Hoje Macau InternacionalDaesh destrói mesquita histórica de Mossul [dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]s nossas forças estavam a avançar, na zona histórica de Mossul. Estavam a 50 metros da mesquita de Al-Nuri quando o Daesh cometeu outro crime histórico ao explodir as mesquitas de Nuri e de Hadba”, disse o comandante da ofensiva de Mossul, general Abdulamir Yarallah, num comunicado divulgado na quarta-feira. Foi na mesquita de Al-Nuri, no Verão de 2014, que Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Daesh, auto-proclamou o “califado” nos territórios que o grupo radical islâmico controlava na Síria e Iraque. O Ministério da Defesa iraquiano condenou a destruição da mesquita e do seu icónico minarete, conhecido como al-Hadba, quando combatentes detonaram explosivos dentro das estruturas na noite de quarta-feira. O Pentágono mostrou na quarta-feira imagens da mesquita construída há 800 anos destruída. As fotografias mostram que na explosão desapareceu o minarete da Al-Nuri, também conhecida por Grande Mesquita de Mossul. O minarete, com uma inclinação semelhante à da Torre de Pisa em Itália, era uma das mais conhecidas imagens de Mossul. “Quando as forças de segurança iraquianas se estavam a aproximar da mesquita, o Daesh destruiu um dos maiores tesouros de Mossul e do Iraque”, disse o chefe das forças terrestres da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, em comunicado. “Este foi um crime contra o povo de Mossul e do Iraque e é um exemplo dos motivos pelos quais esta brutal organização deve ser aniquilada”, disse o major-general Joseph Martin, que reconheceu que a batalha pela total libertação de Mossul não foi concluída. O labiríntico centro histórico de Mossul está a permitir que o Daesh continue a manter focos de resistência, depois de ter perdido a maior parte da cidade e toda a linha de abastecimento. O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, escreveu no Twitter que a destruição da mesquita significa que o Daesh sabe que perdeu a que era a segunda maior cidade do Iraque. “A destruição do minarete e da mesquita de Al-Nuri é uma declaração formal da sua derrota”, disse al-Ababi.
Joana Freitas Manchete SociedadeTerrorismo | 72 mortos e centenas de feridos em atentado em Lahore [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]everia ter sido um domingo normal no Parque Gulshan-e-Iqbal, em Lahore, no Paquistão. Centenas de pessoas comemoravam a Páscoa, que terminava três dias de feriados. Outros aproveitavam a folga para passear. Mas um bombista suicida escolheu a data propositadamente para tirar a vida a, até agora, 72 pessoas. Mais de três centenas ficaram feridas. A maioria das vítimas era mulheres e crianças. O ataque em Lahore prova que nem só o Daesh (Estado Islâmico) está a declarar guerra ao mundo. Pelo menos sozinho. O atentado terrorista deste domingo foi reivindicado por um grupo talibã paquistanês, o Jamaat-ul-Ahrar, que assumiu em tempos ter ligações com o Daesh. O grupo admitiu já que o atentado foi perpetrado contra a minoria cristã paquistanesa, reunida no parque no final deste domingo de Páscoa. Contudo, como aconteceu num ataque em Março de 2015 na mesma cidade – a segunda maior do Paquistão -, poderá haver muçulmanos entre as vítimas, como avançam os média internacionais. “O alvo eram os cristãos”, disse o porta-voz desta facção, Ehsanullah Ehsan, citado pela agência Reuters. “Queremos mandar ao primeiro-ministro, Nawaz Sharif, a mensagem de que entrámos em Lahore. Ele pode fazer o que quiser, mas não será capaz de nos travar. Os nossos bombistas vão continuar estes ataques.” O grupo já assumiu responsabilidades por outros atentados, que normalmente têm como alvo o exército, a polícia, o governo e interesses ocidentais. Mas cristãos e outras minorias religiosas também entram na lista desde há 15 anos, quando o Paquistão se juntou a uma campanha norte-americana contra o extremismo islâmico, depois dos ataques de 2001 às Torres Gémeas, nos EUA. Em Dezembro de 2014, por exemplo, um grupo de talibãs armados matou mais de 134 crianças numa escola militar em Peshawar. No ataque deste domingo naquela que é a capital de uma das províncias mais ricas do Paquistão, Punjab, o bombista suicida terá feito explodir pelo menos oito quilogramas