Pedidos melhores transportes e localizações de escolas de educação especial

[dropcap]A[/dropcap]gnes Lam mostrou-se preocupada com os transportes para aceder a escolas de ensino especial, e a sua integração no projecto “Obra de Céu Azul”. Em interpelação escrita, a deputada recordou que as autoridades revelaram que a criação de escolas na zona do canídromo vai continuar a ser estudada. O Governo anterior tinha indicado que o campo ia servir para quatro estabelecimentos de ensino, um deles de ensino especial.

A deputada afirmou que vários pais de crianças com necessidades especiais consideram que a localização e os transportes para as escolas de ensino especial em Macau deixam muito a desejar. E que a necessidade de andar a pé para chegar ao local da escola, mesmo depois de se sair da paragem de autocarro faz com que os estudantes, bem como os pais, fiquem “inevitavelmente sobrecarregados física e mentalmente”. “Como a localização das escolas de educação especial em Macau é relativamente remota, as autoridades vão tentar melhorar os transportes tanto quanto possível, para assegurar fácil acessibilidade quando as aulas recomeçarem?”, questionou.

No seu entender, “não devem ser ignoradas” as necessidades destes estudantes no âmbito do projecto “Obra de Céu Azul”. A deputada apela para que a longo prazo se reservem terrenos onde se coloquem escolas de ensino especial e se planeiem novos locais onde a política possa ser adoptada.

“A curto prazo, as autoridades devem dar resposta à situação actual das escolas de ensino especial com terrenos insuficientes e em localizações inconvenientes, e tomar medidas específicas de forma a resolver este problema”, defendeu.

O projecto “Obra de Céu Azul” teve início em 2016, e previa-se que fosse implementado no prazo de 15 a 20 anos. O objectivo do Governo era encontrar uma solução para as escolas que funcionavam em edifícios integrados em pódios de prédios, mudando-as para locais mais apropriados.

Calendário legislativo

Além disso, a deputada considera que a legislação que regula a educação especial, aplicada há mais de 20 anos, não foi adaptada à situação dos últimos anos. E explicou que depois de ter havido uma consulta pública sobre um novo regime educativo especial em 2015, houve uma pausa de cinco anos, apelando às autoridades que expliquem o ponto de situação actual e o calendário previsto para a revisão do sistema. “Quando pode ser submetido ao Conselho Executivo para começar o processo legislativo?”, questionou.

12 Mai 2020

Educação especial | Novo centro da MCDA não abre devido a fundos insuficientes

O Instituto de Acção Social garante o aumento de subsídio para a Associação para o Desenvolvimento Infantil de Macau aquando da abertura do novo Centro de Desenvolvimento da Criança de Macau. Este ainda não abriu portas porque não há dinheiro: as 350 mil patacas prometidas destinam-se apenas a crianças até aos 3 anos, além de não cobrir os salários dos terapeutas, rendas e tratamentos

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo Centro de Desenvolvimento da Criança de Macau, da Associação para o Desenvolvimento Infantil de Macau (MCDA, na sigla inglesa), está pronto para abrir portas mas sofre com a falta de financiamento e terapeutas. Numa resposta enviada ao HM, o IAS adianta que “financiou na íntegra” o novo centro da MCDA, o que inclui “a despesa despendida na apresentação da planta do novo centro, nas benfeitorias e na aquisição de equipamentos”.

O IAS afirma que “o novo centro está dotado de condições para entrar em funcionamento. Assim sendo, depois da entrada em funcionamento do novo centro, o valor do subsídio irá sofrer um aumento, ou seja, cerca de trezentas e cinquenta mil por mês”. Contudo, apesar do aumento prometido, o valor não cobre todos os utentes da MCDA, pois o subsídio é apenas destinado a crianças até 3 anos de idade.

Além disso, as 350 mil patacas mensais que a MCDA vai passar a receber quando o centro abrir portas não cobrem os elevados ordenados dos terapeutas. Para o IAS, um terapeuta ganha cerca de 30 mil patacas, enquanto que os profissionais contactados pela MCDA esperam cerca de 50 mil.

