João Luz SociedadeEconomia | Expectativa dos consumidores em baixa, diz estudo da MUST A fé económica dos consumidores de Macau continua em baixa, de acordo com o inquérito à confiança realizado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. No entanto, alguns números desafiam a mais elementar lógica da ciência, alerta Albano Martins [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s consumidores de Macau continuam insatisfeitos quanto à evolução dos principais indicadores económicos que afectaram o seu quotidiano no último trimestre do ano passado. Essa é a principal conclusão do relatório que analisa os índices de confiança, publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Se olharmos para os itens analisados, percebemos que, no campo do emprego, houve um declínio significativo, mantendo-se, no entanto, a níveis acima da do nível de satisfação. Com uma pontuação entre zero e 200, o índice fixou-se no último trimestre de 2016 nos 100.28, sendo o mais elevado entre os assuntos analisados. Ainda assim, este número representou um decréscimo de 2.2 pontos, em relação ao terceiro trimestre. Os autores do estudo justificam este número com a tendência dos consumidores de Macau para serem pessimistas acerca do mercado de trabalho. Uma justificação que não convence o economista Albano Martins, uma vez que “a economia evoluiu positivamente, os números do desemprego mantém-se estáveis, nos 1,9 por cento, dentro do pleno emprego, não se entendendo esta incongruência”. No que diz respeito à confiança quanto aos preços, o índice foi de 72.74 pontos, o que representou uma descida de 1.65 pontos, ou 2,2 por cento em relação ao terceiro semestre de 2016. Estes números são justificados com a preocupação da inflação no futuro. Mais um dado que, para Albano Martins, não tem qualquer reflexo na realidade. “Explicam com a subida do índice dos preços, claro, mas isso sobe sempre, a variável a medir aqui seria a inflação, e essa tem vindo a descer”, indica o economista. Tirando em casos esporádicos de deflação, é normal que os preços mantenham uma trajectória ascendente. De facto, a inflação em Novembro último situava-se nos 2,56 por cento, um valor muito baixo, tendo em conta uma perspectiva evolutiva. Em Novembro de 2015, a inflação era de 4,71 por cento e, para se ter um contexto mais alargado, o ano de 2014 terminou com a inflação nos 6,05 por cento. Outro indicador que desceu significativamente foi o dos padrões de vida, situando-se nos 97.24 pontos, o que representa uma quebra de 1.35 pontos em relação ao trimestre anterior. O estudo justifica esta descida com a inflação, uma razão que não tem reflexo com a realidade, como vimos já. Estudo duvidoso Os números mais baixos foram no sector da confiança no mercado imobiliário, com uma confiança de 54.89 pontos, ou seja, bastante insatisfatório. Aqui, a descida foi de 4.39 pontos, ou 7,4 por cento em relação ao trimestre anterior. Este é um item onde Albano Martins vê alguma lógica, “embora a expectativa ainda possa ser de redução dos preços”. Porém, os indicadores apurados vão de encontro à recuperação do sector do jogo, aliado à falta de terrenos, o que pode resultar numa nova subida do mercado imobiliário. De resto, o que se retira de mais substancial do inquérito é a sua falta de validade. “Uma coisa é o consumidor ter uma percepção errada, outra é os autores do estudo, no final, justificarem os resultados de uma forma incongruente com o que, de facto, se passa na economia”, explica Albano Martins. Para o economista, não basta dizer que os inquéritos foram feitos aleatoriamente, há outros requisitos científicos a cumprir. “Estes índices deviam vir com a informação detalhada da forma como são feitos, como é composta a amostra, coisa que aparece em qualquer país civilizado, assim como as margens de erro deste tipo de extrapolação.” Sobre o índice global, depois de feitas as somas, repara-se que a mesma foi conseguida através de simples médias aritméticas dos vários componentes analisados. “Como se a economia local fosse algo que nada tivesse que ver com o emprego, ou o consumo”, explica o economista. Para Albano Martins, este tipo de estudos não tem qualquer validade económica. “Estamos a somar galinhas com patos e a dividir por dois, somamos o que não é somável”, remata o economista.