Hong Kong | Onda de protestos com impacto no turismo

A onda de protestos em Hong Kong está a afectar o turismo na antiga colónia britânica, com especialistas a destacarem sobretudo o impacto no tráfego aéreo e nas receitas hoteleiras, noticiou ontem a imprensa local

 

[dropcap]D[/dropcap]e acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP), o número de reservas de viagens provenientes de países asiáticos para o território caiu 5,4 por cento no último mês, quando Hong Kong foi palco de manifestações maciças contra emendas à lei da extradição.

O SCMP baseou-se em dados recolhidos entre 16 de Junho e 13 de Julho pela organização ForwardKeys, que analisa diariamente 14 milhões de transacções de reservas de viagens.

Na quarta-feira, o Governo da Nova Zelândia exortou os cidadãos a seguirem com atenção as notícias sobre futuros protestos na região administrativa especial chinesa, dando conta de “confrontos violentos”, escreveu o diário de Hong Kong.

Para o deputado de Hong Kong Yiu Si-wing, citado pelo diário de Hong Kong, o impacto dos protestos na indústria do turismo “é evidente”, justificando com números esta afirmação.

Segundo Yiu, que é também director da agência de turismo chinesa China Travel Service, o crescimento médio de turistas nos primeiros seis meses do ano foi de 13 por cento, mas em Junho desceu para 8 por cento e nos primeiros dias de Julho caiu 4 por cento. “Se os conflitos continuarem, a taxa de crescimento continuará a baixar no segundo semestre do ano”, disse o membro do Conselho Legislativo [LegCo, parlamento local].

No entanto, o parlamentar atribuiu a desaceleração aos confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia e não aos protestos em si: “Hong Kong tem centenas de protestos pacíficos todos os anos. Foram os conflitos e o derramamento de sangue que deixaram os turistas inseguros e preocupados em viajar para a cidade”, frisou.

Efeitos colaterais

O sector hoteleiro, por sua vez, informou que a taxa média de ocupação desceu entre 3 por cento e 5 por cento em Junho, comparativamente a igual período de 2018, enquanto as receitas globais desceram 10 por cento.

A Chefe do Executivo, Carrie Lam, afirmou já que a proposta de emendas à lei, que permitiriam a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições com as quais não existem acordos prévios, como é o caso da China, “estava morta”.

No entanto, uma nova grande manifestação contra esta lei e a violência policial está agendada para domingo, disse à Lusa a porta-voz do movimento que tem liderado os maciços protestos no território, Bonnie Leung. Os líderes dos protestos exigem que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da proposta de alteração à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Lam.

19 Jul 2019

Turismo | Académico publica artigo que contesta taxa turística

Glenn McCartney já o tinha afirmado, mas agora publicou um artigo na revista científica “Current Issues on Tourism” a demonstrar a ineficácia da implementação de taxas turísticas em Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] implementação da taxa turística em Macau carece de fundamentação científica e rigorosa e não corresponde às exigências locais. A conclusão é do académico especialista em turismo da Universidade de Macau Glenn McCartney, de acordo com um estudo publicado no passado mês de Junho na revista científica “Current Issues on Tourism”. “A ideia de implementar uma taxa turística carece de escrutínio e rigor científico e vai contra a investigação feita sobre o alcance de uma moldura tributária equitativa”, começa por apontar.

Tendo em conta que o Governo deu como exemplo o que é praticado em Veneza para sustentar a possibilidade de implementar uma taxa turística em Macau, o académico explica o que se passa na cidade italiana, e que difere da situação local.

“As autoridades de Veneza aprovaram a introdução de um imposto turístico em Maio de 2019, com o objectivo de reduzir o número de visitantes diários na cidade que é património mundial”, refere salientando esta diferença de classificação se comparada a Macau, que define como “a cidade do jogo”.