Ana Rita Amado, coordenadora do novo centro, que deveria abrir em Abril, explicou que o dinheiro não vai chegar para apoiar todas as crianças que precisam dos tratamentos da MCDA. O IAS diz estar à espera que sejam desenvolvidos “formalmente” os serviços, mas a coordenadora diz que a associação tem enfrentado vários bloqueios.

“Temo-nos deparado com uma grande dificuldade em recrutar pessoas, sobretudo terapeutas da fala e ocupacionais. Mesmo pessoas recém-graduadas as expectativas salariais são muito acima daquilo que o IAS financia. Neste momento temos a questão do recrutamento dos terapeutas e tem a ver com todo o processo a que fomos obrigados antes da obtenção da licença”, frisou.

Apoios desde 2009

O IAS explica que, a partir de 2009, “subsídio concedido ao programa de apoio financeiro especial foi de 90 mil patacas por mês”.

Este programa de apoio financeiro especial tinha como objectivo apoiar a MCDA para que esta pudesse desenvolver o “plano de apoio a crianças autistas ou com dificuldades de aprendizagem”, que vai passar a funcionar “formalmente num equipamento social da MCDA”.

Em Junho de 2015, “o IAS passou formalmente a atribuir um subsídio para as actividades da MCDA, num valor aproximado de 43 mil patacas por mês”, além de que “aumentou continuamente o valor do subsídio para o programa de apoio financeiro especial, cujo valor médio mensal do subsídio ronda as 240 mil patacas”.

No ano passado, a MCDA recebeu um total de 3,450 milhões de patacas, “sem contar com as despesas decorrentes com a criação do novo centro”, explica ainda a entidade presidida por Celeste Vong.

A MCDA tem vindo a pedir apoios junto da sociedade civil, incluindo casinos, para fazer face a despesas com rendas e com os tratamentos cedidos a crianças com mais de três anos, sem sucesso.

Eliana Calderon afirma que têm sido lançadas suspeitas infundadas à direcção da MCDA quanto à gestão do dinheiro, mas a presidente garante que tudo tem sido feito de forma transparente.

“Temos muitas reuniões com o IAS e em nenhum momento nos foi dito que as nossas contas estavam erradas. Há queixas sobre os salários que estamos a oferecer e sobre aquele que estou a receber, mas eu sou presidente e faço mais trabalho, ao nível da contratação de pessoas, preparação de materiais, coordenação de pessoal jovem que temos dentro da associação. Todos os documentos de contabilidade e relatórios enviados ao IAS e Fundação Macau são feitos por mim”, frisou.

Reuniões recentes

O IAS disse ainda que “teve recentemente uma reunião especial com a presidente da MCDA [Eliana Calderon], no sentido de abordar os assuntos inerentes à gestão das actividades e do plano de cooperação entre as duas partes”.

Na resposta, é ainda referido que o IAS está atento às 800 crianças em lista de espera para receber apoios por parte da MCDA. “O IAS está bastante atento a essa situação e que procurou por várias vezes inteirar-se junto da MCDA sobre a situação relativa aos membros, de maneira a poder coordenar na elaboração de um projecto de serviços adequado. Contudo, sobre este assunto da lista de espera, o director do conselho directivo da MCDA recusou-se a dar resposta.”

Eliana Calderon adiantou ao HM que não entregou a lista de pais e crianças em lista de espera por estar em causa a protecção dos dados pessoais dessas famílias. O IAS “apela às crianças com necessidades educativas especiais e aos seus encarregados de educação que aguardam o respectivo serviço na MCDA para contactarem directamente com o IAS”.

12 Mar 2018

A não aceitação é egoísmo

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]á quando andava na escola secundária ouvia os professores dizerem que com a educação não existe distinção entre as várias classes sociais. Compreendi desde logo o conceito e confesso que independentemente da classe social a que pertence o aluno, este pode ser educado sem que exista discriminação. Parece-me, no entanto, que esta ideia não se verifica na realidade.

Ultimamente deparei-me com uma notícia que me fez franzir o sobrolho: um inquérito sobre a forma como os pais avaliam as escolas, as vagas e os professores de educação especial. Senti-me descontente com os resultados, que vão contra tudo o que escrevi no parágrafo anterior.