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Consumo privado irá contribuir para quase metade da economia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] consumo privado contribuirá para quase metade da economia chinesa, em 2030, segundo a unidade de análise da revista The Economist, após no ano passado ter constituído pela primeira vez o principal motor de crescimento do país. A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê que o poder de compra dos consumidores chineses cresça a um ritmo médio de 5,5%, até ao final da próxima década, compensando a queda no investimento público e exportações. “O volume do aumento do consumo privado chinês que estimamos para os próximos 15 anos é superior ao nível actual do consumo na UE [União Europeia]”, refere o estudo. Pequim está a encetar uma reconfiguração do modelo económico do país, visando uma maior preponderância do consumo interno, em detrimento das exportações e do investimento em grandes obras públicas. Em Outubro, as exportações da maior potência comercial do planeta recuaram pelo sétimo mês consecutivo, com as empresas chinesas forçadas a subir os preços, face ao aumento dos custos com a mão-de-obra e produção. Por outro lado, no ano passado, o consumo privado subiu 8,4%, em termos homólogos, superando o ritmo de crescimento da economia chinesa, que se fixou em 6,9%. Os consumidores chineses contribuem agora para 38% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, uma percentagem que é pela primeira vez superior ao investimento público e às exportações. Na análise enviada esta semana aos investidores e a que agência Lusa teve acesso, os analistas da revista britânica The Economist prevêem que, em 2030, o consumo privado represente 47,4% do PIB chinês. O estudo refere que 35% da população chinesa, ou cerca de 480 milhões de pessoas, terão um rendimento médio alto ou elevado, um segmento que situa acima dos 10.000 dólares. Trata-se de um aumento significativo, face aos actuais 132 milhões de consumidores chineses – dez por cento da população – com um rendimento anual acima daquele montante. Já a percentagem de população com rendimentos mais baixos – inferiores a 2.100 dólares – deverá cair dos actuais 36,9% para 11%, enquanto aquela com rendimentos mais elevados – acima dos 32.100 dólares – aumentará de 2,6% para 14,5%. “A China vai parecer-se mais com uma sociedade de classe média, apesar de que a desigualdade continuará a constituir um desafio”, refere o estudo do EIU. Por todo o lado Os analistas consideram ainda que os altos rendimentos se tornarão mais dispersos: as cidades de Changsha, Chengdu e Wuhan e o município de Chongqing, todos situados no sudoeste do país, terão cada um pelo menos dois milhões de consumidores com rendimento elevado. “Estas cidades recorreram a mão-de-obra e terrenos baratos para atrair empresas chinesas e estrangeiras, que procuram escapar ao aumento dos custos nas cidades costeiras. Isto ajudou a aumentar os níveis de rendimento, emprego e criação de riqueza”, refere o EIU. Mas serão os grandes centros urbanos – Pequim, Cantão, Xangai e Shenzhen – que continuarão a ter o maior número de habitantes com rendimento elevado. Em Xangai, por exemplo, o número de residentes com um rendimento anual acima dos 32.100 dólares corresponderá a 43,2% da população – 10 milhões de pessoas. “Estes aumentos previstos nos níveis de rendimento significam que os hábitos de consumo dos chineses também vão sofrer alterações”, refere o estudo. Os economistas do EIU prevêem que os novos consumidores com rendimento médio baixo vão consumir mais produtos e serviços, enquanto aqueles do segmento médio alto vão comprar produtos de marca e com qualidade. Já o aumento da população com rendimentos elevados acarretará novas formas de consumo, que beneficiarão os sectores dos seguros e de gestão de património. “Entender como o comportamento do consumidor chinês se vai desenvolver nos próximos 15 anos será importante para as empresas se anteciparem”, sublinha o estudo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Tese de novas medidas de estímulo ao consumo reforçada [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo a agência Reuters em Pequim, a inflação ao consumidor na China cresceu ao ritmo mais lento desde Janeiro enquanto os preços ao produtor seguiram em queda, reforçando a tese de economistas de que novas medidas de estímulo pelo governo podem ser necessárias para apoiar a economia. O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 1,9 por cento em Junho relativamente ao ano anterior, face ao aumento de 2 por cento em Maio, afirmou a agência nacional de estatísticas este domingo. Analistas esperavam uma subida de 1,8 por cento, segundo a pesquisa da Reuters. A inflação ao consumidor na China continuou baixa em comparação com a meta oficial de cerca de 3 por cento este ano, indicando uma procura persistentemente fraca na segunda maior economia do mundo. Os preços dos alimentos subiram 4,6 por cento em Junho, face aos 5,9 por cento do mês anterior. Os preços de não-alimentos subiram 1,2 por cento perante um ganho de 1,1 por cento em Maio. “A nossa visão é que, apesar da China reiterar a importância da reforma do lado da oferta por causa de preocupações sobre a dívida e o excesso de capacidade, as autoridades ainda precisam estimular a procura para conseguirem atingir a meta de crescimento”, disse Zhou Hao, economista sénior para mercados emergentes da Ásia no Commerzbank em Singapura. Em Junho, o índice de preços ao produtor (PPI) na China caiu 2,6 por cento quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Analistas esperavam que caísse 2,5 por cento. O declínio ampliou a série de recuos para 51 meses consecutivos, apesar de continuar a mostrar moderação, sugerindo que as dificuldades sobre os lucros das empresas podem estar a diminuir. O PPI tinha recuado 2,8 por cento em Maio.
