Joana Freitas Manchete SociedadeJockey Club violou a lei e tem até final do mês para recompor situação Contas que, segundo a lei, levariam empresas à dissolvência ou administradores à prisão. São assim as contas da Macau Jockey Club, que não são detalhadamente publicadas em BO e que indicam prejuízos há mais de dez anos. A DICJ confirma e espera uma solução até ao fim de Agosto [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Companhia de Cavalos Macau Jockey Club violou a lei e tem até ao final deste mês para recompor a situação. As contas da empresa não batem certo com o que é obrigatório segundo o Código Comercial e o problema não é de agora. Mas a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) assegura estar atenta à situação. “O assunto levantado pelo HM tem sido alvo de acompanhamento por parte desta direcção de serviços”, começa por confirmar a este jornal o organismo dirigido por Paulo Chan. “Designadamente através da interpelação da concessionária para apresentar uma proposta com vista a solucionar a questão em causa até ao final do mês de Agosto de 2016.” A Macau Jockey Club apresentou prejuízos de 88 milhões de patacas só no ano passado e, de acordo com contas de 2015 publicadas em Boletim Oficial em Julho, o seu capital social é inferior a metade do original, apresentando a empresa dívidas de milhões de patacas. De acordo com o Código Comercial, o administrador da empresa que apresentar capital social inferior à metade viola a lei, devendo propor a dissolvência da empresa ou injectar o capital social novamente em 60 dias. Tal não aconteceu. Mais ainda, de acordo com o mesmo Código, se não se respeitar a regra de injecção de capital ou propor a dissolvência, o administrador é punido com pena de multa ou de prisão de três meses. A questão, contudo, reside no facto de que a empresa terá contas a negativo desde, no mínimo, 2005. Diversos artigos publicados no mês passado indicavam isso mesmo, especialmente em média dedicados aos casinos, como o World Casino Directory. E como indicam as contas da empresa, que mostram que, em 2014, por exemplo, as perdas foram de 54 milhões de patacas. Em 2013, foram de mais de 41 milhões. À espera da renovação? A DICJ não se adiantou muito no que à violação legal ou à falência da empresa diz respeito. Contudo, e apesar de garantir que o problema tem de ser solucionado até ao final de Agosto deste ano, a verdade é que a Macau Jockey Club viu o seu contrato estendido até Agosto de 2017. O organismo liderado por Paulo Chan não explica o que se poderá passar se a empresa não encontrar uma solução. A empresa detém o monopólio das corridas de cavalos desde 1978 e conseguiu, desde 2005, pagar apenas 15 milhões de patacas anuais ao Governo, quando deveria estar a pagar o dobro de acordo com o contrato assinado em 1999, ade acordo com o Macau Business Daily. As apostas nas corridas de cavalos tem descido mais de 50% ano após ano e significa, para as receitas da Administração, 0,1% do total dos lucros do sector do Jogo. As contas fazem Albano Martins, economista, questionar-se. “(…) Com dívidas superiores aos seus activos em 876 milhões de patacas como é que [empresa] não é dissolvida nos termos dos artigos 206º e 485º do Código Comercial?”, questiona, numa opinião publicada no Jornal Tribuna de Macau no mês passado. “Fica a pergunta com um misto de curiosidade e alguma expectativa: vai o Governo renovar essa concessão? Com base em exactamente o quê?” Contas escondidas Relatos de más condições no Jockey Club têm sido constantemente feitos pela imprensa: ainda no ano passado, um grupo de membros do clube escreveu uma carta aberta onde apontava, por exemplo, que os estábulos estavam tão velhos que um cavalo ficou ferido por causa de um telhado que colapsou. O Jockey Club disse ter feito reparações, mas fontes internas disseram ao HM que não passaram de “pintar as portas” das boxes. Angela Leong, deputada e responsável pela empresa ligada à Sociedade de Jogos de Macau, atribuiu os resultados negativos ao recente declínio das receitas de jogo. No ano passado, Leong disse mesmo que a abertura de mais hotéis e resorts levava a que as corridas de animais ficassem para trás na lista de desejos dos turistas. Mas uma das maiores questões, levantada também por Albano Martins no artigo de opinião, é que o Governo continua a autorizar a empresa a não publicar os detalhes das contas. Isso, como experienciou o HM, não facilita a leitura no que aos resultados negativos diz respeito. “O Governo veio autorizar que as contas da sociedade fossem publicadas sob a forma de sinopse, com indicação do resultado líquido, total do activo, total do passivo e situação líquida. Os casinos dão todos os detalhes das suas contas (…) mas o Canídromo e o Jockey Club querem esconder exactamente o quê?”, questionava o economista, como colunista no JTM. “Mas que raio de negócio se esconde numa concessão que devia publicamente e de forma transparente prestar contas à sociedade da sua actividade? Ou há negócio de imobiliário escondido ou não estou a ver razão para tanta dedicação à causa das corridas.” A questão fica por responder pelo menos até ao final deste mês. O HM tentou contactar o Jockey Club mas não conseguiu obter reacções até ao fecho desta edição.
