Detida mulher suspeita de maus tratos em jardim-de-infância

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntre marcas de agulhas nas crianças e suspeitas de abusos sexuais, uma das mais reputadas creches da China enfrenta uma resma de terríveis acusações desde que uma mulher suspeita de envolvimento no escândalo de maus tratos de crianças num jardim-de-infância em Pequim, gerido por uma empresa cotada na bolsa de Nova Iorque, foi detida no sábado, anunciaram as autoridades chinesas. A polícia do distrito de Chaoyang, na capital chinesa, informou que uma educadora, de 22 anos, foi detida pela suspeita de abuso de crianças na sequência da investigação realizada ao jardim-de-infância bilingue (chinês-inglês) administrado pela cadeia RYB Education, com sede em Pequim.

A mulher surge apenas identificada pelo apelido, Liu, e não são facultadas mais informações sobre o caso no comunicado divulgado este sábado pela polícia distrital através da plataforma de mensagens Sina Weibo, equivalente chinês do Twitter. A agência de notícias oficial chinesa Xinhua também fala na suspeita de abusos sexuais, sem providenciar, contudo, mais detalhes.

A RYB Education afirmou estar “extremamente chocada e angustiada com os crimes que a professora é suspeita de ter cometido. “Expressamos as nossas sinceras desculpas às crianças envolvidas neste caso, às suas famílias e à sociedade em geral”, diz um comunicado publicado no portal da empresa. “Trata-se de um grave incumprimento do dever no nosso trabalho de gestão, pelo que devemos assumir a responsabilidade e levar a cabo uma investigação, bem como fazer rectificações”, diz o mesmo comunicado, que não faculta detalhes sobre os alegados abusos de Liu, natural da província de Hebei.

A RYB disse que despediu Liu, afastou o dirigente do jardim-de-infância Xintiandi e estar a cooperar com investigações adicionais, bem como que a empresa está a contratar médicos e psicólogos para ajudar a confortar as crianças que foram afectadas e a inspeccionar as suas outras filiais no país.

O escândalo em Pequim estalou depois de a revista Caixin e outros ‘media’ chineses terem citado relatos de pais dando conta de que as suas crianças foram obrigadas a despirem-se como castigo e que foram encontradas marcas inexplicadas, aparentemente de agulhas, nos seus corpos.

A RYB, cotada desde Setembro no Nasdaq, na Bolsa de Nova Iorque, gere directamente 80 jardins-de-infância na China, a somar a outros 175 operados sob ‘franchise’ para crianças de até seis anos, de acordo com dados constantes do seu ‘site’.

Num comunicado separado, a polícia de Chaoyang revelou também que outra mulher, de Pequim, de 31 anos, foi detida dois dias antes após ter admitido ter alegadamente espalhado rumores sobre o envolvimento de militares em abusos sexuais de menores.

Segundo a nota oficial, a mulher, também de apelido Liu, manifestou “profundo arrependimento” por ter acusado, através da rede Wechat, o pessoal de uma base militar vizinha da instituição de ter abusado de crianças.

O marido da directora do jardim-de-infância era um responsável dessa base, indicou o seu comissário político na sexta-feira ao jornal oficial do exército PLA Daily, indicando não haver, de momento, “nenhuma prova” do envolvimento de pessoal militar no caso.

A RYB tinha estado já envolvida num escândalo em Abril após a divulgação de imagens na Internet que mostravam uma educadora a pontapear uma criança noutra filial em Pequim, uma acção que viria a resultar na suspensão do director e dois professores.

27 Nov 2017

Creches | Dez mil vagas para o próximo ano lectivo

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ez mil vagas em creches é o número apontado, para este ano, pelo Instituto de Acção Social (IAS) ao canal chinês da Rádio Macau. De acordo com a mesma fonte, a chefe da Divisão de Serviços para Crianças e Jovens, Lao Kit Im, divulgou que, em 2016, a taxa de presença das crianças nas creches foi de 70 por cento, sendo que o IAS está atento ao que se passa com os 30 por cento dos lugares que parecem ficar vazios e que representam um total de 2400 vagas.

A ideia, afirma a responsável, é que se possa vir a coordenar melhor os serviços para que exista um melhor aproveitamento dos lugares disponíveis.

Lao Kit Im refere ainda que não afasta a possibilidade de ajustar a proporção de vagas entre o serviço referente ao dia inteiro e o regime de meio-dia. O objectivo é aumentar o número de vagas para a faixa etária dos dois anos, visto as previsões apontarem para um aumento da procura de 6800 para sete mil.

