Hoje Macau China / ÁsiaLucros das principais empresas chinesas caíram 12% em Julho Uma conjugação de factores, como tensões geopolíticas que afectaram o comércio externo e a crise energética, levou o sector industrial chinês a quebras na ordem dos 12 por cento no passado mês de Julho Os lucros das principais empresas industriais da China caíram 12 por cento em Julho, afectados por uma crise energética, que foi agravada pelo clima extremo, e pelas crescentes tensões geopolíticas com alguns dos principais parceiros comerciais do país. Embora o lado da oferta tenha sido menos impactado por medidas de confinamento, comparativamente aos meses anteriores, a crise energética, desencadeada por ondas de calor prolongadas no sudoeste e sul do país, e os esforços do Ocidente para reorganizar as cadeias industriais, constituem obstáculos para as indústrias chinesas, apontam analistas. De acordo com os dados oficiais divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), o lucro combinado das empresas industriais chinesas com facturamento anual acima dos 20 milhões de yuans caiu 1,1 por cento, em termos homólogos, para 4,9 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022. Em Julho, os lucros fixaram-se em 622,7 mil milhões de yuans, uma queda homóloga de 12 por cento e o valor mensal mais baixo desde Julho de 2020. Comparativamente a Junho, a queda ascendeu a quase 25 por cento. “A China enfrenta altos níveis de custo, procura de mercado insuficiente para alguns sectores e crescente pressão operacional, à medida que o ambiente doméstico e internacional se tornou mais complexo e grave”, apontou Zhu Hong, funcionário do GNE, em comunicado. “Ainda é necessário muito trabalho para alcançar uma recuperação estável da economia industrial”, acrescentou. Dos 41 sectores incluídos no inquérito, 25 registaram uma queda no lucro. A indústria do aço foi a mais afectada, com os lucros das siderúrgicas a caírem quase 81 por cento, em termos homólogos, nos primeiros sete meses do ano. Os sectores de materiais de construção também foram duramente atingidos por uma grande queda no mercado imobiliário. A mineração de carvão e as produtoras de energia tiveram um bom desempenho, com os lucros a duplicar, em relação ao mesmo período do ano passado. Isto ocorreu numa altura em que ondas de calor extremo aumentaram a procura por electricidade, levando Pequim a pedir o aumento da produção de carvão, já que os apagões causaram o encerramento de fábricas em áreas do sudoeste do país. Dois mundos Os números foram particularmente maus entre as empresas de capital estrangeiro e privadas. Enquanto as empresas industriais estatais relataram um aumento dos lucros de 8 por cento, para 1,74 biliões de yuans, nos primeiros sete meses de 2022, o lucro líquido das empresas financiadas por capital estrangeiro caiu 14,5 por cento, para 1,09 biliões de yuans. Entre as empresas privadas, os lucros das fábricas caíram 7,1 por cento, para 1,3 biliões de yuans. Pequim acelerou o investimento em infra-estrutura e a emissão de títulos de dívida desde o início deste ano, para evitar a estagnação económica, mas essas políticas geralmente beneficiam os actores estatais. O lucro líquido das empresas do sector ferroviário, navios e outros equipamentos de transporte aumentou mais de 29 por cento, no mês passado, enquanto o sector eléctrico e de maquinaria teve ganhos de 25,6 por cento. Mas os analistas acreditam que a queda geral nos lucros vai persistir. “Tanto o preço quanto a produção vão continuar a reduzir os lucros industriais”, escreveu o analista da Hongta Securities, Yin Yue, numa nota. “A taxa de utilização da capacidade de algumas indústrias está a diminuir por causa da epidemia, altas temperaturas e cortes de energia”, observou. No início deste mês, o banco central da China cortou as principais taxas de empréstimo em 10 pontos base e reduziu a taxa básica de empréstimos de cinco anos em 15 pontos base, visando injectar liquidez na economia.