Publicado pela Associação de Estudo do Ensino Especial de Macau, o inquérito mostrou que 73 por cento dos inquiridos considera que as vagas nas escolas de educação integrada não são suficientes, enquanto que 90 por cento acredita que as escolas que não participam no plano de educação inclusiva deveriam fazer parte dele, sobretudo as escolas privadas. Uma boa parte dos pais considera que, como algumas escolas ainda não disponibilizam uma educação integrada, as vagas estão mal distribuídas.

O que mais me tocou foi uma triste realidade revelada pelo inquérito. Alguns pais disseram que, quando os seus filhos são diagnosticados como tendo necessidades educativas especiais, são as próprias escolas que aconselham esses alunos a mudarem de escolas, pois estas não oferecem uma educação inclusiva.

Quem tem algum conhecimento nesta área sabe bem que é uma pena que este tipo de alunos não possa estudar nas escolas às quais se habituaram, sendo um desperdício mudarem de estabelecimento de ensino onde aprendem com outros portadores de deficiência. As suas capacidades podem muito bem ser maiores, basta apenas serem acompanhados pelos professores adequados.

Suponho que as escolas regulares, sobretudo as mais famosas, bem como os seus professores, considerem sempre que o ideal seja ensinar os bons alunos e os obedientes, e também todos aqueles que não sofrem de autismo ou deficiência mental.

Escolas e professores são os elementos mais importantes no processo de crescimento dos alunos. É egoísmo se as escolas não tentarem aceitar aqueles que têm necessidades educativas especiais, sobretudo na fase em que eles mais precisam de integrar grupos com alunos sem problemas, por forma a obterem os conhecimentos necessários e a aprenderem a viver da mesma maneira que os outros.

É duvidoso que existam escolas que só aceitem bons alunos para manter a sua reputação e agradar aos encarregados de educação. Se todas as escolas mantiverem esse egoísmo e não aceitarem os alunos com necessidades educativas especiais, então de quem é a responsabilidade? As crianças não nascem assim por vontade própria, são vulneráveis e as mais facilmente esquecidas.

É impossível ter os mesmos métodos para todos os alunos, mas pode-se e deve-se maximizar a igualdade, não só com medidas mas também com o pensamento. Uma educação igualitária faz parte das responsabilidades das instituições de ensino.

Concordo com a opinião da académica Ana Correia concedida ao Jornal Tribuna de Macau, onde disse que as escolas subsidiadas pelo Governo não deveriam rejeitar alunos com necessidades especiais. Estas não deveriam, portanto, ter a alternativa de aceitar ou não aceitar, deveriam aceitar todos, desde que tivessem acesso às condições essenciais.

Os pais dos chamados filhos normais também deveriam deixar de lado os receios e as preocupações desnecessárias, pois têm de compreender e aceitar que os filhos devem conviver na escola com outras crianças que possuem dificuldades de aprendizagem.

23 Jan 2017

USJ | Novo mestrado inclui Educação Especial e Inclusiva

Um plano curricular que inclui o ramo de Educação Especial enquanto opção de mestrado foi ontem aprovado para a Universidade de S. José. O objectivo é colmatar a lacuna de profissionais na área e formar para uma atitude capaz de incluir a diferença

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ontem aprovado um novo mestrado em Educação, a ser ministrado pela Universidade de S. José (USJ), que inclui especialização na área de Educação Especial e Inclusiva. A aprovação do novo plano curricular foi publicada ontem em Boletim Oficial e foi recebida com alegria pela professora Ana Correia, responsável pelo curso e directora da Faculdade de Psicologia e Educação da USJ.
Ana Correia explica ao HM que “o facto de se dividir e especializar o grau académico teve a ver com áreas que foram identificadas com uma grande necessidade de formação de professores educadores e profissionais no geral”. A área da Educação Especial “é uma área muito querida” pela USJ e o estabelecimento tem vindo a desenvolver trabalho, nomeadamente no que respeita à investigação.
Mas não só. “É uma área que necessita de muita atenção por parte das políticas da educação em Macau”, adianta ainda a académica. “De um ponto de vista legal é também uma área que está em fase de transição e mais do que educação especial estamos a falar aqui de educação inclusiva, pelo que o presente grau pretende melhorar a formação dos professores que trabalham em escolas que aceitam crianças com dificuldades de aprendizagem, deficiências ou outras características que as tornam ‘excepcionais’.”
As aulas já começaram mas o facto do plano de estudos ter sido aprovado vai permitir a entrada de alunos que assim o desejem ainda neste ano lectivo. “Isto é possível porque o módulo inicial do presente mestrado ainda é idêntico ao antigo, o que vai permitir aos alunos uma sequência normal e depois, sim, poderão ter as opções agora aprovadas”, explica Ana Correia.
A Universidade vai transferir directamente os alunos do módulo antigo para o agora aprovado e esta possibilidade já estava.
Neste momento, o mestrado em Educação tem “uma turma pequenina constituída por 12 alunos”, mas Ana Correia espera que esta abertura a novos conhecimentos possa acrescentar alunos já nos próximos dias. Os professores serão “de topo na área da Educação Especial”, afirma a professora, na medida em que o corpo docente foi previamente preparado para a possibilidade de integração no ensino deste novo grau académico. Dos elementos destacados está a australiana Chris Forlin, especialista em Educação Especial e Inclusiva e que já trabalha com a USJ enquanto consultora.

