Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasBienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira comemora 20ª edição com homenagem a Cruzeiro Seixas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]20ª edição da Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira foi inaugurada no dia 10 de Agosto no fórum cultural daquela vila do distrito de Viana do Castelo, numa sessão presidida pelo ministro da Educação de Portugal, Tiago Brandão Rodrigues. Organizada pela Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), esta edição da bienal, subordinada ao tema “Artes Plásticas Tradicionais e Artes Digitais – O Discurso da (Des)ordem”, homenageia também o pintor Cruzeiro Seixas, um dos expoentes máximos do surrealismo português, com uma mostra retrospectiva da sua obra plástica e poética. Segundo a organização da bienal, o pintor manifestou-se muito agradado com este tributo, considerando fundamental a organização de exposições sobre os artistas da sua geração que, num tempo de ditadura, foram impulsores da implementação de novas ideias. Segundo a organização, a bienal, que decorre até ao dia 23 de Setembro, “mantém o formato adoptado desde a primeira edição, em 1978, afirmando-se como um local de encontro, debate e investigação de arte contemporânea, num programa concertado com o ensino superior das artes a nível europeu”. Através das obras em exposição, provenientes de colecções públicas e privadas, a organização sustenta que “é proposta ao público uma nova reflexão sobre o movimento artístico”. De acordo com dados da FBAC, a bienal de arte “mais antiga do país e da Península Ibérica, contou, nesta edição, com a inscrição de 437 candidaturas e 717 obras de artistas oriundos de 43 países, sendo, no total, seleccionados 162 trabalhos de 143 artistas, maioritariamente provenientes de países como Portugal, Brasil, Espanha, Peru e Rússia, apresentados ao público no Castelo de Cerveira”. Aquelas obras foram seleccionadas pelo júri do concurso internacional da 20ª Bienal Internacional de Arte de Cerveira, que foi composto por artistas, investigadores e professores do ensino superior da área da arte contemporânea, entre eles, Albuquerque Mendes, António Olaio, Cabral Pinto, Jaime Silva, Ignacio Barcia Rodríguez, Miguel Carvalhais e Sandra Vieira Jürgens. Representados estão artistas como Graça Morais, Silvestre Pestana, Ana Vidigal, entre muitos outros como a mais recente vencedora do prémio Novo Banco Revelação, Maria Trabulo. Os trabalhos dos concorrentes, juntamente com outras obras de artistas convidados, estarão sujeitos aos Prémios Câmara Municipal (aquisição), num total de 20 mil euros, refere ainda a FBAC. A cumprir 40 anos de existência, o evento volta a alargar o seu âmbito expositivo. A vila transmontana de Alfândega da Fé, no distrito de Bragança, é, nesta 20ª edição, um dos pólos expositivos da Bienal Internacional de Arte de Cerveira com a mostra “XX Artistas na Casa”, assim como a de Monção, no Alto Minho. No final do ano, o Camões – Centro Cultural Português, em Vigo, na Galiza, acolherá também uma mostra da bienal. Entre 2 e 23 de Setembro, a bienal pode ser visitada à Segunda, Terça, Quarta e Quinta-feira das 14h30 às 20h00, à Sexta-feira das 14h30 às 22h30, ao Sábado das 10h30 às 22h30 e ao Domingo as 10h30 às 20h00. Até Setembro, decorrerão acções espontâneas de artistas e performances, tanto no interior do fórum cultural de Cerveira como no espaço público, cujo conteúdo será desenhado de uma forma interventiva e em interacção com os visitantes. A história da Bienal de Cerveira e a experiência adquirida em 25 anos constituem argumento e, concomitantemente, alavanca na prossecução de uma programação cultural complementar e sustentada pela Fundação Bienal de Cerveira. Neste âmbito, está a ser implementado um plano de estudo, preservação e divulgação das obras que integram o acervo do Museu da Bienal de Cerveira construído ao longo de 35 anos, organizando um ciclo de exposições, com carácter periódico, por forma a partilhar com o público as mais de 400 obras de arte. A apresentação é faseada e definida de acordo com os critérios dos respectivos comissários de exposição. O projecto Museu Bienal de Cerveira pretende ser um repositório da arte contemporânea nacional e internacional das últimas três décadas, reunido num espólio representativo da maioria dos grandes artistas portugueses e alguns estrangeiros, permitindo ao simples visitante tomar conhecimento da evolução das artes plásticas nos últimos 35 anos.
