de Maio, o Governo norte-americano eliminou a isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China continental e de Hong Kong, como as enviadas pelos gigantes do comércio electrónico Shein e Temu.

“Na prática, agora Macau não está incluído e o correio [que] vai para os Estados Unidos está andando, excepto por via marítima. O resto, nós mantemos normal”, disse Derby Lau Wai Meng. A directora dos Serviços dos Correios e Telecomunicações (CTT) explicou que o envio de quaisquer mercadorias, por via marítima, de Macau para os EUA, implica uma passagem por Hong Kong, um dos portos mais movimentados do mundo.

Ou seja, sobra apenas a hipótese do envio de encomendas por via aérea, confirmou Derby Lau. “Este caso é algo sensível”, admitiu a dirigente. “Eu acho que é melhor não falar [deste assunto], porque o melhor é que não se lembrem de nós”, acrescentou.

Trump em acção

O fim da isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China continental e de Hong Kong surgiu numa ordem executiva, assinada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 02 de Abril.

O documento pedia ao secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que apresentasse um relatório, no prazo de 90 dias, sobre se o fim da isenção também deveria abranger Macau, “para evitar a fuga a estas medidas”.

Em 16 de Abril, os correios de Hong Kong anunciaram a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas.

Um decreto presidencial emitido por Donald Trump, ainda no primeiro mandato, em 2020, eliminou o tratamento preferencial concedido a Hong Kong. A antiga colónia britânica é, por isso, igualmente afectada pela sobretaxa de 145 por cento imposta à China.

O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram, em meados de Abril, os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China.

O líder do executivo de Macau, Sam Hou Fai, criticou os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Ontem, o representante para o Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou que Washington e Pequim vão suspender a maioria dos direitos aduaneiros e negociar durante 90 dias.

Nas negociações realizadas em Genebra, os Estados Unidos e a China acordaram em reduzir em 115 pontos percentuais os direitos aduaneiros recíprocos impostos um ao outro, passando as importações chinesas a pagar um direito aduaneiro de 30 por cento, enquanto os produtos americanos vão pagar um direito aduaneiro de 10 por cento.

13 Mai 2025

Hong Kong | Envio de encomendas para os Estados Unidos suspenso

Os correios de Hong Kong anunciaram ontem a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas. Envios postais apenas com documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados

 

“O Hongkong Post não vai definitivamente cobrar quaisquer tarifas aduaneiras em nome dos EUA e vai suspender a aceitação de envios postais que contenham bens destinados aos EUA”, refere um comunicado dos correios.
Para as encomendas via marítima e terrestre, a decisão tem efeito imediato “devido ao maior tempo de envio”, e para o correio aéreo, entra em vigor a 27 de Abril, indica a nota.

No caso de “correio de superfície com bens que ainda não tenham sido expedidos para os EUA”, o Hongkong Post vai organizar a devolução e o reembolso dos portes a partir de 22 de Abril. Os Estados Unidos “não estão a ser razoáveis, estão a intimidar e a impor direitos aduaneiros de forma abusiva”, refere o comunicado.

Donald Trump assinou uma ordem executiva, na semana passada, que põe fim às isenções de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China, como as enviadas pelos gigantes do comércio eletrónico Shein e Temu.

A China e os Estados Unidos entraram numa escalada no que diz respeito às tarifas: Washington impôs sobretaxas de 145 por cento aos produtos chineses que entram em território norte-americano, além das que existiam antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca. Pequim retaliou com uma taxa que alcança agora os 125 por cento.

Um decreto presidencial emitido por Donald Trump, em 2020, eliminou o tratamento preferencial concedido a Hong Kong. A antiga colónia britânica é, por isso, igualmente afetada pela sobretaxa de 145 por cento imposta à China.
“Para o envio de artigos para os EUA, o público de Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes e irrazoáveis devido aos actos irrazoáveis e agressivos dos EUA. Os outros envios postais que contenham apenas documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados”, concluiu o Hongkong Post.

Resposta à letra

O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram na terça-feira os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China. “Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência”, disse Xia Baolong, director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado.

“Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado”, disse Xia. Os EUA, continuou o dirigente, “não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong”.