As taxas na cidade italiana variam entre 2,5 e 10 euros por pessoa “dependendo da época” e as receitas são destinadas “à compensação dos crescentes custos ambientais, operacionais e de conservação do património” criados por mais de 24 milhões de visitantes na cidade onde vivem apenas 50 000 habitantes. Destes visitantes, cerca de 15 milhões são excursionistas e “o imposto é visto como uma táctica para garantir que até mesmo esse segmento contribui com alguma quantia para poder visitar a cidade e pagar pelos esforços públicos e administrativos que essa visita implica”.

Dinheiro, para que te quero

Para o investigador é claro que, “tradicionalmente, os impostos sobre o turismo implementados em algumas regiões do mundo serviram para fazer frente à escassez nos cofres dos governos e não para controlar o turismo de massa”.

A necessidade financeira não é um argumento que se aplique ao território, porque “em 2020, prevê-se que Macau se torne o destino mais rico do mundo, ultrapassando o Qatar”, escreve.

Como tal, “o desafio do turismo para Macau não é económico, mas sim baseado no fracasso da implementação de estratégias para gerir adequadamente a chegada de visitantes em massa nas últimas décadas”.

Por outro lado, este tipo de taxas pode originar retaliação por parte de outras regiões que entendam que os seus cidadãos estão a ser injustamente tributados. “Por isso, vale a pena considerar potenciais respostas das autoridades chinesas para impostos adicionais”, acrescenta, tendo em conta que a maioria dos visitantes de Macau é oriundo do continente.

Faltas na consulta pública

Glenn McCartney aponta ainda lacunas no documento de consulta pública sobre a referida taxa. De acordo com o investigador, o inquérito não é claro. Quando se pergunta aos residentes se são ou não a favor da implementação da medida, diz-se que o destino do imposto é o desenvolvimento das atraccões turísticas locais e o investimento em subsídios que contribuam para o bem-estar social. Contudo, não consta do documento os custos que a medida requer, nomeadamente no que toca aos métodos de colecta e aos valores recolhidos.

Se nalguns casos as tarifas turísticas são de facto para a “gestão da qualidade do turismo e para compensar desafios como a sazonalidade e a capacidade de ocupação”, tal não é o caso por cá.

“No caso de Macau, o imposto turístico não foi apresentado como parte de uma estratégia global de turismo para gerir os surtos de visitantes sazonais”, lê-se.

Acresce ainda o facto de que em Macau será difícil “esconder” a taxa turística dentro de outros produtos, como as passagens aéreas, por exemplo. “Uma taxa turística como a que está a ser discutida para Macau exige mais visibilidade se se pretende reduzir a procura”, remata.

O autor termina o artigo reiterando a necessidade de uma estratégia de “branding local”, ao invés de se rodear o problema com medidas como a taxa turística. Glenn McCartney justifica a opinião com o facto de Macau não ter uma imagem turística para além do jogo e de apesar das várias valências turísticas do território sentir-se falta de uma marca que as una .

 

Taxas inflacionadas

A população de Macau defende que a taxa turística tenha um valor de, pelo menos, três dígitos, ou seja mais de 100 patacas. A informação resulta da recolha de opiniões que a Direcção dos Serviços Turismo (DST) sobre a viabilidade de implementação de uma taxa aos visitantes.

No entanto, a DST vai “fazer uma análise mais profunda e detalhada”, e o montante do imposto será de acordo com o resultado das pesquisas e tendo como referência a taxa turística de outras cidades, disse o subdirector do organismo Hoi Io Meng ao programa “Fórum Macau”, no passado domingo. De acordo com o responsável, “os resultados preliminares da pesquisa mostraram que as opiniões não são unânimes quer no sentido de apoiar ou recusar a taxa turística” e que é necessária mais investigação. No total, a DST recebeu mais de 12 mil opiniões de residentes, 1,500 de turistas e aproximadamente 150 opiniões do entidades do sector turístico.

9 Jul 2019

Estudo | DST deve apostar nas redes sociais para promover eventos

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) levou a cabo o “Estudo do Efeito dos Órgãos de Comunicação Social sobre a Marca Turística e Eventos de Macau”, relativo a quatro eventos ocorridos em 2018. Os eventos em causa são a Parada de Celebração do Ano do Cão, o 29.° Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, o 3.º Festival Internacional de Cinema e Cerimónia de Entrega de Prémios e o Festival de Luz de Macau 2018. De acordo com um comunicado oficial, “os quatro eventos alcançaram um nível de satisfação médio-alto e elevado reconhecimento, reflectindo satisfação e elevado grau de reconhecimento dos eventos pela comunicação social e utentes da Internet”.