Sofia Margarida Mota Eventos MancheteBai Ming | Artista chinês pela primeira vez em Portugal A iniciativa é do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia de Lisboa e leva, pela primeira vez, as obras do artista Bai Ming à capital portuguesa. “Branco e Azul” é a exposição que mostra, entre outros trabalhos, as cerâmicas do criador [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição “Branco e Azul | Bai Ming – Lisboa” já está aberta ao público no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) e é constituída por mais de 200 peças de cerâmica, desenho e pintura. As obras, em exibição até 4 de Setembro, “traçam uma rota de encontro e de fascínio entre o Oriente e o Ocidente”, lê-se na apresentação oficial do evento. Bai Ming é considerado um dos artistas que mais tem contribuído para a renovação e revitalização da criação artística chinesa no campo da cerâmica, garantindo que “toda a inovação dá continuidade à tradição, numa fusão entre o óleo e a tinta-da-china, a abstracção e a decoração, a cerâmica e a escultura, entre a tradição e as novas linguagens”. Como o próprio refere, “viaja livremente entre vários suportes”, com “uma enorme curiosidade quanto a expressões novas e únicas”. O autor é ainda “apaixonado por experimentar diferentes materiais, sentir diferentes expressões em vários tipos de barro, de papel, de tinta”. As suas esculturas, instalações e cerâmicas assentam numa estética de serenidade. No entanto, de acordo com o artista, não será correcto confundir serenidade e quietude. A obra de Bai Ming está em exposição na Sala dos Geradores, no edifício da Central – que se transforma em espaço expositivo também pela primeira vez – e no recém-inaugurado Jardim do Campus Fundação EDP. A iniciativa está integrada no programa “Cooperação Sino-Portuguesa e Resultados do Intercâmbio Cultural ao Abrigo da Iniciativa ‘Uma Faixa, uma Rota’”. Curadores rendidos A curadoria está a cargo de Fan Di’an, presidente da Academia Central das Belas-Artes da China, Rosa Goy e Margarida Almeida Chantre, do MAAT. De acordo com a informação divulgada pelo Portal Martim Moniz, Rosa Goy, curadora da exposição, destaca que “o branco e o azul chegam à Central Tejo através do olhar de Bai Ming”. “O artista traz pela primeira vez, a Portugal, a sua percepção e (re)interpretação da natureza e das formas com as suas cerâmicas e pinturas.” O criador é “detentor de uma técnica tradicional e ancestral, trazendo a Lisboa mais de 200 peças que reflectem não só a sua visão renovada das formas e dos elementos decorativos, mas também a sua observação das mutações e variações na natureza”. Margarida Almeida Chantre salienta o nome desta mostra, referindo que “a evocação da relação entre China e Portugal se faz descobrir nos trabalhos de Bai Ming através da forte presença visual da cor azul”. A tonalidade reflecte o mar, o que “liga à rota de seda e que flui para os elementos da natureza que encontramos nas mais de 200 peças apresentadas em exposição”. Para a curadora, “o artista desconstrói formas e temas gravando nas peças o que vê, o que sente, o que experiencia e o que o rodeia”. Já Pedro Gadanho, director do MAAT, reforça a importância da exposição: “Num dos mais simbólicos espaços institucionais da Central Tejo, mas também no contexto do recém-inaugurado jardim de um campus em estado de aceleração renovada, acolhemos o importante trabalho de um artista que actualiza e expande a tradição da porcelana, como uma das mais fortes expressões artísticas de um país de cultura milenar”. Arte | Bienal abre portas a jovens criadores lusófonos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] VIII Bienal de Jovens Criadores da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) arrancou ontem em Cerveira, em Portugal, com cerca de 250 participantes e a presença de representantes dos vários países membros. Integrada na XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, que decorre até 16 Setembro, a “Vila das Artes” acolhe, durante esta semana, a VIII Bienal de Jovens Criadores da CPLP, conta com 180 jovens artistas, em início de carreira, entre os 250 participantes. Na cerimónia de inauguração eram esperados os ministros dos nove países da CPLP, numa sessão presidida pelo ministro português da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. Com organização do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Conselho Nacional de Juventude, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e a Fundação Bienal de Arte de Cerveira, a iniciativa tem por objectivo “promover o intercâmbio entre os jovens da CPLP, bem como o debate de temas com base nas perspectivas culturais de cada um e nas diversas formas de expressão”. O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, Fernando Nogueira, sublinhou, em conferência de imprensa, quando da apresentação da iniciativa, em Abril, que era “um sonho concretizado” poder “alargar a bienal mais antiga do país e da Península Ibérica aos países da CPLP”. Assim, jovens de Portugal juntam-se a colegas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste no que será, segundo a organização, um encontro entre os jovens artistas dos nove países membros “com base nas suas perspectivas culturais reproduzidas em variadas formas de expressão”.