de explosivos “apenas a uns metros” de baloiços para crianças. De acordo com o jornal Pakistan Today um superintendente da polícia, Muhammad Iqbal, deu ainda conta que a bomba estava carregada de “esferas [em metal] para provocar um maior número de ferimentos e mortes”. Antecedentes e terror Lahore é também a cidade onde Shahbaz Sharif, chefe da província de Punjab, nasceu. Sharif anunciou três dias de luto e apelou a que os responsáveis pelo atentado sejam levados à justiça. O responsável condenou o ataque e definiu-o como sendo “um acto cobarde”. De acordo com os média internacionais, o bombista suicida foi identificado como sendo Yousuf, nascido em 1988 no Paquistão. A informação foi retirada de um documento de identificação recuperado perto do corpo do homem. Relatos de testemunhas citados por diversos jornais dão conta de que dezenas de crianças e mulheres foram levadas para o hospital em táxis ou riquexós, devido à falta de ambulâncias. Amanat Masih foi uma das pessoas que levou três filhos e duas crianças ao parque – perdeu um sobrinho e dois filhos. “Estávamos aqui apenas para aproveitar o bom tempo e ter uma boa tarde. Que tipo de pessoas têm como alvo inocentes e crianças num parque?”, disse, citado pelas agências internacionais enquanto “era assistido por uma enfermeira”. A detonação da bomba aconteceu ao início da noite de domingo. “Quando a explosão aconteceu, as chamas eram tão grandes que chegaram ao topo das árvores e vi corpos a voar pelos ares”, disse à Reuters Hasan Imran, uma testemunha que passeava perto do local no momento da detonação. “Tudo estava a tremer, havia pó em todo o lado e choros. Depois de dez minutos fui lá fora e vi carne humana nas paredes de minha casa”, descreveu Javed Ali, que vive em frente ao parque. “Há muitas pessoas a receberem tratamento no teatro de operações e tememos que o número de vítimas aumente consideravelmente”, alertou à Reuters um conselheiro de Saúde no governo regional de Punjab, Salman Rafique. Pakistani rescuers use a stretcher to shift a body from a bomb blast site in Lahore on March 27 2016 At least 25 people were killed and dozens injured when an explosion ripped through the parking lot of a crowded park where many minority Christians had gone to celebrate Easter Sunday in the Pakistani city Lahore officials said AFP PHOTO ARIF ALI O atentado coincide com várias manifestações violentas em outras partes no país, que têm acontecido desde a execução de Mumtaz Qadri, no final de Fevereiro. Este foi condenado à morte depois de assassinar Salman Taseer, o governador da província de Punjab de quem era guarda-costas e que era tido como uma das mais populares vozes a favor da reforma das leis de blasfémia, quando pessoas são condenadas por criticarem o Islão, Alá ou o Corão. A execução por enforcamento de Mumtaz Qadri incendiou a parte mais extremista da comunidade muçulmana paquistanesa, que se opõe ao actual governo. Depois do ataque de domingo, o governo de Punjab fechou todos os parques públicos, sendo que também centros comerciais da cidade foram encerrados. O exército foi chamado a controlar multidões fora do local do atentado ao mesmo tempo que centenas de manifestantes atearam vários fogos diante do Parlamento e arremessaram pedras contra a polícia. Mais de 60 pessoas, a maioria polícias, ficaram feridas. Reacções à volta do mundo “Portugal condena mais este atentado e reafirma o seu compromisso com a luta internacional contra o terrorismo. É mais um atentado bárbaro. Além do que é comum a todos os atentados terroristas, atacar pessoas indefesas, este atentado visou especificamente uma minoria religiosa e muitas crianças”, Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva “Este atentado lança uma sombra de angústia na festa da Páscoa e é um horrível massacre de dezenas de inocentes. Atinge com uma violência fanática os membros das minorias cristãs. Mais uma vez, o ódio homicida atinge vilmente as pessoas que menos se podem defender”, porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. “Terroristas cobardes tiveram como alvo mulheres e crianças, o que é extremamente condenável e lamentável”, Narendra Modi, primeiro-Ministro indiano “Enquanto cristãos em todo o mundo celebravam a Páscoa, um ataque terrorista chocante em Lahore