De acordo com a coordenadora para os assuntos administrativos da creche da Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), Wong Kuan Kit, também em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, as creches que pertencem à associação tiveram, no primeiro semestre do ano, uma taxa de ocupação de 75 por cento.

A coordenadora considera que as razões da ausência das crianças estão relacionadas com os feriados e doenças. Para a coordenadora, há pais preocupados com a gripe e que acabam por não deixar as crianças ir à escola.

Wong Kuan Kit disse ainda que a maior necessidade apontada pelos pais tem que ver com a existência de mais vagas para o regime de dia inteiro.

A responsável acrescentou ainda que a maioria das vagas para as creches da AGMM estão cheias e que o serviço de meio-dia apresentou muito poucas inscrições, facto que, considera, influencia na taxa geral de presenças.

16 Ago 2017

Secretário diz que vagas nas creches “são suficientes”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo vai aumentar até cerca de 11 mil as vagas nas creches em 2018, mas considera que o actual número “é suficiente” e que “já fez muito para os pais que estão ambos empregados” acederem ao serviço. O aumento foi anunciado na Assembleia Legislativa pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em resposta a uma interpelação da deputada Angela Leong.

A deputada citou dados da taxa de natalidade no território para argumentar que o número de vagas é insuficiente para o número de bebés e disse que, “quando há abertura de candidaturas, nas creches das zonas mais populosas, às vezes são mais de 60 crianças a disputar uma vaga”.

Em resposta, Alexis Tam referiu que, até ao mês passado, Macau tinha “53 creches com 9803 vagas” e que está previsto “um aumento do número de vagas até cerca de 10 mil no final do ano, o que responderá plenamente à procura dos serviços das creches para cerca de sete mil crianças de dois anos de idade”.

Também referiu que 48 por cento das crianças com menos de três anos estão a frequentar as creches, um número que apontou como superior a Hong Kong e a muitos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Por outro lado, Alexis Tam disse que há vagas nas creches que não são preenchidas, argumentando que cerca de 2400 ou 30 por cento das oito mil vagas em creches subsidiadas pelo Governo não foram utilizadas. “Além disso, a taxa de disponibilidade de cerca de 1800 vagas de creches privadas é entre 30 por cento e 40 por cento”, afirmou.

As deputadas Chan Hong e Wong Kit Cheng invocaram a localização das creches e da residência do agregado familiar para o não-preenchimento das vagas.

Já sobre as razões para haver tanta procura, Alexis Tam resumiu a questão a uma preferência, apontando que há pais que têm “creches favoritas”, mas que “isso é desnecessário”. “O mais importante é partilhar a responsabilidade da prestação de cuidados”, disse, argumentando que “o Governo já fez muito trabalho para os pais que sejam ambos empregados possam ter vagas nas creches para os seus filhos”.

“Temos vagas suficientes, no próximo ano vamos ter mais”, acrescentou, situando o número total nas 11 mil em 2018.

Melhor em casa

Alexis Tam disse ainda que além de não ser obrigatório, “o Governo não incentiva” que os bebés vão muito cedo para a creche.

Recorde-se que Macau tem licenças de maternidade que variam entre apenas 56 dias a três meses e não tem licenças de paternidade remuneradas. Muitas famílias, incluindo os casais jovens cujos pais também trabalham, recorrem à importação de mão-de-obra e contratam empregadas domésticas para cuidar dos filhos.

Angela Leong, deputada com interesses ligados ao sector do jogo, sugeriu ainda o funcionamento das creches durante 24 horas para os casais com filhos que trabalham por turnos, porque “Macau é cidade de turismo”.

A deputada Song Pek Kei também perguntou se o Governo está a “pensar nalgumas medidas para grupo de residentes que trabalha nos casinos”, mas a questão ficou sem resposta.

Já as deputadas Ella Lei e Melinda Chan sublinharam a evolução da sociedade, afirmando que enquanto antigamente era comum as mães não trabalharem, actualmente Macau é uma “cidade de prestação de serviços”, com ambos os elementos do casal a trabalhar.

“Quarenta por cento das famílias põem as crianças na creche. E Macau é uma cidade que funciona 24 horas por dia. Os pais não têm tempo para educar os filhos e, depois de um ano [de vida], as crianças já não conseguem encontrar uma vaga”, alertou Melinda Chan.

