CCM | “Percursos pela Dança” apresentado este fim-de-semana

Estreia, esta sexta-feira, no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau o espectáculo “Percursos pela Dança”, do grupo teatral “Hou Ying”. O espectáculo incorpora imagens vídeo que se misturam com movimentos corporais abstractos que revelam mensagens ligadas a ideias como avidez, hesitação, impulsividade ou confiança

 

“Percursos pela Dança”, da companhia teatral Hou Ying, é o espectáculo que sobe ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) esta sexta-feira e sábado às 19h45, com uma duração de 60 minutos. Este promete ser um espectáculo “pleno de cores e linhas”, revelando “uma tonalidade e uma impressão de vida”.

A nota divulgada pelo CCM descreve uma peça que mistura movimentos corporais abstractos com dramatização e imagens de vídeo, girando em torno dos conceitos de “avidez e hesitação, receios e impulsos para seguir em frente, confiança e independência, numa persistente procura pelo sentido da vida”. Esta é uma peça que “explora a relação entre os indivíduos e o mundo, a construção e destruição, a morte e renascimento”.

Este espectáculo é encenado pela coreógrafa e artista independente Hou Ying, contando com música de Randall Love, da Universidade de Duke, nos EUA. A ideia para esta peça surgiu “das reflexões da própria coreógrafa sobre a vida”, sendo “um retrato do Homem a viver o presente, entre realidade e ilusão”.

Desta forma, “o palco é exposto como uma cena resultante de um desastre, talvez um tsunami, um tremor de terra, durante a qual as pessoas foram separadas, soltadas, deixadas à deriva ou em conflito”. No entanto, “talvez nada disso aconteça, de facto, fora das nossas mentes, num mundo à beira do colapso e a desfazer-se”, descreve o CCM.

Recorrendo à linguagem corporal, Hou Ying confronta o público “com as incertezas e dificuldades da vida, com as cores a representar tensão, e as linhas (suspensas) a representar percursos vividos, expondo por completo o estado das mentes humanas”.

A peça propõe-se a apresentar uma visão “fanática e psicótica a uma atmosfera de sensualidade, racionalidade e pureza”, com uma “fisicalidade que é utilizada enquanto mensageira, libertando-se de uma corrente de auto-reconhecimento, escapando-se do corpo”.

Dança de fusão

Criada em 2011, em Pequim, a companhia teatral Hou Ying surgiu depois da coreógrafa ter criado o grupo “Dança Teatro Vision” em Nova Iorque. Hou Ying decidiu incorporar a sua formação em dança tradicional clássica chinesa, dança popular, ballet, ópera chinesa e artes marciais com as técnicas adquiridas nos EUA junto de mestres como Martha Graham, José Limon, Merce Cunningham e Trisha Brown. Desde então que a companhia de Hou Ying dedica-se a explorar a junção de conceitos coreográficos orientais e ocidentais.

Desde 2011 que já foram apresentados os espectáculos “Interface”, “Infinitude”, em 2013, e “Tu Tu”, em 2014. O mais recente, apresentado no ano passado, intitulava-se “Desaparecer”. Tratam-se de espectáculos que podem ser considerados como “peças interdisciplinares de vanguarda”, incorporando “elementos teatrais, música experimental e arte contemporânea”.

O grupo Dança Teatro Hou Ying já fez digressões em vários países, tendo passado ainda por vários festivais internacionais e instituições de prestígio, como é o caso do Tisch Theatre in Art Institute de Nova Iorque, o Festival de Artes ao Ar Livre do Centro Lincoln, o Festival de Arte Asiática de Nova Iorque ou o Openlook de São Petersburgo. Ao longo dos anos, o Dança Teatro Hou Ying estabeleceu-se internacionalmente enquanto companhia de dança contemporânea chinesa, e força motriz da fusão entre a cultura oriental e ocidental.

Relativamente ao percurso de Hou Ying, o seu primeiro trabalho como coreógrafa foi “Night of Spirit”, tendo vencido o prémio maior do Concurso Internacional de Coreografia Moderna da Bielorrússia em 1996. Em 2001 foi-lhe atribuída uma bolsa do Concelho Cultural Asiático para pesquisar e criar em Nova Iorque. Um ano depois, na mesma cidade, a coreógrafa ingressou na companhia de Artes da Dança Shen Wan onde se tornou um elemento relevante no processo criativo, tendo aparecido por três vezes em artigos da revista do New York Times e eleita “Bailarina do Ano”, em 2004.