Joana Freitas SociedadeÀ espera do gás natural A CEM registou mais procura de electricidade devido à construção de novas infra-estruturas em Macau e na Ilha da Montanha e por causa da abertura das fronteiras 24 horas. A empresa diz ser necessário diversificar o fornecimento, mas continua a ter de importar quase 90% da energia por não ser abastecida com gás natural [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Companhia de Electricidade de Macau (CEM) continua a ter de importar a maior parte da sua energia, devido à falta de fornecimento de gás natural pela empresa contratada para o efeito, a Sinosky. De acordo com o relatório anual da CEM, publicado ontem em Boletim Oficial, a procura e o consumo de energia aumentaram em 2014 e a empresa diz ser preciso diversificar o fornecimento. O relatório, correspondente ao ano passado, indica que “apesar de Macau ter sentido um abrandamento económico no final do ano, o consumo de energia aumentou 6,1%”. Isto fez com que a utilização de electricidade atingisse um valor recorde, de 4677 GWh, muito devido às novas infra-estruturas em Macau e na Ilha da Montanha e à possibilidade de se cruzar a fronteira a tempo inteiro. “Devido ao contínuo aumento de visitantes ocasionado pela implementação do acordo de funcionamento da fronteira 24 horas, em vigor desde o final do ano passado, a inauguração do novo campus da Universidade de Macau na Ilha de Hengqin, o lançamento de múltiplos projectos de entretenimento e a mudança para o complexo habitacional social de Seac Pai Van, [o consumo aumentou] e o pico da procura também subiu em 10,3%”, pode ler-se no relatório. O que faz falta [quote_box_right]A CEM continuou a depender largamente da importação de energia para manter o fornecimento ao longo do ano”, pode ler-se no relatório, que indica ainda que as importações totalizaram 87,6% do fornecimento total, atingindo um “novo recorde histórico de 4099 GWh”[/quote_box_right] A empresa assegura ter conseguido manter um bom nível de serviço e ter superado todos os objectivos contratuais, “em termos de todos os indicadores-chave de desempenho”. O que ainda falta, contudo, é a produção própria, que a empresa não consegue ter. “O fornecimento de gás natural ainda não foi oficialmente retomado, exceptuando uma disponibilidade temporária entre Maio e início de Setembro, durante um teste num campo de gás. Consequentemente, a CEM continuou a depender largamente da importação de energia para manter o fornecimento ao longo do ano”, pode ler-se no relatório, que indica ainda que as importações totalizaram 87,6% do fornecimento total, atingindo um “novo recorde histórico de 4099 GWh”. Recorde-se que a Sinosky, concessionária do contrato de importação de gás natural para Macau, ainda não retomou o abastecimento de gás natural à CEM. De acordo com informações prestadas pelo Gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) o ano passado, desde 2011 que o abastecimento está suspenso, não havendo prazos para a sua reactivação. Contudo, a intenção da CEM em produzir energia eléctrica a partir de gás natural mantém-se. Recorde-se que o Governo negou já ter dado autorização para a rescisão do contrato com a Sinosky, conforme avançado pelo HM, mas admite que essa é uma hipótese em cima da mesa, já que as negociações não têm corrido bem. Diversificar é preciso No ano passado, a CEM investiu 539 milhões de patacas na melhoria e expansão da rede de transporte e distribuição, mas a empresa sublinha que é preciso diversificar. “Para fazer face à procura futura de energia eléctrica e assegurar um fornecimento estável, é crucial a diversificação do fornecimento. Em linha com o objectivo do Governo de desactivar a Central Térmica de Macau, a CEM vai continuar a negociar com o Governo para substituir algumas unidades de geração a Diesel, obsoletas e ineficientes, por unidades de geração de turbina a gás de ciclo combinado, mais ecológicas e eficientes, para manter a capacidade de geração de energia de Macau”, escreve-se no relatório. Em termos operacionais, a CEM conseguiu aumentar “os seus resultados líquidos” 4,7% desde 2013, totalizando 608 milhões de patacas. O relatório aponta que também a base de clientes aumentou ligeiramente, em 2%, para 243.888 entidades. As vendas totais de electricidade e os lucros também cresceram 5,6% e 6,1% comparativamente a 2013, estes últimos 5916 milhões de patacas. O preço de importação aumentou cerca de 1,6% em média desde 2013, devido à valorização do yuan, mas a empresa conseguiu manter as mesmas tarifas para os clientes de habitações com a ajuda do subsídio do Governo, que atingiu os 142 milhões de patacas em 2014.