relembrava-nos que o terrorismo é um problema à escala global”, Julie Bishop, Ministro dos Negócios Estrangeiros australiana Bombista suicida em jogo de futebol – Iraque | Atentado do EI perpetrado por adolescente Sexta-feira, estádio de futebol em Iskanderiyah, no Iraque. Um adolescente fez-se explodir, matando 32 pessoas e deixando cerca de 84 feridos, 12 em estado crítico. A explosão ocorreu quando a taça estava a ser entregue à equipa vencedora e o atentado foi já reivindicado pelo Estado Islâmico. “Dos mortos, 17 são rapazes com idades entre os dez e os 16 anos”, segundo as autoridades. “O suicida abriu caminho entre a multidão para chegar ao centro dos acontecimentos e fez-se explodir quando o presidente da câmara entregava os prémios aos jogadores”, contou à AFP Ali Nashmi, de 18 anos. O presidente da câmara, Ahmed Shaker, é um dos mortos – assim como um dos seus guardas pessoais e cinco elementos da polícia. Iskandariyah fica a cerca de 40 quilómetros da capital iraquiana. A federação iraquiana de futebol publicou um comunicado a condenar o atentado: “O futebol é uma força poderosa e o nosso jogo sobreviveu sempre, mesmo quando houve conflitos no mundo. É uma cobardia usar recintos onde se joga futebol e se pratica desporto para realizar odiosos actos de violência; é injusto e vergonhoso.” O EI tem estado a sofrer derrotas às mãos do exército iraquiano que está a ser apoiado pelas Unidades de Mobilização Populares, uma milícia xiita, e por elementos da coligação internacional que combate o EI, com os americanos a realizarem raides aéreos. Está em curso uma grande operação do exército de Bagdad para recuperar Nínive (Norte) e a sua capital, Mossul, que é a segunda cidade mais importante do país e a capital do EI no território que ocupa no Iraque. Foi em 2014 que o EI realizou uma ofensiva que lhe permitiu conquistar importantes partes do território do Iraque, a Norte e a Sul de Bagdad. As derrotas estarão, agora a levar o Daesh a intensificar atentados como este. Bruxelas ainda conta vítimas mortais – Quase todos os mortos identificados mas números podem subir As autoridades forenses belgas identificaram formalmente 28 vítimas mortais dos atentados de terça-feira em Bruxelas, enquanto três famílias esperam ainda a verificação oficial após uma análise de ADN. O número oficial de mortos dos atentados da semana passada no aeroporto e no metro de Bruxelas subiu para 31 e poderá aumentar, de acordo com a mais recente informação do Centro de Crise da Bélgica. A actualização dos últimos dados, publicada no domingo pelo Centro de Crise da Bélgica, não inclui os terroristas suicidas, oficialmente três até agora. As autoridades precisaram que, das vitimas identificadas até ao momento, 15 morreram nas explosões no aeroporto internacional de Zaventem. Dessas, seis têm nacionalidade belga e nove são estrangeiros, de Estados Unidos, Holanda, Suécia, Alemanha, França e China. No ataque ao metro de Maelbeek, a poucos metros das instituições comunitárias, foram identificadas até agora 13 vítimas, dez das quais belgas e três estrangeiras, de Itália, Suécia e Reino Unido. O Centro de Crise precisou que as nacionalidades dos estrangeiros podem diferir dos dados divulgados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, já que algumas das vítimas podem ter dupla, ou mesmo tripla, nacionalidade, como a espanhola Jennifer Scintu Waetzmann (alemã e italiana também). “Identificamos então, formalmente, um total de 28 vítimas. Três famílias esperam no entanto a identificação formal do seus entes queridos. Nesses casos estamos à espera dos resultados de uma análise de ADN”, informou o Centro de Crise. O número pode ainda subir já que “algumas vítimas que acabaram por morrer em diferentes hospitais não estão ainda incluídas nos números mais recentes”, como alertou o Centro de Crise. Nos atentados de Bruxelas ficaram feridas 340 pessoas de 19 países. Destas, 101 continuavam ontem internadas, 662 delas nos Cuidados Intensivos e metade com queimaduras graves. Os três bombistas suicidas, dois no aeroporto e um no metro, não entram na contagem do número de vitimas mortais. Palmira está de volta O regime sírio declarou o fim de quase um ano de domínio jihadista de Palmira, ao anunciar este domingo ter reconquistado a totalidade