Os eventos geraram mais de 140 mil artigos na comunicação social do universo de todas as notícias difundidas sobre turismo que foi, no total, 450 mil artigos.

O facto das notícias sobre estes quatro eventos representarem 30 por cento deste universo mostra o “papel positivo dos eventos na promoção da marca turística de Macau”.

As conclusões do estudo revelam que “as redes sociais são o principal campo de opinião pública”, e que é recomendável que a DST “preste mais atenção à discussão dos eventos nestes canais”.

No que diz respeito à estratégia de divulgação do Executivo, “as contas oficiais do Governo ou de promoção dos eventos também reforçam a sua influência”, pelo que se recomenda “o fortalecimento do uso do poder das redes sociais, incluindo a publicação de posts promocionais na comunicação social, blogues de estrelas e de viagens, páginas oficiais, páginas e contas de promoção de eventos”.

Como resposta, a DST promete “acompanhar as recomendações da equipa de estudo e continuar a optimizar os eventos relevantes”.

4 Jul 2019

Turismo | Nelson Kot diz que preços altos afectam pernoitas em Macau 

[dropcap]N[/dropcap]elson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, defende que o Governo deve estabelecer um mecanismo de controlo dos preços dos quartos de hotel, como garantia de que não existe grande diferença de preços entre os feriados e os dias normais.

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) revelou, no “Estudo e análise sobre a optimização das actividades e produtos turísticos realizadas à noite”, que são pedidas mais actividades nocturnas no território para que os turistas possam permanecer por mais tempo. Contudo, Nelson Kot acredita que os preços dos hotéis são a maior influência no facto da maioria dos turistas não dormir mais do que uma noite no território.

O mesmo responsável alerta ainda para o incremento de actividades nocturnas poder afectar a vida dos moradores. Nesse sentido, a qualidade dos serviços turísticos deve ser melhorada, além de ser necessária maior razoabilidade de preços no que ao alojamento diz respeito, frisou Nelson Kot.

2 Jul 2019

Dia do Trabalhador | Aumento de 37 por cento do número de visitantes

[dropcap]D[/dropcap]ados oficiais do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) fornecidos à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) revelam que o território recebeu mais de 636 mil pessoas nos primeiros quatro dias do mês de Maio, devido à celebração do feriado relativo ao Dia do Trabalhador. Entre os dias 29 de Abril e 1 de Maio houve um aumento de 37 por cento no número de visitantes, por comparação a igual período de 2018. No que diz respeito aos visitantes oriundos do interior da China, houve um aumento na ordem dos 42,7 por cento.

De acordo com um comunicado oficial, estes números explicam-se pelo “impulso gerado pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau” e uma maior propensão para viagens por parte dos cidadãos do interior da China, o que “gerou um aumento significativo no número total de visitantes de Macau, em comparação com o ano passado”.

No que diz respeito à ocupação hoteleira houve uma taxa média de 96,2 por cento, mais 1,9 por cento face aos dias feriados do Dia do Trabalhador em 2018. Durante o mesmo período, o preço médio por quarto dos estabelecimentos hoteleiros rondou as 1.882,2 patacas, registando uma subida de cerca de 16,7 por cento.

A DST aponta ainda que “não foram detectadas situações que envolvessem guias turísticos ilegais, mas verificaram-se casos de guias turísticos locais detentores de licença que não se encontravam devidamente identificados com o cartão de guia turístico durante o acompanhamento de excursões”. Nesse sentido, “foram elaborados três autos de notícias no local e os casos serão agora sancionados”.

Em relação às pensões ilegais, a DST realizou com o CPSP “12 inspecções conjuntas a fracções autónomas suspeitas de prestação ilegal de alojamento, tendo selado oito fracções suspeitas”, conclui o comunicado.