Hoje Macau SociedadeBNU com aumento de lucros no primeiro semestre [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]BNU em Macau teve lucros de 278,5 milhões de patacas no primeiro semestre, mais 17% do que no mesmo período de 2015, disse à Lusa o presidente executivo do banco. Pedro Cardoso destacou que este resultado líquido segue “a senda dos últimos quatro anos”, sendo este “o quinto ano consecutivo de subida do volume de negócios e da rentabilidade” do BNU, que pertence ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD). Segundo os dados, o volume de negócios cresceu 16,9% no primeiro semestre, um ritmo de crescimento “mais moderado do que no passado” e “mais expressivo nos depósitos do que nos empréstimos” devido, essencialmente, à diminuição da procura de crédito associada à situação da economia local, por causa do ajustamento do sector do jogo. “Neste momento, estamos a crescer [no crédito] a um dígito percentual e no passado crescíamos claramente a dois dígitos”, explicou, acrescentando que “quando este ajustamento começou”, há mais de dois anos, “o banco estava num processo de reestruturação e a colher frutos da segmentação e esse efeito não foi imediato”. “Por outro lado, também é natural que numa fase do ciclo económico menos favorável” as instituições financeiras sejam “um pouco mais selectivas” em termos “de filtro” quando concedem créditos, disse ainda. Segundo Pedro Cardoso, a contracção do sector do jogo em Macau – pilar da economia, que fez cair o PIB da região mais de 20% no ano passado e 13,3% no primeiro trimestre de 2016 – tem ainda impacto, na actividade do banco, a nível “de negócio gerador de comissões”, relacionadas, por exemplo, com processamentos de pagamentos com cartões de crédito. No entanto, a evolução positiva de outras áreas “dentro desse universo”, ligadas às caixas automáticas, emissão de cartões de crédito ou seguros, “têm mitigado” o impacto associado ao jogo, afirmou. Na generalidade, e face à situação da economia local, o BNU está mais cauteloso “em termos de visto de crédito” e “ainda mais cuidadoso no controlo das despesas”, como “é natural”, explicou. Pedro Cardoso destacou que as despesas do banco subiram 2,8% em relação ao primeiro semestre de 2015 e sublinhou a “qualidade da carteira de crédito”, com o incumprimento há mais de 90 dias a não ir além dos 0,17%. Por outro lado, o BNU continuou a aumentar o número de clientes em Macau: no final de Junho eram quase mais nove mil do que há um ano e aproximavam-se dos 220 mil, perto de um terço da população da cidade.
Andreia Sofia Silva SociedadeFestival Rota das Letras registou défice nas contas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Festival Literário Rota das Letras tem vindo a registar um défice nas contas finais todos os anos. A garantia foi dada ao HM por Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições, empresa responsável pela organização do evento. “Temos conseguido que o défice do festival tenha sido reduzido de ano para ano, mas não é muito fácil controlar o orçamento do festival, são muitas as condicionantes e os factores imprevisíveis. Temos procurado que o orçamento possa crescer um pouco mas a conjuntura não é muito favorável, já que estamos numa altura em que uma série de entidades têm evocado a situação de menores receitas a nível global.” Deve e haver Ricardo Pinto falou ao HM no seguimento de uma carta enviada por um dos vencedores do concurso de contos, Darío Bravo, em que este se queixa do atraso no pagamento do prémio, de 10 mil patacas. Entretanto o valor já foi pago, segundo confirmou Ricardo Pinto e Hélder Beja, director do festival. “Os gastos excederam as receitas e estamos a levar mais algum tempo do que gostaríamos, mas os pagamentos serão todos efectuados. Dentro de duas a três semanas todos os pagamentos relacionados com o festival estarão feitos”, confirmou Ricardo Pinto. O vencedor de língua portuguesa, oriundo do Brasil, enviou a carta a todas as redacções de vários meios de comunicação locais e às empresas patrocinadoras do Rota das Letras, falando de má gestão. “O porquê desta mensagem: tornar público que os organizadores do IV Concurso Rota das Letras não cumpriram a palavra e que eles não têm ideia de quando isso será resolvido; se daqui a um mês, um semestre ou um ano. Se isso se deveu a uma falha organizacional, sugiro que em futuras edições os promotores do evento só anunciem o prémio se tiverem lastro económico, isto é, se estiverem em reais condições de cobrir possíveis percalços e contratempos. Aproveito a oportunidade para desabafar: o assunto me é desconfortável, e eu gostaria de ter sido poupado deste constrangimento”, pode ler-se na carta. Ao HM, Hélder Beja garantiu que sempre respondeu aos e-mails e que nunca foi dito que o pagamento seria efectuado com um ano de atraso. Jane Camens, outra das vencedoras do concurso, também já recebeu o seu prémio, disse a própria ao HM.