Hoje Macau PolíticaPatriotismo | “Escola” em Macau fala da China pobre e dos tibetanos com telemóveis Inaugurada em Dezembro de 2020, a Base de Educação de Amor pela Pátria e por Macau para Jovens conta as histórias de uma nova China e da sua abertura ao mundo desde Deng Xiaoping. Menos de dez por cento dos alunos passaram pela “casa do patriotismo” no seu primeiro ano de existência Um grupo está a entrar na ‘casa do patriotismo’ em Macau: não é de um jardim de infância ou universidade e foi largado à porta por um autocarro das operadoras de casinos. Pela frente, os funcionários têm uma narrativa da velha e da nova China que respira de contrastes milenares, mas cujo êxito melhor se vislumbra a partir da revolução comunista de Mao Tsé-Tung, das reformas e liberalização económica de Deng Xiaoping e da Nova Era da superpotência mundial liderada pelo actual líder, Xi Jinping. Textos, fotografias, vídeos e quadros interactivos dão corpo à narrativa da ‘nova China’ que se celebra na Base de Educação de Amor pela Pátria e por Macau para Jovens: onde antes grassava pobreza e analfabetismo, há agora uma História de “modernização socialista (…) moderadamente próspera”, ilustrada em imagens que ostentam orgulhosamente a tecnologia de ponta, o sucesso social, educacional e de integração de minorias, cuja lente viaja pela aventura espacial e até surpreende tibetanos sorridentes, empunhando telemóveis. Da icónica visão da população montada em bicicletas até à linha ferroviária de alta velocidade, do primeiro carro às viagens espaciais, dos 99 por cento de analfabetos à conquista de um prémio Nobel, da construção da primeira travessia da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, a exposição projecta o desenvolvimento de um país que forjou o seu destino apesar do “‘bullying’ ocidental’”, frisou o guia. Num espaço que pode ser observado tanto no início como no final da exposição, num vídeo apoteótico no qual desfila o poderio da segunda potência económica mundial, há uma derradeira mensagem destinada aos patriotas, lembrando que “são os chineses que criam a China”. Uma missão simples Dos jardins de infância às universidades, das associações juvenis à polícia e casinos, a Base de Educação de Amor pela Pátria e por Macau para Jovens tem “um objectivo de aprendizagem”, os estudantes como “alvo prioritário” e “providencia uma plataforma para se compreender a História e desenvolvimento” da China, sublinhou Cheong Man Fai, responsável do departamento da Juventude da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento do Juventude. “A compreensão da pátria é muito importante para que os estudantes percebam que não podem prejudicar o país”, sustentou. Apesar do sobressalto causado por algumas crises pandémicas, Cheong salientou que o número de visitantes está dentro das expectativas. Até final de Fevereiro, a ‘casa do patriotismo” registou mais de 33 mil visitantes, quase nove mil dos quais estudantes, menos de dez por cento dos alunos de Macau. As escolas têm actualmente 84.771 estudantes, um número ao qual se somam 40 mil universitários. Cheong Man Fai referiu que o objectivo é chegar a todos os jovens, embora o alvo prioritário do projecto sejam os estudantes. O espaço nasceu no meio de uma crise pandémica, mas, ainda assim, os números correspondem às expectativas traçadas, notou Cheong Man Fai. Metade das universidades de Macau já organizou visitas ao local e estudantes de 47 das 78 escolas de outros graus de ensino marcaram presença na ‘casa do patriotismo’. Que patriotismo? O grau de assimilação patriótica é que é mais difícil de medir, admitiu Cheong Man Fai. “O patriotismo não pode ser medido externamente”, até porque a Base de Educação de Amor pela Pátria e por Macau para Jovens providencia “uma educação suplementar (…), esperando-se que tenha um efeito de interiorização nos estudantes”, justificou. Ainda assim, a reacção das escolas é motivadora, frisou. “Recebemos críticas positivas” a partir dos questionários enviados. Nas respostas aos questionários, “os estudantes dizem que, além de aprenderem a partir dos livros, agora vêm cá para verem e para brincarem, e que é mais simples para assimilar o conhecimento”, notou. Já os professores, “dizem que para além de ensinarem a partir dos livros, que vir a este espaço é mais divertido, e leve. É útil para ensinar”, acrescentou. A responsável frisou ainda que “há muitas associações juvenis e outras entidades privadas entre os visitantes, tal como acontece com funcionários de casinos” e elementos das forças de segurança.