Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activista pró-independência Edward Leung libertado O activista Edward Leung, rosto do movimento independentista em Hong Kong, foi ontem libertado da prisão após quase quatro anos detido. “O departamento de serviços prisionais organizou a libertação do prisioneiro em questão da prisão Shek Pik, nas primeiras horas da manhã” de quarta-feira, referiu o organismo em comunicado. Edward Leung, de 30 anos, foi condenado, em 2018, a seis anos de prisão na sequência de um violento confronto com a polícia local em 2016, onde os manifestantes atiraram tijolos e queimaram pneus nas ruas. Leung revelou, por volta das 05:45 de quarta-feira, que já estava junto da sua família. “Após quatro anos, quero aproveitar este precioso tempo que tenho com a minha família e voltar a ter uma vida normal. Gostaria de expressar a minha sincera gratidão pelo apoio”, referiu. O activista acrescentou que pretende “ficar longe dos holofotes e parar de utilizar as redes sociais”, estando legalmente obrigado a fazê-lo, uma vez que continua sob vigilância. Semanas antes, fontes do governo revelaram à comunicação social local que o activista iria “provavelmente ser vigiado”, visto as autoridades estarem cientes da sua influência nos movimentos de independência, que agora está muito enfraquecido. Edward Leung, que nasceu em 1991 em Wuhan, na China Central, foi um dos primeiros a exigir a independência de Hong Kong, antiga colónia britânica que passou para a soberania chinesa em 1997. Leung permaneceu em silêncio durante a maior parte de sua detenção, excepto em Julho de 2019, quando, após a escalada de violência, escreveu uma carta a apelar aos manifestantes para que não agissem cegos pelo ódio. Actualmente, ao abrigo da Lei de Segurança Nacional que entrou em vigor em 2020, pedir a independência de Hong Kong é punível com prisão, entre os dez anos e prisão perpétua.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activista pró-independência condenado a seis anos de prisão A juíza foi severa e condenou os arguidos de “acordo com a lei”. Mas há quem considere que a lei está a ser usada para fins políticos e que “não se ajusta aos parâmetros internacionais” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Edward Leung, rosto do movimento independentista em Hong Kong, foi ontem condenado a seis anos de prisão na sequência de um violento confronto com a polícia local em 2016, anunciaram as autoridades. Leung, de 27 anos, foi considerado culpado pela participação num ‘motim’ com a polícia no distrito de Mong Kok, na parte continental da região administrativa especial chinesa. Os confrontos ocorreram em Fevereiro de 2016 e foram considerados os mais violentos dos últimos anos, constituindo a maior demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia no final de 2014. Edward Leung é o antigo porta-voz do grupo independentista local Indigenous e uma das mais proeminentes vozes do movimento pró-independência de Hong Kong. A juíza Anthea Pang afirmou que Leung participou activamente nos distúrbios e descreveu suas acções como “excessivas e cruéis”. O jovem já se encontrava detido, desde que se declarou culpado noutro processo por agredir um polícia durante as manifestações de 2016, caso em que foi sentenciado a um ano de prisão. As duas sentenças serão acopladas. O tribunal rejeitou a alegação de que as motivações políticas seriam circunstâncias atenuantes e considerou que a condenação deveria ter um “efeito dissuasivo”. Leung, que estava no tribunal, manteve a calma durante a audiência e acenou para os simpatizantes após a leitura da sentença. Alguns manifestantes choraram depois do anúncio da condenação. Outros dois manifestantes foram condenados a sete e três anos e meio de prisão, respectivamente. Da comida de rua ao protesto político O protesto começou em Fevereiro de 2016, coincidindo com o Ano Novo Chinês, com uma manifestação de apoios aos vendedores ambulantes de comida, que as autoridades queriam afastar das ruas. Mas rapidamente evoluiu para uma mobilização de carácter político, um protesto contra as autoridades em Hong Kong e Pequim. Quase 130 pessoas ficaram feridas, incluindo 90 agentes. Durante os distúrbios, os agentes deram tiros para o ar como medida de advertência. Dezenas de pessoas foram detidas. Na vanguarda da mobilização estavam Leung e outros jovens do movimento chamado de “localista”, nascido das cinzas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, como ficaram conhecidos os protestos pró-democracia de 2014 que não conseguiram obter concessões de Pequim para as reformas políticas. Numa entrevista à AFP em 2016, Leung, que na época era um estudante de Filosofia, afirmou que “uma guerra ou uma batalha são inevitáveis”. Chris Patten não gostou Chris Patten, o último governador do período colonial de Hong Kong, denunciou a condenação, baseada na interpretação de uma lei sobre a manutenção da ordem pública. “As vagas definições contidas na lei são uma porta aberta para os abusos e não se ajustam aos parâmetros internacionais”, afirmou Patten num comunicado divulgado pela Hong Kong Watch, ONG que monitora as liberdades na cidade. “É decepcionante ver que a lei é usada com fins políticos para condenar de modo rígido os democratas e outros activistas”, concluiu. Num discurso proferido o ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que qualquer actividade em Hong Kong que ameaçasse a soberania e a estabilidade da China seria “absolutamente inadmissível”.