da cidade património mundial da UNESCO ao grupo Estado Islâmico (EI), que sofre assim uma das — se não a — mais pesada derrota militar desde que proclamou o seu “califado” na Síria e Iraque, indica o jornal Público. “A libertação da cidade histórica de Palmira é uma conquista importante e uma nova indicação do sucesso da estratégia do exército sírio e dos seus aliados na guerra contra o terrorismo”, afirmou o Presidente Bashar al-Assad, citado pela televisão estatal. A derrota em Palmira faz o EI perder de uma vez só o seu mais importante palco mediático na Síria e um território estratégico. Os jihadistas perderam cerca de 400 combatentes só nestas três semanas da campanha por Palmira, muitos deles reforços enviados dos seus bastiões em Deir Ezzor e da cidade que reclamam como capital, Raqqa, que ficam assim expostos ao avanço das forças de Damasco. Regime e milícias aliadas perderam menos de metade dos homens: 188, segundo contas da organização oposicionista Observatório Sírio para os Direitos Humanos. O Público diz ainda que a Rússia foi fundamental para o sucesso militar em Palmira, já que, mesmo depois de Vladimir Putin anunciar a retirada de grande parte das suas forças na Síria, a aviação russa redobrou a ofensiva sobre os jihadistas na cidade, enquanto as milícias libanesas do Hezbollah e o exército sírio avançavam lentamente sobre os campos armadilhados pelo EI.
Joana Freitas Manchete SociedadeTerrorismo | Atentado em Bruxelas faz 34 mortos e centenas de feridos O Estado Islâmico reivindicou os atentados de ontem em Bruxelas, num comunicado enviado através da agência A’maq. A retaliação pela captura de Abdeslam Salah, há quatro dias, deixou a Europa, mais uma vez, em estado de choque: três explosões abalaram ontem Bruxelas – e o mundo – uma semana depois da Turquia ter sido o alvo do extremismo islâmico [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Daesh já tinha prometido que os ataques de Janeiro deste ano na Turquia iam ser apenas o início de uma era forte do terrorismo extremista islâmico, depois de Paris ter visto centenas de mortos num atentado em Novembro do ano passado. A promessa parece ter voltado ontem a cumprir-se com três explosões em Bruxelas a tirar a vida a pelo menos 34 pessoas e a deixar feridas mais de um centena – e estes são números que continuam em actualização, contabilizados apenas até ao fecho desta edição. Eram quase 8h00 quando se “ouviram tiros” no terminal de partidas do Aeroporto de Zaventem, na capital da Bélgica. Estes pareciam servir de aviso a duas bombas que explodiram minutos depois, precedidas de “gritos em Árabe”. As agências de notícias e os média internacionais dão conta de que pelo menos uma das bombas foi accionada por um bombista-suicida. Não se sabe ainda se a outra foi plantada no aeroporto. Aqui morreram, pelo menos, 14 pessoas. A violência não termina, contudo, no aeroporto de Bruxelas. Uma hora depois, desta vez no metro, uma outra bomba explodiu deixando 20 mortos (dos 34 contabilizados). A estação de Maelbeek, em Bruxelas, muito próxima da Comissão Europeia foi o alvo e a agência Lusa fala de pessoas a saírem da estação e a serem transportadas de maca, sendo o dispositivo grande, quer a nível de policiamento, quer de ambulâncias. Um jovem português que mora a 500 metros da estação disse ao HM que o cenário era “terrível”. Ainda que bem fisicamente, Hélder Ferreira assegura estar “com medo” e não saber se deve ou não ficar em casa. “As autoridades dizem para não sairmos de casa, mas se calhar até seria melhor. Estou aqui ao lado [da estação de Maelbeek]. Não sei. Não deverá explodir mais nenhuma bomba nesta área, não é? Não sei o que fazer, estou em estado de choque”, disse ao HM, através do Facebook. Todos os transportes públicos de Bruxelas foram mandados parar e no outro aeroporto da capital a segurança foi apertada, com a presença de vários militares armados e um controlo quase sistemático de veículos. Retaliação ou fanatismo? A pergunta que se impõe neste momento é peremptória: serão estes ataques uma retaliação pela captura de Abdeslam Salah? O atentado acontece quatro dias depois da captura de um dos homens responsáveis pelos ataques de Paris, no ano passado. Detenção essa feita pelas autoridades belgas. Salah Abdeslam planeava