Incidente em voo entre Díli e Bali obriga passageiros a usar coletes salva-vidas

[dropcap]O[/dropcap]s passageiros do avião da companhia indonésia Sriwijaya que fez ontem a ligação entre Díli e Bali tiveram de fazer parte da viagem com os coletes salva-vidas postos, depois de problemas ainda não explicados pela empresa.

Passageiros que fizeram a viagem explicaram à Lusa que os incidentes começaram praticamente no momento da descolagem, quando se começaram a ouvir pancadas fortes na fuselagem.

“Tínhamos acabado de levantar e eu pensei que era o barulho das rodas a recolher, mas o barulho continuou”, disse Mafalda Magalhães, uma das muitas portuguesas que seguia a bordo.

“Até pensei que íamos voltar logo para Díli, mas continuámos viagem. Um passageiro viu fumo num dos motores e gritou fogo e uma das hospedeiras repetiu o alerta e mandou-nos vestir os coletes”, explicou.

Os passageiros permaneceram com os coletes “durante grande parte da viagem”, tendo já na segunda metade da viagem recebido instruções para os retirar. “O avião aterrou sem problemas”, disse.

A mesma passageira disse que, oficialmente, a empresa não deu explicações ainda que hospedeiras tenham informado os passageiros que se tratou de excesso de peso ou de problemas na armazenagem da bagagem.

Testemunhas relataram ontem um “caos” no processo de ‘check in’ dos dois voos para Bali, o da Sriwijay e o da Citilink, com longas filas e demoras, especialmente porque muitos dos passageiros tinham peso a mais.

No voo seguiam vários portugueses incluindo professores que terminaram a sua presença em Timor-Leste. Fotos dos passageiros com coletes dentro do avião e relatos dos incidentes estão a ser partilhados em grupos nas redes sociais em Timor-Leste.

16 Dez 2018

Birmânia impõe restrições à imprensa durante visita do Papa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Birmânia impuseram restrições à imprensa internacional durante a visita de quatro dias que o papa Francisco inicia na segunda-feira ao país, indicaram hoje fontes próximas da organização da viagem. O sacerdote Mariano Naing, porta-voz da Igreja Católica local, afirmou, durante um encontro com jornalistas, que a imprensa internacional não terá acesso ao aeroporto de Rangum, a antiga capital da Birmânia, para efectuar a cobertura da chegada do pontífice ao país.

Do mesmo modo, ser-lhe-á vedado acesso à cerimónia de boas-vindas oficial que a líder de facto da Birmânia, Aung San Suu Kyi, vai oferecer na próxima terça-feira ao papa em Naypyidaw, a norte de Rangum e actual capital do país.

As restrições também incluem o acesso à reunião que o papa Francisco irá manter, no mesmo dia, com líderes religiosos locais. Os ‘media’ oficiais birmaneses são os únicos que têm autorização para efectuar a cobertura jornalística desses actos.

As autoridades birmanesas invocaram “razões de segurança” para justificar as restrições, indicou Mariano Naing, citado pela agência de notícias espanhola Efe.

A visita do papa Francisco à Birmânia coincide com a crise humana desencadeada pela operação do exército birmanês contra a minoria muçulmana rohingya no estado de Rakhine, no oeste do país.

O papa Francisco vai cumprir no Bangladesh a segunda e última etapa da sua viagem à Ásia que, de acordo com alguns observadores, tem como objectivo mediar uma crise motivada pelo que as Nações Unidas qualificaram como uma operação de “limpeza étnica”.

Bali | Voos suspensos após erupção vulcânica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vulcão Agung, na ilha turística de Bali, continuava a registar ontem fortes erupções, com uma coluna de cinzas a atingir até quatro quilómetros de altura, obrigando à proibição dos voos, informaram as autoridades indonésias. O vulcão entrou em erupção por três vezes na manhã de domingo, tendo a mais recente, ocorrida pelas 06:15 (22:15 em Lisboa), expelido a mais elevada coluna de cinzas, até quatro quilómetros de altura, informou Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da agência de gestão de desastres da Indonésia.

As cinzas vulcânicas estavam a espalhar-se para leste e sudeste da cratera em direcção à vizinha Lombok, na ilha das Flores, especificou.

Os voos sobre o território foram proibidos, dado que o Centro de Vulcanologia e Mitigação de Perigos Geológicos (CVMPG) elevou o alerta para a aviação para o mais alto nível. “O CVMPG elevou o nível de alerta de laranja para vermelho”, disse Sutopo Purwo Nugroho à agência de notícias chinesa Xinhua através de uma mensagem de texto.

O mesmo responsável reiterou ainda a advertência para as pessoas que vivem na zona definida como interdita, ou seja, num raio de sete quilómetros e meio em torno da cratera, insistindo que têm de abandonar imediatamente as suas casas. As autoridades indonésias ordenaram também a distribuição imediata de máscaras, dado que as cinzas vulcânicas continuam a cair em inúmeras aldeias.

 

Cabo Verde | Nova Lei Cambial para atrair investimento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Cabo Verde anunciou a entrada em vigor, a partir de 2018, de uma nova Lei Cambial visando liberalizar todos os movimentos de capitais no arquipélago e apelou aos empresários portugueses para investirem no país. O anúncio foi feito na sexta-feira à noite pelo ministro das Finanças cabo-verdiano.

“Temos uma paridade fixa com o euro. Fizemos aprovar, em sede do Conselho de Ministros, e vai agora para o Parlamento, uma nova Lei Cambial, que vai liberalizar todos os movimentos de capitais de Cabo Verde com o exterior. Uma vez aprovado, penso que no início do próximo ano, qualquer transacção de e para Cabo Verde vai ser livre, sem qualquer restrição burocrática”, disse Olavo Correia.