7 Mai 2019

Macau recebeu 3,4 milhões de visitantes só em Março

Por Raquel Moz 

 

[dropcap]O[/dropcap] mês de Março registou um volume de 3.388.931 visitantes, um acréscimo de 24 por cento face ao ano anterior, mas ainda assim um decréscimo de 4, 4 pontos percentuais em relação a Fevereiro, o mês em que se realizaram as festividades do Ano Novo Chinês.

O período médio de permanência dos cidadãos que passaram por Macau foi de 1,2 dias, idêntico ao registado em Março de 2018, revelou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

O total de visitantes enquadra as designações de turistas – aqueles que passam por Macau e pernoitam – e de excursionistas – os que se deslocam por um dia sem pernoitar –, que em Março contabilizaram 1.583.480 e 1.805.451, respectivamente, representando aumentos de 9,1 e 40,8 pontos percentuais face ao terceiro mês de 2018.

A proveniência dos visitantes, durante o mês em análise, foi predominantemente do interior da China (2.384.653), ou seja, um crescimento de 31,3 por cento em relação ao ano anterior, sendo as províncias de Guangdong e de Hunan as mais representadas. De Hong Kong, Taiwan e República da Coreia vieram os visitantes que compõem a fila seguinte, com 601.344, 92.414 e 76.409 pessoas, pela mesma ordem, a cruzar o território.

As vias de entrada mais utilizadas no território continuam a ser as fronteiras terrestres, por onde passaram 2.504.850 visitantes em Março, um aumento de 62,4 por cento em termos anuais. É de referir que pelas Portas do Cerco chegaram 1.790.726 (mais 33,4 por cento), e pela nova Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vieram 504.370 visitantes, uma alternativa que começa a impor-se em termos de números. Por via aérea aterraram 312.701 visitantes (mais 15,2 por cento que no ano anterior) e só por via marítima é que diminuíram as chegadas, menos 37,9 por cento de que em 2018, ou seja 571.380 pessoas.

Acima dos 10 milhões

Um total de 10,4 milhões de turistas passou pelas fronteiras do território desde o início de 2019, número que continua a crescer e que só no mês de Março chegou quase aos 3,4 milhões de habitantes, segundo os dados revelados pela DSEC. Houve mais 21,2 por cento de pessoas em Macau nos primeiros três meses de 2019, do que no trimestre homólogo de 2018, mas a taxa de permanência média de 1,1 dias foi menor (menos 0,1 dias) do que no ano passado.

Os visitantes – 4.735.026 turistas e 5.624.723 excursionistas – foram neste primeiro trimestre, respectivamente, mais 9,3 por cento e mais 33,4 por cento do que em 2018. A maioria veio do interior da China (7.448.291) e de Hong Kong (1.793.114), valores que também aumentaram em relação ao ano passado, em concreto, 23,5 e 21,3 pontos percentuais.

As restantes proveniências dos visitantes neste trimestre foi, por ordem de relevância, a República da Coreia (262.051) e Taiwan (261.853), com crescimentos homólogos de 9,2 e de 3,3 por cento. Do resto do mundo vieram turistas dos Estados Unidos da América (50.206), da Austrália (23.965), do Canadá (20.830) e do Reino Unido (13.860), todos registando valores ascendentes, relativamente a 2018.

Páscoa nas fronteiras
A contagem oficial do número de visitantes durante o fim-de-semana de Páscoa foi, entretanto, também revelada pela DSEC. Entre os dias 19 e 22 de Abril houve um total de 2.461.748 movimentos nas fronteiras de Macau, que correspondeu a 1.240.382 entradas e 1.221.366 saídas. As Portas do Cerco foram o acesso mais procurado, seguido já pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. As restantes fronteiras, por ordem de utilização, foram o Terminal Marítimo do Porto Exterior, o posto fronteiriço da Ponte Flor de Lótus, o Aeroporto Internacional de Macau, o Terminal Marítimo de Passageiros entre a Taipa e Hong Kong e, por fim, o Parque Industrial Transfronteiriço.

24 Abr 2019