Já o líder do Governo da região administrativa chinesa, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa “lógica perversa”, impor tarifas para proteger a sua “hegemonia sem escrúpulos”. “Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (…), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização”, lamentou John Lee.

Também o líder do Executivo de Macau criticou, no mesmo dia, os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington “devastou severamente o sistema de comércio multilateral (…) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial”.

A Lusa perguntou aos Correios de Macau se a empresa vai seguir os mesmos passos da sua congénere de Hong Kong, mas o departamento postal não respondeu em tempo útil.

17 Abr 2025

Antidumping | Pequim justifica inquérito com “precipitação” de Bruxelas

A China justificou ontem a sua investigação ‘antidumping’ contra as importações de produtos lácteos da União Europeia, argumentando que foi iniciada “a pedido da indústria nacional chinesa” em resposta à “iniciativa precipitada” da Comissão Europeia sobre veículos eléctricos chineses.

“De acordo com a legislação chinesa e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), as indústrias nacionais têm o direito de apresentar pedidos de medidas comerciais para salvaguardar a concorrência no mercado e os seus próprios direitos legítimos”, disse o porta-voz do ministério do Comércio, He Yadong, em conferência de imprensa.

O porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong, disse que “foram iniciadas consultas prévias após a recepção do pedido, em conformidade com os procedimentos legais”, “analisando as provas apresentadas pelos requerentes”.

“O pedido dos empregadores chineses preenche as condições para a apresentação de um inquérito ‘antidumping’ (venda abaixo do custo de produção) e é por isso que está a ser feito”, acrescentou.

De acordo com o porta-voz, o inquérito é “aberto e transparente” e tem por objectivo “proteger os direitos de todas as partes interessadas”.

O anúncio do inquérito da China sobre os produtos lácteos europeus ocorreu um dia depois de a Comissão Europeia ter ajustado as taxas punitivas propostas sobre as importações de veículos eléctricos oriundos da China.

Os inquéritos da China centrar-se-ão nos produtos importados entre Abril de 2023 e Março de 2024 e nos “danos” que estas compras causaram ao sector chinês entre 2020 e 2024.

O processo analisará os produtos lácteos, como o queijo fresco, o requeijão e as natas, e os efeitos dos programas de subsídios aos produtos lácteos na Irlanda, Áustria, Bélgica, Itália, Croácia, Finlândia, Roménia e República Checa.

De acordo com o pedido dos empregadores chineses, os produtos objecto de investigação receberam subsídios da UE e dos governos dos seus Estados-Membros, tendo algumas empresas de lacticínios da UE beneficiado de um total de 20 subsídios.

Boxe económico

Em Maio, a imprensa estatal chinesa previu possíveis retaliações contra as taxas europeias, incluindo investigações ‘antidumping’ sobre a carne de porco proveniente da Europa, que já se tornaram realidade, e contra os produtos lácteos.

Em Julho, Bruxelas propôs a imposição de taxas punitivas sobre os veículos eléctricos chineses, considerando, após uma investigação de meses, que a sua penetração no mercado europeu prejudica os produtores da UE.

Na passada terça-feira, a Comissão Europeia ajustou a sua proposta de imposição de taxas sobre as importações de veículos eléctricos chineses para a UE para 36,3 por cento, contra o máximo de 37,6 por cento proposto em Julho.

A taxa máxima de 36,3 por cento para combater estas práticas comerciais desleais, que será acrescentada à tarifa habitual de 10 por cento sobre os veículos eléctricos chineses, aplicar-se-á à empresa chinesa SAIC e a todas as empresas não incluídas nas investigações que não tenham cooperado com a investigação da UE.

Serão impostas taxas de 17 por cento e 19,3 por cento à BYD e à Geely, respectivamente. Estes valores são ligeiramente inferiores aos propostos em Julho, na sequência de uma correcção dos cálculos durante a fase de consulta com as empresas.

Os fabricantes chineses que colaboraram no inquérito, mas que não foram incluídos no mesmo, serão sujeitos a uma taxa adicional de 21,3 por cento, ligeiramente superior aos 20,8 por cento sugeridos na primeira proposta de taxas.