“Qualquer cidadão ou empresa pode abrir contas em moeda nacional ou estrangeira, sem qualquer restrição, e qualquer transacção de Cabo Verde para fora, em qualquer moeda, será feita sem intervenção burocrática ou administrativa”, acrescentou o governante cabo-verdiano no encontro, que decorreu no Palácio da Bolsa.

Ao explicar o apelo ao investimento, Olavo Correia, na presença de Jorge Carlos Fonseca, destacou que Cabo Verde “quer ser uma marca forte”, salientando tratar-se de um país “estável e previsível”, onde “vale a pena investir” e o investimento “tem retorno”.

Cabo Verde é “o próximo destino turístico, de investimentos, de oportunidades nos mais diversos domínios: energias renováveis, transportes aéreos e marítimos, telecomunicações e tecnologias, economia do mar e sistema financeiro”, realçou.

“Estamos bem localizados, temos uma população jovem qualificada e em processo de qualificação, temos um país previsível, estamos numa localização geoestratégica extraordinária e temos um historial de desenvolvimento que nos permite ter essa confiança”, insistiu Olavo Correia para justificar a nova Lei Cambial.

27 Nov 2017

Subdirector do Rota das Letras fala em Bali da experiência de Macau

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]alou-se de Macau por estes dias em Ubud, onde se realiza um dos mais importantes festivais literários do Sudeste Asiático. Hélder Beja, co-fundador do Rota das Letras, esteve em Bali. Uma viagem que se pode reflectir nas próximas edições do evento do território

Sempre que pode, Hélder Beja faz as malas e viaja até à cidade onde está prestes a acontecer um festival literário. Foi assim com o festival literário de Paraty, em 2014, e foi assim também há uns meses, quando viajou até à Colômbia para a Feira do Livro de Bogotá. Desta vez, o destino foi mais próximo, mas há muito desejado. “Era um festival a que queria vir há muito tempo”, conta ao HM, ao telefone a partir de Bali.

“Vim à semelhança da forma como estive nos outros festivais. A decisão de vir aos encontros literários é minha, venho por minha conta. Mas como sou um dos organizadores do festival literário de Macau, acabo por ter um tipo de envolvimento diferente nos festivais do que tem um visitante normal”, explica o subdirector do Rota das Letras. “No caso de Ubud, quando entrei em contacto com os organizadores fui convidado para fazer parte de um painel precisamente sobre festivais literários.”

Hélder Beja participou, no final da semana passada, numa das muitas sessões que constituem o intenso programa principal do Festival de Escritores e Leitores de Ubud, uma iniciativa organizada na ilha indonésia há já 13 anos. O subdirector do Rota das Letras partilhou a mesa com a directora do festival de Bali, a australiana Janet DeNeefe, a escocesa Jenny Niven, responsável pelo aparecimento do festival literário de Pequim, e com Michael Williams, director do Wheeler Centre na Austrália, para uma sessão sobre “a vida secreta dos festivais” em torno dos livros e da escrita.

Das ideias que deixou na sessão acerca do Rota das Letras, Hélder Beja destaca o facto de ter causado muito interesse a particularidade de ser trilingue – em Ubud, apesar de haver tradução para bahasa, a língua mais usada acaba por ser o inglês. “As pessoas ficaram muito curiosas com essa parte, com a parte linguística”, relata, assim como com a duração mais prolongada do festival de Macau, em comparação com outros eventos do género.

A ideia da “memória palpável”, com a publicação dos livros de contos no âmbito do Rota das Letras, também foi um aspecto que mereceu atenção: “Acharam muito curioso o convite que lançamos aos escritores, todos os anos, para escreverem sobre Macau e depois traduzirmos tudo”. O festival literário de Macau é ainda diferente da maioria dos certames do género pelo facto de a grande maioria dos conteúdos do programa ser de entrada livre. “Expliquei porquê, porque é de facto bastante diferente do que acontece aqui, em Paraty ou em Bogotá.”

O outro universo de escritores

Sobre a experiência em Ubud, Hélder Beja refere ainda a possibilidade de conhecer escritores do Sudeste Asiático – e aqui a viagem até Bali poderá ter influência em futuras organizações do Rota das Letras, sobretudo no que toca à lista de autores convidados.

Este ano com o tema “Tat Tvam Asi” – qualquer coisa que, em português, poderá ser traduzida como “eu sou tu, tu és eu” – o festival de Ubud juntou centenas de escritores, pensadores, artistas, analistas e activistas. Num dos painéis desta edição, que terminou ontem, esteve em análise o trabalho da jornalista e escritora portuguesa Susana Moreira Marques, autora do livro “Agora e na Hora da Nossa Morte”, uma obra que resulta da experiência ao lado de uma equipa de prestação de cuidados paliativos ao domicílio, em Trás-os-Montes.

A diversidade de convidados vai ao encontro do objectivo da organização – reforçar “a identidade colectiva da Indonésia” – num palco que, avalia Hélder Beja, é “o sítio ideal para um festival cultural de qualquer natureza”. “Dizia na sessão que, depois de chegar, um organizador de um festival literário de qualquer parte do mundo fica um bocadinho deprimido com o seu próprio festival, porque a localização é imbatível. São indiscritíveis os espaços, só comparáveis – mas até superiores – aos que vi em Paraty, e não comparáveis a nada do que tenha visto noutros sítios. Ubud é um sítio especialíssimo”, afirma. Macau não tem o mesmo cenário, é “menos idílico”, mas o subdirector do Rota das Letras espera que o festival de cá possa vir a ser também “uma referência no mapa dos festivais literários da Ásia”.

31 Out 2016