Cerimónia do chá | Exposição para ver este fim-de-semana

Decorre amanhã e domingo a exposição “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, organizada pela Chinese Teaism Association of Macau, entidade dedicada a divulgar a cultura do chá. A mostra, patente no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, pretende dar a conhecer as diferentes cerimónias do chá nas quatro estações do ano

 

A Chinese Teaism Association of Macau é uma associação que divulga da arte e cerimónias associadas ao chá tradicional chinês. Desta vez, essa divulgação faz-se através da exposição intitulada “O Encanto da Cultura Contemporânea do Chá Chinês”, que decorre apenas dois dias, amanhã e domingo, a partir das 11h, no Centro Cultural e de Artes Performativas Cardeal Newman, na Calçada da Vitória.

A partir das 11h, será possível conhecer mais sobre “as disposições da cerimónia do chá durante as quatro estações do ano”. Nas palavras da presidente da associação, Lo Heng Kong, pretende-se “desfrutar da verdade do conhecimento, da bondade das relações humanas e da beleza da poesia ao nosso redor”, através das disposições do chá nas quatro estações.

A exposição marca também a celebração dos 25 anos da entidade organizadora, que se tem dedicado a divulgar as mudanças que ocorreram com o simples acto de beber chá, que na cultura chinesa é muito mais do que isso.

“O hábito de beber chá evoluiu ao longo de várias eras — desde ser consumido como sopa, fervido, batido e infusionado — até alcançar uma nova etapa no século XXI, marcada pela integração cultural e por uma individualidade distinta. Essa individualidade impulsiona a inovação que, por sua vez, realça a individualidade, desenvolvendo-se como uma questão de gosto e moda”, explica Lo Heng Kong.

Assim, no passado, “as pessoas interessavam-se sobretudo pela ideia de ‘como beber chá’, mas mais tarde passaram a preocupar-se com ‘o que beber chá proporciona’. Por fim, começaram a escolher ‘que tipo de chá beber'”.

A presidente da associação adianta, numa nota sobre a mostra, “que além da qualidade das folhas de chá, as exigências aumentaram também em relação aos utensílios de chá, à qualidade da água, ao ambiente elegante e até à forma e companhia com que se saboreia o chá”. Desta forma, o acto de beber chá transformou-se “numa arte de viver que satisfaz também o prazer espiritual, dando origem à arte da cerimónia do chá chinês”.

Uma cerimónia “abrangente”

Para Lo Heng Kong, “a cerimónia do chá é uma arte abrangente que incorpora artes visuais, artes performativas e até música”, o que resultou em “novos conceitos como ‘disposição da cerimónia do chá’, com o termo chinês chaxi, ‘arranjos florais para a cerimónia do chá’ e ‘apresentação da cerimónia do chá’, formando uma cultura contemporânea do chá que vai além do prazer material”.

A dirigente diz ter criado, em 1998, o modelo “Xiyuan”, que “significa valorizar um encontro”, no sentido de potenciar relações humanas em torno do acto de beber chá. Assim, a “Reunião de Chá Xiyuan” não tem propriamente “regras específicas”, exigindo-se apenas “que o anfitrião prepare com atenção um espaço funcional para preparar e servir o chá, prepare um bule de chá e, em conjunto com os amigos do chá, desfrute da verdade (a verdade do conhecimento), da bondade (a bondade das relações humanas) e da beleza (a beleza da poesia) do nosso meio, valorizando cada ligação significativa”.

Acredita-se que a “disposição da cerimónia do chá” dá acesso para a arte do próprio chá. “Quando se desenvolve uma paixão por esta arte, é natural coleccionar diversos utensílios e manter peças requintadas para criar uma experiência personalizada de degustação e convívio”, sendo esse “o impulso por detrás da ‘disposição da cerimónia do chá'”.

Eventos desde 1998

A entidade que antecedeu a Chinese Teaism Association of Macau foi o Centro de Estudos de Cultura do Chá Chun Yu Fang, que reuniu quase uma centena de participantes e 25 disposições de chá para a “Reunião do Chá do Século de Hong Kong”. Este foi o primeiro encontro internacional em que a original “disposição da cerimónia do chá” de Macau foi apresentada, originando a “Exposição de Arte da Combinação de Utensílios de Chá Zhejiang-Macau”, em 2002.

Anos mais tarde, em 2010, realizou-se também a “Exposição Internacional de Lugares de Chá de Hangzhou”.
Nos últimos 25 anos de vida, a associação tem colaborado com diversos grupos artísticos como a International Art Community, o Australian Will Art Group e a Orquestra Chinesa de Macau “para experimentar a integração e inovação entre a cerimónia do chá e diversas formas de arte, enriquecendo o conteúdo da cultura contemporânea do chá”.

19 Set 2025

Palestra e degustação dão a conhecer cultura do chá de Yunnan hoje na FRC

A Fundação Rui Cunha hoje a partir das 18:30, uma palestra e cerimónia de degustação de chá, num evento intitulado “A Herança Cultural Imaterial de Yunnan da Arte do Chá”. A sessão, que tem entrada gratuita, é co-organizada pela Associação de Comerciantes de Chá de Yunnan em Macau, e conta com a participação dos oradores convidados Chen Haoyan, fundador da referida instituição; Zheng Zhanpeng, fundador da Companhia de Chá Lao Ban Zhang, Ltd. de Menghai; e Xu Yanting, herdeira da marca de chá Pu’er étnico “Fire Pond Boiling Water”.

O médico, escritor, e presença habitual nos eventos da FRC, Shee Va irá assistir na interpretação simultânea entre as línguas mandarim, cantonês e português.

Segundo a FRC, o evento tem como objectivos promover a compreensão da história e das origens do chá “Lao Ban Zhang”, proveniente da aldeia com o mesmo nome no condado de Menghai, no sudoeste da província de Yunnan, perto da fronteira com o Myanmar.

Situada numa zona montanhosa de 1.700 a 1.900 metros de altitude, com uma temperatura média anual de 18,7 graus Celsius, Lao Ban Zhang produz um dos mais raros e apreciados tipos de chá Pu’er. As minorias locais, como a tribo Bu Lang, são desde há séculos responsáveis pelas plantações de chá que se dão nesta região elevada, que permanece quase metade do ano coberta por um denso nevoeiro.

O chá Pu’er é uma variedade de chá fermentado tradicional da província de Yunnan, na China, produzido a partir das folhas da planta nativa Camellia sinensis var. assamica. No contexto da produção desta variedade de chá chinesa, a fermentação refere-se ao processo microbiano que normalmente acontece após as folhas de chá terem sido suficientemente secas e enroladas, sob a forma de “empilhamento húmido”, permitindo que continuem a oxidar até que os sabores desejados sejam atingidos.

A prova final

A divulgação da arte e cultura do chá Pu’er de Yunnan inclui também uma cerimónia de demonstração e degustação de “Sete Infusões”, que será partilhada com o público na galeria da FRC, permitindo aos apreciadores conhecerem o seu autêntico sabor.

“A maioria dos produtos actualmente vendidos, nos supermercados e nas casas de chá, não são chá puro. Os consumidores estão simplesmente a comprar um bolo de chá enrolado num pedaço de papel de seda, e não o chá puro de Bingdao, Lao Ban Zhang ou outras variedades. O resultado é um sabor mau e amargo”, explicam os organizadores da sessão.

18 Set 2025