fazer-se explodir no Estádio de França, em Paris, mas “recuou”. Porquê, não se sabe. Foi interrogado na Bélgica, depois de ter sido capturado na sexta-feira no bairro de Molenbeek, em Bruxelas. Abdeslam era alvo de um mandado de detenção internacional e a Bélgica quer extraditá-lo para França. Mas, o Ministro dos Negócios Estrangeiros belga já tinha avisado que Salah Abdeslam estava envolvido na preparação de “alguma coisa em Bruxelas”. A imprensa internacional dá conta que Didier Reynders afirmou que o próprio terrorista, pertencente ao Estado Islâmico, “deu a entender que o próximo alvo da unidade terrorista a que pertencia tinha como próximo alvo a capital belga, depois da capital francesa”. Os acontecimentos de ontem ainda não foram oficialmente associados à detenção, mas há quem já esteja a falar em “vingança”. O primeiro-Ministro belga, Charles Michel, não teceu comentários sobre uma eventual retaliação, mas admitiu: “aquilo que temíamos aconteceu”. Cenário horrível As imagens dos atentados dão conta de um cenário de horror, com fumo a sair do aeroporto e da estação de metro e o pânico instalado. Fotografias dos locais onde as bombas explodiram mostram carruagens completamente destruídas, vidros estilhaçados e pessoas a serem transportadas em macas, com ferimentos. “Está tudo em estado de sítio. Vi uma mulher a ser levada numa cadeira de rodas, com a cara coberta de sangue”, diz Hélder Ferreira ao HM. “O cenário é de pânico, há pessoas ainda dentro do metro, pelo que ouvi, da janela vejo muitos a chorar nas ruas e à procura de pessoas.” O nível de alerta na Bélgica foi elevado para quatro, o máximo da escala, na sequência das explosões, e a CNN dava conta que a família real belga abandonou o Palácio Real, na sequência de uma mala suspeita encontrada nas imediações, o que foi depois desmentido em comunicado do próprio palácio. Este é o terceiro atentado no mesmo mês – Ancara, 13 de Março: um atentado com um carro bomba deixou 35 mortos e 125 feridos. A explosão acontecia um mês depois de outro carro-bomba ter morto 29 pessoas, em ataques que as autoridades já atribuíram ao Daesh (Estado Islâmico). Antes, a 19 de Março, foi a vez de Istambul sucumbir ao terrorismo. Dez mortos e 36 feridos, um deles português, alvo de um ataque suicida num rua pedonal de Istambul. Sete mortos eram israelitas. Até ao fecho desta edição, a imprensa belga dava conta de duas detenções associadas ao atentado mas não foi possível confirmar a veracidade da situação. Líderes em choque Marcelo Rebelo de Sousa mostrou solidariedade para com os belgas e apelou aos valores da democracia como arma contra o terrorismo, num dia em que houve “um ataque cego e cobarde, que atingiu o coração da Europa”. Foi assim que o Presidente da República portuguesa se referiu aos atentados em Bruxelas, naquela que foi a primeira vez que fez uma declaração em Belém. “O que nos une é a luta pela democracia, liberdade e direitos humanos. É nos momentos cruciais de crise aguda que sentimento a necessidade de reafirmar esses valores. É tão importante o apelo aos nossos valores, aos valores da liberdade, democracia e direitos humanos que é neste instante a ocasião de os reafirmar. A construção da paz, a construção de um mundo com mais desenvolvimento económico e mais justiça social, mas também a segurança das pessoas e a segurança dos bens são indissociáveis. Não há segurança se não houver a construção da paz. Tive a oportunidade de passar uma mensagem de pesar, repúdio e a solidariedade do povo português [aos reis belgas]” “Esta guerra contra o terrorismo tem de ser lidada com sangue frio, porque será longa. O terrorismo atingiu a Bélgica, mas é a Europa que é a visada. É todo o mundo. Temos consciência da gravidade destes ataques. Paris foi altamente afectada no ano passado, no mês de Janeiro e no mês de Novembro. Noutros continentes também, como em África. Estamos perante uma ameaça global que exige uma resposta global. A França e a Bélgica partilham este horror. ” François Hollande, presidente francês “[Lamentamos] os números mortos e feridos, alguns gravemente nos ataques cegos, violentos e cobardes em Bruxelas. Receávamos um atentado e ele aconteceu”, primeiro-Ministro belga, Charles Michel “Estou chocado e preocupado com os acontecimentos em