7 Ago 2017

Si Ka Lon pede integração das creches no ensino público gratuito

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Si Ka Lon pediu ontem ao Executivo que as creches do território passem a estar sob a alçada da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A razão, apontou ontem Si Ka Lon durante o período de antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa, tem que ver com a necessidade de dar mais importância à vertente educativa destas instituições, para que possam ser abrangidas pela escolaridade gratuita. O objectivo é a redução da pressão económica nos jovens casais.

Para Si Ka Lon, trata-se de uma medida que pode contribuir para um fomento real de um ambiente favorável às crianças no território. O deputado salientou que, apesar das medidas anunciadas pelo Governo para promover “o nascimento saudável e o aumento da respectiva taxa”, Macau continua a não ultrapassar uma das maiores dificuldades sentidas pelos pais trabalhadores: “Conseguir inscrever os filhos numa creche”. “Como [os pais] têm de trabalhar, se não podem deixar os filhos ao cuidado dos avós ou parentes, só os podem entregar às creches”, referiu o deputado.

Si Ka Lon recordou que, de acordo com informações disponibilizadas no ano passado, as creches de Macau tinham cerca de 8600 vagas, sendo que o Governo terá garantido que, para este ano, o número aumentaria para as 10 mil. No entanto, olhando para os nascimentos registados entre 2014 e 2015, o número já ultrapassou os 14 mil. O resultado é óbvio: “Nalgumas creches financiadas pelo Governo são 30 crianças a disputar uma vaga”, enquanto nas creches privadas “o preço é elevado, podendo chegar a mensalidades de 3700 patacas, ou seja, duas vezes mais caras que as creches financiadas”, ilustrou Si Ka Lon. A mensalidade de uma creche privada em Macau pode ainda atingir as nove mil patacas, sendo “mais cara do que a propina das universidades”.

A solução passa pela integração das creches na DSEJ. Hoje em dia, é o Instituto de Acção Social que trata desta matéria.

1 Jun 2017

Creches | Já são conhecidos os resultados das candidaturas

Foram ontem divulgadas as listas de admissão das creches do território. No caso da Santa Casa da Misericórdia, havia mais de duas mil candidaturas para pouco mais de uma centena de vagas. A inscrição em creches não subsidiadas acaba por ser uma das alternativas. Mas só para quem pode

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês tentativas, todas elas sem sucesso. Liliana Santos Leong vive e trabalha na zona do NAPE e tentou matricular a sua filha em três creches, dada a proximidade e a facilidade nas deslocações. Agora, a inscrição numa creche mais cara é a opção provável para esta mãe.

“Ela tem um ano, não é obrigatório que entre já [no próximo ano lectivo]. Estamos a ponderar uma creche privada [não subsidiada], mas aí iremos começar mais tarde, depois de Setembro”, contou ao HM.

No dia em que foram divulgados os resultados da colocação das crianças menores de três anos nas creches, que estão sob a alçada do Instituto de Acção Social (IAS), muitos pais não conseguiram qualquer vaga. Ficar com as crianças em casa, com a ajuda de uma empregada doméstica, ou recorrer a centros bastante mais dispendiosos são as opções, sobretudo para quem não tem família por perto ou com disponibilidade para ajudar a tomar conta das crianças.

No caso de Amélie Lam, ainda há uma hipótese. “Vou ver mais tarde se consigo essa vaga”, apontou. Também esta mãe pondera tentar uma candidatura aos centros que acolhem crianças até aos três anos, com um regime diferente do das creches e com propinas mais altas. Tentou a sorte em quatro creches.

Apesar de não ter garantido ainda um lugar, Amélie Lam assegura que não é urgente a ida da sua filha para uma creche, por ter algum apoio. “Trabalho e o meu filho mais velho tem estado com a avó. Tenho uma empregada doméstica e, por isso, posso esperar até ao próximo ano para ver se consigo uma nova vaga.”

Ainda assim, Amélie Lam defende que “o sistema tem de mudar”. “São precisas mais vagas. O Governo deveria abrir mais creches e garantir que todas as crianças têm acesso a uma vaga.”

Em lista de espera

Isabel Marreiros, directora da creche da Santa Misericórdia de Macau (SCM), contou ao HM que se candidataram 2230 crianças para preencher um total de 123 vagas. Actualmente, a creche da SCM tem 50 candidatos em lista de espera, no caso de desistência de algumas crianças.