Em 2008, Hou Ying regressou à China com a companhia Shen Wei para criar The Picture, um dos espectáculos de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Em 2009, a sua carreira mudou o foco para a capital chinesa, onde estabeleceu a Dança Teatro Hou Ying. A companhia tornou-se numa das pioneiras de arte contemporânea multigénero, dedicando-se a promover o improviso e o ensino de dança contemporânea.

9 Mar 2023

Dança | Companhia Stella & Artists celebra aniversário no palco do CCM

No próximo sábado, o grande auditório do Centro Cultural de Macau recebe dois espectáculos da companhia de dança local Stella & Artists, depois do adiamento em Fevereiro devido à pandemia. O grupo irá brindar o público com interpretações que cruzam géneros tão díspares como dança folclórica chinesa, ballet e dança contemporânea

 

[dropcap]O[/dropcap] grande auditório do Centro Cultural de Macau está reservado no próximo sábado para dois espectáculos de dança, às 15h30 e às 20h, intitulados “The 7th Anniversary Performance of Stella & Artists”. Como o nome indica, a companhia dirigida por Stella Ho celebra em palco sete anos de existência, com um percurso que vai muito além de ensaios e performances em palco.

O HM falou com a mentora e directora artística do projecto, Stella Ho, que revelou que o espectáculo de celebração começou a ser preparado em Outubro do ano passado com o objectivo de ser apresentado a 2 de Fevereiro. “Devido à covid-19, a data de apresentação da performance foi alterada para 8 de Agosto.

Portanto, recomeçámos os ensaios em Maio para cumprir as medidas exigidas pelo Instituto Cultural e podermos actuar no Centro Cultural”, conta Stella Ho. O espectáculo foi redimensionado, com limites impostos ao número de bailarinos e aos elementos da equipa de produção. A adaptação às condições impostas por razões de saúde pública forçou à reinvenção do espectáculo. “A performance de 2 de Fevereiro foi adaptada para as duas performances que vamos apresentar no sábado”, revela a directora artística.

O grupo de intérpretes que dá corpo ao “The 7th Anniversary Performance of Stella & Artists” é variado, com idades a partir dos 4 anos até pessoas mais maduras. “Damos cursos de dança chinesa e ballet como formação de base para os nossos alunos e bailarinos. Apesar de as nossas produções serem principalmente focadas na dança contemporânea, esta é um testemunho do percurso que fizemos nos últimos sete anos, com a apresentação de diversos géneros como dança folclórica chinesa, ballet, ballet contemporâneo e dança contemporânea”, desvenda a directora artística.

Em palco vão cruzar-se professores e alunos de dança, assim como os bailarinos da companhia. Uma parte do espectáculo, interpretada por um dueto de professores, foi pensada pela promissora coreógrafa de Hong Kong Justyne Li.

O espectáculo de sábado será o somatório de vários géneros de dança coreografados pelos professores da Stella & Artists e do progresso que os alunos fizeram ao longo dos anos.

Para Macau

“Quando olho para trás, para o caminho que a Stella & Artists percorreu em sete anos, só posso ficar feliz com os objectivos que conquistámos, passo a passo, e a nossa contribuição para o desenvolvimento da dança em Macau.” É assim que Stella Ho arrisca um balanço do tempo de actividade da companhia que fundou.

Além de produção de qualidade e intercâmbios recheados de significado e colaborações com artistas estrangeiros, a preparação do espectáculo de aniversário tem servido para a directora artística reflectir no trabalho feito até agora. Os ensaios e a forma como a performance de aniversário correu enche Stella Ho de confiança no caminho que a companhia tem pela frente, especialmente na oferta educativa de formação de dança. “Estou muito contente com o progresso que os nossos professores fizeram, que se pode ver nas coreografias e performances dos alunos. O trabalho de equipa e a atitude positiva dos professores tornou possível o progresso”, remata a directora artística.

A Stella & Artists foi fundada em 2012 com o objectivo de promover a dança contemporânea ao mesmo tempo que actua como veículo para dar a conhecer os elementos tradicionais da dança chinesa. Absorver e incorporar o quotidiano de Macau, assim como reflectir a partilha de expressão artística com outras culturas são também metas da companhia que celebra o sétimo aniversário. Os bilhetes para o espectáculo estão à venda e custam entre 150 e 200 patacas.

5 Ago 2020