Banco Central chinês | Governador vê “sinais positivos” no mercado imobiliário

O responsável financeiro assinala alguns indicadores positivos que podem fazer antever um futuro mais tranquilo no sector imobiliário e na economia chinesa

 

O governador do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, afirmou ontem que o mercado imobiliário do país, mergulhado numa longa crise, mostrou “alguns sinais positivos” e tem “bases sólidas”.

“O mercado imobiliário tem dado alguns sinais positivos e tem bases sólidas para um desenvolvimento saudável e estável a longo prazo. As flutuações no mercado imobiliário têm um impacto limitado no sistema financeiro [chinês]”, afirmou Pan, esta semana, num discurso perante representantes de instituições financeiras nacionais e internacionais, de acordo com o portal oficial do banco central da China.

Pan insistiu que a economia chinesa “mantém uma tendência de recuperação”, tornando-a capaz de atingir o objectivo oficial de crescimento para 2024, de “cerca de 5 por cento”, algo para o qual a instituição vai “continuar a gerar um ambiente monetário favorável”. “No futuro, continuaremos a dispor de uma ampla margem de manobra a nível político e de um vasto conjunto de instrumentos”, acrescentou.

Pan também abordou os receios sobre a dívida acumulada pelos governos locais e regionais do país, afirmando que os níveis de dívida do governo chinês “estão a um nível médio-baixo”, em comparação com a média internacional, e que “as medidas para resolver os riscos de dívida dos governos locais estão gradualmente a produzir efeitos”.

“A China construiu uma rede de segurança financeira eficaz”, garantiu o representante do banco central, sublinhando que o sistema financeiro da segunda maior economia do mundo “funciona de forma sólida”. “As instituições financeiras são geralmente sólidas e têm uma forte capacidade de resistência aos riscos”, vincou.

Os números não enganam

Apesar do optimismo de Pan sobre o mercado imobiliário, os dados apontam para uma crise cujo fim parece distante e para um mercado que não está a responder às medidas de apoio: as vendas comerciais medidas pela área útil caíram 24,3 por cento, em 2022, e mais 8,5 por cento, em 2023, enquanto os preços das casas novas caíram em Dezembro ao ritmo mais rápido em quase nove anos.

De acordo com dados da consultora especializada CRIC, as vendas dos 100 maiores promotores imobiliários do país caíram mais de 60 por cento em termos anuais em Fevereiro.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em Agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares.

Nos últimos meses, confrontado com a situação, o Governo anunciou várias medidas de apoio, com os bancos estatais a abrirem também linhas de crédito multimilionárias a vários promotores, cuja prioridade era concluir projectos vendidos antes de a construção estar concluída, uma questão que preocupa Pequim pelas implicações na estabilidade social, já que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas.

Os comentários de Pan surgem pouco depois de a agência de ‘rating’ Moody’s ter baixado a notação da dívida da China Vanke, o segundo maior promotor imobiliário do país e uma das poucas empresas estatais do sector que ainda tinha uma notação favorável, para o estatuto de “lixo”, na sequência de notícias de que está a sofrer problemas de liquidez.

28 Mar 2024

Banco central chinês mantém taxa de juro de referência em 3,65%

O Banco Popular da China (banco central) anunciou ontem que vai manter a taxa de juro de referência em 3,65 por cento, inalterada desde a redução de cinco pontos base (0,05 pontos percentuais), realizada em Agosto. Na actualização mensal, a instituição indicou que a taxa de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) se vai manter no nível actual, durante pelo menos um mês.

O indicador, estabelecido como referência para as taxas de juros em 2019, é usado para definir o preço dos novos empréstimos – geralmente para as empresas – e do crédito com juros variáveis, que está pendente de reembolso.

O cálculo é realizado com base nas contribuições para os preços de uma série de bancos – incluindo os pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais elevados e maior exposição a empréstimos malparados – e visa reduzir os custos do crédito e apoiar a “economia real”.

A LPR a cinco anos ou mais – a referência para o crédito à habitação – também não se alterou, mantendo-se nos 4,3 por cento, depois de ter sofrido também o último corte em agosto de 2022, de 15 pontos base (0,15 pontos percentuais).

O banco central confirmou assim as previsões da maioria dos analistas, que anteciparam que não haveria alterações nas principais taxas de juros da China este mês.

21 Fev 2023

Timor-Leste | Banco Central denuncia principal seguradora do país

O Banco Central de Timor-Leste (BCTL) anunciou ontem ter levado ao Ministério Público um processo por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro contra os responsáveis da maior seguradora do país, a NITL, depois de detectar “irregularidades graves”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m comunicado, o BCTL explica que uma investigação sua detectou “um número de sérias irregularidades procedimentais e financeiras em violação da Lei dos Seguros, incluindo desvio de fundos, cometidas por altos responsáveis” da NITL (National Insurance Timor-Leste).

Sem entrar em detalhes precisos, BCTL explica que as irregularidades foram detectadas na sequência de uma denúncia recebida no final de 2016. “Depois de ser informada dos resultados das investigações, a NITL decidiu não dar quaisquer passos para regularizar a situação”, explica. Por isso, em Novembro de 2017 o Conselho de Administração do BCTL conduziu uma investigação, findo a qual aplicou coimas e sanções acessórias por várias infrações.

Entre as irregularidades, explica o BCTL, contam-se “incumprimento do dever de comunicar ao BCTL a composição dos órgãos de administração, a estrutura accionista, os acordos parassociais e, em geral, todos os factos susceptíveis de afectar o controlo e a governação da sociedade e respectivas modificações”.

