João Santos Filipe Manchete SociedadeAno Novo Chinês | Visitantes do Interior querem “inundar” Macau Horas depois de serem levantadas as restrições de viagem no Interior, os turistas inundaram o portal de pesquisa Ctrip.com e Macau foi o destino mais procurado. No entanto, a enchente de turistas pode não se verificar, devido à falta de capacidade no Interior para lidar com a emissão de vistos Macau é o destino mais procurado pelos turistas do Interior que querem passar o ano Novo Chinês fora de casa. A informação foi divulgada pela plataforma de viagens Ctrip.com, a partir das pesquisas feitas no portal da empresa chinesa. A grande procura por Macau surgiu depois de a Comissão Nacional de Saúde do Interior anunciar, a 26 de Dezembro, o cancelamento das medidas de quarentena para quem viesse do estrangeiro. Segundo a informação da Ctrip.com, logo após o anúncio do fim das restrições, o volume de pesquisas sobre os destinos mais populares cresceu dez vezes face ao período homólogo. No caso da procura de voos e hotéis, os números atingiram, numa questão de horas, o pico dos últimos três anos. No ranking das pesquisas, e de acordo com os dados citados pelo jornal China Daily, Macau foi o destino mais pesquisado, seguido por Hong Kong, Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Malásia, Austrália e Reino Unido. Além das pesquisas por destinos, a procura de excursões no exterior para o Ano Novo Chinês também aumentou seis vezes no motor de buscas da plataforma de viagens. Peso da realidade Apesar dos sinais positivos, a recuperação do turismo em Macau deve demorar mais tempo do que o previsto, devido à emissão de vistos pelas autoridades do Interior, que tem várias limitações. Mesmo com a pesquisa de excursões de Ano Novo Chinês a aumentar seis vezes face ao ano passado, os governantes do Interior definiram como prioridade a atribuição de vistos de saída para comerciantes, estudantes e pessoas que se querem deslocar para visitar familiares. Segundo um responsável da Ctrip, citado pelo jornal China Daily, nesta fase, os serviços da China simplesmente não têm capacidade para lidarem com tantos vistos, devido à onda de covid-19, que está a paralisar a sociedade. O responsável, que não foi identificado, afirmou que de acordo com os dados da empresa, desde 7 de Dezembro, os pedidos de vistos para visitas ao estrangeiro aumentaram doze vezes em termos anuais. Singapura, Japão, Coreia, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália são os países mais procurados. Os dados da Ctrip.com mostram ainda que apesar de o número de viagens ao estrangeiro ter vindo a descer, os visitantes gastam cada vez mais.
Hoje Macau China / ÁsiaTurismo | Trip.com quer levar turistas de ‘alta gama’ para Portugal O gigante de viagens chinês espera que a pandemia esteja mais controlada em 2022, com cerca de 90 por cento da população chinesa vacinada, para atacar o mercado europeu e investir em Portugal A directora executiva da Trip.com Group, uma das maiores agências de viagens do mundo, afirmou à Lusa que assim que a pandemia estabilizar pretende enviar ‘clientes de alta gama’ para Portugal e que tenciona investir no país. “Estamos muito avançados na preparação da recuperação [da pandemia] para enviar clientes para a Europa e Portugal” disse Jane Jie Sun, em entrevista à Lusa à margem de um evento realizado em Macau. A responsável do grupo proprietário de empresas de viagens online como a Skyscanner, Trip.com, MakeMyTrip, Qunar, Ctrip.com, entre outras, explicou ainda que “a maioria dos países europeus quer muito atrair turistas chineses porque o poder de compra é muito forte”. Apesar de toda esta confiança, existe um entrave que está a atrasar a chegada de visitantes chineses à Europa: as quarentenas no regresso a ‘casa’. A China permanece praticamente isolada na política de casos zero covid-19 e impõe fortes restrições fronteiriças e elevadas quarentenas a quem queira regressar ao país. Ainda assim, Jane Jie Sun mostrou-se relativamente confiante de que esta situação poderá ser alterada em 2022, mas que “tudo depende do controlo do vírus”. “Se conseguirmos [China] chegar ou ultrapassar 85 por cento ou 90 por cento [de vacinados], se a terceira dose for eficaz e se a taxa de mortalidade estiver sob controlo, há possibilidades”, frisou. Até lá, garantiu, a empresa tem uma equipa de pesquisa a explorar locais e ‘resorts’ para a chegada de clientes da China. “A Europa tem muitas boutiques hotéis e resorts lindos e nós queremos garantir que todos estes hotéis e resorts estejam disponíveis aos nossos clientes na China”, sublinhou. Em campanha Em Portugal essa pesquisa também está a ser feita, e quando questionada pela Lusa sobre se o grupo estava a pensar investir em Portugal, a resposta foi pronta: ‘Claro’. A prova deste compromisso por parte do grupo com Portugal ficou patente com o lançamento, este mês, de uma campanha conjunta com Turismo de Portugal. Em resposta à Lusa, o Turismo de Portugal explicou que a campanha “vocacionada inteiramente para o segmento digital, em particular para os dispositivos móveis” tem como foco “essencialmente para ‘millennials’ e ‘genZ’ chineses e, geograficamente, privilegiando as principais cidades chinesas emissoras de turistas, nomeadamente Pequim, Xangai, Cantão, Chengdu, Chongqing, entre outras”. O objectivo, detalhou o Turismo de Portugal, passa por “manter Portugal como ‘top of mind’ dos consumidores chineses para quando as viagens forem possíveis novamente”. Segundo dados oficiais disponibilizados à Lusa, “em 2020, fruto do contexto pandémico, a China foi o 13.º maior mercado externo em hóspedes e o 17.º em dormidas para Portugal, com quotas de, respectivamente, 1,5 por cento e 0,8 por cento. “Em relação às receitas turísticas, a China ocupou o 18.º lugar com 57,8 milhões de euros, que representaram 0,7 por cento face ao total e um decréscimo, face a 2019, de 74,3 por cento”, acrescentaram. Enquanto se espera que a pandemia esteja controlada, a aposta da empresa tem sido o turismo doméstico na China continental e Macau. As reservas de hotéis domésticos e de bilhetes de avião na China continental registaram um crescimento de dois dígitos no segundo trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período em 2019, lê-se num comunicado da empresa. “No Trip.com, do Grupo Trip.com, as reservas globais de hotéis domésticos aumentaram mais de 160 por cento no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o terceiro trimestre de 2019”, acrescentou o grupo.