Bruxelas. Faremos tudo o que pudermos para ajudar”, David Cameron, primeiro-ministro britânico “É um dia muito triste para a Europa, no momento em que a Europa e a sua capital sofrem a mesma dor que esta região [do Médio Oriente] conheceu e conhece todos os dias”, chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em Amã. Saiu a chorar e depois de ter abraçado o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia Macau sem vítimas O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), diz estar a acompanhar a situação causada pelas explosões ocorridas no aeroporto e no metro em Bruxelas e tem mantido “contacto permanente” com as autoridades, sendo que, das informações recolhidas através da indústria turística de Macau, “não há grupos de excursão de Macau em Bruxelas e o GGCT não recebeu até ao momento nenhum pedido de informação ou de assistência”. Portuguesa entre os feridos A informação foi confirmada pelas autoridades portuguesas, que estão a tentar perceber se existem mais portugueses entre as vítimas mortais e os feridos dos ataques: uma portuguesa de 30 anos ficou ferida devido à bomba que explodiu no metro. O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, confirmou a informação avançada pelo porta-voz da TAP, António Monteiro, de que as explosões no aeroporto se deram numa zona próxima aos balcões de check-in da transportadora portuguesa. Mas não havia feridos a registar. Futebol atento A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) informou estar “em contacto com a (…) congénere belga e as autoridades portuguesas, belgas e internacionais”, a uma semana das selecções da Bélgica e de Portugal se defrontarem, a 29 de Março, no estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, em jogo de preparação para o Campeonato da Europa de futebol, em França. José Neto, mestre em psicologia desportiva, afirmou que, caso se realize o jogo Bélgica-Portugal, os jogadores têm de ser preparados de modo a olhar para a adversidade como padrão para conquista de objectivos, depois dos atentados de ontem. Portugal em alerta A secretária-geral do Sistema de Segurança Interna revelou ontem que todas as forças de segurança da Unidade de Coordenação Anti-terrorismo estão a acompanhar os acontecimentos de Bruxelas, mantendo-se o nível de alerta em Portugal. “Todas as Forças e Serviços de Segurança que integram a Unidade de Coordenação Anti-terrorismo estão a trabalhar em completa articulação e a acompanhar os acontecimentos que estão a ocorrer em Bruxelas, mantendo contacto com as suas congéneres e recolhendo todos os dados necessários à sua avaliação”, informou, em comunicado, o gabinete da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna. Cartoonistas de armas em punho Como tem sido habitual, os cartoons contra os atentados e o islamismo extremista começam a correr na internet, com um deles a ser particularmente nas redes sociais: “Je suis sick of this shit” (tradução literal: estou farto desta merda). A sua autoria não foi ainda apurada. (In)Segurança Especialistas do sector de mobilidade e transportes da Central Geral Sindical de Serviços Públicos belga (CGSP) tinham alertado, há menos de três meses, para falhas detectadas nos protocolos de segurança do aeroporto de Bruxelas. A informação está a ser avançada pelo jornal belga “L’Echo”. Em relatório, a confederação sindicalista tinha alertado no início deste ano para “falhas na segurança do aeroporto nacional belga”, sublinha esse jornal, que teve acesso ao documento. “Nos primeiros testes activos (testes cegos aos protocolos) feitos pelos inspectores, os resultados foram desastrosos para a BAC (empresa que gere o aeroporto da capital belga), que pediu para que os testes fossem simplificados. Estes foram ajustados para facilitar o reconhecimento [das falhas detectadas]”, é referido no relatório divulgado em Janeiro. “Mas mesmo nessas condições, a proporção de itens proibidos detectados [a passar em bagagens] continua a ser elevada. Isto significa que, na prática, uma bomba numa mala de viagem tem hipóteses de passar despercebida”, cita a revista Sábado Condolências de refugiados Uma fotografia de uma criança da Síria refugiada está a correr a internet. O rapaz, adolescente, tem nas mãos um cartaz onde se pode ler “lamentamos por Bruxelas”.