Apesar de muitos pais não conseguirem lugar na escola que escolheram, a directora assegura que “a procura é equilibrada”, já que, “segundo informações do IAS, há vagas suficientes nas escolas subsidiadas”, apontou.

“Para as crianças nascidas em 2015, há vagas de certeza. Pode é não ser na creche que os pais preferem, ao lado de casa, por exemplo”, acrescentou Isabel Marreiros, que considera que a questão da língua portuguesa é cada vez menos um factor importante para muitas famílias portuguesas e macaenses que estão à procura de creche.

“Somos a única creche com educadoras de infância que falam português. Mas nem todos os pais querem optar por uma educadora que fala português. Conheço pais que até preferem uma educadora chinesa, pois querem que a criança cresça nesse ambiente desde pequena”, rematou Isabel Marreiros.

O HM tentou ainda apurar mais dados relativos às candidaturas junto de outras creches, mas até ao fecho desta edição não foi possível.


SCMM continua à espera do IC

A Santa Casa da Misericórdia está há quase um ano à espera que o Instituto Cultural (IC) dê o seu parecer relativo ao edifício Lara dos Reis, que foi ocupado pela Cruz Vermelha. É lá que a instituição de cariz social quer criar mais uma creche, sendo que a intenção seria a abertura ainda este ano. Contudo, Isabel Marreiros adiantou ao HM que ainda estão à aguardar para poderem avançar com as obras. “Estamos à espera há cerca de um ano pelo parecer do IC e das Obras Públicas, por se tratar de uma casa com traços históricos, embora não seja um edifício classificado. O projecto está feito.” Para a directora, a abertura de mais uma creche “seria bom, porque queremos também fazer novas experiências, para dar mais uma oportunidade aos pais”, concluiu.

10 Mai 2017

DSEJ | Planeada reforma para ensino infantil

Os jardins de infância exageram nos conhecimentos que passam e não se focam no ensino da educação quotidiana das crianças, pelo que a DSEJ quer reformar a educação infantil

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai reformar a educação infantil, para que esta seja focada mais na aprendizagem da vida quotidiana e do conhecimento cognitivo, do que apenas na escrita e na aprendizagem de disciplinas. A ideia, diz a DSEJ, é corrigir o problema de ter o “jardim de infância como uma escola primária”, como acontece actualmente na maioria das instituições de origem chinesa. Uma professora e uma deputada concordam, ainda que se preocupem que haja falta de correspondência entre os jardins de infância e as escolas, fazendo com que estas exijam aos alunos saber escrever assim que entram na primeira classe.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a directora da DSEJ, Leong Lai, referiu que vai ser implementado o documento de Exigências das Competências Académicas Básicas na Educação Infantil já no próximo ano lectivo, sendo que o conteúdo de cursos vai ser focado na educação quotidiana das crianças, de forma a que os mais novos possam aprender os caracteres apenas um ano antes de ingressarem nas escolas primárias. Leong Lai considera que a reforma vai permitir que os jardins de infância não substituam as escolas primárias. creches
Para a professora associada da Faculdade de Educação da Universidade de Macau, Lao Kei Fun, a actual forma de funcionamento dos jardins de infância é grave, uma vez que transmite “demasiados conhecimentos” às crianças pequenas, o que pode fazer os alunos perder o interesse pelo ensino. Lao salienta que a educação cognitiva não é foco actual da educação infantil em Macau. Algo com que a professora não concorda, uma vez que os professores, diz, “não devem avaliar as crianças só através de testes escritos”, mas sim de forma diversificada, como testes orais e através da observação de trabalhos e que as crianças fazem e da forma como agem.
A deputada Wong Kit Cheng concorda, mas mostra-se preocupada com o facto de faltarem apenas dois meses para chegar o novo ano lectivo. A deputada diz não se poder prever se os materiais pedagógicos, as formações de professores e os planos das aulas possam corresponder de imediato a esta reforma.
“Algumas escolas abrem cursos de Verão em Julho e em Agosto são férias. As formações de professores e os planos de aula são contínuos e sistemáticos. Vão mudar, para que no novo ano lectivo possam lidar com esta nova forma de educação?”, questiona.
Wong considera ainda que a reforma vai ser muito diferente da maneira tradicional da educação infantil, pelo que diz que os pais dos alunos precisam de tempo para conhecer os novos métodos e se habituarem aos novos métodos.
 

7 Jul 2015