É preciso atitude

O caminho ainda é longo para uma maior inclusão da diferença, mas já está a ser feito. Passa efectivamente pela educação, não só a escolar mas, “e sobretudo”, por educar as famílias, quer as que têm crianças especiais, quer as restantes que, por vezes, mostram alguma preocupação em relação à possibilidade de que os seus filhos “partilhem a escola e a sala de aula com meninos com necessidades educativas especiais”.
Por outro lado, é preciso formar as escolas e professores e ter profissionais que adicionem à formação experiência e, acima de tudo, atitude. “É necessário retirar medos e preconceitos”, afirma a professora enquanto adianta que “a desculpa de ‘eu não sei nada disto, ou de não é a minha área ou não tenho conhecimento científico’, apesar de ser elemento importante não é o fundamental”. Para Ana Correia é claro que é atitude com que se desempenha esta função na área da Educação Especial e Inclusiva é “meio caminho andado para um bom desempenho”.

20 Set 2016

Alexis Tam pede organização para ensino especial

O ensino especial continua a ser uma pedra no sapato do Governo. Mesmo depois de alguma medidas de apoio, Alexis Tam assume que é preciso mais. Mais cooperação, coordenação e organização

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais organização dos serviços e um melhor aproveitamento dos recursos existentes é o que Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, pede. O Secretário referia-se ao estado do ensino especial no território.
Numa visita, durante a semana passada, à escola Kai Chi e ao Centro de Educação para Crianças com Problemas Auditivos, Alexis Tam e a equipa da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) constataram que, apesar das melhorias e da aposta do Governo neste tipo de ensino, ainda muito se pode fazer, a começar pelo aproveitamento de organização dos próprios serviços.
Assim, o Secretário garantiu que “será reforçada a coordenação entre os Serviços de Saúde (SS), o Instituto de Acção Social (IAS) e a DSEJ, a fim de melhorar e fomentar o desenvolvimento da educação especial”.
Durante a visita à Escola Kai Chi, gerida pela Associação de Apoio aos Deficientes Mentais de Macau, que actualmente acolhe 103 estudantes no ensino especial, Alexis Tam, sublinhando o apoio que o Governo tem atribuído aos grupos em situação vulnerável, admitiu que ainda “se verifica margem para melhorar o investimento de recursos para educação especial”.
O Governo indicou ainda que para uma melhor interligação entre tratamento e ensino precoces, destinados às crianças com necessidades especiais, está a decorrer uma coordenação entre os SS e o IAS.

Ouvir melhor

Na visita ao Centro de Educação para Crianças com Problemas Auditivos, o grupo de trabalho frisou o rastreio auditivo, avançado pelo Governo, a todos os bebés recém-nascidos a partir de Janeiro. O objectivo, diz Alexis Tam, é prevenir e não perder a oportunidade no que diz respeito ao desenvolvimento auditivo e de fala com a intervenção, “sem demora”, através de treinos destinados às crianças com deficiência auditiva.
Relativamente à intenção sobre a criação do um centro de formação para os encarregados apresentada pela Associação de Surdos de Macau com o objectivo de ajudar aos mesmos no desenvolvimento auditivo, linguístico, físico e mental das crianças, o Secretário manifestou o seu total apoio.

3 Nov 2015