A NITL não observou as regras legais “relativas à manutenção e respeito pelo capital social mínimo”, impediu ou obstruiu a supervisão do BCTL, forneceu “informações inexactas susceptíveis de induzir a conclusões erróneas de efeito equivalente ao da prestação de informações falsas” e ocultou a “situação de insuficiência financeira” da empresa. Registaram-se ainda “actos de gestão ruinosa intencional”, o exercício “de actividades que não integram o objecto social da sociedade” e o fornecimento de informação incompleta ou inexacta ao BCTL.

Entre as sanções, o BCTL aplicou coimas de 755 mil dólares à empresa e coimas totais de mais de 1,12 milhões de dólares a ex-membros e membros do Conselho de Administração e altos responsáveis da NITL. Foram também impostas sanções acessórias que passam pela proibição, durante o período de três anos, do exercício de cargos em sociedades com actividade seguradora.

Foi dado ainda um prazo de 3 meses aos accionistas para que efectivassem uma reestruturação accionista e do seu Conselho de Administração, e suspensa a licença de actividade seguradora durante o mesmo período. O BCTL nomeou também um “Conselho de Administração interino” que está ainda a gerir a seguradora.

Sede no estrangeiro

A NITL é uma sociedade timorense – detida por dois cidadãos estrangeiros e uma empresa sediada em Singapura – licenciada desde 2010 pelo BCTL para exercer a actividade seguradora em Timor-Leste.

No emergente mercado timorense a NITL era a maior empresa do sector de seguros, contando entre os seus clientes com o próprio Governo timorense.
Fonte próxima ao processo confirmou à Lusa que uma das irregularidades detectadas diz respeito a desvio de fundos destinados a uma resseguradora pelo seguro das centrais eléctricas timorenses.

O comunicado de ontem surge depois de responsáveis da NITL terem distribuído uma carta com acusações contra o BCTL e os seus responsáveis, que acusam de uma “tomada hostil” da empresa. “As acções do BCTL contra o NITL e o seu conselho de administração são inconstitucionais e/ou ilegais e/ou um abuso de processo, pois são um ataque colateral aos tribunais de Timor-Leste”, lê-se na carta assinada apenas por “A Gestão”.

“Os actos do BCTL envolveram violações notórias da justiça natural”, refere ainda.
A missiva levanta ainda suspeitas sobre a morte de Abessy Bento, presidente e director executivo da NITL, a 26 de Maio de 2018, afirmando que se tratou de “um assassínio” e referem ter havido “ameaças recentes contra membros da administração e da directoria da NITL”.

Pôr-se ao fresco

Na carta a “clientes e parceiros empresariais”, obtida pela Lusa, os supostos responsáveis da NITL dizem ter realizado uma “revisão estratégica” da seguradora que “levou à decisão de sair do mercado de seguros de Timor-Leste com efeito imediato”.

O grupo diz que a saída de Timor-Leste pretende “refocar os seus negócios para outros mercados onde há oportunidades de crescimento, num ambiente que dá estabilidade e segurança regulatório, legal e política a investidores”.

No comunicado de ontem, o BCTL refere que a nomeação de um administrador interino indica que “em vez de uma tomada hostil” a entidade está “empenhada em que a NITL continue a fornecer serviços de seguros em Timor-Leste”. Explicando que está a actuar de acordo com a Lei de Seguros, o BCTL refere ainda que a NITL “não notificou ou recebeu autorização para fechar actividade em Timor-Leste”.

14 Set 2018

China | Banco Central mantém taxa de juros

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] banco central da China deixou ontem inalteradas as taxa de juros para empréstimos interbancários, uma decisão inesperada que coincide com o aperto da política monetária nos Estados Unidos e foi tomada juntamente com a divulgação de dados que mostram que a segunda maior economia do mundo perdeu mais força do que o esperado.
A decisão do Banco Popular da China destacou a incerteza sobre as perspectivas económicas no momento em que as autoridades tentam enfrentar o desafio de uma disputa comercial com os Estados Unidos e a batalha do governo contra a dívida.
A taxa para operações de recompra reversa de sete dias foi mantida em 2,55 por cento, a de 14 dias permaneceu em 2,70 por cento e a de 28 dias ficou em 2,85 por cento, disse o banco central em comunicado em seu site. As recompras reversas são uma das ferramentas mais usadas do banco central para controlar a liquidez no sistema financeiro.
Analistas esperavam que o banco central chinês acompanhasse o Federal Reserve e elevasse o juros, como tem a tendência de fazer, para manter estável o spread entre os rendimentos dos títulos chineses e norte-americanos, reduzindo os riscos de potencial saída de capital que poderia pressionar o yuan.
“Mas parece agora que o banco central chinês não precisa mais estabilizar a moeda”, disse Ken Cheung, estrategista sénior do Mizuho Bank. “Os dados económicos de Maio mostraram fraqueza na economia. Acredito que eles escolheram não elevar os juros agora para manter o ímpeto de crescimento económico.”
A China divulgou dados de actividade mais fracos do que o esperado para Maio, ampliando a visão de que a economia está finalmente a começar a desacelerar sob o peso do prolongado combate aos empréstimos mais arriscados que eleva os custos do empréstimo a empresas e consumidores. Na quarta-feira o Fed elevou a taxa de juros nos EUA em 0,25 ponto percentual pela segunda vez no ano, e deve fazer mais dois aumentos em 2018.

15 Jun 2018