23 Ago 2024

Exportações | Volume de encomendas preocupa empresas

O insuficiente volume de encomendas foi o principal problema das empresas exportadoras de Macau, durante o primeiro trimestre deste ano, de acordo com os resultados apurados pelo “inquérito de conjuntura ao sector industrial exportador”. O inquérito foi publicado na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT).

Entre as empresas inquiridas, 59,2 por cento identificaram como principal desafio o facto de não terem um volume de encomendas suficiente para os próximos meses de actividade. Dado que os inquiridos podem escolher mais do que uma opção sobre o principal problema, 49,2 por cento referiram os preços mais competitivos no estrageiro e 41,5 por cento mencionaram os preços cada vez mais elevados das matérias-primas.

Em relação às perspectivas de negócio, no primeiro trimestre a maiorias das empresas esperava que o volume de negócios se mantivesse estável, face aos níveis anteriores. Foi essa a resposta de 43,1 por cento dos empresários questionados. Ao mesmo tempo, 36,4 por cento dos inquiridos mostrava-se optimista face a um aumento do volume de negócios e 20,5 por cento tinham uma perspectiva negativa.

Ainda de acordo com inquérito elaborado pelo Governo, o mercado de exportador que teve melhor desempenho foi a União Europeia, o único em que se registou um crescimento acima de 1 por cento. No pólo oposto, os mercados de “outros países americanos”, dos quais se excluem os Estados Unidos, apresentou uma redução das encomendas de 21,1 por cento.

8 Jul 2024

Dia dos Solteiros | Pequim bate recorde de encomendas enviadas

O volume de encomendas enviadas na China durante o Dia dos Solteiros, o maior período anual de consumo no país asiático, atingiu este ano um novo recorde, com um aumento de 23,22 por cento em relação ao ano anterior.

O Departamento Estatal dos Correios, citado ontem pela agência de notícias oficial Xinhua, informou que, entre 1 e 11 de Novembro, as empresas de correio expresso trataram de 5,26 mil milhões de envios. Embora o Dia dos Solteiros seja celebrado a 11 de Novembro – também conhecido como “duplo 11” -, nos últimos anos os retalhistas não limitaram as ofertas a esse dia, tendo aberto a campanha em meados ou finais de Outubro.

No sábado, as empresas de distribuição recolheram 639 milhões de encomendas, quase o dobro do volume habitual e mais 15,76 por cento do que em 2022.

Um inquérito da consultora norte-americana Bain and Co., divulgado esta semana pelos meios de comunicação social locais, indicou que mais de três quartos dos 3.000 potenciais consumidores inquiridos planeavam gastar o mesmo ou menos do que em 2022 neste Dia dos Solteiros.

Por seu lado, as grandes plataformas de comércio electrónico, como a Alibaba e a JD, tentaram seduzir o público com preços particularmente baixos, embora tenham mantido o perfil discreto dos últimos dois anos, quando estiveram sob escrutínio estatal pelo seu crescente poder, no que diz respeito à divulgação dos seus lucros neste dia.

13 Nov 2023

Covid-19 | S.F. Express suspende envios de e para Macau

Uma multinacional de correio rápido chinesa disse terem sido suspensos, desde sexta-feira, em Macau e Hong Kong todos os envios de e para a China, devido às medidas de controlo contra a covid-19. A decisão da S.F. Express, a segunda maior empresa de serviços de entrega expresso na China, surgiu depois de terem sido registados nove casos de covid-19 em Hangzhou, capital da província chinesa de Zhejiang, no sudeste do país.

Todos os doentes são trabalhadores num centro de trânsito expresso da empresa, naquela cidade, indicaram as autoridades de Macau, em comunicado. “Esta situação revela que fazer compras em plataformas electrónicas” implica “o risco de serem contaminados” pelo SARS-CoV-2, afirmou, na mesma nota, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O Centro pediu ainda aos residentes para que manuseiem com cuidado, os produtos adquiridos por correio, enumerando vários cuidados a tomar.

Em Janeiro, as autoridades sanitárias do território tinham já pedido à população para receberem menos encomendas pelo correio, depois de, na altura, a China ter ligado recentes casos da doença a encomendas chegadas do estrangeiro.

14 Mar 2022